NO PAÍS DA
SABIDURIA, SÓ SABIDO GANHA JOGO! -Imagens:
Gurulino, personagem do grafiteiro Pedro
Sangeon. - Alcançar a sabedoria não é tarefa fácil, nem pra qualquer um. É
que para tal, muitas experiências vividas plenamente até a compreensão em nível
de iluminação, numa harmonia entre o corpo e a alma. Pois é. Até um dia desses
louvava-se o sábio; hoje, o sabido. Por isso, hoje vale a corruptela: sabiduria
– uma forma da gente se gabar da nossa criatividade extrema com os jeitinhos
mais inovadores e escusos, coroando a nossa tagarelice neurótica. Onde houver
bronca, dá-se um jeito. Embroncou de novo, tem de se ajeitar. Tudo favorecido
por líquidas relações e esgares mangadores diante dos desafios do aqui e agora.
Vale o extremo: ou vai ou racha, no meio não pode ficar, senão a onda vem e
leva pra onde não se quer ir. Melhor cair maria-vai-com-as-outras na que vai
passando, pelo menos todos se conhecem pelas intrigas, desídia e falsidades,
podendo se engraçar de ocasião ou cuspir na cara da rixa, que depois, com
qualquer desculpa ou sinal de arrependimento conveniente, tudo vira festa e
tapinhas nas costas. Como diz o Doro: - Tem gente pra tudo, até pra virar bicho!
Não muito simpático ele prossegue entre irado e sarcástico: - Pra ser amigo ou
inimigo, mô fio, é como cara e coroa: basta rir ou fechar a cara! Ou se é
sabido ou morre otário! Aí eu disse: - Mas sabido também se ferra, né? Aí ele
sapecou: - A-rá! Quando um sabido cai, duzentos mil aplicam ineivados. Tem que
saber lidar. Do mesmo jeito que tem uma tuia com bandeira do Bolsonoraioqueoparta,
tem outros tantos torcendo pela corja infame da temerança golpista como se
fosse final de campeonato, afora mais os e as que se acham mais sabidos que os
outros e todo mundo. Aí onde tá! Pudera, depois de Tirititica, Cricrifivela,
Jumarotogiz, celebridades de BBB, trolagens do Pânico e afins (até o ShiTrump)
– reitera chistoso com a lata mais cínica: - O que é que falta mais? Oxe, seu
minino, o desgoverno e a insegurança prova que a casa caiu e o circo pegou
fogo: bandido dita a lei (ah, onde está o bandido? Nada mais ubíquo! Do
Planalto ao grotão, tudo salafrário, não escapa um!), a polícia quando não
acuada engrossa a contravenção, gente que confunde disciplina rígida e
cerceamento de liberdade com moralidade e ética – ah, meu Jesuisizinho, como se
imprimir penas cruéis resolvesse o problema da falta de educação e vergonha na
cara -, pode um negócio desses? Coitadas das vítimas da violência que por não
saberem bem o que é direito nem justiça, reclamam por tais com o fervor da pena
de morte – aquele prazer milenar de se satisfazer com o sofrimento alheio. Já
viu? Que coisa! E sacaneando um e outro lá vai ele todo serelepe reclamando do
vento, do sol quente, da carestia e até dele mesmo: - Hoje pisei em rastro de
corno! Sem conseguir esconder o riso amarelado, ele sabe: no país da sabiduria,
só sabido ganha jogo, o resto só junta farelo dos mijados. E vamos aprumar a
conversa! © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Pra tudo ficar bem (Biscoito Fino, 2009), do violonista e compositor
Zé Paulo Becker, fundador e
integrante do grupo Trio Madeira Brasil.
Veja mais sobre:
Cheiro da felicidade & Segunda feira do Trâmite da
Solidão aqui.
E mais:
Caboclinhos aqui.
O frevo aqui.
Martin Buber, Julio Verne, Rick
Wakeman, Pier
Paolo Pasolini, Abelardo & Heloisa, Vangelis, Gustave Courbert &
Arriete Vilela aqui.
Empreendedorismo & o empreendedor aqui.
A varanda na noite do amor aqui.
A obra de Pedro Abelardo, Projeto Carmin & Cruor Arte
Contemporânea aqui.
Recontando Caetano Veloso & Podres Poderes aqui.
Recitando Castro Alves & O Navio Negreiro aqui.
&
DESTAQUE: O CONFESSOR DE MONSTROS
[...] Seguir alguém, que por sua vez acompanha a
outro, constitui um prazer irônico, excitante. [...] Pergunta-nos desde quando estamos assim e se sofremos, se há dias em
que estamos alegres, se encontramos mulheres, ju, ju, ju, se alguma vez
pensamos em nos suicidar e se algum podemos nos esquecer como somos... A todos
indaga o mesmo e nunca se farta de pormenores... [...] Chamamo-lo de louco... Os que são aleijados de nascença, compreende-se;
os que tiveram um mau golpe, uma queda ou uma peleja má, de tiro, não o
interessam. Somente nós que fomos sempre assim... Mas é bom. Sempre nos dá
esmolas. [...] Confesso que tenho
medo. Diariamente à tarde, os fatos voltam a perturbar-me e penso no poder da
palavra e que, não apenas o que dizemos sobre os demais, mas que também o que
falamos de nós próprios pode causar danos terríveis.
Trechos
extraídos do conto O confessor de
monstros (Cultrix, 1968), do escritor, jornalista, dramaturgo e diplomata
cubano Alfosno Hernández Catá
(1885-1940).
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do fotógrafo Sebastião Salgado.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Peace Offering, do escultor
estadunidense Michael Malfano.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.