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sexta-feira, dezembro 18, 2015

PREVISÕES DO DORO, LITERATURA DE CORDEL, SILVIO ROMERO, BRIDGIT, TANJA, ZINAIDA & MUITO MAIS!!!



VAMOS APRUMAR A CONVERSA? AS PREVISÕES DO DORO PARA TODO ANO!!!!
– Seguinte: depois de meses e meses acoloiado com o padre Bidião e bebendo do seu Evangelho, o Doro resolveu dar as caras, desde janeiro enclausurado para descobrir a mensagem dos astros e alinhando os planetas para qualquer final de ano. Veja quanto tempo! O cara dedicou-se porque tinha a maior fé que todo ano passado ia ser a maior meleca da desgraceira. E foi. Diz ele, batendo na caixa dos peitos, todo ufano: - Acertei tudim tudim tudim! Num disse? O ano passado foi lasqueira braba de torá a rodeira da cega Dedé, chega deixá todo mundo de cangaia pro ar! Tais vendo? Não sabia nem do que ele estava falando, até jogar um calhamaço na minha lata com inscrição agarranchada na qual se podia ler depois de tentar adivinhar: Previsões para Ano Novo do mestre Dorus! (é que ele para dar um ar de maior sapiência assinou seu nome de forma latina!) Nossa! Imaginei a lorota, afinal quem não passou arroxado no ano passado? Oxe, esse ano foi a maior tronchura do monstro Macobeba! Eu mesmo, além de fodido e mal pago, fui humilhado, defenestrado, apunhalado pelas costas, desqualificado e, ainda por cima, corrido de vergonha, fui abandonado como cão sarnento vitimado da pior moléstia dos cachorros! Findei um desembestado pré-infartado do médico severamente largar maior esporro: - Ou para de beber e fumar, ou vai foder as coronárias dessa porra merda de coração, viu? Olhei pra ele, dei uma maneirada – é, no meio de umas tonturas, bati biela, deslizei e me vi na maior das doidices -, porém tô pior que Djavan naquela da Seduzir: “Nem que eu bebesse o mar encheria o que tenho de fundo”. Nossa, virei um vazio de borderline. Só escapando. Mas, destá! Tô me segurando para não bater as botas, pois, ainda preciso fechar umas coisinhas. Depois, seja o que Deus quiser. Pois bem, depois de misturar ascendentes, decanatos, descendentes e o escambau, eis que o Dorus chegou-se todo na empáfia e segundo ele mesmo: desinvalidando todas as previsões já anunciadas. Bote fé! Pra Áries veio com um recado: ariana, cuidado com as novidades, sem saber o que é seguro ou estabelecido. Pra Touro, um alerta: taurina, não vá mudando muito senão se perde de você mesma e saiba que aquele cara pode ser de Plutão, viu?! Gêmeos, iiiihhhh, lá vai: pior do que está não pode ficar, você já está na lona, minha filha! Levante a cabeça, respire fundo e mande ver! Quem sabe a coisa num muda de uma hora pra outra, hem? Tome juízo. Câncer: Ó canceriana, dê seus pulos que você não é quadrada, não faça de Urano o seu inferno de vida! Leão: leonina, minha fia, se você não fizer nenhuma cagada pra Saturno, é hora de subir na escada, viu? Virgem: virginiana, Júpiter tá mandando ver na sua vida, é bom sinal, não vá estragar tudo! Libra: libriana, você estará em palpos de aranha até o meio do ano, relaxe e goze! E depois reze pra coisa melhorar pra sua banda! Escorpião: escorpiana, você está no meio de um buruçu da gota, tome tento e preste bem atenção nas coisas, não vacile, tá? Sagitário: sagitariana, danada, sedução em alta, Vênus mandando ver! Cuidado com os mondrongos bichados! Capricórnio: oh, capricorniana, cuidado com boi de fogo que você tá numa de perder o controle. Cuidado, assim você vai parar na casa de caixa pregos, juízo! Aquário: aquariana, vá preparando os panos de bunda e junte todos os seus mijados pra mudar de vida até o meio do ano, senão a coisa vai empretar pro seu lado! Peixes: ó pisciana, controle a ansiedade, andar de lado não é crescimento. Se quer expandir, olhe de lado e veja a roda que você está metida! E de lambuja, além das previsões detalhadas (para saber tudo das previsões é só clicar em cima do nome do seu signo), o Dorus – é assim que ele quer ser tratado doravante – dá uma colher de chá dupla: a famosíssima e prestigiada simpatia da virada do ano e a milagrosa simpatia Tiro e Queda! Agora desfrute de tudo que ele trouxe e, quando puder, aprume a conversa aqui! 600 mil beijabrações procê!!!!!!!!!!

