segunda-feira, setembro 17, 2018

HILDA HILST, BAKHTIN, VALÉRIA REZENDE, CHRISTINA MACHADO, CŒUR DE PIRATE, ADAM MCLEAN & BRENO CESAR


A SEMANA COMEÇA COM O PÉ DENTRO – Imagem: Fio do Tempo, da artista plástica Christina Machado. - UMA DE TANTAS – Desde quarta passada, estava na Feira de Leituras: territórios interculturais da leitura – Da lama ao barro, prestigiando a iniciativa do Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL-UFPE), da Rede de Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana do Recife (RELEITURA), da Biblioteca Comunitária Caranguejo tabaiares (BCCT) e a Biblioteca Comunitária do Alto do Moura (Caruaru –PE), comandado pela professora doutora Ester Rosa. Uma festa grandiosa com contação de histórias, barracas de livros, apresentações culturais, palestras, exposições e trabalhos do Núcleo de Acessibilidade da UFPE (NACE) e o escambau. O ponto alto, foi a palestra desenvolvida pela escritora Maria Valéria Rezende, que tive a oportunidade conhecer e papear, trocando ideias e figurinhas, afora saber do movimento Mulherio das Letras. Salve, salve! DUAS DE TUDO – Uma ótima opção para o recifense é a exposição Palavra em movimento, do cantor, compositor, poeta e artista visual Arnaldo Antunes, que se encontra aberta até o dia 14 de outubro, na Caixa Cultural. Foi lá que tive acesso ao livro Tudoss (Iluminuras, 1993), reunindo poemas e artes visuais do renomado artista da poesia e da música. Aproveito para registrar a bela realização da artista visual Christina Machado, no seu belíssimo trabalho nomeado Fio do tempo (2011). TRÊS DE MUITAS – No meio da emboança do final do final, tive a grata satisfação de conhecer o cineasta e fotógrafo Breno Cesar, e conhecer melhor o trabalho desenvolvido por essa pessoa amabilíssima. FECHANDO A LOA – Maravilha mesmo foi o show Caetano Moreno Zeca Tom Veloso, no último sábado, no Teatro Guararapes – Centro de Convenções de Olinda, no qual Caetano Veloso cantou com seus filhos a turnê do álbum Ofertório, dedicado às mães dos filhos e à memória de Dona Canô, mãe do próprio Caetano. Se este final de semana foi corrido e tome trupé, tomara que a semana corra ótima com o pé dentro e coisas acontecendo, porque o próximo final de semana promete. Vamos sempre juntos aprumando a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música da cantora e compositora canadense Cœur de pirate (Béatrice Martin): Live in Otawa, Blonde, Rosers & Live & muito mais nos mais de 2 milhões & 600 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Tudo está dentro de nós, se tivermos a coragem de empreender a jornada. [...]. Trecho extraído da obra A deusa tríplice: em busca do feminino arquetípico (Cultrix. 1989), do escritor escocês Adam McLean.

FILOSOFIA DO ATO [...] Os valores espaço-temporais e todos os valores de conteúdo são atraído por esses momentos centrais emocionais-volitivos em torno dos quais se concentram: eu, o outro e eu para o outro [...] uma representação, uma descrição da arquitetônica real, concreta do mundo dos valores experimentos – não com uma fundação analítica à frente, mas com aquele centro real, concreto tanto espacial quanto temporal, do qual surgem avaliações, asserções e ações, e onde os membros constituintes são objetivos reais, interconectados por relações-eventos no evento único do Ser. [...] todas as relações espaciais e temporais pensáveis adquirem um centro de valores, concentram-se em torno dele em um todo arquitetônico estável e concreto: a unidade possível torna-se singularidade do rel. meu lugar ativo único não é apenas um centro geométrico abstrato. [...] Tudo nesse mundo adquire significância, sentido e valor apenas em correlação com o homem e com aquilo que é homem – como aquilo que é homem. Todo ser possível e todo significado possível se dispõe em torno do ser humano como o único centro e o único valor; tudo deve ser relacionado com o ser humano, deve se tornar humano [...] Se eu contemplo um quadro mostrando a destruição e a desgraça inteiramente justificada de uma pessoa que eu amo, esse quadro será completamente diferente, do ponto de vista do valor, quando não tenho nenhum interesse pela pessoa destruída. [...]. Trechos extraídos da obra Para uma filosofia do ato (Pedro & João, 2008), do filósofo e pensador russo teórico da cultura e das artes Mikhail Bakhtin (1895-1975). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

