FAZER E BEM
FEITO – Imagem da artista francesa Sema Lao - Tudo que tinha a ser feito
ou por fazer, eu já fiz! E fiz além da
conta, e bem feito, acho. Cada qual seu merecimento, pago os meus, sirvo ao
karma, ônus e bônus. Por certo, cada qual seus louvores e penhores. Ainda ontem
eu andava sorrindo à-toa, quando menos se espera, das lágrimas ao riso e
vice-versa, a vida é um palco pra muitas cenas, risíveis ou dramáticas, afoita
ou contida, pro paradoxal, uma hora chupando umidade no inverno como quem
escorrega do outono embutido nas circunstâncias adversas, amargando espremido;
outra hora, entalado no verão como quem encabulado na primavera não tinha o que
fazer, riso no quarador pra logo amarelar, topa pra frente, aos empurrões, enquanto
outros tinham tudo de graça e aos montes, sem fazer nada, sem saber de nada,
Ph.D. de Porra Nenhuma, especialista de ganhador aberto e de cu pra lua, só com
a manha de cavalo velho, eu que sofra que só sovaco de aleijado, desentalar é
que são elas. Uns na frente, ultrapassam pela direita, comem contramão, tapiam
todos e pra tudo que é lado, burlam a lei, enganam meio mundo, passam ileso, dá
tudo certo, e eu lá, no mata-burro das ocasiões com um recado na lata: não se
endireita sombra de coisa torta ou troncha! Isso é comigo? Os outros aprontam e
eu pago o pato, ficando na beira esperando um melhor momento, pior não podia
ficar, ferrolho travado, todo embatucado, e de quebra, pronde virasse só o inflexível!
E olhe que nesse instante passou um direto, porta aberta pra quem chegasse, nem
cheguei e já fechou, entupiu, lascou. Ora, ora, não me fazia nem nunca me fiz de
rogado, se bem que sambava no vexame, decepção nas passadas, destá, tudo tem o
tempo de encubação, é só beber água na cuia das mãos, maturando, o vento sopra,
a aranha tece e fia como pode ou der. Aragem da boa, ora, lá ia eu peito
empinado, todo esticado nos trinques, a toda e virado na peste, bufando de
entrar pela porta da frente e sair pela porta de trás, como manda o figurino:
sem fazer feio, nem deixando rastro de coisa mal feita. Tudo nos conformes,
mais de cem, se fosse noventa e nove não prestava, onde já se viu coisa mais
sem jeito. Fui sempre pro cento e um ou mais, credor com folga, isso porque
sempre soube que haveria um povo mais que beligerante, tipo de anjos da pá
virada para botar gosto ruim em tudo, melecar nosso angu que ia bem feito e
entornou no ajeitado. Isto sempre soube, até do que nem era de fato nem de
direito, deduzia de véspera aquele medo danado que sempre bate nas gentes
medrosas ou covardes, sempre um tal de virar casaca, cagar fora do penico, ou
até de desistir de última hora, coisas previsíveis de se ter sempre um pé
atrás, nunca no limite da confiança, graduando na oscilação. Como disse antes,
o que tinha a fazer ou por ser feito, eu já fiz e farei o que vier no tempo
certo, e se agora sucumbo, esse o meu merecimento, resiliência em dia pra aprender
a lição, levantar e sacudir a poeira dando a volta por cima, assim é a vida e
eu já vou. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com:
Egberto Gismonti, Flora Purim, Yes & Rick Wakeman;
Toquinho, Rosa Passos, Paula Morelenbaum & João Bosco;
Egberto Gismonti, Flora Purim, Yes & Rick Wakeman;
Toquinho, Rosa Passos, Paula Morelenbaum & João Bosco;
Para
conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] A agenda
da grande transição que ora se inicia deve buscar novos paradigmas de
desenvolvimento socialmente includentes e ambientalmente sustentáveis
[...]. Pensamento extraído da obra Caminhos
para o desenvolvimento sustentável (Garamond, 2008), do economista polonês
e professor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, Ignacy Sachs.
A POPULAÇÃO & SUSTENTABILIDADE - [...] As
populações humanas continuam crescendo, e com elas a urbanização e a desordem [...]
buscar e atingir um novo estilo de vida e
formas mais compatíveis de relacionamnento com o ambiente natural [...]. Trechos
extraídos da obra Pegada ecológica e
sustentabilidade humana (Gaia, 2002), do professor, ecologista e ambientalista
Genebaldo Freire Dias, defendendo
que a economia global está em choque com os limites naturais da Terra,
necessitando de redirecionar as escolhas da humanidade e educá-la para que
não mais ignore as consequências ambientais de seus atos: A maior parte da população humana agora vive em cidades. Já são várias
gerações nascidas e criadas ali, afastadas do convívio com a natureza. Essas
gerações foram preparadas por um sistema educacional que as faz ignorar as
conseqüências ambientais dos seus atos e objetiva torna-las consumidoras úteis
e perseguidoras obsessivas de bens materiais. Imersas em uma luta cotidiana
cada vez mais cheia de compromissos, não percebem como estão incluídas na trama
global da insustentabilidade. Vivendo sob tais condições, não reconhecem que
dependem de uma base ecológica de sustentação da vida. Populações crescentes,
analfabetismo ambiental, consumos exagerados e comportamentos egoísticos formam
uma amálgama temerosa para a configuração de um estádio de declínio da qualidade
da experiência humana, via degradação ambiental, concentração de renda e
exclusão social. Sob tais condições, o desenvolvimento sustentável não é
concebível nem teoricamente. O desafio evolucionário humano está ocorrendo nos
centros urbanos. As cidades são pontos emanadores de indução de alterações
ambientais globais. Quase todo o crescimento está ocorrendo em cidades. Elas
ocupam apenas 2% da superfície da Terra mas consomem 75% dos seus recursos. As
cidades tendem a ocupar o mesmo nicho global dentro da biosfera e explorar os
recursos da mesma maneira Esse modelo suicida está sendo replicado
em quase todo o mundo, gerando pressões cada vez mais fortes. O aumento da
eficiência em uma parte relativamente pequena do mundo produziria grandes resultados.
