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segunda-feira, maio 26, 2025

CAN XUE, EVANGELINE GRAHAM, KANANDA ELLER & ARTE NA ESCOLA

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Mémoire Vivante (Berimbau, 1995), La Trinidad (Buda, 2010) e Le Sens Des Sens (Buda, 2023), da premiada violeira e violonista francesa, Fabienne Magnant, que é professora do Conservatoire Départemental d’Evry Centre Essonne, em París, França.

 

Uma carta na dobra do antimeridiano... - Rodagem de Serro Azul de um anuário qualquer – pouco importava AEC, EC, ou AM, PM, ou mesmo outra sigla do efêmero, bastava o instante, o triz. E o céu mais anil carregado de esperanças. Às margens o festival da diversidade atlântica dos arvoredos, com fruteiras robustas ao alcance da mão, ornada pela sinfonia de gorjeios numa festa primordial. A brisa trazia o chamado do Pacífico porque seguia filho do Leste, a alma perdida nos passos transgressores pássaros varridos de pavores pelas léguas do medo quase treva, no tempo latejante das travessias inacabadas. Ouvi o meu nome, voz de mulher. Entre os galhos floridos, dois olhos acesos e a impressão de que fora finalmente fisgado por implacável Súcubus imprevisível ou oceânida errática que preferia atravessar meu caminho. Não, não era. Quedei-me sustando a respiração, mirei firme e a sua aura resplandecia doces olhos das coisas simples e intacta ternura. Em sua mão silenciosa nascia o dia como se me perdesse num vasto suspiro de porvires sobre os ossos da memória. Apontou-me a morte como uma bruxa nua consumida pelas chamas no patíbulo do outeiro. Ao lado do seu sacrifício uma pedra inventava os dias de Data, eclipses, arco-íris. Deu-me a impressão que jamais morresse de tão orvalhada com o cheiro de maresias, amanheceres e suores. Era dia já quase meio e foi preciso ali tão perto vespertino milagre. Seu nome? Iaravi, Selenita, ou outros nomes do afeto, da minha predileção ocasional. E logo anoitecia como num passe de mágica. Os meus versos eram perguntas sem respostas, apenas a revelação: ela dormia cúmplice dentro de mim parindo estrelas na satisfação inédita de correr ao encalço delas. E me lavou torrenciais chuvas cantantes irrigando o chão dos mortos e das desventuras vivas pelas correntes dos rios intermináveis. E me levou aos ventos seculares que varriam triunfos e derrocadas insulares por vastidões infindas. E aqueceu o meu ser afugentando o caos na vitalidade da Luz para a plenitude do Amor. Já era outro dia e ali eu era o que nunca fui. E ela, quem? Fazia pouco caso dos mortais que a tratavam por Deus há milênios, pretéritos equívocos. Só sei ali perto, entre sonhos aéreos, o arrebatado poema saltou da missiva para que a vida fosse uma canção renascida a cada dia. Quem escreveu a missiva, em mim, a vivência de leitor. Até mais ver.

 

Julia Ward Howe: É sempre legítimo desejar superar a si mesmo, nunca superar os outros... Veja mais aqui, aqui & aqui.

Lea Goldberg: Sento-me horas sem nome / diante da árvore cujo nome eu sei. / Às vezes penso sem nome / naquele cujo nome eu não sei... Veja mais aqui e aqui.

Alfonsina Storni: Você, que abriu sóis em meu coração... Veja mais aqui.

 

PROBLEMA MITOCONDRIAL

Imagem: Acervo ArtLAM.

EU - Foi uma longa viagem até o Kansas para o homem / e seu cachorro, mas você tem que entender / Ele disse que ela não voa. / O que não me lembra de cagar no carro / latindo ou choramingando, mas um cão que escolhe / não fazê-lo, assim como todos os cães que voam / talvez o que eles estejam sonhando quando estão deitados no tapete ou na grama, / com galhos estendidos, prontos para levitar a qualquer momento / como aquela figura na pintura de Florine Stettheimer de um / piquenique de aniversário para Marcel Duchamp, um homem de terno que mente de bruços / - no gramado amarelo com a / determinação firme de quem está prestes a decolar.

