A arte do cartunista, editor e autor estadunidense, Bob
Mankoff.
MARINA GAMBA & A SOLIDÃO DE GALILEU – Ah, Marina, sou apenas o primogênito seguindo os passos de um lutenista
de Pisa, um simples linceo achegado ao alaúde, que jamais poderia ser médico
enquanto um candelabro oscilava empurrado por correntes de ar. Aí batia o meu
coração com o princípio da relatividade, a propriedade dos pêndulos, os balanços
hidrostáticos, seguindo pela Matemática e Filosofia Natural. Ah, Matina, de
tanto ficar no brinquedo holandês lá estava eu na ciência aplicada envolvido
com a astronomia, as fases de Vênus, os quatro maiores satélites de Júpiter, os
anéis de Saturno, as manchas solares, a física, a engenharia, os fenômenos da
rapidez e da velocidade, a inércia e o movimento dos projéteis, a gravidade e a
queda livre, o telescópio, as bússulas e a astrologia. Ah, Marina, fiz do
quintal um observatório das leis da natureza sempre me seduziram: sou apenas Sidereus
Nuncius – um mensageiro estrelado admirado com o heliocentrismo, tese de Aristarco
e do copercanismo, as ideias de Demócrito, o sistema ticônico, a paralaxe
estelar, as crateras lunares, as marés, pela supernova de Kepler e as quatro estrelas
mediceanas, a cosmologia aristotélica, o geocentrismo ptolomaico e todas as
coisas que estão sobre as águas. Ah, Marina, me ocupei
tanto com as Cartas sobre Manchas Solares e mais
ainda com Il Saggiatore, procurando o correto conhecimento da natureza e
do universo aberto, indefinido e até infinito, enquanto tinha ciência do
inferno de Dante, das amantes de Zeus, diante do Salgredo e da peste bubônica. Ah,
Marina, com Duas novas ciências na prisão,
tratando sobre a cinemática e a força dos materiais, sabia que as águias voavam
sozinhas, nunca em bando e que o raciocínio não é jogar pedras. A vida passou e
a Inquisição achou tudo muito tolo e absurdo, senão herético por contradizer as
Sagradas Escrituras! Quantos oponentes, todos religiosos e seguidores da Grã
Duquesa, intolerantes dissidentes que condenaram Giordano Bruno, e passaram a
me tratar como uma ameaça charlatã para o materlo dos hereges. Deus que me
ajude, esperei o papa e ele não veio, os nossos filhos padecem das minhas inglórias
e lá estava eu e sempre nas barbas da Inquisição, condenado à masmorra e a salvação
pelo silêncio. Não fiz de rogado, Marina, e o Diálogo sobre os dois principais
sistemas mundiais foi tratado como veeemente suspeito de heresia, do qual fui
forçado a me retratar e passar o resto da minha vida em prisão domiciliar. De
uma coisa eu sei: Deus é geométrico no labirinto escuro. (Veja mais abaixo).
DITOS & DESDITOS - A guerra parece
ser tão antiga quanto a humanidade, mas a paz é uma invenção moderna...
Pensamento do jurista e historiador britânico Henry Maine (1822-1888).
ALGUÉM FALOU - A beleza de uma mulher deveria ser
seu grande projeto e sua constante insegurança. Devemos aplicar cinco glosses
diferentes em nossos lábios, mas sempre pensamos que somos gordos. A beleza é o paradoxo de Zenão. Deveríamos nos esforçar
incessantemente por isso, mas não é socialmente aceitável admitir que estamos
lá. Não podemos perceber isso em nós
mesmos. Pertence ao cara gritando 'belos
peitos'... Frase
da artista e escritora estadunidense Molly Crabapple, editora
colaboradora da VICE e de publicar livros, incluindo um livro de memórias
ilustrado, Drawing Blood, Discordia sobre a crise econômica grega e os livros
de arte Devil in the Details e Week in Hell.
ALGUÉM
MAIS FALOU: Que grande quimera, pois, é o homem! Que novidade,
que monstro, que caos, que contradição, que prodígio! Juiz de todas as coisas,
minhoca imbecil; depositário da verdade, cloaca da incerteza e erro; glória e
refúgio do universo. Pensamento do filósofo, físico e teólogo francês Blaise
Pascal (1623-1662). Veja mais aqui e aqui.