 Imagem: Sleeping-nude (1932), da artista plástica russa Zinaida Serebriakova (1884-1967).


Curtindo o hit Ready or Not e todo álbum Hello My Name Is... (Holywood Records, 2012), de estreia da atriz, cantora e compositora estadunidense Bridgit Mendler, artista que está constantemente engajada em campanhas de ajuda aos pais e professores com o projeto denominado Back to school da Target, como também de inspiração para crianças e famílias para ter um impacto positivo no mundo.

LINGUAGEM, PODER E DISCRIMINAÇÃO – No livro Linguagem, escrita e poder (Martins Fontes, 2009), de Maurizio Gnerre, trata sobre a linguagem, as considerações sobre o campo de estudo da escrita e da oralidade para a escrita, processo de redução da linguagem, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho da Linguagem, poder e discriminação: A linguagem não é usada somente para veicular informações, isto é, a função referencial denotativa da linguagem não é senão uma entre outras; entre essas ocupa uma posição central a função de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa de fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive. As pessoas falam para serem ouvidas, às vezes para serem respeitadas e também para exercer uma influencia no ambiente em que realizam os atos linguísticos. O poder da palavra é o poder de mobilizar a autoridade acumulada pelo falante e concentrá-la num ato linguístico. Os casos mais evidentes em relação a tal afirmação são também os mais extremos: discurso político, sermão na igreja, aula, etc. As produções linguísticas deste tipo, e também de outros tipos, adquirem valor se realizadas no contexto social e cultural apropriado. As regras que governam a produção apropriada dos atos de linguagem levam em conta as relações sociais entre o falante e o ouvinte. Todo ser humano tem que agir verbalmente de acordo com tais regras, isto é, tem que saber: quando pode falar e quando não, que tipo de conteúdos referenciais lhe são consentidos, que tipo de variedade linguística é oportuno que seja usada. Tudo isto em relação ao contexto linguístico e extralingustico em que o ato verbal é produzido. A presenta de tais regras é relevante não só para o falante, mas também para o ouvinte, que, com base em tais regras, pode ter alguma expectativa em relação à produção linguística do falante. Esta capacidade de previsão é devida ao fato de que nem todos os integrantes de uma sociedade têm acesso a todas as variedades e muito menos todos os conteúdos referenciais. Somente uma parte dos integrantes das sociedades complexas, por exemplo, considerada geralmente a língua, e associada tipicamente a conteúdos de prestigio. A língua padrão é um sistema comunicativo ao alcance de uma parte reduzida dos integrantes de uma comunidade; é um sistema associado a um patrimônio cultural apresentado como um corpus definido de valores, fixados na tradição escrita. [...] Os cidadãos, apesar de declarados iguais perante a lei, são, na realidade, discriminado já na base do mesmo código em que a lei é redigida. A maioria dos cidadãos não tem acesso ao código, ou, às vezes, tem uma possibilidade reduzida de acesso, constituída pela escola e pela norma pedagógica ali ensinada. Apesar de fazer parte da experiência de cada um, o fato de pessoas serem discriminadas pela maneira como falam, fenômeno que se pode verificar no mundo todo, no caso do Brasil não é difícil encontrar afirmações de que aqui não existem diferenças dialetais. [...] Veja mais aqui.

