INEDITORIAL:
PARA QUEM VAI & PARA QUEM VEM - Salve,
salve, gentamiga! Chego com minha voz: minha voz é a coragem de amar no ultraje
dos desencontros! E eu sou navio com rota esquecida e naufrágios muitos. Quando
minha voz é torrente de dor no exagero sombrio de uma canção, não é nada, é
tempestade que passou e deixou danos no peito. Quando minha voz é a coragem de
amar, não é a sombra de um vendaval, é a sujeição de um eterno pavio que acesso
nunca apagará. Salve, salve todos os cantores e cantoras, paratodos minha
reverência. Todo dia é dia de cantar com vocês. Como vocês no palco eu também
me entrego: enquanto vocês se emocionam entregando sua voz para lavar a alma da
gente, faço a minha parte: sou doador de órgão. E quando todos puderem viver
por mim, joguem minhas cinzas na corrente do meu rio, amém e amem. E como todo
dia é dia de novidades, vamos pras que eu trago na edição de hoje: a arte de João
Evangelista Souza, Um poema em cada árvore dos Escritibas na Rua, a música de
Djavan, a filosofia da linguagem de Mikhail
Bakhtin, a poesia de Elciana Goedert, a
fenomenologia e o fenômeno, a fotografia de Gal Oppido & a Gaia Ciência de
Nietzsche. No mais, vamos aprumar a conversa &
Tataritaritatá. Veja mais aqui.
Veja mais sobre Educação & Êxtase, Drima dos Contos
de Magreb, Gal Costa, Dorothea Sharp, Psicodrama, Marcelo Masagão, Eduardo
Proffa & Literatura Infantil aqui.
E mais:
Gandhi, Don DeLillo, Jacques Rivette, Padre
Antonio Soler & Marcela Roggeri, Shelagh Stephenson, Jeanne Balibar,
Andrea Beltrão, Émile Chambon, Probidade Administrativa, Organizações Mecânicas
versus Orgânicas & Gena Maria aqui.
Paixão, Agostino
Carracci, Ricardo Paula & as previsões do Doro aqui.
Fecamepa, Helen Keller, Pierre Mérot, Xico Sá, Sarah Vaughan, Lírio Ferreira, Margherita Fascione, Giulia Gam, Boris Vallejo, Teoria da
Decisão & Urinoterapia aqui.
O amor, Agostino
Carracci & as previsões do Doro aqui.
DESTAQUE:
Realizou-se no último domingo, dia 25/09, no Passeio
Público de Curitiba, o evento Um poema em cada árvore, promovido
pelo grupo Escritibas Na Rua, com o
objetivo de proporcionar um espaço de leitura poética para as pessoas que
freqüentaram o parque, expondo o trabalho de escritores independentes pela
passagem comemorativa do Dia da Árvore. Marquei presença com o meu poema Vida viva verde (Canto Verde) e a poeta Luciah Lopez com o seu poema Alguma vez você viu a chuva. Veja mais abaixo.
A PANCADA
INSÓLITA SE ALASTRA NA CULATRA, VIVER! – O
trânsito congestionado por passos, braços e motores apressados, afobados. As
filas como rol dos impacientes. Ocupados com a sobrecarga do estresse e de
todos os temores que emergem de qualquer exaltação: frenagem brusca, urros de
máquinas ou gritos rasgando a barulheira dos ambientes climatizados, baque de
corpo no chão, correria no calor do suor. Tudo e todos no automático, não há
tempo para raciocinar direito, muito menos para um sorriso. Tudo é muito sério
como o asfalto de todas as direções, como o concreto dos edifícios, como os
postes de iluminação, como a passarela de pedestres elevada sobre as vias
públicas, como os altos muros vigiados para não serem assaltados por
pichadores, como as instituições públicas indiferentes aos problemas públicos,
como as autoridades que não enxergam nada além dos seus gabinetes e finais de
semana de lazer, como os gestores trancados na ineficiência dos seus
escritórios e alheios a tudo que não seja recondução ao cargo, como os que
vivem pro umbigo e deles fazem o que vale como verdade da vida. Assim sou eu
entre eles e vislumbro o sopro da alma entre os desalmados. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
VOCÊ É
Sou um pouco
árabe
Vivo das
paixões há gerações por Andaluzia
Já cansei de
andar
Trago no meu
canto glórias ancestrais
E posso morrer
de amor, gitano eu sou
O que eu tenho
de índio vai compartilhar desilusões
Triste, na
floresta em que nasceu pra amar
Meu Deus, que
pecado o que o homem faz
Ao desfazer de
tudo o que o índio é
Eu sou negro
ainda, pra não contar com milagres
E na ousadia almejar
a mais
Sei que a vida
é dura mas ela é justa também
E é só: só quem
faz, tem!
Já que nasceu, vai fundo e tudo bem
Já que nasceu, vai fundo e tudo bem
Você nasceu pra
tudo o que é seu
Nem queira
saber o quanto você tem
Você é, você
quer, você pode e se não se render chega lá!
PESQUISA:
FILOSOFIA DA LINGUAGEM - [...] Na lingüística propriamente dita, após a era
positivista, marcada pela recusa de qualquer teorização dos problemas científicos,
a que se adiciona uma hostilidade, por parte dos positivistas retardatários, em
relação aos problemas de visão do mundo, assiste-se a uma nítida tomada de
consciência dos fundamentos filosóficos dessa ciência e de suas relações com os
outros domínios do conhecimento. E isso serviu para denunciar a crise que a
lingüística atravessa, na sua incapacidade de resolver seus problemas de modo
satisfatório. [...] Um produto ideológico faz parte de uma realidade
(natural ou social) como todo corpo físico, instrumento de produção ou produto
de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e refrata uma outra
real idade, que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possui um significado e
remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo que é ideológico
é um signo. Sem signos não existe ideologia. Um corpo físico vale por si
próprio: não significa nada e coincide inteiramente com sua própria natureza.
