Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes
(2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018), Bright
Shadows (2019), Sama (2020), Circles Live (2021) e S.H.A.M.A.N.E.S (2022), da
baterista e compositora francesa Anne Paceo.
Poema das estrelas
noite afora... – Sou a inquietude das águas e recolho a poesia sorridente
das estrelas na boca da noite. Tudo é tão diferente ao meu redor: agora persistem
séculos esquecidos e quase desconheço a festa pelo alarido da tragédia. Tudo é
tão distante e quase não há outro lado depois da descoberta. Prossigo, quem
sabe onde possa respirar tranquilo, com meu cambalear claudicante às passadas nos
ponteiros de relógios invisíveis e a marcação da vitalidade à decadência dos
dias pela dança das ruínas do futuro, pelos escombros do passado, porque o
presente tornou-se um gatilho imprevisível. As mensagens da má notícia propagam
o tiro no alvo da sorte: o sangue escorreu no Barro Branco. O que são crianças
pedintes e adultos estirados pelos semáforos da hora... Nenhuma violência se
justifica: o lamentável expediente da guerra! Onde há ganância, a vida
estrangulada. A zoada dos que querem chamar toda atenção, só aleivosia e
escárnio; e nada é mais importante que a grana acumulando posses e sonhos nos
meios suntuosos da soberba: o coração vive apenas do decote e o servilismo pro
abuso, todos querem a vida do outro pra si. Meus olhos se foram com as
lágrimas; minhas mãos, com o que perdi; meus pés, no que andei; e meu coração
não tinha para onde ir porque meu corpo sacrificado sequer soube se haveria
depois. O amor não se explica e escuto os sussurros da alma de todos que sou.
Outros clamores ecoam insones: estão tão longe e os sinto ainda aqui bem perto.
Um só segundo vale a vida inteira: apenas uma vírgula antes do silêncio. Até
mais ver.
Malika Mokeddem: Eu acho que não há nada verdadeiro além de misturas. Todo o resto é hipocrisia e ignorância... Veja mais aqui.
Annie Leibovitz:
Todos nós pegamos o que nos é dado e
usamos as partes de nós mesmos que alimentam o trabalho... É um passaporte para pessoas, lugares e possibilidades...
Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Stella Stevens: Fiz o melhor que pude com as
ferramentas que tinha e as oportunidades que me foram dadas... Veja mais
aqui.
DOIS POEMAS
Imagem: Acervo ArtLAM.
MEU
TIPO DE DIA: Eu gosto de um dia com um apito ventoso \ que arranca suas
palavras uma rajada tempestuosa \ de um dia que golpeia, \ empurra e grita em
seu rosto \ Um com uma explosão gelada para chicotear e picar \ suas bochechas
que derruba, \ tropeça e trapaceia empurrando você \ para trás como um scrum de
rúgbi \ Então grita por trás rugindo um vendaval \ chamando seu nome enquanto
você corre, corre, corre \ com um mergulho para a linha.
PALAVRAS:
Algumas palavras são simplesmente agradáveis \ como manteiga de maçã verde e
gelo de limão azul \ ou travesseiros macios e musgosos \ por salgueiros
sussurrantes e árvores de tamarindo \ em uma brisa quente de verão \ elas
cantam na sua língua \ sem razão para ser algumas palavras \ apenas zumbem como
o gato no seu joelho.
Poemas da premiada
escritora neozelandesa Elena de Roo.
VISTA CHINESA - [...]
A parte
que tinha morrido era o meu corpo, e o meu corpo era o que estava mais vivo,
gritando com a boca escancarada, os dentes à mostra. [...] Naquele momento
em que quase morri, eu morri. [...] É desesperador quando a palavra não
cola na imagem. Toda fenda é exasperante, mas esta dói no corpo. Eu tenho
vontade de sair gritando, por favor, me deem a palavra certa, aí alguém diz,
não existe, as palavras certas nunca existem, mas eu não acredito nisso, eu
acho que para toda coisa existe uma palavra certa e se a gente falar falar
falar uma hora a gente encontra. [...] Eu precisava tanto da presença
das pessoas como da ausência delas. [...] Nunca vamos saber o que a vida
teria sido se não fosse o que é. [...] Ouvi o silêncio, o deles e o meu.
A certeza de que, por mais que eu falasse, nunca conseguiria expressar o
turbilhão que havia dentro de mim, me trouxe também a certeza da solidão. A
certeza de que somos sozinhos, não só eu, todos nós. [...] A loucura
chega de uma vez ou vai chegando aos poucos?, isso é uma coisa que eu nunca
entendi, se o louco nasce louco, se vira louco de um dia para outro ou se vai
aos poucos virando louco, e quando é que a gente percebe que está ficando
louca, ou que está quase lá, ou será que a gente nunca percebe, se a gente
pergunta é porque ainda não é louca, eu me pergunto todos os dias se enlouqueci
ou se estou enlouquecendo. [...]. Trechos extraídos da obra Vista
Chinesa (Todavia, 2021), da escritora
portuguesa Tatiana Salem Levy.
