A arte da atriz estadunidense Muriel
Ostriche (1896–1989), que atuou na era do cinema mudo e estrelou
134 filmes em toda sua carreira.
EUS DIANTE DO ESPELHO – UMA PARA QUEM
VAI – Sou quem vai sem saber nem para onde. Voo, mãos dadas. Subindo ladeira,
descendo ribanceiras, atravessando ínvios caminhos, insólitas paragens, umbrais
intermináveis. Vou comigo e todos, coração sobrecarregado como o verso da Fernanda Seno: Mesmo depois do
Tempo ficaremos no coração aberto dos que amamos. Sou a mim e ao outro, muitos. Meu coração é uma
procissão diante do Sol. DUAS: PARA QUEM VEM – Sou quem vem, destroçado
e em prantos. Ou como quem sorri, mesmo com as mãos ao alto. O outro que chega
como quem Sá-Carneiro: Perdi-me
dentro de mim / Porque eu era labirinto / E hoje, quando me sinto, / É com
saudades de mim. / Eu não sou eu nem sou outro / sou qualquer coisa de intermédio. E os
concílios são dicotomias, divergências e reencontros. Tudo é uma perda e me
refaço, ganho com isso: reaprendo a viver. TRÊS:
O GANHEI & O QUE SE PERDEU DE MIM - De todas as perdas só restaram
ganhos. Que sejam migalhas, cascalhos, monturos. Na verdade, nada mais o logro
de se jogar na vida e aprender com Gérard de Nerval: Toda flor é uma alma que floresce na natureza. O sonho
é uma segunda vida. E vivo como sonho, com quem vai ou vem que sou e o
outro comigo. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
DITOS & DESDITOS - A palavra intelectual
não me define porque escrevo instintivamente para aprofundar meus sentimentos;
mas não gosto de falar sobre o que escrevo, não gosto de
entrevistas. Me deixa nervoso que eles me levem muito a
sério. Pensamento do escritor irlandês William
Trevor Cox (1928-2016).
ALGUÉM FALOU: Quem ama profundamente
nunca envelhece; eles podem morrer de velhice, mas morrem jovens. No fundo, dos quarenta aos cinquenta anos, o
homem ou é um estoico, ou é um sátiro. Enquanto houver chá, há
esperança. Pensamento do dramaturgo britânico Arthur
Wing Pinero (1855-1934).
REQUIEM
- [...] Pois é, confirmou ele, comigo é
sempre assim, mas olhe, não acha que é isso mesmo que a literatura deve fazer,
desassossegar?, eu cá por mim não tenho confiança na literatura que tranquilia
as consciências. Eu também não, aprovei, mas está a ver, eu já de mim sou muito
desassossegado, o seu desassossego junta-se ao meu e produz angústia. [...].
Trecho extraído de Requiem: uma alucinação (Quetzal, 1991), do
escritor e professor italiano Antonio Tabuchi (1943-2012), obra que é uma
declaração de amor a Lisboa, cidade que adotou para viver e onde morreu; e
sobretudo ao português, idioma no qual escreve este romance, com uma narrativa
que escorre num estado entre a realidade e o sonho, seu protagonista deambula
pelas ruas da capital portuguesa num tórrido domingo de julho. Veja mais aqui.
DOIS POEMAS - À TARDE - olhar com o olhar espantado
/ o voo do primeiro pássaro noturno / e saber que em breve / haverá algum tipo
de confronto / de alucinação coletiva, uivo geral / saber / que por trás do
olho / guardamos uma planície de risadas / dobrada em algum desvão da alma / –
a sensação lisérgica de estar aí / e perceber / a fumaça dos últimos
acampamentos / a casa na encosta do morro / o albatroz que arrepia sua
trajetória / os mosquitos que zumbem e que zumbem e que zumbem / nesta tarde / em
que três petroleiros se encaram / e trocam sinais ao largo / e uma memória nos
persegue / de rios, cataratas e pororocas / nesta praia / que é fim e começo / de
qualquer coisa já sabida e possuída / e oculta / no oco da última fibra nervosa.
