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domingo, novembro 22, 2020

HALLDÓR LAXNESS, MARJANE SATRAPI, GEORGE ELIOT, CIARA & MOMBOJÓ


  

TRÍPTICO DQC: JANELÚDICA - Ao som de Kosmogonia (1970), de Krzysztof Penderecki (1933 - 2020), na interpretação da soprano polonesa Olga Pasichnyk, Rafał Bartmiński, Tomasz Konieczny & Warsaw Philharmonic Choir and Orchestra, Antoni Wit – O mundo na janela, o coração enlutado – quantos serão ceifados em nome da incúria e sordidez desgovernada do Fecamepa. É dele o que me sobra ser no meio da barulhada das britadeiras, motores, furadeiras, motosserras, rangidos outros, chiados incógnitos da desumanidade. É como se o meu desconsolo nas mãos do algoz. Sei, não tenho inimigos, pelo menos acredito nisso. De qualquer forma o céu estrelado me diz: em cada uma delas as dores de quem se foi, vidas apagadas irresponsavelmente ressuscitam para iluminar a imensidão de quem se perdeu e quase já não é mais. Só me resta a tentativa de voar com o peso do passado, em busca de um ventre por refúgio e lamber os talhos da carne em qualquer paz possível. Neste instante, solidária é a chegada do escritor islandês e Prêmio Nobel de 1955, Halldór Laxness (1902-1998), a me presentear o seu inestimável Gente independente (Globo, 2005) e a me dizer: Um homem não é independente a menos que tenha a coragem de estar sozinho. O homem é essencialmente só, deve-se ter pena dele e amá-lo e chorar com ele. Um aperto de mão e ninguém mais ali. De volta ao cenário e solitude, enquanto jogam sujo, eu ludo, brincante onde a poesia, um coração vive.

 


A VIDA AINDA É ASSIM POR AQUI – Imagem: Arte do pintor e fotógrafo britânico Sigmar Polke (1941-2010), ao som dos 12 Prelúdios (1957/58), de Claudio Santoro. - Quantos nomes escondem estigmas de ferradas em carne viva - Quem de cor ou qualquer outro desvalor, de gentio ou fêmea, escravos milenares, a ordem imposta dos conluios patriarcais. Quem não um rótulo arrancado, como me dissera Mary Ann, mascarada em seu nom de plume para escapar dos estigmas e estereótipos, só uma exigência mínima de respeito para ser levada a sério. Não é gata disfarçada de zebra ou antílope, é o peso da herança tanto do batismo como das regras seculares inventadas para convívio e jogo. Não era ele, chegou-me postiça: paletó, gravata, voz máscula impostada e rouca, um romancista britânico George Eliot (1819-1880): Não existe desespero tão absoluto quanto aquele que surge nos primeiros momentos de nosso primeiro grande sofrimento, quando não conhecemos ainda o que é ter sofrido e ser curado, ter se desesperado e recuperado a esperança. Em cada despedida existe a imagem da morte. E me chamou também de George. Sim? Vem cá, George! Veio se despedir? Sim, mas do que me fiz para ser apenas o que sou de verdade, venha, quero apenas ser, inominável e oculta. E arrancou os disfarces, e se desfez das vestes, e se desnudou por inteiro e me envolveu como se fosse um moinho à beira do rio.

 


ELA BRIZOMANTE – Curtindo o álbum Beauty Marks (WB, 2019), da cantora, compositora, atriz, dançarina e modelo estadunidense Ciara. - Ao amanhecer ela chegou como sempre: cantarolando, só que em outro idioma, o que para mim tanto faz, sou péssimo demais no vernáculo para dar conta de outra língua. Ela dançou e, qual pitonisa, brincou de mágica: estalava os dedos e eu era outro, friccionava-os e ajeitava aqui e ali, artesã moldando tudo, além do que sou, vísceras, interstícios, alma – era na sua manipulação como se, ao mesmo tempo, mergulhasse dentro de mim e viajássemos por todas as dimensões, umas noutras e tudo por escalas e vibrações, até o topo do universo. Está vendo? Sim. E ela, astromante, disse: Tudo é você e eu. E num pulo abissal, descemos em queda livre. Saiu-se e me fitou. Enfim, ao espelho, não era eu, outro: Fui buscar outra encarnação sua. Como? Na versão anterior você não era nada que se aproveitasse, mas a sua versão anteontem, ah, essa sim, a antes de antes, digna de nota! Exatamente no ponto! Não havia como me reconhecer, estranha condução. E ela já era encantadora Marjane Satrapi: A vida é curta demais para ser mal vivida. Na vida você encontrará muitos idiotas. Se eles te machucarem, diga a si mesmo que é porque eles são estúpidos. Isso ajudará a evitar que você reaja à crueldade deles. Porque não há nada pior do que amargura e vingança. Mantenha sempre sua dignidade e seja fiel a si mesmo. Abraçou-me brizomante e a vida era em nós. Até mais ver.

 

MOMBOJÓ

A arte musical da banda Mombojó, formada por Chiquinho, Felipe S, Marcelo Machado, Missionário José e Vicente Machado. Na sua discografia constam os ótimos álbuns: Nadadenovo (2004), Homem-espuma (2006) e Amigo do Tempo (2010), afora Toca Brasil Nadadenovo e Trilhas, entre outros. Veja mais aqui e aqui.

 



NOÉMIA DE SOUSA, PAMELA DES BARRES, URSULA KARVEN, SETÍGONO & MARCONDES BATISTA

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Sempre Libera (Deutsche Grammophon , 2004), Violetta - Arias and Duets from Verdi's La Tra...