UMA ESTÓRIA DO SERTÃO - No livro Manuscrito holandês ou A peleja do caboclo Mitavai com o monstro Macobeba (Antunes & Cia, 1959), de M. Cavalcanti Proença, encontro a narrativa Uma estória do sertão: O velho Mané Lucídio metia as suas canguaras, sentava na beira da calçada e falava feito reza de igreja: - Vaqueiro vestido de couro, da cor do tijolo, marcando o compasso do passo curtindo dos bois do sertão. Tilim-tilim das rosetas, o aboio tão triste, tão... e um passo, os bois não têm pressa. Se vão para a morte, para que se apressar? Que bois pequeninos! E que fosse o boi Mais-maior, não ia chegar pra fome da gente que mora faminta na praia do mar. Cavalinho ruço-pombo baixou a cabeça de pura tristeza; carreira ligeira quebrar barbatão, conversa de cavalo-homem. choutando, guiando, engabelando o gado enganado? Sei não. Ruço-pombo perde tempo, que a boiada tudo sabe; não vê que nem não remói? Só quer esquecer o gosto do pasto. Baixaram as pestanas, nem olham de lado, as juremas balançando, despenando as folhas, se acabando: “Até um dia, meu boi!” O exo ficou sem coragem e não repetiu o aboio, ia gaguejar; o céu escureceu, ia chover. Mas era tempo de seca e só fez a carranca, que seca mesmo, até céu do sertão respeita. Vaqueiro cor de tijolo, aquele turuno está beirando músico, avisando que os bois te perdoaram. E a gente faminta da praia do mar tem coração pequenino que não cabe nem você, quanto mais um boi. Mané Lucídio tinha ficado tantã de uma rodada de cavalo, uma ronda de laço o pegou pelos peitos. Agora ficou velho, banguelo, pedindo farinha de esmola, só criançada parava para escutar conversa dele, gente grande tinha muito que fazer. A molecada gritava: - Mané, ô Mané, a estória do sertão como é que é?... Ele fazia como ladainha: - A ajuda que veio para o povo do sertão entrou num carro de boi porque a estrada era ruim, altas ficavam as serras; parou que mais parou em todos os riachinhos, ribeirões, cabeceiras, lajeados; acendeu seu fogo, refogou seu feijão, e botou carvão com sebo no eixo, antes de dormir debaixo das estrelas. Ainda não chegou, mas mandou embaixada pelos outros carros que ficaram fanhosos com a poeira vermelha do caminho e a gente não consegue entender e não sabe qual é. Mitavaí apeou da cerca e voltou para o quartel, com vergonha de olhar para trás. Adivinhava o focinho úmido dos bois, fumaçando mais forte, dentro da névoa, os olhos escuros de um desespero que ele não podia ajudar. O café ralo do rancho dava azia. Assou o nariz por causa da garoa, mas não estava chorando. Homem não chora. Veja mais aqui.

ABC DO VAQUEIRO EM TEMPO DE SECA - No livro Contos populares do Brasil (José Olympio, 1885) do advogado, jornalista, poeta, historiador, filósofo e escritor Silvio Romero (1851-1914), encontro o ABC do vaqueiro em tempo de seca: Agora triste começo / A manifestar o meu fado / Os meus grandes aveixames / A vida de um desgraçado. / Bem queria nunca ser / Vaqueiro neste sertão / Para fim de não me ver / Em tamanha confusão. / Com cuidado levo o dia / E a noite a maginar / De manhã tirar o leite / Ir ao campo campear. / Domingos e dias santos / Sempre tenho que fazer. / Ou bezerros com bicheira, / Ou cavalos pra ir ver. / Enquanto Deus não dá chuva / Logo tudo desanima, / Somente mode o trabalho / Das malvadas das cacimbas. / Façam a todo o vaqueiro / Viver aqui sobre si, / Que entrando nesta vida / Diga: — Já me arrependi! / Grande é a tirania / De um dono de fazenda, / Que de pobre de um vaqueiro / Não tem compaixão nem pena. / Homem que tiver vergonha / Vaqueiro não queira ser, / Que as fazendas de agora / Nem dão bem para comer. / I no tempo que nós estamos / Ninguém tem opinião; / Para um dono de fazenda / Todo vaqueiro é ladrão. / Labora um pobre vaqueiro / Em tormentos tão compridos, / Quando é no remate de contas / Sempre é mal correspondido. / Mandam como a seu negro, / Uns tantos já se matando; / Ainda bem não tem chegado, / Já seus donos estão ralhando. / Não posso com esta lida, / Me causa grande desgosto, / Só por ver como vai / O suor deste meu rosto. / O bom Deus de piedade / A mim me queira livrar, / Enquanto vida tiver / E bens alheios tratar. / Para o mês de Sam João / Vou ver o que estou ganhando, / Quero pagar o que devo, / Inda lhe fico restando. / Querendo ter alguma cousa. / Não há de vestir camisa, / Visto isto que eu digo / O mesmo tempo me avisa. / Ralham contra os vaqueiros, / Nada se faz a seu gosto; / Se acaso morre um bezerro, / Na serra se toma outro. / Saibam todos os vaqueiros / Tratados bem de seus amos, / Se eles não têm consciência, / Logo nós todos furtamos. / Tudo isto que se vê / Inda não disse a metade, / Por causa do leite de vaca / Se quebra muita amizade. / Vou dar fim ao A, B, C / Eu não quero mais falar, / Se fosse eu a dizer tudo / São capazes de me matar. / Xorem e chorarão / Com grande pena e pesar, / Somente mode um mumbica / Que dão para se matar. / Zelo, zeloso, / Todos sabem zelar, / Que de um pobre vaqueiro / Sempre tem que falar. Veja mais aqui e aqui.

