A arte
do artista chileno Alejandro Arrepol.
CIRCO ITINERANTE – Dez anos se passaram da enchente devastadora,
toda população traumatizada com a tragédia. Seguiam sonâmbulos entre o que sobraram
das ruínas, escombros. Alimentavam-se do que aparecesse: areia, excrementos,
cascas, folhas, frutos e o que desse na fome por comestível. Vagavam por noites
e dias. De repente surgira a tropa do exército que desfilara garbosamente com
suas armas e pompas, repetindo o evento todos os dias por mais de vinte e um anos
de continências e disciplina. Acompanhavam o passeio das ruidosas botas com a
correria dos quepes e cavalarias, exibicionismos e ordens cumpridas cegamente. O
que faziam aqueles soldados e graduados de todas as patentes, não se sabia; não
perdiam tempo em saber, nem se davam conta do que poderia ser. Viam e viviam,
apenas, como podiam: plateia hipnotizada. Assim como chegara, a tropa
escafedera. E a população insone, catatônica, arrodeando os limites da
localidade. Deu-se com o passar do tempo a chegada de um circo um tanto
diferente, festeiro como se fosse um bloco carnavalesco. Na primeira ala um
bando de saltimbancos de todas as travessuras, a bulir com um e com outro
daquela comunidade alheia. Entre os truões uma esbelta acrobata que a cada
rodopio se transformava numa contorcionista que se esticava como se de
borracha, ou se comprimia reduzindo-se a minúsculas formas de bola chutada
pelos bufões, logo se tornando uma firme equilibrista em pé sobre os ombros dos
mambembes perfilados que findava numa corda esticada, faceira funâmbula com
malabarismos e já trapezista a dar salto solto para lá e para cá e aterrissar
fazendo escala para hipnose dos presentes. Uma leva de histriões fizeram-na
desaparecer para dar vez a um palhaço que largava piadas com adivinhas e todos
se encantavam com seus mirabolantes trava-línguas, paródias e jogos de
palavras, levados por outros burlescos personagens para o mágico, exímio
ilusionista que se passava por faquir, engolidor de fogo, e se envultava e
tornava a aparecer como o gênio da lâmpada de Aladim, ou cavaleiro da Távola
Redonda, ou sábio de Shangri-lá e todos caíam no frevo por arlequins e
colombinas, uma festa dionisíaca de plena liberdade que durou cerca de trinta
anos. Isso quando em pleno meio dia deu-se o retorno barulhento da tropa do
exército com seu desfile de armas e pompas, botas e continências, e todos
voltarem ao embotamento insone de nunca mais sorrir. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - O
verdadeiro órfão é aquele que não recebeu educação. Pensamento do filósofo
francês Étienne Bonnot, abade de
Condillac (1714-1780) o maior expoente de uma teoria radicalmente empirista
do funcionamento da mente a que se costuma referir desde então como sensualismo.
Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Muitas
vezes não temos tempo para dedicar aos amigos, mas para os inimigos temos todo
o tempo do mundo! Pensamento do escritor estadunidense Leon Uris (1924-2003).
ISTO É SANTO AMARO – [...] De
repente, a fatalidade transformou a alegria em dor, o entusiasmo em sofrimento,
o riso em pranto. Uma pavorosa explosão abalou a terra, de uma só vez detonaram
todos os fogos. Cruel fatalidade que envolveu no luto, na orfandade e na
miséria mais de uma centena de irmãos. [...]. Trecho extraído da obra Isto é Santo Amaro (Academia de Letras,
2005), da educadora, historiadora, folclorista e pintora Zilda Paim (1919-2013).
OS FILHOS DOS HOMENS – [...] A generosidade é uma
virtude para os indivíduos, não para os governos. Quando
os governos são generosos, é com o dinheiro de outras pessoas, a segurança de
outras pessoas, o futuro de outras pessoas. [...] Se, desde a infância, você trata as crianças
como deuses, na idade adulta, elas são passíveis de agir como demônios.
[...] Não sou tirana, mas não posso me dar
ao luxo de ser misericordiosa. O que for necessário, eu farei. [...] Eu sabia que o que eu sentia era inveja ou
arrependimento, não por algo perdido, mas por algo nunca alcançado. [...].
Trechos extraídos da obra The
Children of Men (Faber&Faberm 19922) um romance
distópico do escritora inglesa P. D.
James - Phyllis Dorothy James, Baronesa
James de Holland Park (1920-2014).
OS MORTOS – De
humanas alegrias e cuidados / foram tecidos estes corações. / Prontos para o
prazer, foram lavados / pela tristeza prodigiosamente. / O tempo deu-lhes
bondade. O poente / foi seu, e a aurora, e as cores que há na terra / Ouviram
música, e aventuras viram; / o sono conheceram, e a vigília; / amaram;
orgulhosos se partiram, / cercados de amizades, e sentiram / a repentina
comoção do espanto; / sentados, muita vez a sós ficaram; / tocaram flores,
faces e peliças, / e todas essas coisas se acabaram. / Águas há que se riem,
assopradas / pelos ventos mudáveis e que são / pelo céu vivo, ao dia,
iluminadas. / Depois, com um gesto, a geada faz parar / ondas que dançam e a
beleza a errar, / e deixa um resplendor alvo e contínuo, / um brilho recolhido,
uma amplidão, / uma paz luminosa sob a noite. Poema do poeta britânico Rupert Brooke (1887-1915).