CHEGO MAIS PERTO - atravesso um filtro de maresias / recolho das ondas a
simetria deste poema / nuvens dilaceram-se em um derradeiro combate de cores / enquanto
o mar / (um rio mais indomável) / respira pesadamente / passando à minha frente
/ com a lentidão solene das procissões de barqueiros religiosos / estendendo
seu cobertor de noites / abafando as fogueiras do fundo / acesas nas clareiras
onde afogados tentam aquecer as mãos / a presença humana é murmúrio e solidão /
restam apenas estes dois navios cargueiros / sombras recortadas contra o longe
/ dois barcos / – dois pontos / vozes solitárias insignificantes e nulas / mergulhando
no vazio cinzento / e este veleiro / mancha agitada sobre um mapa de negações /
deslizando rápido para dentro da sua hora noturna / o humano recua de vez / agora
tudo é distância e vazio / dissolvem-se as palavras e a paisagem / resta apenas
o outro / tudo o que não somos / tudo o que nos é estranho / como um texto / oco
da memória viva / malha obscura de encontros amorosos / o negativo deste nosso
mundo de coordenadas terrestres / com seu surdo murmúrio de infinitas fontes.
Poemas do poeta, tradutor e ensaísta Claudio
Willer. Veja mais aqui & aqui.
PSICANÁLISE
E EDUCAÇÃO - O presente trabalho é resultado da reflexão acerca da obra “Freud
e a pedagogia” de Mirelle Cifali e Francis Imbert. Justifica-se a realização do
presente estudo tendo em vista a busca pelas contribuições da psicanálise na
prática educacional, tendo em vista que esse modelo psicológico debruçou-se
sobre as fases de desenvolvimento infantil, fases essas que precisam ser
levadas em consideração na prática pedagógica. Ocorre que sob a perspectiva
freudiana a educação é reprodutora da cultura e da moralidade civilizada que
incidem diretamente sobre o desenvolvimento da criança, proporcionando, por
isso, a causa de neuroses e de doenças nervosas. Essas enfermidades
constatáveis pela perspectiva psicanalítica devem ser levadas em consideração
tanto pelos pais como por professores ou educadores, no sentido de que essa
reprodução pode ser danosa ao desenvolvimento infantil, requerendo, portanto,
uma outra forma de prática educacional pautada no apoio e na compreensão dos
conflitos oriundos da repressão, interdito e coerção. Em vista disso, objetiva
o presente trabalho observar as contribuições da psicanálise para a educação,
observando-se os ensinamentos freudianos e de seus seguidores, para
identificação de tais características, tendo-se por base a obra dos autores em
estudo. A metodologia aplicada ao presente estudo compreende a leitura da obra
em seus diversos capítulos e subitens, considerando o posicionando freudiano e
de seus seguidores, as experiências adotadas pela educação com base na
psicanálise e o propósito da educação psicanalítica. Ao abordar a temática dos
limites na educação, os autores destacam a perspectiva freudiana voltada para
as relações que envolvem professores e alunos que contribuem para o processo da
aquisição e apropriação de conhecimento. Contudo, detecta nessa relação a ilusão
da pedagogia e da psicopedagogia tendo em vista a moral sexual civilizada e a
doença nervosa dos tempos modernos, tornando a ação educação uma tarefa
impossível. Essa tarefa impossível está embasada numa série de fatores, a
exemplo da busca pela satisfação possível, pelo interdito do incesto, pela
ilusão do progresso e pelos contextos simbólicos, em razão do papel do
professor é o da apresentação de objetos valorizados socialmente por meio de um
trabalho desenvolvido com as sublimações das pulsões parciais. Por outro lado,
o papel do terapeuta se encontra na descoberta das origens e motivos
inconscientes que possuem mobilidade no aparelho psíquico nas submissões dos
processos de sublimação, deslocamento e recalques. Por essa ótica, entende-se
que o processo educacional perpetua a condenação da sexualidade por se
encontrar encarregada da transmissão da moralidade social que reprime a
sexualidade para possibilitar a convivência da sociedade. Nesse contexto, dá-se
a percepção de que a prática educacional enquanto reprodutora da moralidade
social repressora evidencia a sua responsabilidade pelas causas das neuroses
promovidas pelo excesso de recalque. Por essa razão, para a teoria
psicanalítica há uma relação entre a educação e o recalcamento social das
pulsões para desencadeamento de neuroses, definida a partir do desenvolvimento
organicamente determinado que se confronta com a impossível conciliação entre
as reivindicações das pulsões sexuais e as exigências da civilização. Ao
efetuar consideração sobre o interdito do pensar, as autoridades tomam forma
dentro do contexto parental nas relações de um poder que se manifesta com base
nas mais diversas formas de limitações originárias da moralidade social, que