II. - O cachorro da família já não está nada / bem há dez dias, nossa mãe menciona no chat do grupo. / As filhas dela estão em outros países e às vezes, / quando não há novas mensagens, ela posta uma foto do cachorro / cujo rosto está sempre triste. Nosso pai diz: Você tem que entender que / o cachorro tem um problema mitocondrial / é por isso que ele continua procurando corpos / d'água para se jogar nos observando tristemente por que ele não consegue trabalhar / mais do que um fio de urina, por que nossa mãe espera / por sua morte repentina. Nosso pai me diz / Você e eu não somos tão loucos quando se trata de animais / olhe para o resto desta família.

III. - Em cães e mulheres, etc., as mitocôndrias geram / energia para diferentes funções celulares: / uma espécie de ambição ou impulso de uma célula / transmitido pela linha feminina. Florine e as irmãs Ettie / Carrie, solteira, morava com a mãe, rica, uma de nove / irmãs, uma espécie de fortaleza / mitocondrial. No piquenique / Marcel chega em um carro esportivo vermelho-tijolo / como dois troncos de árvore, é seu trigésimo aniversário! Mais tarde na vida / Carrie usava tiaras e / coleiras de cachorro com joias. Por definição, DNA mitocondrial / é um ponto de diferença entre filha / e pai. O Sr. Stettheimer partiu para a Austrália.

IV - Ou talvez o motivo do cachorro estar doente: todo mundo está / alimentando ele secretamente. Nossa mãe diz que ele é tão popular / As pessoas / ligam para perguntar se ele quer dar uma volta. / Sinto muito, diz nossa mãe, ele está fora agora, mas acho que ele está livre / Amanhã. Até agora, só o nosso pai entrou na chamada em grupo. / Ele liga o vídeo para me mostrar o jardim ficando mais pixelado. / a cada passo, quando duas meninas tímidas entram no vídeo / e perguntam se podem pegar o cachorro emprestado. Duas irmãs: nosso pai / me contou tudo sobre elas, as meninas da rua, ele as chama de / maneiras adoráveis. Nossa mãe diz: "Você tem que entender uma / o vizinho compra xampu e calcinhas para as meninas e / todo mundo as alimenta secretamente.

V. - As meninas da rua gostariam de pegar o cachorro emprestado, mas / a irmã mais velha também se apresenta determinada / Encontramos este pássaro com a asa quebrada. Ela o segura / enrolado em uma folha de uva. Desculpe. / As meninas dizem ao meu pai que não podemos fazer nada. Então ele pergunta / como se só eu pudesse ouvi-lo. Será que fui muito duro? / Espere, eu digo, por que você não dá a eles uma caixa de sapatos / e água com açúcar em um conta-gotas como quando eu encontrei o bebê? / Tordo dentro do macrocarpa cortado, / sem mãe. Mas não morreu?, ele me pergunta. / Sim, eu disse. Morreu durante a noite. Mas / cuidei dele a tarde toda.

Poema da escritora, editora e artista neozelandesa Evangeline Riddiford Graham.

 

DOUTOR DESCALÇO - [...] Este jovem era meditativo, indeciso e cheio de remorso. Naquela época, Gray trabalhava no jardim de ervas da Sra. Ti e lia alguns livros de medicina nas horas vagas. Mas ainda não havia decidido se tornaria um médico descalço. Gostava de ervas, medicina chinesa, acupuntura e do cheiro forte da farmácia. Mas não gostava de pacientes e achava que as pessoas doentes tinham falhas de caráter. Acreditava que eram as falhas de caráter que deixavam as pessoas fisicamente doentes [...] A Sra. Yi lentamente descobriu o que causava a doença nos aldeões: algumas pessoas adoeciam devido a dificuldades na vida. Faltava-lhes tempo e condições adequadas para proteger a saúde. Mas a maioria não tinha vidas particularmente difíceis. Adoeciam porque ansiavam por algo. Muitas vezes, queriam alcançar um certo nível de sucesso em seus empreendimentos. Embora não conseguissem explicar o que era sucesso, todos o entendiam. A comunicação entre si estimulava todos a exigir mais de si mesmos. O que quer que estivessem fazendo — agricultura, fabricação de tofu, cabeleireiro ou construção de casas — os aldeões trabalhavam tanto dia e noite que sua saúde se deteriorava gradualmente. Foi somente depois de envelhecerem que começaram a se preocupar com a saúde [...]. Trechos extraídos da obra Barefoot Doctor (Yale, 2022), da escritora chinesa Can Xue (Deng Xiaohua), que no livro Love in the New Millennium (Yale, 2018), ela expressou que: [...] Não o mundo inteiro, estou sempre vagando por perto. [...] Os vasos... cabem pombas. O vaso parece pequeno quando, na verdade, é enorme por dentro — enorme a um ponto que não podemos imaginar, então precisamos de um avaliador de tesouros como você para medi-lo [...] Eles não têm a nossa sorte, ainda não viraram história. É preciso sofrimento e espera. [...]. Ela também é autora das obras Os Sapatos Bordados: Histórias (2015), Vertical Motion (2011), Frontier (2008) e Blue Light in the Sky & Other Stories (2006). Veja mais aqui.