JORNADA DA
HEROINA - [...] Os corpos das mulheres são de domínio público, como é claramente evidenciado
actualmente pelo furor em torno do aborto. Todo mundo tem uma opinião sobre o que uma mulher deve ou não fazer com seu
corpo. [...] Ser
não é passivo; é
preciso consciência focada. [...] As mulheres têm de aprender onde está a sua verdadeira fonte de
validação. […] Há um perigo no repúdio do feminino quando a filha que
rejeita os aspectos do feminino negativo incorporados pela sua mãe também nega
aspectos positivos da sua própria natureza feminina, que são lúdicas, sensuais,
apaixonadas, nutridoras, intuitivas e criativas. Muitas mulheres que tiveram mães
irritadas ou emotivas procuram controlar a sua própria raiva e sentimentos para
que não sejam vistos como destrutivos e castradores. Esta repressão da raiva muitas vezes
impede-as de ver as desigualdades num sistema definido pelos homens. As mulheres que consideram suas mães
supersticiosas, religiosas ou antiquadas descartam os aspectos obscuros,
misteriosos e mágicos do feminino em favor de lógica e análise frias. Cria-se um abismo entre a heroína e
as qualidades maternais dentro dela; esse abismo terá que ser curado mais tarde na jornada para que ela alcance
a totalidade [...] Durante esta parte da viagem, a mulher inicia a descida. Pode envolver um período
aparentemente interminável de divagação, tristeza e raiva; de destronar reis; de procurar os pedaços perdidos de
si mesma e encontrar o feminino sombrio. Pode levar semanas, meses ou anos e, para muitos, pode envolver um período
de isolamento voluntário – um período de escuridão e silêncio e de aprender a
arte de ouvir profundamente mais uma vez a si mesmo: de ser em vez de fazer. O mundo exterior pode ver isso como
uma depressão e um período de estagnação. Família, amigos e colegas de trabalho imploram à nossa heroína para “seguir
em frente. [...] Para
proteger a descendência patrilinear, os homens tentaram durante séculos
controlar a sexualidade das mulheres. Embora o homem precise da mulher, ele tenta manter o seu poder sob
controlo, legislando contra o uso livre do sexo pelas mulheres, caso ela
comprometa a frágil mas tenaz estrutura social da nossa sociedade patriarcal. [...]. Trechos
extraídos da obra The Heroine's Journey: Woman's Quest for
Wholeness (Shambhala, 1990), da escritora estadunidense
e professora Ph.D, Maureen Murdock. Veja mais aqui.
O
ENSAIADOR – [...] Permanecer calado não me ofereceu vantagem
alguma, pois meus inimigos são desejosos de me atrapalhar, chegaram a
atribuir-me as obras dos outros escritores; e tendo-me atacado à base de textos,
chegaram a fazer coisas que, a meu parecer, pertencem claramente a ânimos
fanáticos e sem raciocínio. [...] Por
isso, obrigado por este inusitado e insólito comportamento, quebro minha
resolução de nunca mais publicar obras minhas; porém espero que não permaneça
ignorada a falta de consideração a mim feita e espero tirar a vontade de alguém
de cutucar o cão que dorme (como diz o ditado) e querer briga com quem permanece
calado. [...] Eu exponho tudo isto com tanta boa vontade que qualquer um
pode entender, pois esta conclusão não depende daquelas intrigas de linhas e
ângulos, das quais nem todo mundo sabe se sair com igual facilidade; com
efeito, aqui, aquele que possui olhos possui raciocínio mais que suficiente [...].
Trechos extraídos da obra O ensaiador (Abril Cultural,1981), do astrônomo,
físico e engenho florentino, Galileu Galilei (Galileo di Vincenzo
Bonaulti de Galilei - 1564-1642). Veja mais aqui, aqui e aqui.
ILHA DE VERÃO - [...] Como mães e filhas, estamos
conectadas umas com as outras. Minha mãe é o osso da minha coluna, mantendo-me reto e verdadeiro. Ela é meu sangue, garantindo que ele
seja rico e forte. Ela é a
batida do meu coração. Agora
não consigo imaginar uma vida sem ela. [...] Uma filha sem mãe é uma mulher quebrada. É uma perda que se transforma em
artrite e se instala profundamente em seus ossos. [...].
Trechos extraídos da obra Summer
Island (Ballantine
Books, 2002), da escritora estadunidense Kristin
Hannah. Veja mais aqui.
