Imagem: Releitura
da Bandeira do Brasil (1996), recolhido de Geopoiesis ASM.
Curtindo o talento musical da cantora e
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DESTAQUE: A MÍSTICA FEMININA
[...] Para a mulher que progride há
sempre o senso de perda que acompanha uma mudança: velhos amigos, rotinas
familiares perdidas e as novas ainda pouco definidas. [...] De súbito, encaixa-se a peça final do
quebra-cabeças. Há um elemento sem o qual nem as mais frustradas conseguiram
sair da armadilha. Independente de experiências da infância ou sorte no casamento,
havia algo que deixou frustradas todas as que procuraram ajustar-se à imagem da
dona de casa, algo que era partilhado por todas as que finalmente encontraram
sua vocação. A chave da armadilha é, naturalmente, a educação. A mística feminina
deu uma conotação suspeita aos estudos superiores, acusando-os de
desnecessários e até perigosos. Mas creio que só a educação salvou e pode
salvar a americana dos perigos ainda maiores que a mística. [...] As mulheres que assim agiram,
apesar dos lúgubres avisos da mística feminina, são, de certo modo, “mutações”,
isto é, a imagem do que a americana poderia ser. Quando não podiam trabalhar em
expediente integral para ganhar a vida, ocupavam algumas horas em tarefa que
verdadeiramente as interessava; uma vez que para elas o tempo era essencial,
muitas vezes passavam por cima dos detalhes e trabalhos inúteis da vida
doméstica, tão do agrado da ativista profissional. [...] Essas mulheres sofreram e
venceram a “descontinuidade cultural no condicionamento ao seu papel”, a “crise
de situação” e a crise de identidade. Enfrentaram problemas e bem sérios,
jogando com a gravidez, procurando babás e governantas, desistindo de boas
situações quando o marido era transferido. Tiveram também que aguentar muita
hostilidade das outras mulheres e inúmeras suportaram o ressentimento ativo do
marido. Além disso, por causa da mística, várias sofreram desnecessários
complexos de culpa. Era preciso — e ainda é — uma força de vontade
extraordinária para ser fiel a esse plano de vida quando a sociedade não o
apoia. Contudo, à diferença das donas de casa prisioneiras, cujos problemas se
multiplicam com o passar dos anos, resolveram suas crises e prosseguiram
caminho, resistindo às persuasões e às pressões, sem renunciar aos seus
valores, muitas vezes dolorosos, pelos consolos da conformidade. Não se recolheram
às suas conchas — enfrentaram os desafios do mundo. E hoje em dia sabem muito
bem quem são. Realizaram, talvez sem o perceber, o que todo homem ou mulher deve
fazer para se manter a par com o ritmo acelerado da história e encontrar ou
conservar a sua individualidade em nossa sociedade niveladora. As crises de
personalidade de homens e mulheres não podem ser resolvidas de uma geração para
a outra; em nossa sociedade em rápida mutação precisam ser continuamente
enfrentadas e resolvidas, para serem novamente enfrentadas e solucionadas no período
de uma só existência. O plano de vida deve estar aberto a mudanças, à medida
que novas possibilidades se apresentem, na sociedade e no íntimo de cada um.
Americana alguma que inicie hoje sua busca saberá ao certo onde ela a
conduzirá. Nenhuma a iniciará hoje sem lutas, sem conflitos, sem fazer apelo a
toda a sua coragem. Mas as que conheci e que se adiantavam rapidamente nessa
estrada desconhecida não lamentavam as dores, os esforços, os riscos. [...] Quando mães realizadas as
conduzirem à segurança de sua condição de mulher não será necessário
esforçar-se por ser feminina. Poderão evoluir à vontade, até que por seus
próprios esforços encontrem sua personalidade. Não precisarão da atenção de um
rapaz ou de um homem para se sentirem vivas. E quando não mais precisarem viver
através do marido e dos filhos, os homens não temerão o amor e a força da
mulher, nem precisarão das suas fraquezas para provar a própria masculinidade.
E finalmente homem e mulher verão um ao outro como de fato são, o que talvez
venha a ser um passo adiante na evolução humana. Quem sabe o que será a mulher
quando finalmente livre para ser ela mesma? Quem sabe qual a contribuição da
sua inteligência quando esta puder ser alimentada sem sacrifício do amor? Quem
sabe das possibilidades do amor quando o homem e a mulher compartilharem não só
dos filhos, do lar, de um jardim, da concretização de seu papel biológico, mas
também das responsabilidades e paixões do trabalho que constrói o futuro humano
e traz o pleno conhecimento da personalidade? Mal foi iniciada a busca da
mulher pela própria identidade. Mas está próximo o tempo em que as vozes da
mística feminina não poderão abafar a voz íntima que a impele ao seu pleno desabrochar.
Trechos extraídos da obra Mística feminina (Vozes, 1971), da
escritora e feminista estadunidense Betty
Friedan (1921-2006).
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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