 

DEUSA CIENTISTA - [...] a ciência é uma ferramenta social que busca se aproximar e descrever a realidade – e não tem como fazer isso sem estar próximo a ela. É muito importante que esta realidade também esteja próxima do que a ciência produz, ou seja, é uma via de mão dupla. [...] A divulgação científica é uma área muito generosa da ciência, mas ainda muito julgada pela própria academia, que se coloca em um pedestal de distanciamento da população. [...] Neste sentido, a divulgação científica tem o papel fundamental de incentivar pessoas, trazer autoestima, mostrar como é atuar na ciência. Até porque as pessoas ainda têm uma visão um pouco irreal do que é produzir conhecimento científico. [...] Acredito que a gente pode aproximar as pessoas da ciência, e facilita muito se for feito um trabalho conjunto, da sociedade, usando bem meios como a televisão, que ainda atinge um grande público. [...] Sempre gostei muito de estudar, mas sou movida também pela transformação social, e as discussões ambientais sempre mexeram muito comigo. Sempre estive em escolas associadas a projetos de transformação ambiental, de impacto positivo na natureza, e de trazer resoluções para o meio ambiente. [...]. Trechos da entrevista Kananda Eller: divulgar ciência para transformar o mundo (ScienceArena, 2024), concedida pela química e cientista ambiental Kananda Eller (Kananda Eller Souza da Paixão), mais conhecida como Deusa Cientista.

 

A ARTE DE MAURÍCIO MELO JÚNIOR

[...] Foi na primeira infância, em Palmares. Não sei precisar o momento exato, quando me dei conta já tinha me tornado um leitor compulsivo. E lia tudo que me chegava: gibis, poesia, romances, tudo de interessante que encontrava nas prateleiras da banca de revistas de seu Odilo e na Biblioteca Fenelon Barreto, sob a tutela de dona Jessiva. Gostava de dizer que comecei a ler por ser péssimo jogador de futebol. Enquanto os meninos da rua iam jogar, eu ficava em casa lendo [...].

Trecho da entrevista concedida pelo escritor, jornalista e crítico literário Maurício Melo Júnior. Veja mais aqui, aqui & aqui.

&

ARTE NA ESCOLA – LER BEM

Esta edição é dedicada aos professores Fátima Portela, Luciana Girlan & Wellington Batista da Silva. Confira aqui, aqui & aqui.

 

ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:

Veja mais sobre MJ Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.

&

Curumim – Arte & Literatura Indígena aqui.

Diário TTTTT aqui.

Poemagens aqui.

Cantarau Tataritaritatá aqui.

Teatro Infantil: O lobisomem Zonzo aqui.

Faça seu TCC sem traumas – consultas e curso aqui.

VALUNA – Vale do Rio Una aqui.

&

Crônica de amor por ela aqui.