Neste caso, não se trata de ideologia. No entanto, todo corpo físico pode ser
percebido como símbolo: é o caso, por exemplo, da simbolização do princípio de
inércia e de necessidade na natureza (determinismo) por um determinado objeto
único. E toda imagem artístico-simbólica ocasionada por um objeto físico
particular já é um produto ideológico. Converte-se, assim, em signo o objeto
físico, o qual, sem deixar de fazer parte da realidade material, passa a
refletir e a refratar, numa certa medida, uma outra realidade. O mesmo se dá
com um instrumento de produção. Em si mesmo, um instrumento não possui um
sentido preciso, mas apenas uma função: desempenhar este ou aquele papel na
produção. E ele desempenha essa função sem refletir ou representar alguma outra
coisa. [...]. Trecho extraído da obra Marxismo e filosofia da linguagem (Hucitec, 1986), do filósofo e
pensador russo teórico da cultura e das artes Mikhail Bakhtin
(1895-1975), tratando sobre a linguagem em três grandes blocos aos quais ele chama de
orientações: o subjetivismo individualista, o objetivismo abstrato e a
concepção de linguagem como interação verbal. Veja mais aqui.
UMA LEITURA: DEVORADORA
E o Lobo, que não é bobo / Deixou-se
levar / E das mãos da Chapeuzinho / Aceitou a taça de vinho / E ela, dele foi
se fartar... / E logo, ambos em desalinho / Exaustos deste jogo / Puseram-se a
sonhar. / Dizem que nessa história / O lobo não teve escapatória: / Ele é quem
foi o "manjar".
Devoradora, poema
da poeta e professora Elciana Goedert.
PENSAMENTO DO
DIA: FENOMENOLOGIA & FENÔMENO - [...] Fenomenologia significa literalmente estudo
dos fenômenos. [...] Fenômeno é o que
aparece à consciência, o que é3 dado; não se opõe à “realidade” como uma
“ficção” ou “ilusão”, nem tampouco é a expressão de uma “coisa em si” ou
“número” – como queria Kant -: os fenômenos, do ponto de vista fenomenológico,
nada têm a ver com o “eu” nem com a suposta “coisa”, interessam em si mesmos
como o dado imediatamente à consciência. Finalmente, tampouco devem ser
identificados com os fenômenos sensíveis – tal como os interpreta a ciência natural -,
porque o fenômeno é, segundo Husserl, o “que se mostra a si em si mesmo tal
como é”, isto é, um elemento irredutível, originário, e não tem por que ser
necessariamente algo sensível. [...] O
criador da fenomenologia propõe um novo método de pensamento que não apenas se
baseia no que é dado na experiência, porém, mais ainda, atém-se exclusivamente
a isso. Contrariamente a uma opinião corrente ainda hoje nos meios científicos,
Husserl não busca diminuir o rigor científico, mas o considera insuficiente: a
filosofia, através do exercício do método fenomenológico, converte-se em uma
ciência básica universal, e é a única disciplina capaz de proporcionar ao
conhecimento científico uma fundamentação estrita. Por essa razão, Husserl
afirma que, se um conhecimento positivo é entendido como absolutamente isento
de prejuízos e baseado exclusivamente no dado, então o método fenomenológico é
o único estritamente científico e positivo. Ater-se ao que é dado na
experiência – como quer Husserl – não significa reduzir-se à experiência
sensível. Haver incorrido justamente nessa parcialização foi o erro funesto do
positivismo de Mach, que, ao reduzir o mundo a um conjunto de sensações, o
destrói, porque, de fato, a realidade é aniquilada ao converter a própria
consciência em puro feixe de sensações. [...]. Trecho extraído do livro Metodologia da pesquisa científica
(Globo, 1983), do professor Armando Asti Vera. Veja mais aqui, aqui e aqui.
UMA IMAGEM:
A arte do fotógrafo, arquiteto, música e desenhista Gal Oppido.
AGENDA:
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE FENOMENOLOGIA – Acontecerá
no dia 14/10, no horário das 17 às 19hs, no auditório Íris II, do Centro
Universitário Cesmac, a palestra Conceitos Fundamentais de Fenomenologia, a ser
ministrada pelo professor Ms Álvaro Queiroz, promoção do Grupo de Pesquisa Neurofilofia
& Neurociência Cognitiva. Veja mais aqui e aqui.
A GAIA CIÊNCIA
[...] Origem do
conhecimento – O intelecto, através de descomunais lances de tempo, não
engendrou nada além de erros; alguns deles resultaram úteis e conservadores da
espécie; quem topou com eles ou os recebeu como legado combatia seu combate por
si mesmo e por sua prole com felicidade. Tais errôneos artigos de crença, que
eram sempre legados mais adiante e afinal se tornaram quase o espolio e o fundo
comum da humanidade, são, por exemplo, estes: que há coisas que duram, que há
coisas iguais, que há coisas, matéria, corpo, que uma coisa é como aparece, que
nosso querer é livre, que o que é bom para mim também é bom em e para si. Só
muito tarde vieram os que negavam e punham e dúvida tais proposições – só muito
tarde veio a verdade, como a forma menos forte do conhecimento [...].
Trechos extraídos do Livro III, da obra A gaia ciência (Companhia das Letras,
2012), do filósofo alemão Friedrich
Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR
POR ELA
A arte do artista plástico, documentarista e fotógrafo João Evangelista Souza.
CANTARAU: VAMOS
APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra com
a arte do artista plástico, documentarista e fotógrafo João Evangelista Souza.
Recital Musical
Tataritaritatá - Fanpage.