INEDITORIAL: SE
O SONHO PRA SE REALIZAR ESTÁ CUSTOSO DEMAIS... – Salve, salve, gentamiga! Se o sonho pra se realizar está
custoso demais, paciência, quando menos se espera chega a hora e teibei! Tudo
tinindo pra festa até umas horas. É só brincar de que o sonho já é seu e se
realizará. Tenha essa certeza de que está sendo providenciado e que só falta
acontecer. Acredite, mas acredite mesmo; se acreditar, pode ter certeza, que a
coisa vinga. Faça isso e verá. Fique feliz como se tivesse alcançado, mantenha
a sensação de felicidade como se fosse real, de verdade, de mesmo e, quando
menos esperar, ah, na horagá mande ver e seja feliz assim pra sempre!
Experimente, tente! Ao invés de ficar pensando na morte da bezerra, de que tudo
é só infortúnio ou decepção, mantenha sempre a sensação feliz de viver e tudo
se ajeitará. Imagine acreditando que o sonho já é realidade, tenha fé em você e
não arrede o pé dessa fé, fique com ela guardada, imorredoura. Faça o teste.
Agora é com você. E aprumando a conversa pras novidades de hoje, a primeira
delas é a Suíte Candanga do violonista Álvaro Henrique, seguida da Dialética de
Alexander Soljenítsin, a poesia de Gilka Machado, a fotografia de Camila
Vedoveto, a gaia ciência de Nietzsche, a arte de Fernando de La Rocque & de
Fernando Nolasco, a origem da vida de Jules Carles, o Big Shit Bôbras da Quiba,
a pesquisa poética de J. Martines Carrasco & o
Simpósio de Prevenção ao Suicídio. Faça bom proveito, o espaço é seu. No mais, vamos aprumar a conversa & Tataritaritatá.
Veja mais aqui.
Veja mais sobre
Caleidoscópio, Eduardo Giannetti, Victor Jara, Ésquilo,
Louis Malle, Brigitte Bardot, Al Capp, Literatura Infantil, Alexandre Cabanel,
A escola como espaço de prazer &
a poesia de João Costa aqui.
E mais:
Blaise Cendrars, Amadeo
Modigliani, Gustave Courbet, Vivagina & Ginofagia aqui.
A milagrosa simpatia tiro e
queda, Erasmo de Roterdam, Jhumpa Lahiri, Dionisio
Neto, Atom Egovan, Virgínia Rosa, Helena Ignez, Elaine Cassidy, Desejo &
Fantasias Sexuais aqui.
Proezas do Biritoaldo: Quando o Sol Raia Depois
da Trovoada, o Dengoso Tem Que Agarrar a Ocasião Pelo Cabelo aqui.
Tolinho & Bestinha aqui.
DESTAQUE: ORIGEM DA VIDA
[...] Antes
de nós, a vida existia. Descendemos de células vivas produzidas por organismos
que nos precederam na face da Terra [...] Em nosso passado, a descendência viva é contínua [...] Estamos, ainda e sempre, reduzidos às
conjeturas, como muito poucas oportunidades de vê-las transformadas em
certezas. Sofremos muito tempo para galgar a montanha e escolher o melhor ponto
de vista, mas a bruma matinal impede-nos de ver o Sol nascer e não chegamos a
perceber seu disco indeciso senão muito mais tarde, depois de ter deixado o
horizonte já muito tempo... descemos decepcionados e quase descontentes desse
longo e penoso caminho que não nos ensinou grande coisa, surpreendemo-nos a
aspirar esse instante único, do seio da matéria inerte, emergir lentamente a
primeira chama da vida, à beira misteriosa dos mares ensolarados.
Trecho extraído da obra As origens da vida (Edições 70, 1984), do professor francês doutor
em ciências e artes Jules Carles (1905-2000),
abordando suas experiências e descobertas como diretor de pesquisa do Centro
Nacional de Investigação Científica de Paris. Veja mais aqui e aqui.