TEATRO MEDIEVAL - Na obra Teatro Vivo (Civita, 1976), organizada por Sábato Magaldi, encontro que: [...] O incipiente teatro medieval de inspiração religiosa é o resultado de uma fantástica visão de sonho. Com o reflorescimento do comercio e da vida urbana, no século XI, aparecem novas cidades e mercados, novas ordens e escolas, mas por muito tempo ainda se respirou a atmosfera apocalíptica do Juizo Final. Principalmente na Espanha, a técnica das moralidades passou a ser utilizada no drama litúrgico que se desenvolveu entre os séculos XII e XIII. O mais antigo exemplo que se conhece em língua castelhana é o Auto dos Reis Magos, peça que integrava o ciclo de Natal. Objetivando indicar os caminhos da salvação da alma, os autos falavam dos episódios bíblicos e exaltavam a vida dos santos e dos mártires que haviam tombado em nome da fé. Eram geralmente peças em um ato, com indisfarçável caráter alegórico, que integravam as encenações cíclicas; denominadas algumas vezes drama de movimento, em oposição ao clássico drama localizado. Na Espanha tornaram-se famosos o ciclo de Corpus Christi, que celebrava o mistério da Eucaristia e o ciclo da Paixão, quando se rememorava a tragédia de Cristo. As representações da Paixão compunham-se de numerosas cenas em sequencia, das quais participavam centenas de atores. Frequentemente elas duravam diversos dias e seus episódios, muito mais do que simples situações dramáticas, demonstravam o gosto pelo espetacular e pelo movimento. A Idade Média não criou um edifício teatral próprio. No inicio, os espetáculos se confundiam com o próprio oficio religioso. Tinham lugar dentro ou diante do pórtico das igrejas. Portanto, sua arquitetura teatral natural era o interior ou o pórtico das igrejas. Mais tarde, o mistério transferiu-se para uma sala retangular ou para a praça pública. Uma tela imensa, fixada por cordas, cobria os espectadores. Os privilegiados dispunham de camarotes especiais, conhecendo-se em Romans-sur-Isére (França) a existência de oitenta e quatro deles, que se fechavam a chave. Essa hierarquia, contudo, não destruía o espírito de celebração, de caráter eminentemente religioso. A praça pública estimulava o comparecimento do povo, que se mostrava arredio em logradouros fechados. Palcos muito largos davam maior credibilidade aos cenários simultâneos. Ganhando as praças públicas, o drama religioso estava destinado a se fundir com os gêneros profanos. Os autos sacramentais começaram a ser montados sobre carroções, nos quais se armavam complicados cenários e engenhosos maquinismos, capazes de proporcionar a ilusão de milagres e aparições de santos e diabos. E, além dos truques técnicos, o teatro parece ter incorporado também o luxo dos figurinos. Renovado anualmente, o traje dos atores era então de uma riqueza extraordinária. Embora os artistas itinerantes se vissem obrigados a atuar nessas peças didáticas e maniqueístas, em que o catolicismo levava à salvação e a irreligiosidade à danação eterna, muitos deles já começavam a ganhar certo prestígio em repertórios que prenunciavam a liberalização renascentista. Veja mais aqui e aqui.