O DILEMA DE ZEFINHA -[...] Vinha a chamado do marido, que já tinha arrumado emprego numa construção, um barraco numa favela e não aguentava solidão. [...] Como tantos outros, tinham de deixar o sítio, o Ceará, buscar socorro no Rio de Janeiro [...] Quando o marido caiu do 6º andar da construção, Zefinha quis morrer também. Já não pôde suportar mais o Rio de Janeiro. Esperou sair a indenização, entregou quase todo o dinheiro aos filhos e comprou a passagem pro Crato. [...] Quando a mãe morreu, Zefinha aceitou a oferta do vereador do distrito e foi ser professora no sítio Assombro. Sabia ler e escrever muito bem, tinha sido a melhor aluna de sua turma até o terceiro ano, quando saiu da escola pra trabalhar numa casa de família no Crato. O que aprendeu nunca mais esqueceu. Aceitou o dinheiro não pelo dinheiro, mas por pena da meninada, mais de 40, analfabetos de pai e mãe. Gostou de encontrar alguma coisa que lhe desse sentido aos dias. Zefinha ajeitou-se bem no quatro que lhe deram, encostado no oitão da casa [...] Desde então, Zefinha Lima tornou-se a guardiã da alegria tranquila do sítio Assombro. Nunca mais emprestaria sua voz pra uma notícia ruim. Quando as cartas eram boas, lia ou escrevia com a maior fidelidade, sem tirar uma palavra. Não mentia à toa, pelo gosto de mentir. Continuava a ser uma mulher verdadeira, mas a verdade maior era que aquele povo precisava viver. [...] As respostas que Zefinha escrevia em nome dos vizinhos levavam a imagem de um sítio Assombro que enchia os destinatários de uma saudade boa e consolava-os da tristeza da vida anônima e solitária na cidade grande. Tinham um lugar livre de desgraças inesperadas pra onde podiam voltar um dia. Zefinha nunca mais teve remorsos pelas mentiras que inventava. As boas notícias brotavam-lhe fáceis e convincentes, na ponta da língua. [...] alegrou-se. Enxugou as mãos na barra da saia, abriu depressa o envelope e leu. Com as lágrimas enevoando a vista e uma mão invisível apertando-lhe a garganta implorou ao céu que alguém lhe fizesse a caridade de mentir. Que alguém mudasse as noticias tristes por uma noticia boa. Mas no sítio Assombro ninguém mais sabia ler nem mentir com arte. Extraído da obra Histórias daqui e d’acolá (Autêntica, 2012), da premiada escritora Maria Valéria Rezende.

UM POEMAConvém amar / O amor e a rosa / e a mim que sou / moça formosa / aos vossos olhos / e poderosa / porque vos amo / mais do que a mim. / Convém amar / ainda que seja / por um momento: / brisa leve a / princípio e seu / breve momento / também é jeito / de ser, do tempo. / Porque ai senhor / a vida é pouca: / um bater de asa / um só caminho / da minha à vossa / casa... / e depois, nada. Poema extraído da obra Trovas de muito amor para um amado senhor (Anhembi, 1960) da poeta, dramaturga e ficcionista Hilda Hilst (1930-2004). Veja mais aqui.

A ARTE DE BRENO CESAR
Já divulguei aqui o curta A menina banda, dirigido, roteirizado e fotografado pelo cineasta Breno Cesar. Agora, destaco os filmes A luta do século (2016), Pingo D’Água (2014), Ferrolho (2012), Onde Borges tudo vê (2012), em que ele atuou como Diretor de Fotografia, e A Seita (2015), em que ele atuou como Diretor de Arte e de Fotografia. Todos imperdíveis. Veja mais aqui.

AGENDA
Palavra em movimento de Arnaldo Antunes – até 14 de outubro na Caixa Cultural – Recife – PE & muito mais na Agenda aqui.
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A arte de Arnaldo Antunes aqui.
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Fio do Tempo, da artista plástica Christina Machado.
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Da vida e do viver entre noites e dias, Edward Bulwer-Lytton, Emílio Mira y López, Denise Legrix, John Palo, Wesley Duke Lee, Carl Orff, Chloë Hanslip, Nelson Freire, Mitsuko Uchida, Villa-Lobos & Debussy aqui.


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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