PELOS CAMINHOS DA VIDA - Imagem:
arte do pintor e restaurador Clodomiro Amazonas (1883-1953).- Quantos caminhos, a gente
vê de tudo: um filme que se repete. De um lado, a paisagem da natureza, a
imensidão do Universo. De outro, degradações, banalidades, conflitos. A gente
até sorri, a despeito das caras fechadas, passos apressados, vidros escuros,
portas cerradas. A qualquer demonstração de afeto, um chega pra lá. Quanta gente
aniquilando nossa boa vontade. Quantas pessoas negativas, egoístas,
destrutivas, a julgar de tudo e todos conforme sua insatisfação e
desapontamento com suas próprias tribulações diárias; ignoram a dor alheia como
se fosse castigo bem feito para ousados ou metidos, a caçoar de terem ido aonde
não foram nem tiveram a capacidade ou coragem de ir; repulsam ao considerar que
os outros deram um passo maior que a perna ou se engasgaram com sua felicidade
trivial; e assim morrem de inveja ou levam na conta de que se não conseguiram,
ninguém mais deve ou pode conseguir. Para fugir do remorso, pedem perdão de
joelhos na primeira oportunidade pra mostrar aos outros o quão crédulos
fervorosos são, enquanto o coração desfalece arruinado por sentimentos menores,
disfarçados na sua volátil caridade. Existe gente pra tudo, infelizmente. Assim
são e se negam aos objetivos proveitosos, quem dera encontrar alguém alegre,
extrovertida, prestativa, cordial e solidária. Uma mão amiga, apenas, um abraço
de coração. Ao contrário, condenam a guerra proclamando a paz, enquanto não
percebem o quanto de gente é excluída, estigmatizada, ceifada; defendem a vida a
qualquer custo e se omitem diante da injustiça; clamam por justiça e querem ser
tratados melhor que os outros; exigem a felicidade pra si e os outros que sejam
infelizes. Quantos caminhos, quanto atalhos e vielas, a gente vê de tudo. Quem dera
o abraço amigo ensinasse a paz e o desejo intenso no empenho de uma vida
criativa e plena. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo box (4 cds) Benê, o flautista (Tratore, 2007), com a obra do compositor,
flautista e maestro Benedicto Lacerda.
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A arte do ilustrador e quadrinista italiano Alessandro Biffignandi (1935-2017).
DESTAQUE: O INCÊNDIO UNIVERSAL E O DILÚVIO
Em tempos mui distantes, certo homem aproximou-se de uma
criança que brincava sozinha. Deu-lhe uma tocha acesa e ordenou-lhe que a
apagasse na água do rio, desaparecendo em seguida. A criança mergulhou a tocha
no rio e este começou logo a arder. A princípio incendiou-se a água, depois a
terra começou a levantar altas chamas. O fogo meteu-se por baixo do chão e foi
irromper no terreiro de uma aldeia. Então a terra desabou nesse local. Uma mulher
grávida escondeu-se com um menino no bananal, que não podia ser destruído pelo
fogo. O incêndio aniquilou toda a humanidade. E edepois que o fogaréu se
extinguiu os dois saíram de seu esconderijo. Na imensa coivara encontraram
cinco raízes de mandioca, que guardaram cuidadosamente. Então choveu muitos
dias e muitas noites, sem parar. Ambos sofreram muita fome. Por fim, a água foi
baixando vagarosamente e quando a terra ficou descoberta, plantaram as raízes
de mandioca. A mulher deu à luz uma menina; desta e do menino, ressurgiu a
humanidade.
O incêndio universal e o dilúvio, lenda Tembé extraída da obra Mitos dos indios Tembé do Pará e do Maranhão (Sociologia, vol.
III), de Curt Nimuendaju Unkel. Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do pintor suíço Ferdinand Hodler (1853-1918)
DEDICATÓRIA: LÍGIA TOMARCHIO
Pétalas se misturam ao ar / rodopiar
de cores e odores / envolvem o espírito do amor / agora pleno, na surrealidade
/ de um momento saboroso. / Doce mel cresce no peito / coração explode em
êxtase / não há fronteiras, nem céu e terra / apenas o sentimento maior que o
ser./ E me calo, permaneço encantada / tal princesa adormecida de prazer. / Amor,
agora sou sua / plena, entrego meu ser... / Quero voar com suas asas / ver com
sua alma / sentir planar nossos corpos / nas nuvens róseas e floridas. / Deuses
aprovam nossa união / anjos, das liras fazem sinfonia / murmuram as águas dos
rios / chovem perfumes e pétalas / cânticos celestiais ouvimos / de pássaros
errantes a nos observar / em coro nos juntamos a eles / na alegria e paz do
instante... / Nosso momento de amor... (O amor)
A edição de hoje é dedicada à poetamiga Ligia Scholze Borges Tomarchio. Veja
mais aqui.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Peace marchers (1962), da
fotógrafa estadunidense Diane Arbus
(1923-1971).
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.