atua com falsas teorias ocultando a apresentação e questionamento acerca da
vida sexual do indivíduo, que servem de base para a ilusão do processo
transformador que a educação se serve, tanto pelas visões confessionais, quanto
revolucionárias, por estarem carregadas da ideia de fechamento e condução da
moralidade conservadora. Nesse ponto apresenta-se a perspectiva de que a
educação psicanalítica passaria pela atitude de acolhimento, acompanhamento,
sem repressão ou táticas ilusórias que evitasse a alimentação da agressão,
respeitando-se e trabalhando o direcionamento das insatisfações para focos
prazerosos noutras atividades ou identificações, voltando-se para uma ação
profilática mais contundente entre os professores e educadores. Na parte
identificada para o interesse pedagógica, observou-se o interesse na área da
educação infantil como principal campo de aplicação da psicanálise, tendo em
vista que esta se debruçou o processo de desenvolvimento da criança ao
identificar suas fases de evolução e seu desenvolvimento orgânico determinado. Ocorre,
contudo, a defesa freudiana do exercício da análise por parte do professor
tendo em vista o seu aprendizado próprio, possibilitando que intervenha na
relação com seus alunos na busca pela satisfação desejada entre eles. Essa
defesa da análise leiga está mais no processo intuitivo valorizado do que no
conhecimento científico impessoal e indiferente do médico. Tal fato se prende
em razão da psicanálise não ter o interesse nem se destinar a uma prática
médica, optando, portanto, por uma prática que envolva uma pesquisa científica
e uma prática educativa. Nesse sentido, a psicanálise infantil por ser
convocada como adjuvante na prática educativa, destacando-se o trabalho de
pesquisa exaustiva desenvolvido por Anna Freud na convergência entre a
psicanálise e a educação. Ao se chegar à abordagem acerca do pensamento de
August Aichhorn, observou-se que este buscou a psicanálise como auxilio na luta
contra a delinquência por meio de um estudo aprofundado sobre o psiquismo
infantil para desenvolver um centro de criminoterapia destinado ao trabalho com
crianças pré-delinquentes e delinquentes, incluindo pais e professores no
processo. A esse respeito, encontrou-se o posicionamento freudiano de interesse
em aplicar na educação as práticas psicanalíticas, reconhecendo-se o alto valor
social da educação na orientação e assistência às crianças, encaminhando-as e
protegendo-as. Destaca-se o trabalho de Aichhorn intuitivamente voltado para
minimizar os problemas da delinquência infantil, tomando-se, também
intuitivamente, por base a psicanálise. Contudo, para que haja uma intervenção
com esse tipo análise faz-se necessária uma formação psicanalítica reunindo
experiência pessoal e teoria, não se podendo sobrepor a educação nem a
psicanálise, desde que esta possa auxiliar na melhor condução para
desenvolvimento da criança. Observou-se que Aichhorn fez utilização do
referencial psicanalítico para desenvolver o seu trabalho com a delinquência
infantil, a partir do entendimento da sintomática neurótica e na constatação de
que o ato de delinquência se caracteriza pela ausência de sofrimento, indicando
que os processos do aparato psíquico são determinados pelo comportamento social
e pela criação de uma distorção que não encontra aceitação comportamental no
seio social. Vê-se com isso o surgimento de um ambiente educativo com maior
amplitude objetivando o equilíbrio como ideal de ego. A partir então trata
acerca da relação com o professor proposta por Hans Zelligen, da comunidade com
seus guias na identificação imaginária e simbólica, bem como nos testemunhos e
confissões. Nessa parte da obra há um percurso em que trata das proposições
efetuadas por Zellingen e Aichhorn. Aichhorn se preocupa com a delinquência e
por essa razão recorre à psicanálise, sendo, pois o primeiro a efetuar uma
reforma no ambiente educativo, definindo a relação entre professor e aluno, a
partir da transferência positiva seguindo-se de uma orientação ideal do ego. Enquanto
Zelligen atua de forma grupal, reprovando o privilegio da dualidade na relação
professor-aluno, tratando de um modelo de relação de massa em torno do líder. Ocorre
que ambos se aproximam e se distanciam nas suas proposições, notadamente quanto
as dimensões do simbólico e do imaginário para melhor entendimento da
proposição de ambos, principalmente na observância do processo biologicamente
determinado a partir do desprazer ligado à pulsão sexual e o elemento orgânico,
a temática de Édipo e a superação dos vestígios da infância, bem como do superego,
considerando o casal parental do destino e a construção do superego da criança
a partir do superego dos pais. A observância da questão do conflito entre o ego