KAZE NI NARU ( Seja vento) – I - A carta é
cheio de amor. O amor da data isso coloca o carimbo do correio. Tegami ni wa ai
afuretari sono ai wa keshi'in não, oi não sono toki no ai. II - Está terminando
de escrever e cole o carimbo à carta, e agora eu consigo esperar pela sua
resposta. Kakioete gatinho ou hareba tachimachi-ni henji ou fosco toki
nagaredasu. III - Cor pintada indicando o início de esperar, também cresce hoje
a caixa postal. Matsu Koto não hajimari shimesu iro ou merda kyō mo chokuritsu
fudo no posuto. Poema da escritora e tradutora japonesa Machi
Tawara, que em entrevista à Japan Times revela: "Eu tento pegar a essência de uma certa
emoção ou de um momento e me firmo a essa essência. "Eu te amo/ Sinto sua
falta/ Eu te quero" — essas são coisas que todos gostaríamos de dizer, as
únicas coisas que gostaríamos de dizer, tendo a chance. Porém, as circunstâncias
e o decoro normalmente tornarão isso difícil, então nós as
"dizemos/cantamos" em tanka. Isso é o que mulheres e homens deste
país têm feito por um longo, longo tempo — o que, para mim, é algo maravilhoso.
Simplesmente não há espaço nas linhas de um tanka para porquês e quês e comos.
Essa é a beleza dele: sem explicações, desculpas, recriminações."
FUNÇÕES DO SUPEREGO E MECANISMOS DE DEFESA*
FUNÇÕES DO SUPEREGO E MECANISMOS DE DEFESA - O
presente trabalho de pesquisa aborda a questão das funções do superego e dos
mecanismos de defesa, em atendimento às exigências da disciplina História da
Psicologia.
Justifica-se pela importante contribuição
freudiana aos estudos psicológicos, a partir da identificação do id, do ego e
do superego para a formação da personalidade e de como os mesmos processam
mecanismos que são benéficos e, ao mesmo tempo, maléficos para o indivíduo.
Objetiva, portanto, investigar as funções do
superego e no processo de identificação dos mecanismos de defesa, seus
procedimentos e entendimentos dos estudiosos em Psicanálise.
A metodologia aplicada no presente estudo se
caracteriza como uma pesquisa descritiva e bibliográfica, baseada em livros,
revistas especializadas e sites da internet.
Por essa razão, na primeira parte do trabalho
será abordada a temática das funções do superego, analisando as conceituações
dadas por Freud e o desenvolvimento da fundamentação teórica para o assunto
dada por outros autores.
Em seguida, na segunda parte do trabalho,
tratar-se-á a questão atinente à identificação dos mecanismos de defesa, seu
processamento e o entendimento dos estudiosos na contemporaneidade a respeito
do assunto.
FUNÇÕES DO SUPEREGO - Efetuando uma revisão da literatura a
respeito do tema do superego, encontrou-se que, segundo Freud (1980, p. 111), é
“[...] o máximo assimilado psicologicamente pelo individuo do que é considerado
o lado superior da vida humana”. Assim, é o herdeiro do Complexo de Édipo e,
para esse autor, trata-se de uma das instâncias da personalidade que possui o
papel de consciência moral, julgador e de censor do ego delegadas das
instâncias sociais, possuindo a função de auto-observador da formação de
ideais.
É oriunda do termo freudiano Über-Ich, como uma instância separada e,
ao mesmo, dominadora do ego e que, conforme Freud (1980), é o instrumento
utilizado como medida para observação do próprio ego.
Por essa condução, entende-se tratar-se de um
dos três construtos freudianos, juntamente com o id e ego, que possibilitam o
entendimento acerca da dinâmica do desenvolvimento afetivo e sexual.
A constituição do superego, conforme
recolhido de Freitas (2013), tem seu processo inicial a partir das resoluções
conflituosas oriundas das questões edípicas que ocorrem na fase fálica, na
faixa etária entre os cinco ou seis anos de idade.
Assim, a sua constituição é definida pela
interiorização das interdições e exigências parentais.
Nesse processo de constituição, expressa
Cardoso (2013) que serão adquiridos pelo superego certos aparatos que
adquiridos com a ocorrência do complexo de Édipo, bem como de outros subsídios
que são capturados das atitudes dos pais, das pessoas, das falas e das imagens
incorporadas no universo infantil.
Resta entendido que o superego é constituído
no período de latência quando surgem as atitudes e comportamentos de
moralidade, vergonha ou repulsa.
Tendo-se por base os estudos de Freitas
(2013), Madrid (2012) e Cardoso (2013) é possível entender que o superego é um
elemento estrutural do aparelho psíquico.