AS TORTURAS PRAZEROSAS
DE QUIBA! - Encontrei Quiba desolada no batente da casa:
cotovelo nos joelhos, mãos na cabeça, faces lavadas de lágrimas, se lamuriando:
não tenho dignidade, não sei quem sou, estou destruída, cuspida, fodida e mal
paga. Calma mulher, disse-lhe. Quando me viu, envolveu seus braços ao meu
pescoço e deitou o rosto aos prantos sobre meu ombro. Chorava de montão, eu não
sabia o que dizer ou fazer naquela circunstância. Uma morena jeitosa assim, não
podia me aproveitar desse momento de fragilidade. Ela pranteava convulsivamente
e me apertava o corpo contra o seu, maldizendo da vida, excomungando a si
própria, acusando-se infernal e sem solução. Eu apenas ouvia, não dizia nada e,
no meu sem jeito, ninava, passando-lhe as mãos em seus cabelos, alisando suas
costas, conferindo o decote sedutor com os seios durinhos balançando
deliciosamente, as coxas metidas num shortinho miúdo e apertado, o ventre
inflado tão cheio de esborrar gostosura, aquilo tudo era fenomenal, uma obra da
arte de Deus. Mais chorava até que, depois de um bom tempo, soluçava com choramingado
aos pouquinhos, quando puxei conversa, ela calada só se condenado, eu levando
por menos e procurando dialogar, ela sem querer conversa fiada, esfregava os
olhos no meu ombro, às vezes mordiscando minha carne, braços apertados me
levando mais pra junto dela. A vida tem dessas coisas, Quiba. É, a vida é muito
ingrata e eu não tenho moral nem de olhar pra você, estou fodida, desgraçada,
minha vida é uma desgraça. Não fale assim, tentei apaziguar. Sabe de uma coisa?
Diga. Posso lhe contar uma coisa? Pode. Bem, quando eu era garotinha eu tinha
um tio que eu adorava muito. Era o tio Juca. Ele me dava presentes todos os
dias, bonecas, bombons, brebotes, todo dia eu era premiada com a felicidade que
ele me proporcionava. Sempre gostei demais do tio Juca, gostava mais dele do
que meus pais, uns chatos. Quando eu via tio Juca, oxe, se eu estivesse
emburrada, ficava feliz na hora. Foi ele que me ensinou tudo, o que me faz
feliz até hoje, a minha desgraça. Uma vez ele pegou um confeito, desembrulhou e
colocou na palma da mão dele para eu abocanhar. Depois de umas três vezes
abocanhando o confeito na palma da mão dele, ele me pediu para pegar o confeito
com a língua e eu, sem querer, lambia a mão dele. Aí ele dizia: assim mesmo
menina, cada vez que lamber ganha presentes, lamba. E eu lambia todo dia a
palma da mão dele para ganhar cada presente maravilhoso. Um dia lá, eu vi ele
abrir a braguilha, colocar o negocio dele pra fora e colocar o bombom pra eu
pegar com a boca. Eu peguei e ele disse que se eu lambesse ali ganharia muitos
outros presentes e eu lambia muito o coisa dele e ganhava cada presente, um
melhor que o outro: bicicleta, radio-gravador, máquina fotográfica, oxe,
bastava ele aparecer ou eu encontrá-lo que eu dizia pra ele, logo: tio, quero
ganhar presente! E chupava o pau duro dele pra ganhar uma coisa que eu sabia
que seria dos meus sonhos. Até que um dia eu vinha no arruado e fui pega de
surpresa, mãos nos meus olhos e boca, fui levada, vendada, amordaçada, eu me
desesperei, queria gritar na meninice e quando me acalmei senti o cheiro do meu
tio, bastava sentir o cheiro dele já ficava feliz, e fui levada para um lugar
escuro, não sei onde, não via nada e vi quando o raptor me tirou a calcinha,
beijou minha priquita e começou a lambê-la. Ora, gostei na hora, era menina,
mas gostei muito mesmo, até que depois de muito lamber minha buceta, vi que ele
se afastou e de repente senti algo sendo enfiado nela, ai, como doeu, doeu
demais, amordaçada eu gritava mas ninguém ouvia, o cara me comeu, me fodeu e
senti ele gozar quando desmaiei de dor. Quando acordei estava num matagal perto
de casa, toda vestida, parecia que eu havia acordado de um pesadelo, minha mãe
quando me viu desolada, ficou preocupada e viu sangue na minha calcinha e ouvi
ela dizer de noite pro meu pai que eu fui estuprada e me perguntou quem tinha
feito aquilo e eu não sabia, contei mil vezes que não vi, que não sabia quem
era, nem poderia saber. Quando vi o meu tio dois dias depois, corri para pedir
meu presente e ele me levou pra casa dele e brincou com os confeitos na bimba e,
dessa vez, senti um jato gosmento e de mau gosto na minha boca, de eu quase
vomitar. Nesse dia ganhei um vestido lindíssimo. Durante anos eu ia vez em
quando atrás do meu tio, dizia o que queria ganhar e ele me prometia
cochichando ao meu ouvido se eu engolisse o leite do brinquedo ia ser muito bem
recompensada. Ora, de primeira foi dose, uma vez até vomitei; mas depois, até
passei a gostar porque ele começou a me bolinar, a me lamber, fazer meia nove,
delícia, eu traquinei muito com meu tio ainda menina. Depois meu pai me proibiu
de vê-lo e até de falar com ele. Odiei meu pai por isso. Quantas e tantas vezes
desejei que meu pai morresse por não me deixar ir passear ou falar com tio
Juca. Nunca mais tinha visto ele e hoje, recebi a notícia de que ele morreu.