 


sábado, dezembro 21, 2019

FRITJOF CAPRA, CHLOÉ TREVOR, MAURÍCIO MELO JÚNIOR, PAMELA FACCO, RUTE COSTA & CARTA DE DEZEMBRO



CARTA DE DEZEMBRO - O que fiz da vida resta o que sou: um menino da beira do rio aos mil e tantos quantos olhos dos dias e noites, nada mais. Sou inconcluso e não me atormentam os devires. Ademais, não tenho mais que desejos, tudo o mais se desfez, sobraram rugas e males que são agudos na madrugada. Daqui a cidade é repleta de monstros esqueléticos inertes com suas vísceras desbotadas à mostra e morro abaixo, terror à vista: as garras parabólicas segurando o entardecer sem demoras, já outra escuridão de inferno em pleno verão. Das matas só lembranças: seus resquícios no matagal carregado de murmúrios, a gritaria de todos na minha boca feita de apócrifo e proscrito, nunca me vi apto para julgar, tudo me ocorre de duas maneiras: verdadeira, se oriundas do coração; falsas, se do cérebro, afinal, não são minhas, mas dos outros que li e estudei. Não lembro mais o primeiro verso escrito na página extraviada, muito menos a estreante canção juvenil esquecida com ar de quem seria feliz como recompensa pela fogueira dos meus tormentos. Muitos morreram há tempos entre o concreto armado e um nó na garganta, como se padecesse de janeiro a dezembro, vou só até chegar a minha hora. Dizem que quem não fez jamais fará, e eu que nunca prevariquei digo que nunca é tarde e ainda nem acabou de chover os anos acinzentados, o tempo indestrutível na nódoa dos telhados: um inferno em festa com plangentes acordes, dolências, langores que garantem erosões, corrosões, esvanecimentos. Eu voo entre os que não dizem mais que amam e se perderam do amor nas bocas secas homiziadas cobertas do ridículo e a se afrontarem hostis e inclementes, a se exibirem às minhas custas. Só me resta ganir e ronronar sílabas indizíveis como um deserdado na brisa amena de um céu carregado de nuvens. A vida é tão breve e não descobri por inteiro nem sei meus pecados. Peco porque foi dia e mais ainda porque a noite chega e não sei onde estou, estrangeiro de tudo. Não tenho mais nenhum verso, perdi todos os acordes e tons, desafino e corrijo, ainda não sei ao certo, peço perdão a quem me feriu por alguma razão, fiz o que pude e nunca é demais. Nenhum milagre, um sequer pude ver, sou quem vai só e órfão, a mim me basta o inútil, qualquer coisa como um sorriso ou uma lágrima nos desvãos da alma. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo & aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] a forma atual do capitalismo global é insustentável dos pontos de vista social e ecológico. O chamado “mercado global” nada mais é do que uma rede de máquinas programadas para atender a um único princípio fundamental: o de que ganhar dinheiro deve ter precedência sobre os direitos humanos, a democracia, a proteção ambiental e qualquer outro valor. [...] O grande desafio do século XXI é da mudança do sistema de valores que está por trás da economia global, de modo a torná-lo compatível com as exigências da dignidade humana e da sustentabilidade ecológica. [...] É verdade que a transição para um mundo sustentável não será fácil. Mudanças graduais não serão suficientes para virar o jogo; vamos precisar também de algumas grandes revoluções. A tarefa parece sobre-humana, mas, na verdade, não é impossível. Nossa nova concepção dos sistemas biológicos e sociais complexos nos mostrou que perturbações significativas podem desencadear múltiplos processos de realimentação que podem produzir rapidamente o surgimento de uma nova ordem. [...]. Trechos extraídos da obra As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável (Cultrix/Amana-Key, 2005), do físico e escritor austríaco Fritjof Capra. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