Nesse sentido, Freud (1980) identifica que a
manifestação do superego ocorre pela herança proveniente do conflito edípico,
por ocorrência do fato de renuncia por parte da criança aos progenitores, sendo
objeto de amor àquele do sexo oposto, e objeto de ódio o do mesmo sexo.
A representação do superego, conforme Freud
(1980) se dá pela apresentação da autoridade parental no processo de evolução
infantil, pela ocorrência dos afetos e manifestações de amor e carinho, bem
como das repreensões e punições que provocam sentimentos de angústia. Essas proibições,
interdições e punições são internalizadas com a renuncia da satisfação edipiana,
ocorrendo uma substituição da instância parental pelo processo de
identificação.
Tal fato, conforme Freitas (2013), deixa
evidenciado que a formação do superego se dá a partir do modelo entendido do
superego dos pais. E nesse contexto, o seu aparecimento se dá a partir da
substituição interna dos progenitores tanto como proteção e amor, como punição
ou ameaça, para introduzir uma noção de errado ou certo. Assim, o superego atua
como a autoridade moral tanto sobre o pensamento como sobre as ações do
indivíduo.
Entende Madrid (2012) que a identificação
desses conflitos edípicos são construídos pela idealização dos pais como
modelos referenciais que se tornam fonte de imitação pela criança que, ao mesmo
tempo, possibilita a busca noutras pessoas por meio de reforços que visam a
manutenção desses ideais.
Para Gazzaniga e Heatherton (2005, p. 473) o
superego é a “[...] internalização dos padrões de conduta sociais e parentais
desenvolvendo-se durante a fase fálica”, acrescentando que “[...] é a estrutura
rígida da moralidade ou consciência humana”.
Já no dizer de Schultz e Schultz (2012, p.
376), o superego é o “[...] aspecto moral da personalidade, produto da
internalização dos valores e padrões recebidos dos pais e da sociedade”.
Assim sendo, para esses autores, o superego
representa a moralidade e está sempre em conflito com o id ao inibi-lo de sua
completa satisfação.
Por outro lado, com base em Freud (1980),
esse construto é construído a partir da insatisfação do id ao se transformar em
ego para mediar a realidade.
Nessa condução, evidencia Davidoff (2001, p.
507) que o superego:
[...] funciona independente, lutando pela perfeição e admirando o
idealismo, o auto-sacrifício e o heroísmo. O superego influencia o ego para
atender os objetivos morais e forçar o id a inibir seus impulsos animais.
Quando o ego comporta-se moralmente, o superego é satisfeito. Quando as ações
ou os pensamentos do ego vão contra os princípios morais, o superego gera
sentimentos de culpa.
Tem-se, portanto, a dimensão que o superego
possui com relação ao id e ao ego, tanto nos processos de repressão como nos de
reprovação.
O funcionamento do superego, no dizer de
Freitas (2013), se expressa por meio de um procedimento de articulação com o
que se convenciona cultural e socialmente por meio de introjeções que se formam
a partir dos interditos provocados pelas limitações, proibições e autoridades
oriundas da fonte paternal e da sociedade.
É o que dimensiona Andriatte e Gomes (2000,
p. 36), ao mencionar que:
O
superego será concebido como uma instância responsável, ao mesmo tempo, por
diversas funções e é em seu seio que Freud vai tentar integrar as várias
dimensões que balizara anteriormente. Vai terminar por atribuir ao superego
três funções: a auto-observação, a consciência moral e a “base de apoio” dos
ideais. Na apresentação formal do superego, este será concebido como uma
instância de observação, como uma parte separada do ego, que exerce vigilância sobre
a outra.
Assim sendo, o superego é regido pela moral e
agindo como agente repressor que se vale de repreender a não resolução dos
impulsos sexuais ocorridos na fase fálica e pela sublimação da não satisfação
dos impulsos pré-genitais, definindo-se a fase de latência como aquela que
emerge na faixa entre 5 a 10 de idade. Como resultado disso, dá-se a passagem
do complexo de Édipo que o sentimento de culpa é internalizado.
Há que se entender, conforme Andriatte e
Gomes (2000) que o desenvolvimento do superego é bastante distinto entre os
gêneros, uma vez que é rigoroso e feroz por causa da ameaça de castração vivida
na fase edípica masculina, enquanto que nas meninas essa castração ocorre muito
antes dessa fase, tornando-as muito menos implacáveis e opressivas.
MECANISMO DE DEFESA - Encontrou-se em Gazzaniga e Heatherton (2005,
p. 473)que “[...] os mecanismos de
defesa são estratégias mentais inconscientes que a mente utiliza para se
proteger da angústia.
