O DIA DE LUTO: QUEM MANDOU A CARTA-BOMBA... – à memória de Lyda Monteiro da Silva (1920-1980) – Nascida
em Niterói, aquela menina jamais poderia prever que a alegria de adolescente a
levaria a uma tragédia horrorosa. Com apenas 16 anos de idade, ingressou como
funcionária da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Seguindo carreira ocupou depois
o cargo de Diretora do Conselho. Era a mais antiga funcionária da OAB, chegando
a atuar como secretária do então presidente do Conselho Federal da instituição.
No início da tarde daquela quarta-feira fatídica de 27 de agosto, durante o
expediente abriu uma carta e lá estava ela vítima do atentado promovido pela
Operação Cristal, de extremistas do Centro de Informação do Exército no atentado
à OAB, no Rio de Janeiro, durante a ditadura militar brasileira. Os envolvidos
eram os mesmos do atentado do Riocentro, durante as comemorações do Dia do
Trabalho, no ano seguinte. Com o braço decepado e outras mutilações foi levada
às pressas ao hospital, não resistiu. Ações semelhantes ocorreram na Câmara
Municipal do Rio e na sede do jornal Tribuna da Luta Operária, do Partido
Comunista do Brasil. Uma outra carta-bomba foi desativada na Associação
Brasileira de Imprensa, pelo presidente da instituição, Barbosa Lima Sobrinho. Sabia-se:
o que se queria era interromper o processo de abertura no país rumo a
democracia. O atentado terrorista teve por consequência a determinação deste
dia como o Dia Nacional de Luto dos Advogados. Mais de 6 mil pessoas no sepultamento
do Cemitério de São João Batista, no Rio. O atentado continua encoberto pelo
manto da impunidade. E ela mais uma no rol das Filhas da Dor. Veja mais aqui e
aqui.
DITOS & DESDITOS - Esteja mais do que pronto. Esteja presente em sua
disciplina. Lembre-se do seu
presente. Seja grato pelo seu
presente e trate-o como um presente. Valorize-o, cuide-o e
transmita-o. Use seu tempo para se
banhar nesse presente. Mova sua mão pela tela. Vá a museus. Transforme isso em uma
obsessão... O que você é irá aparecer, no final das contas. Comece agora, todos os
dias, a tornar-se, em suas ações, suas ações regulares, o que você gostaria de
se tornar no esquema maior das coisas. Passamos
muito tempo brincando sobre as palavras, quando as verdadeiras conversas
abertas podem muito bem ser nossas ações. Eu me preocupo com nossa
retórica. Pensamento da dramaturga e atriz
estadunidense Anna Deavere Smith.
ALGUÉM FALOU: Ninguém está realmente
feliz com o que está em sua cabeça. Pessoas com cabelos
lisos querem cacheados, pessoas com cabelos cacheados querem lisos e pessoas
carecas querem que todos sejam cegos. Bem, a velha teoria
era “casar com um homem mais velho porque eles são mais maduros”. Mas a nova teoria é que
“os homens não amadurecem – casam com uma jovem”.
Pensamento da comediantescritora estadunidense Rita Rudner. Veja mais aqui.
HILDA – [...] Ela gostava de passar o tempo nos
limites das coisas - no limite da multidão, no limite da piscina, no limite do
bosque - onde todos devem passar, mas nenhum pertence. [...] Sempre saiba o que eles querem ouvir - não apenas o que
todos sabiam que queriam ouvir, mas o que eles nem ousavam nomear para si
mesmos. Mostre-lhes o padrão. Dê-lhes permissão para fazer o que
quiserem o tempo todo. [...] Você é como um pedaço afiado e brilhante de uma estrela. Muito nítido, muito brilhante, às
vezes, para o seu próprio bem [...] Ela os conhecia pelas capas grossas de tecido, pelos
cabelos e barbas caídos e pelas vozes anglicanas: palavras tamborilando como
maçãs derramadas sobre tábuas de madeira, redondas, ricas, vibrantes. Como as palavras de seu pai, de sua
mãe e de sua irmã. Totalmente diferente do britânico
rápido como uma lontra de Onnen ou do brilho líquido escuro do irlandês. Hild falou cada um com cada um. Maçãs com maçãs, lontra com lontra,
brilho após brilho, embora apenas quando a mãe não estivesse presente. [...]. Trechos extraídos da obra Hild (Picador, 2013), da escritora e professora inglesa Nicola
Griffith, autora da frase: Escrever um romance bonito e equilibrado, onde enredo,
personagem e cenário e ritmo e estrutura narrativa e imagens e, acima de tudo, a história funcionar em harmonia e proporção verdadeira é difícil.
A SENHORA MAL NEGA A LÂMPADA QUE
ILUMINA A NOITE - Crânios da NN \ pendurados no manto da senhora lilás \ sombras da guerra \ Sombras dos desaparecidos \ Ela não ouve os gritos das mães vira as costas para eles os mergulha no desespero \ -Na escuridão eterna - nega-los amanhã \ Eternas mães em caminhos sem luz a senhora malva \ nega-lhes a lanterna que ilumina a noite \ As bacias de seus olhos não choram mais eles deixaram suas órbitas no último crepúsculo \ que lhes mostrou os corpos desmembrados dos filhos perdidos \ da guerra desaparecido nas profundezas da história incalculável \ O furacão do esquecimento afogou as brasas da memória em cisternas de cianeto \ disfarçados como queimadores de incenso sacrossantos \ cheiro camuflado de amores-perfeitos e flores de parede \ O cheiro da morte invadiu a paisagem \ fraturou ele desintegrou-o em milhões de partículas \ deixou para trás o cheiro de cânfora madeira queimada \ Pira \ Fogo \ Chamas acariciam o céu.
Poema da escritora, drmaturga e critica literaária e de arte colombiana, Berta
Lucía Estrada.