e a sexualidade, considerando o conflito psíquico, o processo educacional
diferente e o cavalo de Schilda o qual, na expressão freudiana, foi conduzido
pela comunidade a se acostumar da menor quantidade possível de comida, sendo
que o animal assim procedeu, chegando a sobreviver com um grão de ração apenas
e, quando se percebeu exitosa a empreitada da comunidade, no dia seguinte, o
cavalo amanheceu morto. Observando-se a temática dos limites da educabilidade e
a questão inexorável do mal-estar na civilização, considerando a idade de ouro
possível e a ilusão sem consciência, as autoridades e a questão de superação
das autoridades dos pais e o furor das proibições, a relação ao interdito do
pensar e seus efeitos, considerando o segredo e o primeiro conflito psíquico, a
proibição de pensar aplicada à mulher, o contágio do sagrado e uma visão de
mundo com seu fechamento, os conselhos da psicanálise à educação, são no
sentido de favorecer a sublimação em lugar da punição e da repressão, na
transmissão do prazer-desejo de viver, no desenvolvimento de uma educação
sexual e cívica e em deixar a casa paterna. Entende-se, com isso, a necessidade
de uma prática educacional que não seja coercitiva, considerando a visualização
necessária das características e participação da criança, prática essa que deve
canalizar as pulsões para alternativas de outras atividades que redundará no
mecanismo de sublimação com a produção de atividades artísticas ou
extracurriculares que sejam capazes de promover o alcance do prazer, o bem
estar e a qualidade de vida. Por isso, não se deve entoar severidade que pode
evidenciar a contribuição e o desencadeamento de neuroses ou doenças nervosas,
tendo em vista que a criança não se desenvolvendo de forma satisfatória, tendo
reprimida a pulsão sexual, dará exatamente origem a neuroses ou doenças
nervosas. Em vista disso, há necessidade de pais compreensivos que possam
apoiar e compreender a expressão da angústia da criança para que ela possa
desenvolver-se adequada e satisfatoriamente. No caso da transferência com
relação ao líder, os grupos de líderes, o quarto das crianças a sala aula e as
fãs, encontrou-se que o professor não compreende os alunos, tendo em vista que
quando as crianças procuram chamar a atenção de seus educadores para situações
que se revelam desagradáveis, traz a necessidade de compreensão de que assim o
fazem pela prisão do gozo impedido de liberação, revivendo no seu interior e da
forma que a sua compreensão permite das experiências edípicas e narcísicas. Dessa
forma é preciso entender que a criança que tenha dessas experiências,
valorizado a si e formado disso imagens estáveis que garantirão a identidade de
sua vida psíquica. Do contrário, as crianças que não conseguirem resolver de
forma satisfatória essas insatisfações, tem-se a possibilidade de desenvolver
neuroses ou doenças nervosas, sob o entendimento psicanalítico. A transferência
e o caso de amor ao chefe sob o poder de fascínio exercido por superiores, são
questões que lavem ao entendimento de que o processo de comunicação existente
na relação entre o professor e seus alunos, envolve a prática de aprender e
ensinar por meio da transferência. Haverá a escuta por parte do aluno que
apreenderá o conteúdo ministrado, dependendo do lugar em que este professor foi
inserido na apreensão e simpatia do aluno. A esse respeito, é de fundamental
importância que o professor e o educador tenham a atenção redobrada e estejam
sempre atentos para que imponham seus desejos à criança, não criando
expectativas nem conduzi-lo de forma a influenciar no seu pensar e desejar. Há
que se entender que existe a transferência positiva, essa que deve preponderar
na relação entre professores e alunos, que contribui facilitando o aprendizado
para obtenção de desempenhos melhores. O fato de que a atividade educativa
possui ligação direta com a cultura e a moralidade que impõem valores da
sociedade, traz a necessidade de o professor e o educador precisam atuar de
forma criativa e inovadora, no sentido de não trazer a valorização de atitudes
primitivas que perpetuem a defesa e o segredo da sexualidade. Faz-se com isso
necessário que essa prática educativa possua a base da análise pessoal formada
a partir do conhecimento teórico e da experiência psicanalítica, compreendendo
as dificuldades que permeiam a relação escolar para que se possa promover na
formação de crianças emocionalmente saudáveis. Essa prática educativa não deve
ser confundida com intervenção psicanalítica, porém deve ser desenvolvida a
partir do entendimento adequado por parte do professor e do educador das fases
psicossexuais de desenvolvimento da criança, contribuindo para realização de