O CINEMA – No livro O novo mundo das imagens eletrônicas (70, 1985), de Guido e Teresa Aristarco, encontro o texto O cinema: da química aos processos eletrônicos, de Guido Aristarco, do qual destaco o trecho: O cinema morreu, está a morrer? Em quase toda a parte, pelo menos no Ocidente, a resposta é afirmativa. A frequência dos espectadores, em grande parte da Europa e nos Estados Unidos da América, está em continua e constante diminuição; muitas salas fecharam as portas ou estão para fechá-las: onde antes se ia para ver um filme, encontramos agora, com frequência, discotecas e supermercados. [...] Já há algum tempo, Rossellini falava da morte do cinema: “o cinema morreu; morreu como espetáculo. As pessoas já não se reconhecem no cinema; daí a redução das audiências; vivemos na era das imagens e, no entanto, o publico foge das salas. O mundo está mais adulto em relação ao cinema”. também a crítica, acrescentava, é igual aos produtos que consome, isto é, é responsável pela mistificação do filme. Muito antes de Rossellini, um grande estudioso e teórico da arte, Rudolph Arnheim, falava já dessa morte e ligava-a diretamente ao advento do filme sonoro. “O fim do cinema mudo não é mais do que o fim do cinema. é trágico, é como a bomba sobre o templo grego. Está destruído”. [...] . Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA:
Todo dia é dia da jornalista e escritora alemã Tanja Dückers.

DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à médica, crítica literária e fotógrafa Cidinha Madeiro. Veja aqui.


quinta-feira, julho 30, 2015

QUINTANA, ANÍBAL, CAGE, SOURRIAU, GNERRE, BERTOLUCCI, VISTONTI, TRÍPLICE DEUSA INCA & CIRCO ITINERANTE!




Nude Woman with Veil, do pintor ítalo-brasileiro Eliseu Visconti (1866-1944). Veja mais aqui.


Curtindo Sonatas and Interludes for Prepared Piano + A Book of Music for Two Prepared Pianos (1946-48), do compositor, teórico musical, escritor e anarquista John Cage (1912-1992), performance de Joshua Pierce ao piano (Tomato Records). Veja mais aqui.

LINGUAGEM, PODER E DISCRIMINAÇÃO – O livro Linguagem, escrita e poder (Martins Fontes, 2009), do antropólogo e linguísta Maurizio Gnerre, aborda temas como perspectiva histórica e linguística, gramatica normativa e discriminação, considerações sobre o campo de estudo da escrita, as crenças e dúvidas sobre a escrita, escritas alfabéticas e não-alfabeticas, a escrita e o estudo da linguagem, posições teóricas e contribuições de psicólogos e antropólogos. Do livro destaco o trecho: No quadro defiticitário e deformado da educação brasileira, é lugar-comum alarmar-se diante da fragilidade do desempeno verbal – sobretudo, escrito – do conjunto de seus protagonistas, não apenas discentes. Entretanto, raras vezes esse alarme evolui claramente para uma avaliação crítica séria e abrangente dos problemas de diferentes ordens manifestados nessas área. Geralmente, ele tende a diluir-se nas fórmulas bem conhecidas do conformismo didático de técnicas supostamente motivadoras e criativas. A evitar atitudes desse tipo, é preciso atentar, pelo menos, para uma exigência básica: a adoção de um ponto de vista não-convencional sobre a linguagem, sua natureza, seus modos de funcionamento, suas eventuais finalidades, suas relações com a cultura e as implicações complexas que ela mantem com a ideologia. É preciso partir de uma concepção de linguagem que não a confine a uma coletânea abritária de regras e exceções, e, tampouco, a um rígido bloco formalizado, imune às variações e diferenças existentes nas situações concretas em que a linguagem se torna, de fato, um processo de significação [...]. Veja mais aqui.

A MORTE DA PORTA-ESTANDARTE – No livro A Morte da Porta-Estandarte e Outras Histórias (José Olympio, 1969), do escritor, professor e homem de teatro Aníbal Machado (1894-1964), encontro o conto homônimo do qual destaco o trecho a seguir: [...] O crime do negro abriu uma clareira silenciosa no meio do povo. Ficaram todos estarrecidos de espanto vendo Rosinha fechar os olhos. O preto ajoelhado bebia-lhe mudamente o último sorriso, e inclinava a cabeça de um lado para outro como se estivesse contemplando uma criança. Uma Escola de Samba repontava no Mangue. Ainda se ouviam aclamações à turma da Mangueira. Quando o canto-foi-se aproximando, a mulata parecia que ia levantar-se. E estava sorrindo como se fosse viva, como se estivesse ouvindo as palavras que o assassino agora lhe sussurra baixinho aos ouvidos. O negro não tira os olhos da vitima. Ela parecia sorrir; os curiosos é que queriam chorar. A qualquer momento ela poderia se erguer para dançar. Nunca se viu defunto tão vivo. Estavam esperando esse milagre. Ouvia-se uma canção que parece ter falado ao criminoso: Quem quebrou meu violão de estimação? Foi ela... Ainda apareceram algumas mães retardatárias rondando de longe a morta. A morta não tinha mãe nem parentes, só tinha o próprio assassino para chorá-la. É ele quem lhe acaricia os cabelos, lhe faz uma confidencia demorada, a chama pelo nome: - Está na hora, Rosinha... Levanta, meu bem.... É o “Lira do Amor” que vem chegando... Rosinha, você não me atende! Agora não é hora de dormir... Depressa, que nós estamos perdendo... O que é que foi? Você caiu? Como foi?... Fui eu? Eu?... Eu, não! Rosinha... Ele dobra os joelhos para beijá-la. Os que não queriam se comover foram-se retirando. O assassino já não sabe bem onde está. Vai sendo levado agora para um destino que lhe é indiferente. É ainda a voz da mesma canção que lhe fará alguma coisa ao desespero: Quem fez meu coração seu barrão,  foi ela...  [...] Veja mais aqui e aqui.

A TERRA, NOTURNO & AH, SIM, A VELHA POESIA – No livro Nova antologia poética (Codecri, 1981), do poeta, tradutor e jornalista Mário Quintana (1906-1994), destaco, primeiramente, o seu poema A Terra: As fronteiras foram riscadas no mapa, / a Terra não sabe disso: / são para ela tão inexistentes / como esses meridianos com que os velhos sábios a recortavam / como se fosse um melão. / É verdade que vem sentindo há muito uns pruridos, / uma leve comichão que às vezes se agrava: / ela não sabe que são os homens… / Ela não sabe que são os homens com as suas guerras / e outros meios de comunicação. Também o belíssimo Noturno: Nem tudo está / mudado: / durante o sono / o passado / em cada esquina põe um daqueles lampiões. / E os autos, minha filha, esses ainda nem foram inventados... / Só essa velha carruagem rodando rodando / sobre as pedras irregulares do calçamento. / Essa velha carruagem que passa, noite alta, pelas ruas, ... / E ao fundo do teu sono há uma lamparina acesa / - das que outrora havia ao pé de alguma imagem. / Ela arde sem saber como a parede é nua. / Mas / há um cigarro que se fez em cinza à tua / cabeceira – sem simbolismo algum – um toco / de cigarro apenas... Por fim, Ah, sim, a velha poesia: Ah, sim, a velha poesia.../ Poesia, a minha velha amiga... / eu entrego-lhe tudo / a que os outros não dão importância nenhuma... / a saber: / o silêncio dos velhos corredores / uma esquina / uma lua / (porque há muitas, muitas luas...) / o primeiro olhar daquela primeira namorada / que ainda ilumina, ó alma, / como uma tênue luz de lamparina, / a tua câmara de horrores. / E os grilos? / Não estão ouvindo lá fora, os grilos? / Sim, os grilos... / Os grilos são os poetas mortos. / Entrego-lhes grilos aos milhões um lápis verde um retrato / amarelecido um velho ovo de costura os teus pecados / as reivindicações as explicações – menos / o dar de ombros e os risos contidos / mas / todas as lágrimas que o orgulho estancou na fonte / as explosões de cólera / o ranger de dentes / as alegrias agudas até o grito / a dança dos ossos... / Pois bem, / às vezes / de tudo quanto lhe entrego, a Poesia faz uma coisa que / parece que nada tem a ver com os ingredientes mas que / tem por isso mesmo um sabor total: eternamente esse / gosto de nunca e de sempre. Veja mais aqui, aqui e aqui.

O ESPAÇO TEATRAL – No livro Chaves da estética (Civilização Brasileira, 1973), do filósofo francês Étienne Souriau (1892-1979), encontro o texto O cubo e a esfera, do qual destaco o trecho seguinte: Tenho a intenção de pôr, em poucas palavras, o princípio de uma discussão possível, apresentando, a proposito do espaço teatral, duas concepções diferentes, não só da realidade cênica, mas até de toda a arte teatral. Talvez, até, estas duas concepções revelem duas formas de espírito diferentes; e se esta morfologia dos espíritos teatrais (espectadores, atores, autores) me leva a falar de espíritos esféricos ou espíritos cúbicos, peço desculpa, antecipadamente, desta terminologia bizarra. [...] Parto do princípio de que em todas as artes, sem exceção, mas singularmente na arte teatral, trata-se de apresentar, de por em patuidade, todo um universo: o universo da obra. Em patuidade: uso de um termo filosófico um tanto raro que não deve perturbar-vos: designa a existência brilhante, que se manifesta poderosamente nos espíritos. Um universo em presença brilhante... um universo apresentado no seu pleno poder de nos emocionar, de nos transtornar, de nos impor a sua realidade, de ser, para nós, durante uma ou duas horas, toda a realidade. [...] Portanto, uma vez mais, deve ser-nos presente todo um universo, mas posto, sustentado, evocado por um núcleo central, por essa pequena porção de realidade realizada, se assim pode dizer-se, que se nos coloca sob os olhos e de que o punctum saliens, o coração batendo vivo, o centro ativo, é o grupo momentâneo dos atores em cena. Mas como obter essa presença total, essa vida comum de todo o universo da obra, a partir desse pequeno coração palpitante, desse ponto central presente e atuante de que o essencial é uma mínima constelação de personagens? É aqui que se apresenta, dois processos (evidentemente, estilizo, simplifico, tomo os dois casos mais puros e mais extremos, na sua mais evidente oposição). Primeiro processo: o que chamo de cubo. [...] E passemos, agora, ao princípio esférico. Ver-se-á que é completamente diferente. É outro o seu dinamismo prático e estético (bem entendido que uma vez mais estilizo, exagero até o caso piro e extremo). [...] Veja mais aqui.

OS SONHADORES – O drama Os sonhadores (The Dreamers, 2003), do cineasta e roteirista italiano Bernardo Bertolucci, é baseado no romance The Holy Innocents (Os inocentes sagrados), de Gilbert Adair, contando a história de um jovem estudante americano que está na Fraça em 1968, num intercâmbio e que, em suas idas à cinemateca, conhece um casal de gêmeos que compartilham da mesma paixão pelo cinema. O casal convida o jovem para um jantar quando descobre que eles possuem um relacionamento estranho, quando os pais viajam e eles iniciam um triângulo que envolve jogos psicológicos e sexuais sobre a temática do cinema. O destaque do filme fica por conta da belíssima atriz e modelo francesa Eva Green que ficou internacionalmente com este filme. Veja mais aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
 
Hoje é dia da Tríplice Deusa Inca: Mama Kila, Mama Ogllo e Mama Cocha.


Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa SuperNova, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial de Meimei Corrêa. Para conferir online acesse aqui.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Aprume aqui.


NOÉMIA DE SOUSA, PAMELA DES BARRES, URSULA KARVEN, SETÍGONO & MARCONDES BATISTA

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Sempre Libera (Deutsche Grammophon , 2004), Violetta - Arias and Duets from Verdi's La Tra...