Sou uma puta desamparada, não tenho mais quem sempre sonhei, a minha última
esperança na vida: o tio Juca. E voltou a deitar a cabeça ao meu ombro a chorar
copiosamente. Entendi sua dor e tentei ampará-la naquele momento de aflição.
Não podia ser de outro jeito, ela se agarrava com os braços no meu pescoço se
lamuriando no meu ombro, até sentir sua respiração e seus lábios tocando meu
pescoço. Eu lhe apaziguava e ela se mantinha completamente revoltada e
inconsolável. Até que depois de muito tempo, restabeleceu-se, levantou a cabeça,
fitou meus olhos e agradeceu. De nada. Ia saindo quando disse: me dá um real
que eu chupo tua rola. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
UMA MÚSICA
Curtindo o álbum Suíte Candanga (Centaur Records, 2014), do violonista Álvaro Henrique, em homenagem aos
cinqüenta anos de Brasília. O autor é bacharel pela USP, Mestre em música pela
UnB e KunstlicheAusbildung (Alemanha) e é especialista em Villa-Lobos.
PESQUISA: OS
ELEMENTOS DA DIALÉTICA - [...] O primeiro grande capítulo do materialismo
dialético, é a dialética materialista. Eu caracterizei sucintamente seus
principais fundamentos. Costuma-se fazer referencia ao filósofo prussiano
Hegel, dizendo que seria ele quem teria formulado os grandes elementos da
dialética. Mas isto é radicalmente falso, camaradas, radicalmente! Com Hegel, a
dialética estava desmoralizada, isto é indiscutível. Marx e Engels
retomaram-na, para dela extraírem o grão racional para lançarem a palha
idealista. A dialética marxista, é o inimigo! O inimigo de todo imobilismo, da
metafísica e dos palavrórios dos popes. Na dialética encontramos quatro
elementos. o primeiro, é o que... é a correlação, e não uma acumulação de
objetivos isolados. A natureza e a sociedade são... como lhes dizer mais
claramente... não são uma loja de imóveis, onde se amontoa, mas sem nenhum
laço. Na natureza, tudo está ligado, tudo, e tratem de se lembrar disto, pois
pode ser-lhes extremamente útil em suas pesquisas científicas! [...] O segundo elemento da dialética é que tudo
se move. Tudo se mexe, o repouso não existe e nunca existiu, é um fato. A
ciência deve estudar tudo no seu movimento, no seu desenvolvimento, mas tendo
bem em mente que o movimento não ocorre em círculo fechado, senão a vida atual
em seu estagio tão elevado não teria aparecido. O movimento se faz em espiral,
não adianta demonstrar, subindo, desse jeito... [...] O terceiro elemento da dialética é a passagem da quantidade à
qualidade. Este elemento extremamente importante nos permite compreender o que
é a evolução. Não creiam que a evolução é um simples crescimento e nada mais.
Aqui, devemos, antes de mais nada, pensar em Darwin. Engels nos faz compreender
este elemento pegando exemplos tirados da ciência. Tomemos a água, a água desta
garrafa, por exemplo, está dezoito graus, é a água ordinária. Vocês podem
esquentá-la se quiserem. Esquentem-na a trinta graus, e ainda assim será água.
Tragam-na a oitenta graus, e ainda será água. Mas se chegarmos até cem, hein? O
que produziremos? Vapor! [...] O
quarto elemento da dialética – gritou de repente, e muitas pessoas, mais uma
vez, sobressaltaram-se – é que... são as contradições! Os contrários! O antigo
e o novo, o negativo e o positivo. É visível em todo lugar, camaradas, não é
nenhum mistério. [....]. Trecho extraído do romance O primeiro círculo (Bruguera, 1968), do escritor, dramaturgo e
historiador russo Alexander Soljenítsin
(1918-2008), prêmio Nobel de Literatura de 1970, que por contestar o
esmagamento da liberdade individual pelo Estado onipresente e totalitário, foi
expulso do seu país natal e teve sua nacionalidade retirada em 1974. Veja mais
aqui.
Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada / para os
gozos da vida; a liberdade e o amor; / tentar da glória a etérea e altívola
escalada, / na eterna aspiração de um sonho superior… / Ser mulher, desejar
outra alma pura e alada / para poder, com ela, o infinito transpor; / sentir a
vida triste, insípida, isolada, / buscar um companheiro e encontrar um senhor…
/ Ser mulher, calcular todo o infinito curto / para a larga expansão do
desejado surto, / no ascenso espiritual aos perfeitos ideais… / Ser mulher, e,
oh! atroz, tantálica tristeza! / ficar na vida qual uma águia inerte, presa / nos
pesados grilhões dos preceitos sociais!
Ser mulher, poema extraído da obra Cristais
partidos (1915), da poeta Gilka Machado (1893 –
1980).
PENSAMENTO DO
DIA: AOS FUTUROS POETAS - [...] Quando um ser humano de inteligência normal
chega a renegar o próprio cérebro; quando abdica, inteiramente, do direito de
aprender a discernir, em relação à própria vida e coisas do mundo; quando por
indolência mental, coloca-se na condição de borrego, aceitando, como guias
infalíveis, maquinadores especializados na dominação das coletividades
ingênuas... tal criatura desceu ao mais baixo grau de dignidade, a ponto de não
merecer a condição de humano, por representar tão degenerado exemplo. Pedir e
ouvir conselhos, sugestões, palavras de orientação é ato de prudência, desde
que reservada à posterior independência de decisões, quando em idade
compatível. Mas, colocar-se em perpétua alienação é um despropósito, que
facilita a propagação de tiranos ensandecidos. Aos poetas dessa e das gerações
vindouras; a todos os demais artistas das diversas musas – por referências que
são às multidões – é chegado o momento de profunda reflexão, quanto ao total
descaso exercido,a te os dias atuais, relativamente, aos Princípios e Leis do
Universo, que mais afetam à humanidade e ao meio ambiente da Terra – sobretudo,
quanto aos princípios das quantidades, proporções e limites. Não se pode
ignorar que sob monopólios e igualitarismos não haverá evolução. Sempre foram,
são e serão abominados pela Evolução da Vida e do pensamento. Isto já foi por
demais comprovado. Aberrações utópicas, dogmáticas, conduzem a insucessos. Mas,
prenhes de oportunismos, todos sortilégios teimam em contrariar o obvio, quanto
aos monopólios, ainda que esses e o igualitarismo tenham sido, sempre, máquinas
de lesar. Recorrendo à História, Biologia e ao momento internacional presente,
é fácil compreender isso. A Natureza é pela evolução da diversidade. Fora das
abstrações matemáticas e geométricas, só existem semelhanças, jamais
igualdades, mormente entre os seres vivos. [...]. Trecho extraído da obra Aos futuros poetas aspectos didáticos do
poema, silabação poética, versos, glossário de terminologia e conceitos,
comentários sobre assuntos diversos (Ottoni, 2006), do poeta, pesquisador, pecuarista e Analista de O&M
aposentado sorocabano, J. Martines Carrasco. Veja mais aqui.
A arte da premiada fotógrafa e historiadora
da arte Camila Vedoveto.
AGENDA: SIMPÓSIO
DE PREVENÇÃO DO SUICÍDIO - Acontecerá
entre os dias 6 e 8 de outubro, no Conselho Regional de Psicologia de Alagoas,
o I Simpósio de Prevenção do Suicídio, promovido pelo Centro de Amor à Vida
(Cavida). Informações pelo telefone (82) 98879-2710 ou mail simposio@cavida.org. Veja
mais aqui e aqui.
A GAIA CIÊNCIA
[...] A
vida não é argument0 – Armamos para nós um mundo, em que podemos viver – ao
admitirmos corpos, linhas, superfícies, causas e efeitos, movimento e repouso,
reforma e conteúdo: sem esses artigos de fé ninguém toleraria agora viver! Mas
com isso ainda não são nada de demonstrado. A vida não é argumento; entre as
condições da vida poderia estar o erro.
Trechos extraídos do Livro III, da obra A gaia ciência (Companhia das Letras,
2012), do filósofo alemão Friedrich
Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do artista múltiplo Fernando de La Rocque.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.