Já para Fiori (2003) são processos psíquicos
cuja finalidade é afastar um evento gerador de angústia da percepção consciente.
Assim, tratam-se de processos inconscientes que são utilizados pelo ego com o
objetivo de proceder o completo afastamento de mal-estar ou angústia pelo ego.
No dizer de Schultz e Schultz (2012, p. 377),
os mecanismos de defesa são “[...] comportamentos que representam negações
inconscientes ou distorções da realidade, mas que são adotados para proteger o
ego contra a ansiedade”. Esses mecanismos de proteção são desenvolvidos pelo
ego, consistindo nas negações inconscientes ou distorcidas da realidade.
Na expressão de Freud (1980), as defesas são
constituídas pelo propósito de completo afastamento dos perigos, sendo de suma
importância para o ego e que são bem-sucedidas em parte na sua tarefa.
Nesse sentido, os mecanismos de defesa
freudianos, segundo Schultz e Schultz (2012) são negação, deslocamento,
projeção, racionalização, formação de reação, regressão, repressão e
sublimação.
A negação, segundo Schultz e Schultz (2012),
compreende a existência de uma ameaça externa ou de um acontecimento
traumático. Para Gazzaniga e Heatherton (2005) recusa do reconhecimento e fonte
de ansiedade.
O deslocamento, segundo Schultz e Schultz
(2012), compreende a transferência dos impulsos do id de uma ameaça ou de um
objeto não-disponível para um objeto disponível. Gazzaniga e Heatherton (2005)
assinalam tratar-se mudar a atenção da emoção de um objeto para outro.
A projeção, para Schultz e Schultz (2012), é
a atribuição de um impulso perturbador a outra pessoa. Entretanto, no dizer de
Freud (1980), incluem-se na projeção a representação incômoda de uma pulsão
interna que é suprimida, tendo, em seguida, seu conteúdo deformado e,
posteriormente, ocorre o retorno para o consciente sob a forma de uma
representação ligada ao objeto externo. Assim sendo, esse mecanismo ocorre em
todos os momentos da vida, sendo essencial no estágio precoce de
desenvolvimento por sua contribuição ao distinguir a si mesmo, fortificando-o e
estabelecendo esquema corporal.
A racionalização, conforme Schultz e Schultz
(2012), é a reinterpretação do comportamento para torná-lo mais aceitável e
menos ameaçador. Gazzaniga e Heatherton (2005) identificam ser a invenção de
uma razão ou desculpa aparentemente lógica para um comportamento que de outra
forma seria vergonhoso.
A formação de reação, para Schultz e Schultz
(2012), é a expressão de um impulso do id, que é o oposto do que impulsiona a
pessoa. Para Gazzaniga e Heatherton (2005), afasta um pensamento desagradável
ao superenfatizar seu oposto.
A regressão, no dizer de Schultz e Schultz
(2012), é o retorno a um período anterior, menos frustrante da vida,
acompanhado da exibição de um comportamento dependente e infantil
característico desse período mais seguro.
A repressão, conforme Schultz e Schultz
(2012), é a negação da existência de um fator provocador da ansiedade, ou seja,
a eliminação involuntária de algumas lembranças ou percepções da consciência
que provoquem desconforto. Assim, a resistência e a repressão são dois mecanismos
básicos da mente humana frente aos conflitos. A resistência é o que impede ou
dificulta a recordação de um trauma, o qual se tornou inconsciente devido à
repressão. Para Gazzaniga e Heatherton (2005), exclui da consciência a fonte da
ansiedade.
A sublimação, segundo Schultz e Schultz
(2012), é a alteração ou o deslocamento dos impulsos do id desviando a energia
instintiva para os comportamentos socialmente aceitáveis. Ocorre, portanto, o
abandono do alvo da sublimação para construção de um novo alvo, valorizado tanto
pelo ideal de si mesmo como pelo superego.
Nesse sentido, Gazzaniga e Heatherton (2005)
assinalam tratar-se de canalizar impulsos socialmente inaceitáveis para
comportamentos construtivos, até admiráveis.
Tem-se, pois, com base em Fiori (2003) que
esses mecanismos são tidos como operações de proteção por parte do ego para sua
segurança e que são encarregados na defesa das instâncias da personalidade com
relação a um conflito que possa ocorrer.
Distinguindo os mecanismos de defesa das resistências,
Fiori (2003) deixa evidenciado que as resistências incorporam noções concernentes
às defesas empregadas na transferência na defesa do indivíduo.
