quinta-feira, julho 25, 2013

DESBORDES-VALMORE, LYDIA LUNCH, EBADI, GANDHI, VLADIMIR LUXURIA & FILHAS DA DOR

 


JUSTIÇA 619 - (Em memória de Mõnica Susana Pinus Binstock – 1953-1980) - Ah, Mónica, o meu coração latinamericano é mantido em luto, sou Buenos Aires lamentando pela montonera. Ela era socióloga e nascida a 30 de janeiro, a mesma que fora baleada em confronto com a Triple A, dos ditadores argentinos. Hospitalizada por isso, foi submetida à tortura. Com a sua libertação exilou-se em Cuba, seguindo pro México. Anos depois decidiu morar no Brasil, em virtude de vigorar aqui a Lei da Anistia, exilados voltavam e presos políticos foram liberando. Mesmo assim, ainda estava montada a engrenagem da inominável Operação Condor, razão pela qual, vindo do México, eis que se deu o seu desaparecimento por sequestro, juntamente com Horacio, no Rio só foi comprovado em 2002, por conta da farta documentação estadunidense sobre as violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado argentino e o envolvimento conivente das autoridades brasileiras da ditadura do golpe militar de 1964, dada pela Freedom of Information Act. Consta que detida clandestinamente em El Campito para onde foi levada pela Operação Gringo, pela qual foi vítima de práticas ilegais e arbitrárias violadoras dos direitos humanos. Capturada viva, desapareceu para nunca mais integrando o rol das Filhas da Dor. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Não sou dos mais altos escalões da sociedade, nem dos mais baixos. Sou uma mulher advogada, professora universitária, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Ao mesmo tempo, eu cozinho. E mesmo quando estou prestes a ir para a prisão, uma das primeiras coisas que faço é preparar comida suficiente e colocá-la na geladeira para minha família... Eu, que defendi muitos prisioneiros de consciência, como os sete líderes bahá'ís presos e outros, enfrentaria restrições inaceitáveis em meu trabalho de direitos humanos se voltasse ao Irã, se não fosse preso, agora meu próprio advogado - que também representa muitos outros ativistas - está detida e seu advogado foi ameaçado de prisão por defendê-la. Onde está a justiça se o seu advogado for preso por defendê-lo? Pensamento da jurista e ativista iraniana exilada, Shirin Ebadi. Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU - Quem passa pelo sexo pago não é um esquálido a ser punido, mas sim um cidadão livre, muitas vezes sozinha, idosa, viúvo ou pouco atraente. O homem perfeito? Um hermafrodita: um indivíduo com um órgão masculino, o pênis, e um órgão feminino, o cérebro. Ser mulher é uma dádiva da natureza ou, como no meu caso, uma dádiva que dei a mim mesma. Pensamento da atriz, escritora e ativista italiana Vladimir Luxuria (Wladimiro Guadagno).

 

DIÁRIO DE UM PREDADOR – [...] Nenhuma saída fácil. Nenhuma escapatória. De você mesmo. Você teve que APRENDER a LIDAR com as cartas que recebeu. Tive que aprender da maneira mais difícil que o mundo não te DEVE porra nenhuma. Não é motivo, nem desculpa. Sem desculpas. Tive que aprender que algumas formas de insanidade correm na família, genética pura, linhas de vida poluídas, cheias de doenças. Profanidade. Vício. Co-dependência. Incapacidade de lidar com a realidade, o que diabos isso significa quando você nasce em um gueto emocional de abuso sem fim. Onde a única saída é dentro... bem no fundo, então você abre buracos na sua pele, pensando que se você pudesse apenas concentrar a dor, ela não continuaria sendo um ambiente que tudo consome e que o sufoca desde a primeira respiração. dia para o seu último dia de morte. Dia após dia. Dia após dia. Eu sabia tudo sobre isso. [...]. Trechos extraídos da obra Paradoxia: A Predator's Diary (Akashic, 2007), da cantora, escritora e atriz estadunidense Lydia Lunch (pseudônimo de Lydia Koch), autora que se expressa: Resolvi me trancar. Uma segregação forçada. Sabático. Um retiro dentro de mim. Eu mesmo. Brinque de esconde-esconde no espelho. O espelho angulado ao pé da minha cama. Reflexos distorcidos ricocheteando no infinito. Obcecado com a minha imagem, a miríade de estatuetas distorcidas que dançavam diante de mim em rápida sucessão, cada traço exagerado, cada pequena imperfeição uma nova delicadeza. Veja mais aqui.