adequadas e eficazes atividades pedagógicas, uma vez que o conhecimento
psicanalítico ajudará na compreensão de determinadas dificuldades que se
apresentam no comportamento da criança, possibilitando um maior conhecimento
acerca do processo de desenvolvimento de sua personalidade. Verificou-se,
portanto, que a formação de neuroses ou de doenças nervosas possui ligação
imediata com a forma como os pais e os professores vão lidar com os
comportamentos que resultem das pulsões sexuais dos seus alunos. Em vista
disso, tanto os pais como os professores não devem fazer utilização de
severidade ou repressão castrando bruscamente as manifestações sexuais das
crianças. Como a sociedade reproduzida pelos pais e professores promove o
interdito, a educação funciona como instrumento para essa interdição castrando
a iniciativa sexual das crianças por meio das atitudes e comportamentos
repressores. Nesse sentido, a psicanálise contribui para orientar os pais e
professores a entender da melhor maneira o prazer da criança na manipulação
sexual da criança, permitindo que substitua essa manipulação por outro objeto,
demonstrando a existência do prazer na utilização de outras alternativas. O
aborrecimento ou repressão dos pais ou dos professores evidencia a geração de desequilíbrio
que pode acarretar neuroses ou doenças nervosas, quando, ao invés disso,
deveria agira com atitude de sublimação, substituindo o objeto de prazer
localizado para outra alternativa de alcance prazeroso. Fica evidenciado que
punições severas ou repressões drásticas levam ao nascimento de traumas e
sentimentos de culpas que originam neuroses ou doenças nervosas, devendo-se
evitar tais condutas por outras de natureza afetiva que apoiem e ajudem ao
equilíbrio emocional e mental da criança. Visualizou-se com a leitura da obra
que o papel do professor e do educador no contexto da perspectiva psicanalista
é o de compreender e ter a aceitação adequada para demonstração de outros
saberes e aprendizagens além do universo já dominado pelo entendimento da
criança, possibilitando as inúmeras alternativas que se pode explorar da
realidade, sem que seja preciso usar de imposições ou verdades absolutas.
CONCLUSÃO
- Observou-se com a realização do presente trabalho que a atuação dos pais, do
professor e do educador na fase infantil possui uma responsabilidade enorme sob
a ótica psicanalítica. A obra estudada que traz uma conexão entre a educação e
a psicanálise, esclarecem de forma objetiva as contribuições do pensamento
psicanalítico, recorrendo às reflexões freudianas e dos condutores dessas
ideias, evidenciando uma educação profilática com base na orientação
psicanalítica. Teve-se, portanto, a constatação de que civilização se
fundamenta nos valores morais e culturais de renuncia pulsional, caracterizando
a responsabilidade de avaliação dos efeitos destrutivos dessa renuncia, cabendo
à educação preparar o ser humano para sua utilidade social e aptidão cultural,
sem que sacrifícios incorram repressivamente. Os apontamentos encontrados na
obra dão conta de que a coerção e repressão promovida pela cultura e pelos
valores morais da civilização incidem diretamente na educação, tornando-a
incapaz de abrandar a infelicidade e insatisfação concernentes a sexualidade
humana. As perspectivas apresentadas pela obra dão conta de outros argumentos
em torno da interdição e da insatisfação sexual, castrando o individuo para a
culpa e o arrependimento num cenário de ilusões que são forjadas para poupar os
sentimentos de desprazer. Diante disso, a educação, sob o ponto de
psicanalítico, possui um papel fundamental na condução das energias perversas
socialmente úteis, identificando-se o problema de transferência e de ideal de
ego, favorecendo a sujeição de todos os alunos ao professor na expressão do desejo
narcisista de que todos correspondam às suas expectativas. Esse processo de
subjugação imposto pela relação com autoridade converte-se com a prática do
professor num interdito do pensar, refletidas desde as ocultações e segredos
promovidos pelos pais para encobrir a questão sexual e assim reprimi-las e
coibi-las, resultado da consciência maléfica de todos, seja pais, família ou
sociedade. Essas ocultações e segredos passam então a intimidar e ofender as
investigações pulsionais da criança que, por consequência, passam a desconfiar
do mundo adulto. Nesse processo as religiões assumem representação significação
na elaboração de infantilismo e dependência, observando-se o conflito entre as
teorias sexuais infantis e os propósitos religiosos. Da mesma forma, os
discursos políticos voltados para a revolução comunista atuam da mesma forma
que os propósitos religiosos, ao mesmo tempo em que negam as dificuldades
culturais, atuando também coercitiva e repressivamente sobre o desenvolvimento