Com a abordagem acerca das funções do
superego e dos mecanismos de defesa, passa-se, então, para as considerações
finais do presente trabalho.
CONCLUSÃO - O presente trabalho inicialmente abordou as
funções do superego.
Nesse sentido, observou-se que as ideias
freudianas acerca do superego não restaram pacificadas entre outros psicanalistas
posteriores que, inclusive, combateram e até aprofundaram seus pensamentos.
Com essa pesquisa identificou-se que a
dimensão do superego é sumamente importante para o desenvolvimento das funções
educativas da criança, por ser identificado como o veículo transmissor e
consolidador da cultura.
Por conclusão, observou-se que o superego se
desenvolve na criança a partir do modelo de superego dos seus pais,
perpetuando-se nas transmissões das tradições e valores.
Em seguida tratou acerca dos mecanismos de defesa
tendo-se o entendimento de que se tratam de recursos defensivos com relação ao
perigo. Entretanto, também ficou evidenciado que esses mecanismos também podem
ser transformados em perigos ao se constatar o ônus que pesa sobre a economia
psíquica com as restrições do ego e o dispêndio dinâmico da manutenção deles.
Observou-se com este estudo que Freud
elaborou um conceito para esses mecanismos sem que tivesse realizado
investigações necessárias, exceto com relação à repressão, tendo-se,
posteriormente, por intermédio da Melanie Klein e da Ana Freud, maior
aprofundamento acerca do desvendamento desses mecanismos.
Nesse sentido, ficou o entendimento de que
esses mecanismos compõem os procedimentos do ego no desempenho de suas tarefas,
notadamente evitando o desprazer, a ansiedade e o perigo, incidindo diretamente
sobre as representações ideativas das pulsões.
Por conclusão, entende-se que tais mecanismos
são formas de adaptação como, também, representam patologia e conflito por suas
utilizações ineficazes pela ocorrência interna e externamente da não adaptação
à realidade.
REFERÊNCIAS
ANDRIATTE, Aparecida; GOMES, Leda. Viver e
morrer: um embate entre o ego e o superego. Psicologia: Teoria e Prática, 2000, 2 (1): 32-51.
CARDOSO, Marta. O superego: em busca de uma
nova abordagem. Revista Latinoamericana
de Psicopatologia Fundamental. Disponível em
http://www.psicopatologiafundamental.org/uploads/files/revistas/volume03/n2/o_superego_em_busca_de_uma_nova_abordagem.pdf.
Acesso em 16 out 2013.
DAVIDOFF, Linda. Introdução á Psicologia. São
Paulo: Pearson Makorn Books, 2001.
FIORI, Wagner da Rocha. Teorias do
Desenvolvimento: Conceitos fundamentais: modelo
psicanalítico.
São Paulo: Cortez, 2003.
FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980.
GAZZANIGA, Michael; HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e
comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MADRID, Nuria. Superego: apetite de vingança,
princípios do direito e sentimento do sublime. Ethic@, Florianópolis, v. 11, n. 3, p. 203 - 225. Dez. 2012.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sidney. História da Psicologia Moderna. São
Paulo: Cengage Learning, 2012.
*
Trabalho
desenvolvido para a disciplina História da Psicologia,
ministrada pela Profª Fátima Pereira, na Faculdade de Psicologia do Centro
Universitário CESMAC. Veja mais psicologia aqui, aqui e aqui. E mais Temas de Psicologia.
Veja mais sobre:
O teatro e a poesia de Bertolt Brecht aqui.
E mais:
Padre Bidião, o retiro & o séquito
das vestais aqui.
Quarta-feira do Trâmite da Solidão aqui.
Mais que nunca é preciso cantar aqui.
Bertolt Brecht, Boris Pasternak, Vanessa
da Mata, Bigas Luna, Francesco Hayez, Penélope Cruz & Abigail de Souza aqui.
Clarice Lispector, Luis Buñuel, Björk,
Yedda Gaspar Borges, Brunilda, Vicente do Rego Monteiro, Téa Leoni, Doro &
Absurdo aqui.
O amor é o reino da surpresa aqui.
O príncipe de Maquiavel aqui.
Personalidade, Psicopatologia &
Anexim do Umbigocentrismo, um ditado impopular aqui.
A entrega total do amor aqui.
Psicologia da Personalidade aqui.
Todo dia é dia da mulher aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA;
Leitora Tataritaritatá!!!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.