DESCOBRINDO HERMILOMuitas vezes contei essa crônica da descoberta. Para vencer o tédio anunciado de uma viagem, fui à única livraria da cidade. Um livro me chama a atenção pelo título, Os Ambulantes de Deus (1976), de um autor para mim desconhecido: Hermilo Borba Filho. A leitura me provocou um susto, eu tinha intimidade com as ruas descritas, desenhadas com tintas oníricas e reais. Senti-me irmão daqueles navegantes que atravessaram o rio Una. Descobri, encantado, que a literatura pode estar em meu quintal. Não sei a largura do rio Una, mas lembro bem da jangada num ancoradouro ao lado da prefeitura. Nos servia de transporte às terras do engenho Paul. Era uma travessia curta, não mais que cinco minutos. Li o livro surpreso e encantado com aqueles seis personagens – a prostituta Dulce Mil-Homens, o poeta cordelista Cachimbinho-de- Coco, o cego pedinte Nô-dos- Cegos, o bicheiro Amigo-Urso, o calunga de caminhão Recombelo e o barqueiro Cipoal – torrando cinco longos anos para fazer o mesmo caminho fluvial. Cada um dos cinco anos começa no carnaval e termina no Natal – o ciclo dos folguedos nordestino – e tem sua própria condicionante. [...]. Trecho da crônica Descobrindo Hermilo (Casa da Palavra de Hermilo, 2017), do escritor, jornalista e crítico literário Maurício Melo Júnior. Veja a entrevista que ele concedeu pra gente aqui & mais dele aqui, aqui & aqui.

A MÚSICA DE CHLOÉ TREVOR
A música é uma das melhores maneiras pelas quais você pode aprender e expandir sua mente; portanto, uma das melhores coisas que os humanos podem fazer é ouvir música ao vivo. Por isso, é muito importante que as novas gerações desenvolvam uma afinidade musical, pois através dela você pode comunicar sentimentos e expressões.
CHLOÉ TREVOR – A arte da violinista britânica Chloé Trevor, tendo se apresentado como solista para orquestra em todo mundo e vencedora do Grande Prêmio nos concursos Lynn Harrell de 2006 e Lennox de 2005. Dedicada à educação e divulgação musical, ela se conecta regularmente com alunos e professores através de apresentações interativas, masterclasses e palestras, pessoalmente e online. Em 2018 ela criou a Chloé Trevor Music Academy, um programa intensivo de duas semanas para músicos e pianistas que oferece instruções individuais, treinamento em música de câmara, masterclasses, treinamento de orquestra e orientação de carreira pelos principais solistas do mundo, professores e condutores. Veja mais aqui.

A ARTE DE PAMELA FACCO
Eu sou a fotógrafa do projeto Poesia com Elos [...] Meu projeto tem como objetivo inicial evitar a objetificação do nu e assim libertar o corpo da mulher do lugar de objeto. Carrega também uma discussão de fundo sobre padrões estéticos e a fragilidade masculina. Esse projeto teve início em novembro de 2016 e começou apenas fotografando mulheres. Minha ideia foi mostrar minha visão enquanto artista mulher, não erótica e empoderadora sobre o corpo feminino. [...] Até então eu usava meu Instagram pessoal para publicar todos meus trabalhos e os separava apenas pelas tags. Quando fui descolada da rede senti a necessidade de abrir um Instagram próprio para o projeto. [...] É uma vitória e tanto para toda a classe de artistas. Eu queria que essa história fosse apenas a primeira de muitas, eu queria servir de exemplo de teimosia e autovalorização: porque não tem nada mais importante do que a própria autora entender que lutar pelo seu trabalho e voz é se dar valor enquanto MULHER. Queria que todas as pessoas que sofrerem injustiça naquela plataforma e tiverem seus trabalhos prejudicados e interrompidos olhassem para essa história e acreditassem que faz sentido sim lutar. Porque a minha utopia pessoal não é apenas ter a minha conta livre, mas sim que a arte como um todo o seja, e para isso é preciso que essa política cruel e leviana mude, mas a gente sabe que as coisas nesse universo capitalista só mudam quando começam a dar prejuízo para as empresas. Gostaria muito que isso realmente se espalhasse para que uma mudança real acontecesse. Só eu ganhar não me basta. Minha luta sempre foi por algo maior.
PAMELA FACCO – A arte da fotógrafa, designer gráfica e ilustradora Pamela Facco, é criadora do projeto Poesia com Elos, o qual foi bloqueado e censurado pelo Instagram, fazendo com que a artista recorresse à Justiça, obtendo ganho de causa contra a rede social. A decisão judicial inédita abre precedente para ações similares com essa jurisprudência, obrigando a rede social não só devolver a sua conta, como também está proibida de bloquear ou deletar novas fotos da fotógrafa. Veja mais aqui.

