MOTO
PERPÉTUO - É
na cadência de tua ginga possante de refratária deusa que vou sirene alerta a
errar afoito na poesia que se derrama da sinuosidade das ondas de mar de tuas
ancas revolutas, delírios da vida, porto de amar. Eu
já não sei de nada e perco tudo no encalço do rabo-de-arraia que se alheia
flores do campo, aroma perfeito que faz-de-conta no inferno da minha insônia,
no meio do moinho desse carrossel que é suíngue da carne como oblação que arde
relembrado desejo no Jardim do Éden da minha luxúria. Ah
sesso que me corrompe obcecado e que vou pronto para compor a harmonia de nossa
melódica dança obscena, quando se mostra eivada de pecados de terra e céu
virando minha cabeça num espetáculo fantástico que se faz afrodisíaco na minha
idéia para o meu permanente estado de graça na primeira lua em torno da tua
cintura ondulada de toda perversão gostosa de teu balanço formoso. Ah
culatra da serva de Afrodite que manda ver num passe de mágica o verdadeiro
simulacro no golpe sutil do teu charme coroando o amor e as nossas delícias na
mecânica da sedução demarcando o moto-perpétuo do prazer e sexo encarnado ao
meu toque no menor movimento das coxas que cede terreno, desimpedida pro meu
paroxismo prestes a derramar em profusão no terreno baldio da tua exacerbação. Ah,
minha Paulina, crédula matrona, sou teu mortal admirador acrimonioso disfarçado
do deus Anúbis no nosso sagrado intercurso convoluto na captura desenfreada da
convecção que se aventura tocha ardente transpondo limites pelo trajeto do teu
insubmisso bordejar remexendo o quadril que estremece de desejo no frêmito do
prazer. Ah
pódice de hetaira cheia de graça que triunfa por tantas demandas profusas na
matéria-prima do esplendor de toda maravilha do corpo esbelto agitado em
convulsão para que eu seja nuvem de chuva na tua terra desejada de alcatra
indulgente cumulada dos excessos da corrente tempestuosa e perversa a me afogar
na maior tentação de umbral onde o predador faz ajuste de contas para que a
serpente hiberne voluntariosa na gostosura do teu esconderijo sacralizado. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS - O
coração tem imbecilidades que a estupidez desconhece. Para você parecer culto é
só ficar de olho no que o outro cara ignora. Capacidade de saber cada vez mais
sobre cada vez menos, até saber tudo sobre nada. Fique tranquilo: sempre se
pode provar o contrário. Esta é a verdade: a vida começa quando a gente
compreende que ela não dura muito. A verdade é que a maior parte das pessoas
foge de tentações que nem se dão ao trabalho de tentá-las. Não devemos
resisitir às tentações: elas podem não voltar. Certas coisas só são amargas se
a gente as engole. Se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o
mundo, mas uma coisa é certa: haverá na Terra um canalha a menos. Com muita
sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e
todos, um homem consegue, depois de mais ou menos quarenta anos de vida,
aprender a ficar calado. A gente só morre uma vez. Mas é para sempre. Viver é
desenhar sem borracha. Pensamento do escritor,
dramaturgo, tradutor, desenhista, humorista e jornalista Millôr Fernandes (1923-2012). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Amizades
são coisas frágeis, e requerem muito mais cuidado que todas as outras coisas
frágeis que existem. Nossa verdadeira obrigação é sempre encontrada indo em
direção dos nossos mais dignos desejos. Pensamento do escritor estadunidense Randolph Bourne (1886-1918).
A CASA - Um estrangeiro nato perdeu os seus sapatos. Ele os tinha
esquecido em sua casa e jogado a casa em um rio. Ou será que a própria casa
tinha se jogado no rio? O estrangeiro nato foi de rio em rio. Certa vez ele
encontrou um velho debaixo d’água com uma tabuleta pendurada no pescoço: AQUI
CÉU. O estrangeiro perguntou: Como assim, céu? O velho encolheu os ombros e
apontou para a tabuleta. A casa voltou a aparecer, mas em um lugar
completamente diferente. E, provavelmente, era outra casa, pois ela não se
recordava mais dos sapatos do estrangeiro. Mais tarde, a casa perdeu sua porta. Texto da escritora romena Aglaja Veteranyi (1962-2002).
Veja mais aqui e aqui.
A POESIA & A
POETA - A poesia é o desafio do não-dizer, a
impossibilidade de dizer algo. A matemática tem semelhança com esse estado de
ser. Em ambas há manifestação do divino, algo tão perfeito que transcende tudo.
Quero brincar meus amigos de ver beleza nas coisas. Costuro o infinito sobre o
peito. Você nunca conhece realmente as pessoas. O ser humano é mesmo o mais
imprevisível dos animais. Há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos
cofre, trancados até o nosso fim. E por isso passíveis de serem sonhados a vida
inteira. Há sonhos que devem ser ressonhados, projetos que não podem ser
esquecidos... Amamos tanto e a perda é cotidiana e infinita. Amar é coisa de morrer
e de matar... mas tem som de sorriso. Ama-me, é tempo ainda. A
poética da escritora e dramaturga Hilda
Hilst (1930-2004). Veja mais aqui.
Veja
mais sobre:
Nas
voltas que o mundo dá, Carlos Drummond
de Andrade, Jane
Duboc, François Ozon, Catherine Abel, Sheila Matos, Valeria Bruni Tedeschi, Niceas Romeo Zanchett & direito ao meio ambiente saudável aqui.
E mais:
Ária da
danação aqui.
Possessão
Insana aqui.
Ao redor
da pira onde queima o amor aqui.
Missiva
do Esconjurado aqui.
A poesia
de Mário Quintana aqui.
Vinicius de Morais, Choderlos de Laclos, Pier Paolo Pasolini,
Vanja Orico, Chico Buarque & Ruy Guerra, Serge Marshennikov, Beverly D’Angelo & Responsabilidade civil nos relacionamentos afetivos aqui.
Todo dia é dia da mulher - entrevista com
uma viúva autônoma, Sandra da Silva, de Arapiraca – Alagoas aqui.
Entrevista com a costureira Jqueline, a
musa da semana de Minas Gerais aqui.
Serviço
Público & Nênia de Abril: o canto do cidadão aqui.
Entrevista com Clélia, uma estudante de
Cacoal – Roraima aqui.
Literatura
de Cordel: O papé da rapariga, de Bob Motta aqui.
Perfume
de mulher aqui.
Credibilidade
da imprensa brasileira aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA - LITERÓTICA
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá