DA VIDA, MEIO A
MEIO – Imagem: Composição com figura (1965), do
pintor e decorador Mario Zanini. - Tudo se
perdeu de vez, quase nada sobra do arrastado no pêndulo travesso do destino. Se
vão pra lá ou pra cá, seguem pro que não sei, nem preciso saber. Nunca pensei nem almejei ser salvo, não importa, ninguém escapa impune: cada qual, cada qual. O que fui,
não sou mais; o que sou, não serei amanhã: renasço a cada instante. Pra onde
vou se errei de tudo, pouco importa, valho-me da vida e os dias nas ondas de
caudaloso rio - o ontem com cara de sempre: a condenação da mesmice; o amanhã
com cara de nunca: a promessa descumprida. Uns se matam por não alcançarem a
glória dos seus desejos; outros pisam para se glorificar com seus prazeres. Muitos
mendigam a felicidade da atenção alheia, tantos abastados não querem saber da
dor de ninguém, como aquele que vai ao vaso sanitário como se fosse pra posse
de um trono e lá, pacientemente, erige sua obra de arte, excretando sua obra-prima.
Pra mim o que vale é a deslumbrante descoberta do nada - é onde tudo está
escondido. Na verdade, não sei de nada, vejo tudo com os olhos fechados e sigo
como uma toalha de linho sob o Sol do verão atlântico. Nada demais se prego o
olho ou não, insone do passado – dele me livro a cada nova surpresa. Sempre meio
a meio, tanto faz se meia noite ou meio dia: na minha madrugada a esperança do
dia. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Se l'aura Spira – Baroque Song Recital ao vivo, Villa Medici, Roma
(CC BY-NC, 2004), do compositor italiano Girolamo
Frescobaldi (1583-1643), na performance da premiada cantora, autora e
pintora estadunidense Jody Pou &
o músico Andrea Damiani.
PESQUISA
[....] Falam-nos de
nossos deveres para com a sociedade, sem que, no entanto, nossos direitos em
relação a essa sociedade sejam esclarecidos e efetivados, e termina-se por
exaltar a façanha mil vezes maior de dominar a dor ao invés de sucumbir a ela,
uma façanha tão lúgubre quanto a perspectiva que ela inaugura. Em poucas
palavras, faz-se do suicídio um ato de covardia, um crime contra as leis, a sociedade
e a honra. [...] Entre as causas do
desespero que levam as pessoas muito nervosas-irritáveis a buscar a morte,
seres passionais e melancólicos, descobri os maus-tratos como o fator
dominante, as injustiças, os castigos secretos, que pais e superiores impiedosos
infligem às pessoas que se encontram sob sua dependência. [...].
Trecho da obra Sobre
o suicídio (Boitempo, 2006), do economista, filósofo, historiador, teórico político
e jornalista alemão Karl Marx
(1818-1773). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
LEITURA
Tão bom
viver dia a dia... / A vida assim, jamais cansa... / Viver tão só de momentos /
Como estas nuvens no céu... / E só ganhar, toda a vida, / Inexperiência...
esperança... / E a rosa louca dos ventos / Presa à copa do chapéu. / Nunca dês
um nome a um rio: / Sempre é outro rio a passar. / Nada jamais continua, / Tudo
vai recomeçar! / E sem nenhuma lembrança / Das outras vezes perdidas, / Atiro a
rosa do sonho / Nas tuas mãos distraídas...
Canção do dia de
sempre, extraído do livro Poesias
(Globo, 1989), do poeta, tradutor e jornalista Mário Quintana (1906-1994). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA
[...] o ser humano parece lutar basicamente para
afirmar e expandir sua autodeterminação. É um ser autônomo, uma entidade que
cresce por si mesma e que se faz valer de modo ativo, ao invés de reagir
passivamente como um corpo físico aos impactos do mundo que o rodeia. Essa
tendência fundamental expressa-se na luta da pessoa para consolidar e
desenvolver seu autogoverno, em outras palavras, para exercer sua liberdade e
organizar os itens relevantes de seu mundo a partir do centro de governo
autônomo que é o seu self. [...] Vista
sob outra perspectiva, a vida humana revela um padrão básico bastante diferente
do acima descrito. Sob este ponto de vista, a pessoa parece buscar um lugar
para si numa unidade maior, da qual ela se esforça por tornar-se parte. Na
primeira tendência nós a vemos lutando pela centralização em seu mundo,
tentando moldar e organizar os objetos e eventos de seu mundo, trazê-los para
sua própria jurisdição e controle. Na segunda tendência, pelo contrário, a
pessoa parece entregar-se voluntariamente à busca de um lar para si e tornar-se
uma parte orgânica de algo que concebe como maior do que ela. A unidade
supra-individual da q1ual a pessoa se sente parte, ou deseja tornar-se parte,
será formulada de diferentes formas, de acordo com sua formação cultural e com
sua compreensão pessoal. [...].
Trecho extraído da
obra A estrutura do todo (The
Structure of Wholes - Filosofia da Ciência, 1939), do psiquiatra húngaro Andras Angyal
(1902-1960), que desenvolveu um modelo holístico para a teoria da personalidade:
o modelo da biosfera da personalidade. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do fotógrafo
e escultor Mário Cravo Neto.
Veja mais sobre Frevo nenhures, ok? ou sabotaralguém, Paul Ricoeur, Georges Bataille, Ferreira Gullar, Cacilda
Becker, Joseph L. Mankiewicz, Henry Purcell, Ava Gardner, Allen Jones,
Literatura Infantil & Mario Zanini aqui.
E mais:
Fecamepa: quando o estreitamento do compadrio está acima da lei, aí, meu, as
panelinhas mandam ver e só os privilegiados se banqueteiam aqui.
Fecamepa: quando um país vive só de
nhenhenhém, não dá outra: o pencó engancha na cornice e nada vai pra frente
aqui.
Graciliano
Ramos, Gonçalves Dias, Martins Pena, Marianne
Rosenberg, Rhonda Byrne, Lucia
Santaella, Im Kwon-taek, Domingos Sequeira, Lee Hyo-Jeong & Randy Bordner aqui.
DESTAQUE
A arte da poeta,
pintora e artista plástica australiana Arna Baartz.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Figura feminina do artista plástico Mario Zanini.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.