RUTE COSTA: POEMAS, ENTREVISTA & LEITURA NA PRAÇA
Entrevista, Poemas & Leitura na Praça da escritora e professora Rute Costa aqui & aqui.
&
CRÔNICAS NATALINAS
&
Aprendendo com a lição do Natal aqui.
Renascendo das cinzas na véspera de natal aqui.
Então, é natal aqui.
Crônica natalina aqui.
PS: estou de férias até 13 de janeiro! Feliz Natal & Próspero Ano Novo.
 

quinta-feira, novembro 02, 2017

SHAW, ISMAEL NERY, ODETTE ASLAN, MAURÍCIO MELO JÚNIOR, LIA VIEIRA, POESIA REVISTA, PAULO DANTAS, SUCATÁRIO & BONITO

AOS VIVOS QUE RESTAM DOS MORTOS - Imagem: Nós (1926), do pintor brasileiro Ismael Nery (1900-1934). - As partidas nas asas dos ventos, as chegadas apressadas de nada verem, atrasados nas suas fugas imotivas e defecções, afetos perdidos, asas partidas no espaço vazio, entre sentimentos estreitos, andares solitários doloridos na garoa dos muros interditados pelas tardes sem sol dos olhos nublados, mãos espalmadas para ausência, abraço estendido pro ermo da indiferença dos que vivem sem saber que já morreram nas suas frustrações e mágoas enfurecidas, dos que acham que vivem na embriaguês de seus mandos e posses a rivalizar com as necessidades alheias de sorrir a banguela das gengivas invernais, dos que tentam viver a todo custo a pisar os outros com a cegueira dos luxos das vitrines e pedidos de perdão na oração cristã da missa dominical. Em mim o vaivém do caleidoscópio, sombras de novembro no peito de maio pelo filho que partiu a muito na poeira do tempo quase inesquecível, pela mãe que se foi sem aceno na dor de parir sonhos irrealizáveis, pelos amigos tragados pelas tragédias, pelos que sumiram nas cinzas do álbum de fotografias, povoando lembranças erradias. Saúdo meus mortos que vivem em mim, estão vivos em mim no que me resta de ser feliz apesar dos pesares. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com os álbuns Carioca, Stone Alliance, Patamar & Makenna Beach do músico instrumentista Márcio Montarroyos (1948-2007); Libertango, Storm & Sitarki da violoncelista croata Ana Rucner; Rudepoêma de Villa-Lobos, Rapsódia Brasileira de Radamés Gnatali & Fantasia op. 28 de Scriabin, com o pianista brasileiro Roberto Szidon (1941-2011); e a Suíte 1 & 5 de Bach & a Sonata nº 2 de Myaskovsky, com a violoncelista russa Natalia Gutman. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - A escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época sob a forma do trabalho livremente assalariado. Pensamento do dramaturgo, escritor e jornalista irlandês George Bernard Shaw (1856-1950). Veja mais aqui e aqui.