da criança. Essas repressões e coerções levam ao interdito do pensar. Sob a
ótica psicanalítica a educação precisa equilibrar a permissão e a privação,
tendo-se previamente a atenção na advertência que a psicanálise não defende a
profilaxia das neuroses pelo processo da educação, recorrendo-se ao corpo
teórico da análise para corrigir a tarefa educacional. As contribuições da
psicanálise para o cumprimento da função educacional estão na demonstração da
especificidade da realidade infantil, requerendo aprofundada pesquisa para
desenvolvimento de suas atribuições. É nesse período que a criança está sujeita
à submissão dos valores da cultura e da moralidade que contribuem para causa de
neuroses ou doenças nervosas, tendo em vista o comportamento conservador
repressivo e coercitivo exercido tanto pelos pais como pelos profissionais da
educação. Para que a educação possa contribuir para o desenvolvimento saudável
e qualidade de vida criança, faz-se necessário aos profissionais dessa área a
responsabilidade de atuar com a compreensão de que a cultura e os valores
morais da sociedade podem coibir o adequado desenvolvimento da criança,
exigindo-se uma capacidade que envolva a intervenção pedagógica pautada no
apoio aos anseios e desejos para a formação das crianças. Essa intervenção traz
a implicação de um processo de formação teórico articulado com a experiência
individual no sentido de articular os conteúdos e saberes em conformidade com
as situações de aprendizagem que respeitem as dimensões socioafetiva, cognitiva
e física dos alunos em fase de desenvolvimento. É preciso que os profissionais
da educação respeitem as fases de desenvolvimento da criança e, tendo
conhecimento psicanalítico, possa assim desenvolver uma atividade eficiente e
eficaz que contribua para formação individual. Por conclusão, é indubitável a
contribuição do presente estudo tendo em vista o caráter inovador da obra
freudiana no desenvolvimento da psicanálise e do entendimento fora do campo da
moral da sexualidade. Trata-se de um marco teórico que necessita de leituras,
releituras e aprofundamentos para melhor entendimento da perspectiva
psicanalítica, por possibilita a abertura de novas perspectivas para
compreensão do ser humano. O entendimento psicanalítico de que a civilização
está expressada na cultura e nos valores morais conservadores, dando lugar ao
interdito, a repressão e a coerção à sexualidade, torna-se indispensável melhor
apreciar a obra freudiana acerca da pulsão sexual para que haja uma melhor
compreensão acerca da natureza humana e de seus complexos. Observou-se que a
psicanálise pode contribuir para a formação de uma educação emancipatória e
progressista no sentido de melhor entender a natureza humana a partir de uma
melhor compreensão da sua sexualidade. Esse foi o propósito freudiano ao longo
de sua obra sem, no entanto, se deter especificação numa educação psicanalítica
que seria professada por seus seguidores, embora não havendo consenso entre
eles, mas como resultado geral identificando contribuições específicas para
tal. A exclusão da sexualidade no campo educacional é, sem sombra de dúvida, um
dos problemas que levam a uma série de outros problemas como o interdito do
saber, o interdito do prazer e a insatisfação da pulsão sexual, responsáveis
esses pela criação de neuroses e doenças nervosas. Outros aspectos ligados à
educação chamaram atenção dos autores da obra estudada, como o papel
desempenhado pelos professores na reprodução da moralidade e da cultura
civilizada baseada no conservadorismo e na exclusão da sexualidade humana
procurando segredar ou ocultar tão evidência para o melhor convívio social. Na
verdade não se pode ter um bom convívio social ou qualidade de vida com a
ocultação ou exclusão da sexualidade na relação humana, tendo em vista esta
estar presente no desenvolvimento do ser humano desde a infância e por todas as
fases da vida humana. É dessa forma que o pensamento freudiano destaca o papel
da educação, notadamente quando o processo educativo está permeado de repressão
coibindo a pulsão sexual, tornando-se uma prática inválida capaz de acarretar
danos à saúde mental do individuo. Esse modelo de educação freia o
desenvolvimento de crianças, inibe o pensamento, reprime a mulher, causa danos
ao adulto e traz por consequência problemas que podem levar a neuroses e
doenças nervosas. Tem-se, por fim, que a leitura da obra em questão é sumamente
relevante para um maior conhecimento acerca da psicanálise e do seu papel
inestimável para a educação.Veja mais aqui e aqui.
REFERÊNCIA
CIFALI, Mireille e
IMBERT, Francis. Freud e a Pedagogia.São Paulo: Loyola, 1999. Veja
mais aqui e aqui.
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