DENÚNCIA DA TRADIÇÃO ANTIGA - [...]
Na manhã
de 24 de fevereiro, o dia em que a guerra começou, fui trabalhar como de
costume. Naquele dia, eu deveria dar uma palestra sobre estética. Entrei no
auditório e percebi que simplesmente não conseguia respirar. Não conseguia dar
uma aula — pela primeira vez em 15 anos. Ficou claro que nenhum dos estudantes
sabia de nada ainda. A maioria deles, infelizmente, não lê mídia independente.
Eu me dirigi ao público: 'Caros colegas, infelizmente, hoje é um dia terrível.'
Eu disse a eles em termos gerais o que eu sabia. As quatro primeiras fileiras
da plateia choraram. Aquela palestra acabou sendo meu canto do cisne, mas eu
não percebi isso na época. [...] A universidade lentamente, mas seguramente, pisou
no caminho da propaganda e do apoio a cada movimento do regime. Logo, os alunos
começaram a ser tirados da sala de aula para aulas de propaganda política,
censurados e verificados quanto à lealdade. [...] Percebi que não podia mais
trabalhar em tal ambiente e não queria. Decidi pedir demissão. No entanto, a
lei exigia que eu trabalhasse mais duas semanas. Os alunos me disseram que os
líderes estudantis foram solicitados a relatar como eu estava usando mal minha
posição. [...] Ultimamente, minhas pinturas me mantiveram ativa: sou
formada em arte e posso vender minhas obras. Mas trabalhar em instituições de
arte contemporânea como artista agora também é difícil por causa da censura.
[...] Às
vezes eu lavo o chão. As pessoas me provocam sobre isso, mas nunca fiquei
envergonhada por isso. Quando eu estava escrevendo minha tese de doutorado, fiz
muita limpeza, já que gastei todo meu salário em impressões. Eu poderia ter
conseguido alguma ajuda financeira, mas sempre que eu me inscrevia, os
superiores me faziam escrever "não" na pergunta "Você está
escrevendo uma tese de doutorado?" Eles simplesmente não acreditavam que
eu escreveria minha dissertação e a defenderia. Nenhum acadêmico está separado
do que está acontecendo no país. [...] A sociedade está derrotada, esmagada e
dividida. Ela continuará morrendo e perdendo seu povo. Mas talvez algumas
pessoas tenham uma nova experiência de ativismo social por meio dessa
experiência de pesar, e um novo underground se formará. Mas duvido que isso
seja possível sob o poderoso regime atual. Com tudo tão sem esperança, é
claro que estou pensando em ir embora. Mas então de novo: se alguém tomou conta
da minha casa, por que eu deveria ser a única a ir embora? [...].
Trechos do artigo Uma
antiga tradição soviética está de volta: a denúncia (RAAM, 2022), da filósofa
e cientista social russa Maria Rakhmaninova, que passou a ser abominada
por seu posicionamento contra a invasão russa à Ucrânia, que foi demitida da
universidade, reacendendo uma antiga prática: a denúncia de pessoas que não são
politicamente confiáveis.
CENTENÁRIO DE ABELARDO
DA HORA
Trecho da entrevista Diálogo literário:
Abelardo da Hora, Abelardo de toda a gente (Vermelho, 2010), concedida pelo
escultor, desenhista, gravurista, pintor, ceramista, professor e poeta Abelardo
da Hora (1924-2014), ao jornalista e escritor Urariano Mota. Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
&
ESCUELA LIVRE ABYA YALA – CURSOS
A Escuela Livre Abya Yala está com
inscrições abertas para diversos cursos destinados aos indígenas de todo
continente. Os cursos são: Visão Indígena – Produção de vídeo, ministrado por Yala Payayá e Nazareno Presentado; Os
diferentes gêneros literários & formas diferentes de amar, por Luiz Alberto Machado e Mariela Tulián; Ilustração
– memórias de amor para o futuro, por Horopakó
Desana e Haylly Wichí; Diagramação de projeto, por Horacio Montes de Oca Ayala e Kadu Tapuya;
e Comunicação com identidade, por Nazareno Presentado e Yala Payayá. Realização:
Thidêwá & Red Abya Yala. Maiores informações aqui.
UM OFERECIMENTO:
NNILUP CROCHETERIA
Veja mais aqui.
&
SANTOS MELO LICITAÇÕES
Veja detalhes aqui.
&
Tem mais:
Livros Infantis Brincarte
do Nitolino aqui.
Poemagens & outras
versagens aqui.
Diário TTTTT aqui.
Cantarau
Tataritaritatá aqui.
Teatro Infantil: O
lobisomem Zonzo aqui.
Faça seu TCC sem
traumas – consultas e curso aqui.
VALUNA – Vale
do Rio Una aqui.
&
Crônica de
amor por ela aqui.