SOCORRO DO TREM DO BONITOO município do Bonito foi assentado em meio a diversos pés de serras, verdadeiras couraças naturais que embalam a cidade [...] irrigados pelos rios Sirinhaém e Una. A fertilidade do solo, a amenidade do clime, a salubridade e as boas fontes de águas, atraíram, desde finais de sec. XVIII, toda sorte de aventureiros, muitos até endinheirados, que ali fundaram fazendas e engenhocas obtidas às terras por sesmarias. Outros sem grandes chances na vida, buscavam abrigo naquela terra como moradores e agregados havendo aqueles, como os retirantes das secas que por ali se abrigavam buscando conforto para suas miseráveis vidas. [...] Foi essa gente sofrida que, aproveitando as sobras de terras, as brechas, digamos assim, entre uma sesmaria e outra se arrancharam com suas famílias, fundando no outeiro a capela da Conceição (1812), mais tarde matriz da cidade. [...] Paulatinamente, o Bonito foi crescendo e adaptando-se às novas realidades [...] Afora o sesmarialismo, muitas terras foram conquistadas no tapa. [...] Nesses mundos onde se desenvolveram sítios, engenhos e engenhocas, a casa senhorial era o centro nevralgico das decisões. [...] Por volta do segundo quartel do sec. XIX, teve inicio no Bonito o cultivo da cana. [...] Diante dessas expectativas, a cana passou a invadir quase todo altiplano bonitense dilatando-se por várzeas, brejos e montanhas, registrando-se decréscimo no final do século mediante a consciência da cafeicultura. [...]. A região onde desemboca o rio Sirinhaem, o rio dos siris para os nativos, foi conquistadas aos índios em 1565. Após esse empreendimento, os índios foram expulsos de suas terras e estas repartidas em datas de sesmarias vicejando posteriormente engenhos de açúcar. Mais tarde o colonizador adentrou pelo mato reconhecendo todo o curso do dito rio até chegar suas nascentes no agreste em Camocim de São Félix. [...] De seus aflientes Bonito Grande, Riacho Seco, Tanque de Piabas, Várzea Alegre e Tese. [...]. Trechos extraídos da obra Velhos engenhos e antigas famílias do Bonito (CEHM, 2010), de Flávio José Gomes Cabral. Já no texto Estrada de ferro Ribeirão-Cortês-Bonito, de Severino Rodrigues de Moura, extraídop da Revista de História Municipal (CEHM, dez. 2008), encontramos o seguinte relato: A população do Bonito tinha o sonho de construir uma estrada de ferro ligando sua cidade a Ribeiro desde meados do século passado. [...] Em 1904 a linha férrea Ribeirão-Nonito foi anexada à Great Western e em seguida à Rede Ferroviária do Nordeste (RFN) até sua extinção. [...] Um certo dia, a locomotiva descarrilou no ramal do Engenho Limão, com todas as carroças de cana. O acidente apresentou proporções bem maiores do que aqueles ocorridos antes, tendo o maquinista que pedir socorro ao gerente da usina. [...] Teve que pedir ajuda em Ribeirão. No entanto, o trem de socorro também descarrilou, sendo preciso vir um terceiro trem. Foi um Deus nos acuda. Parecia um formigueiro em vérpera de trovoada. [...] mais uma vez pediu socorro à estação de Ribeirão, passando o seguinte telegrama: Trem de carga caiu. Pedi socorro. Socorro veio. Também caiu. Agora peço socorro para socorrer socorro e trem de cana. Ass.: Norberto. Veja mais aqui.

ÍNTIMO DAS AUTORIDADESO sujeito tinha o apelido de “Sombra”. Era funcionário do cerimonial no palácio do governo estadual [...] Jornalistas e repórteres fotográficos credenciados, ficavam enfurecidos da vida devido as reais dificuldades em fotografarem as autoridades sem a presença do “individuo indesejavel”. [...] Verdadeiro batalhão de fotógrafos e jornalistas se posicionava a fim de clicarem o Presidente da República. [...] Quem estava logo na frente? Ele, o inconveniente e intrometido Sombra. Ajeitou o cabelo e a gola do surrado paletó, dirigiu-se aos fotógrafos e perguntou: Como vocês querem que eu saia? Disse um dos repórteres: Que saia da frente, para fotografarmos o presidente! Trechos extraídos da obra Sátiras políticas: porque rir faz bem à saúde (Livro Rápido, 2000), do escritor e advogado Paulo Dantas Saldanha.

A SUCATA & ARTES VISUAIS – [...] As possibilidades de construções com sucatas são infinitas, baratas e podem sem muito criativas. Além disso, as sucatas podem ser utilizadas em muitas outras atividades, como complemento de outra técnica. [...] Se a sucata não for valorizada, fica muito próxima de mero lixo e com isso não desperta nenhum interesse para a criação. [...]. Trecho extraído da obra 300 propostas de artes visuais (Loyola, 2009), das artistas plásticas Ana Tatit & Maria Silvia Monteiro Machado, tratando sobre pintura, desenho, recortes, colagens, bonecos, máscaras, modelagens, fantoches, mosaico, escultura e construções com materiais variados, jogos e brinquedos com sucata, sucatário, outras técnicas e atividades.