Veja mais aqui e aqui.
JUREMA
– No ano de 1840, um fugitivo da seca do Piancó da Paraíba encantou-se com a
sombra frondosa dos juremais, fascinado com a paisagem, estabeleceu residência
e construiu uma capela, atraindo para o local outras pessoas e imigrantes. A
partir de então deu-se a povoamento de Jurema, como distrito
que foi criado pela Lei Municipal de nº 34, de 20 de outubro de 1899,
pertencente ao Município de Quipapá. A sede do distrito foi elevada à categoria
de vila pela Lei Estadual de nº 991, de 1 de julho de 1909, e pela Lei estadual
de nº 1.931, datada de 11 de setembro de 1928 – Jurema tornou-se Município
autônomo, sendo sua sede elevada a categoria de cidade. A sua instalação
ocorreu em 1 de janeiro de 1929. Administrativamente
é formado pelos distritos sede e Santo Antonio das Queimadas e tem a
comemoração de sua emancipação todo dia 11 de setembro de cada ano. O
município encontra-se no Planalto da Borborema e está inserido nos domínios da
bacia hidrográfica do Rio Una, tendo como principais tributários os rios do
Feijão, Pirangi e das Paixões, além dos riachos Gaiola, Pátio Velho e das
Paixões, todos de regime intermitente. Veja mais aqui.
O ENGOLE COBRA - O coronel não
gostava de apelido. Assim, por volta das seis horas da tarde, ele estava
sentado no terraço da casa-grande, passeando pra lá e pra cá, quando aparece um
sujeitinho... – Boa noite, seu coroné. – Boa noite. Coroné, não tem um servicim
por aí pra mim, não? – Talvez se arrume, talvez se arrume... como é que você se
chama? – Eu me chamo Engole Cobra. – Engole Cobra? Ô Maria!... Maria!... anda
ver o homem que engole cobra! – chamou a mulher que estava lá dentro. A mulher
apareceu. Ele fez a apresentação e disse: - Engole Cobra, meu nego, você vai
morar ali naquele ranchinho... Passou sexta, sábado, no domingo o sujeito veio
reclamar: - Coroné, não tem um servicim pra mim, não? – Que é que o senhor ta
reclamando? Não recebeu as suas férias? – Recebi, sim senhor. – Não se incomode
que logo aparece... logo aparece... Lá para o meio da outra semana, descobriram
uma surucucu que não tinha mais pra onde crescer. – Não bole com ela não, vai
chamar ali seu Engole Cobra. O Engole Cobra veio nas carreiras. Disse: - Engole
Cobra, meu nego, está aí um servicim pra você. É só essa bvesteirinha pra você
engolir. – Tá doido, seu coroné. Eu nunca engoli cobra! Isso é apelido! –
Aaaaaahhh! É apelido!... Vigia, ô vigia! Dá uma surra nesse homem, vigia! Conto
do poeta modernista Ascenso Ferreira (1895-1956), extraído da Panorâmica do conto em Pernambuco
(Escrituras, 2007), organizada por Antonio Campos e Cyl Gallindo. Veja mais aqui
e aqui.
DUAS ADIVINHAS - 1 – Subo e desço
o dia inteiro / no dentista e no barbeiro. / Se elétrica, logo mato. / Mas na
eleição me cobiça / todo e qualquer candidato. 2 – Do direito faço esquerdo /
do esquerdo faço direito. / Bonito me acha bonito / feio me acha sempre feio. /
O de fora ponho dentro / mês meu dentro está lá fora. / Que sou eu? Me diga
agora. Poemas da obra Lé com cré
(Ática, 1994), do poeta, ensaísta,
jornalista e tradutor José Paulo Paes
(1926-1988). Veja mais aqui, aqui e aqui.
TODO HOMEM QUE MALTRATA A MULHER
NÃO MERECE JAMAIS QUALQUER PERDÃO! (LAM).
Mural/homenagem da artista francesa Sema Lao, em Fondi – Itália, pela passagem do Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres. Veja mais aqui.
Mural/homenagem da artista francesa Sema Lao, em Fondi – Itália, pela passagem do Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres. Veja mais aqui.
Veja mais:
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A ARTE NORMAN
LINDSAY
A arte do escritor, pintor, gravador, escultor e cartunista australiano Norman Lindsay (1879-1969).
A arte do escritor, pintor, gravador, escultor e cartunista australiano Norman Lindsay (1879-1969).