 

DOIS POEMASAS ROSAS DE SAADI - Eu pretendia esta manhã te trazer rosas; \ Mas pus tantas em minhas vestes rigorosas\ Que os nós cerrados não as puderam guardar.\ Os nós se romperam. As rosas se soltaram\ No vento, até chegar ao mar todas voaram.\ Seguiram a água para não mais voltar.\ A onda se viu de um vermelho incendiado.\ À noite o vestido ainda está perfumado…\ Respira em mim o aroma para recordar. OS SEPARADOS - Não escreva. \ Estou triste e gostaria de morrer.\ Os lindos verões sem você são a noite sem tocha. \ Fechei meus braços que não te alcançam, \ E bater no meu coração é bater na sepultura. \ Não escreva ! Não escreva.\ Só aprendemos a morrer para nós mesmos. \ Pergunte só a Deus... só a você, se eu te amei! \ No fundo da tua ausência, ouvindo que me amas, \ É ouvir o céu sem nunca subir lá. \ Não escreva ! Não escreva. \ Eu tenho medo de você;\ Tenho medo da minha memória; \ Ela manteve sua voz que me chama com frequência. \ Não mostre água viva para quem não pode beber. \ Uma caligrafia querida é um retrato vivo. \ Não escreva ! Não escrevas estas doces palavras que já não me atrevo a ler: \ Parece que sua voz os espalha sobre meu coração; \ Que eu os vejo queimando através do seu sorriso; \ Parece que um beijo as marca em meu coração. Não escreva! Poemas da poeta francesa Marceline Desbordes-Valmore (1786-1859). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


O SER HUMANO E SEUS PAPÉIS CONSTRUTIVOS E NÃO-CONSTRUTIVOS – Militão & Militão (2000, p. 13) assinalam que:

O ser humano é caracterizado como tal pela sua identidade (nome, local e data de nascimento, filiação, impressões digitais, íris, arcada dentária, DNA), pelos papéis que desempenha (profissional, pai, filho, mãe, amigo, irmão, etc.) ou, em termos de comportamento, no dia a dia junto aos outros, pelas suas qualidades e seus defeitos (características que, ora são defeitos, ora são qualidades, dependendo do contexto, do foco ou estereótipo naquele momento estabelecido). Essas características são acentuadas exatamente no desempenho de papéis, no dia a dia. Papéis construtivos (qualidades, virtudes) e papéis não-construtivos (defeitos, atitudes nocivas”.

Veja, portanto, em que perfil você se enquadra:

PAPÉIS CONSTRUTIVOS

Conciliador: busca um denominador comum. Quando em conflitos, aceita rever sua posição e acompanha o grupo para não chegar a impasse. Ajuda buscar alternativas de solução comum a todos.

Mediador: resolve as divergências entre outros membros, alivia as tensões nos momentos mais difíceis, intercede com palavras de ânimo e encorajamento.

Animador: demonstra afeto e solidariedade aos outros membros do grupo, bem como compreensão e aceitação de outros pontos de vista, ideias e sugestões, concordando, recomendando e elogiando as contribuições dos outros. É ativo, proativo, entusiasta e festivo.

Ouvinte interessado: acompanha atentamente as atividades do grupo e aceita as ideias dos outros, servindo de auditório e apoio nas discussões e decisões do grupo. Fala menos e faz intervenções inteligentes, procurando sempre agregar.

PAPÉIS NÃO-CONSTRUTIVOS

Dominador: procura afirmar sua autoridade ou superioridade dando ordens decisivas, interrompendo os demais, manipulando o grupo ou alguns membros, sob a forma de adulação, afirmação de status superior, etc. A sua verdade é única e não aceita argumentação de terceiros.

Dependente: busca ajuda, sob forma de simpatia dos outros membros do grupo, mostrando insegurança, autodepreciação e carência de apoio. Adota, frequentemente, a postura de vítima.

Criador de obstáculos: discorda e opõe-se sem razão, mantendo-se teimosamente negativo até à radicalização, obstruindo o progresso do grupo, mesmo após uma decisão ou solução já atingida. Não importa a situação ou tema discutido: ele é sempre do contra.

Agressivo: ataca o grupo ou assunto, fazendo ironia ou brincadeiras agressivas, mostrando desaprovação dos valores, atos e sentimentos dos outros. Costuma utilizar franqueza depreciativa.

Vaidoso: procura chamar a atenção sobre si de várias maneiras, contando realizações pessoais e agindo de forma diferente, para afirmar sua superioridade e vantagens em relação aos outros.

Reivindicador: manifesta-se como porta-voz de outros, de subgrupos ou classes, revelando seus verdadeiros interesses pessoais, preconceitos ou dificuldades. Aparentemente, dá uma de bonzinho, porém ele está preocupado é consigo, em buscar vantagens pessoais.

Confessante: usa o grupo como plateia ou assistência para extravasar seus sentimentos, suas preocupações pessoais ou filosofia, que nada tem a ver com a disposição ou orientação do grupo na situação-momento. Aproveita todos os momentos que pode para alugar o grupo e fazer longos relatos e desabafos.

Gozador: aparentemente agradável, entretanto evidencia seu completo afastamento do grupo, podendo exibir atitudes cínicas, desagradáveis, indiferentes à preocupação e ao trabalho, através de poses estudadas de espectador, que se diverte com as dificuldades e esforços dos outros. Tem sempre uma piada ou um comentário engraçado ou pejorativo. Na verdade, tudo isso para chamar atenção para si.

REFERÊNCIAS
MILITÃO, Albigenor; MILITÃO, Rose. Jogos, dinâmicas e vivências grupais: como desenvolver sua melhor técnica em atividades grupais. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000.

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