O ATOR NO SÉCULO XX – [...] perfila-se uma volta a comunhão por pequenos grupos, a celebração de um rito em que celebrantes e fieis respiram juntos, mobilizem suas forças fisiológicas e pesquisas, querem sair de si mesmo, comunicar-se numa troca fraterna. O ator continua sendo aquele que propõe essa troca, que dá ao outro, que recebe e se oferece de novo, qualquer que seja sua mensagem. [...] Ator-poeta, trovador falando ou cantando [...] o prazer de atuar se confunde com o prazer de viver para quem o mal de viver se traduz pela dor que se canta e repartindo o que se encanta. [...]. Trecho da obra O ator no século XX (Perspectiva, 2008), de Odette Aslan que trata sobre as formas de interpretação, os problemas do gestual, modo de formação, busca da personagem, reações contra o naturalismo, pesquisas antes e depois da revolução russa, revisão do espaço, radio, cinema, televisão, teatros-laboratórios, comunidades teatrais, tendencias atuais, ética pessoal e de grupo e o ator do amanhã. Veja mais aqui e aqui.

SER POETA - Fiz-me poeta / por exigência da vida, das emoções, dos ideais, da raça. / Fiz-me poeta / sabendo que nem só se finge a dor que deveras sente / e crendo que através da poesia posso exprimir / a arte do cotidiano, vivida em cada poema marginal. Poema extraído da obra Quilombo Hoje – Cadernos Negros 15 (Edição dos Autores, 1992), da poeta, pesquisadora, artista plástica e educadora Lia Vieira. Veja mais aqui.

CRÔNICA DO ARVOREDO & ANDARILHOS DE MAURÍCIO MELO JÚNIOR
[...] Já não me lembro bem dos detalhes, sei apenas que li num livro emprestado por um amigo. A memória também não alcança os nomes do amigo, do livro, do autor. Sei somente que era alto e escondia o rosto por trás de uma barba espessa, o amigo; e o volume tinha capa amarela e marrom. Vivíamos a tensão do vestibular; implacável, inadiável. Vivíamos uma cidade cercada pelos mistério da história, pelo fascínio de um cotidiano de transformações concretizadas ao desejos dos minutos. Tínhamos a sensação de que o mundo hirava em função de nós. E o mundo não nos bastava, embora tivesse sido feito para abrigar somente a nossa juventude. O amanhã era apenas a conseqüência do Sol que à tarde dormia. Por isso vivíamos com intensidade o Recife. [...].
Trecho da obra Crônica do arvoredo (Bagaço, 2006).
[...] Seu moço saia do caminho, a conversa é comigo e Deus. No meio, somente os macacos do exercito e a esperança de uma briga boa. Desarrede, desarrede que não tenho prosa pro senhor. Doido, eu? Pois o senhor ainda não topou com doido na vida e já disse pra não querer me enfrentar. Num avance, peste, num avnce que seu tempo pode tá findo. Pois, lá vai brincadeira que já num tenho tempo pra prosa. Pá, pá e que fique nas agonias do fim. [...]
Trecho da obra Andarilhos: caminhos só ida, volta à seca (Bagaço, 2007), ambos os livros do jornalista e escritor Maurício Melo Júnior. Veja mais aqui, aqui e aqui.

Veja mais:
A poesia de Jorge de Sena aqui.
A poesia & o cinema de Pier Paolo Pasolini aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

A ARTE DE ISMAEL NERY
A arte do pintor brasileiro Ismael Nery (1900-1934). Veja mais aqui, aqui & aqui.

POESIA REVISTA 2018
Acaba de ser lançado o edital da Poesia Revista para reunião anual de textos poéticos e colunistas de São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, com tema Amor e distribuída em bibliotecas nacionais, em saraus e pelos poetas participantes do projeto. A publicação é destnada a jovens e adultos, visando o fomento da cultura e literatura na formação de público leitor e com objetivos voltados para valorização do escritor e suas habilidades textuais, incentivo da leitura, oportunizar aos autores a veiculação de seus trabalhos com divulgação nacional e internacional. Os interessados confiram aqui.

YŌKO TAWADA, BRENÉ BROWN, ALEYDA QUEVEDO ROJAS & JESSICA MARTINS

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som da obra multimovimento Sarojini (2022), da compositora, etnomusicóloga e vocalista estadunidense Shruth...