A VIDA É LINDA,
APESAR DOS ENRUSTIDOS & DOS CHATOS DE GALOCHA! - Imagem: Il lago di Lucerna, da artista plástica italiana Laura Tedeschi. - A vida é muito mais
que a tragédia diária do noticiário no café da manhã, entre o bocejo e o queixo
caído com a espetacularização dos acontecimentos de ficar vidrado com o glamour
voyeurista das últimas ofertas promocionais das modas e grifes pras festinhas e
baladas do final de semana, durante os intervalos da programação enquanto não
arreda o pé pra não perder nenhum close das séries dubladas e com alto teor de
violência pro prazer mais obscuro do telespectador. Ou no almoço às pressas dos
pegue-pague das comidas rápidas, com as mastigadas do umbigo empinado e com
deus na barriga, pra cair na tarde do trânsito louco com os atropelamentos dos
desavisados e acidentes pela imperícia e imprudência com a morte dos outros nas
enfermarias, ou com o alarme das rebeliões nas infectas celas das penitenciárias
que são mais covis fabricantes de bandidos que sequer reintegra qualquer um ali
sacudido e ninguém quer sabe do que se passa por ali. Ou no jantar com as cenas
da novela no desfile das mazelas para entretenimento e nenhuma indignação na
noite, em meio a bebedeira de vomitar até os bofes e findar arrependido por
horas plantado no departamento da vergonha, ao constatar que não tem mais jeito
mijando de propósito a tampa da privada como todo macho de respeito faz quando acha
que é melhor pra estacionar na vaga de cadeirante sem querer nem saber quem
precisa, ou gastar uma fortuna com o aniversário e em compras de adereços pro
cão de estimação que equivalem ao sustento de mais de dez crianças dos
orfanatos tão detestáveis, quanto os fedorentos abrigos de velhos e prefere ver
só coisas boas nos cliques e papos indiferentes com o lixo descartável dos
acessórios e utensílios da última moda, ou se estão vendendo aquíferos ou
fontes com desmatamento, ou se poluindo ou depredando patrimônio natural ou
histórico da humanidade, pouco importa essas coisas alheias que não dizem
respeito à vida meritória e perfumada dos que se acham de bem e acima de
qualquer suspeita. Ah, Deus não só existe como faz parte de tudo e de todas as
coisas, e está além do que vê quem meramente olha no meio de uma oração de
joelhos diante dos pregadores com seu templos seculares e a caridade pública
garantidora de um paraíso no céu pros timoratos religiosos. A bem da verdade a
vida é linda, apesar dos enrustidos e chatos de galocha. © Luiz Alberto
Machado. Veja mais aqui.
Curtindo a obra do compositor polonês Witold Lutoslawski (1913-1994), na
interpretação da pianista polonesa Ewa
Kupiec.
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DESTAQUE: A LENDA BORORO DAS DUAS POMBAS
Vivia sozinha em sua oca uma mulher chamada Birimodo,
nome que também é usado para homem, e não tinha ninguém que lhe preparasse um
pouco de comida quando voltava cansada da floresta, ou a ajudasse nos seus
afazeres domésticos. Certo dia, porém, voltando da mata, teve a feliz surpresa
de achar sua panela de barro cozido cheia de um pitéu feito de farinha de
milho. – Oh! -, exclamou ela – quem terá preparado a comida para mim? Estava com
muita fome e não perdeu tempo em procurar saber quem era, e tratou logo de
comer. Nos dias seguintes também encontrou a sua comida pronta e ficou ansiosa
por saber quem lhe fazia tal favor. Dos vizinhos só soubera que durante sua
ausência, em sua casa ouviam-se barulho e sonoras gargalhadas. Quem poderia
fazer isso se com ela, na oca, só havia duas pombas às quais cuidava com todo
carinho? Grande era o seu desejo de poder explicar a causa, mas não o
conseguia. Por fim, veio-lhe à mente fingir que ia para a mata em busca de
frutos. Tomou o seu patuá e saiu. Voltou muito mais cedo do que costumava e,
chegando perto de casa, pôs-se a caminhar vagarosamente, parando de espaço a
espaço a fim de escutar. Na verdade, devia estar gente lá dentro; ouviu a
conversinha de duas vozes suaves e depois sonoras gargalhadas, que era um gosto
ouvi-las. Abriu inesperadamente a porta e viu duas meninas ocupadas em preparar
a comida. Ao vê-la, as meninas procurar voltar logo ao seu estado natural, mas
não tiveram tempo porque Birimodo o impediu e disse: - Não vos transformeis,
sereis minhas filhas. E tomou-as amorosamente sobre os joelhos, alisando-as,
acariciando-as. Compreendera tudo perfeitamente: as duas pombas
transformavam-se em meninas e lhe preparavam a comida;
As duas pombas, lenda
recolhida da obra Os Bororos orientais
(Companhia Editora Nacional, 1942), de Antônio Colbacchini e Cesar Albisetti. Veja
mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte da artista plástica italiana Laura Tedeschi.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: hoje é dia de Selene, a deusa
da Lua e da Magia.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.