A URBANIZAÇÃO E AS ENCHENTES - O processo de urbanização
brasileiro apresenta uma série de problemas detectados ao longo de seu
desenvolvimento nas últimas décadas. Tais problemas urbanos têm acarretado
outros tantos problemas que vão desde a ocupação desordenada da área urbana,
bem como levado a ocorrências de alagamentos e enchentes que causam danos a
população. È sob tal observância que o presente artigo aborda a questão da
urbanização e das enchentes, tratando acerca da visualização de como ocorreu a
urbanização no Brasil, no Nordeste e em Alagoas nas últimas décadas, para
identificar a relação entre o processo de urbanização e as enchentes ocorridas.
A urbanização, segundo Pedrosa (2010, p. 14) é “[...] caracterizada
pela alta densidade demográfica, é reconhecidamente um processo histórico
inevitável” e que pelas transformações ocorridas, tem apresentado inúmeros problemas
para a coletividade. Tal fato se prende à observação de Peplau (2005, p. 1), ao
assinalar que Com
a urbanização, intensificaram-se as transformações do uso e ocupação do solo,
causando efeitos diretos sobre os recursos hídricos no meio ambiente antrópico,
alterando o ciclo hidrológico. [...] O processo de ocupação urbana ainda
resulta em aumentos da demanda por água e da carga poluidora, alteração na
sedimentologia, rebaixamento de reservas subterrâneas e mudanças no micro-clima
local. Verifica-se,
portanto, que tais transformações ocorridas no processo de urbanização que
antes vista pela distinção entre a distribuição populacional urbana e rural,
passando à utilização da noção de população agrícola e urbana, constatando o
processo migratório de trabalho rural com fixação de residência nas cidades. Nesse
processo, a urbanização foi se formatando com o nascimento e crescimento das
cidades na diversa área territorial brasileira, tendo a instalação de
empreendimentos agroindustrial, como mola propulsora do desenvolvimento
econômica nos setores primário, secundário e terciário. Nesse sentido, observa
Brito et al (2010, p. 4) que: [...] as migrações internas fizeram um
dos elos mais importantes entre as profundas mudanças estruturais e a expansão
urbana [...] A análise da evolução da população urbana segundo os diferentes
tamanhos de cidades contribui, decisivamente, para a explicação do grande ciclo
da expansão urbana no Brasil, já que expressa não só o processo de crescimento
da população urbana, mas, também a sua redistribuição entre cidades de
diferentes tamanhos. Essa modernização rural flagrada nas mais diversas regiões
agrícolas do país, procedeu um processo excludente com alijamento e expulsão da
camada mais pobre da população, proporcionado a migração destes para as
periferias das cidades. Por conseqüência, em razão da baixa absorção do setor
industrial da mão-de-obra disponível por exigência de qualificação, o setor
terciário por não apresentar garantia de estabilidade e baixa remuneração, tem
contribuído com o inchamento das cidades que sofrem com a favelização,
refugiando os que são estornados das atividades agroindustriais. Saliente Brito
et al (2010, p. 4) que: O ciclo de expansão da urbanização pode
ser compreendido dentro do processo mais amplo de constituição das grandes
regiões metropolitanas [...] Essas regiões desde a sua criação, até os dias
atuais, sofreram inúmeras transformações com a incorporação de novos
municípios. Como esta decisão é da competência das Assembléias Legislativas, muitas
vezes, a delimitação de uma região metropolitana obedece muito mais a critérios
políticos. Esse
movimento migratório tem aumentado de volume nas últimas décadas, quando uma população
de excluídos passa a dar volume nas regiões periféricas do aglomerado urbano,
que não dispõe de infra-estrutura como saneamento básico, escolas, sistema de
transporte coletivo, serviços de saúde, energia, entre outros, provocando a
pobreza no espaço urbano pela ausência de oportunidades. Tal quadro desfigura a
cidade com moradias irregulares, muitas localizadas em terrenos íngremes ou às
margens de charcos e córregos, e que acomodam o contingente migratório sem
escolaridade nem qualificação profissional, que vivem de subempregos sazonais
ou da informalidade. Neste sentido, entende Valente (2010, p. 3) que: [...]
a urbanização desconectou o homem do seu ambiente natural e ele não sabe mais,
como os antigos sabiam, que um pequeno córrego vem "daquela
cabeceira", ou seja, os cursos d'água não têm origem em si mesmos e são
produtos de uma parte da superfície, chamada bacia hidrográfica. Cada um tem a
sua, pro menor que seja. Este contingente populacional se torna vulnerável às ocorrências
ambientais, enfrentando o risco de desmoronamento e enchentes nos períodos
chuvosos. Em conseqüência disso, Peplau (2005, p. 8) chama atenção para o fato
de que: Com a ocupação urbana, o sistema natural de
drenagem fluvial e pluvial da localidade é modificado, necessitando adequações.
Essas intervenções deveriam ser projetadas levando em consideração a integração
geral do sistema de infraestrutura urbano, a partir do mais elementar
compartimento, como o lote, por exemplo. De modo geral, a ocupação da maioria
das cidades, ocorreu sem um planejamento eficaz, que contemplasse
satisfatoriamente a questão da eficiência da drenagem das águas pluviais e
fluviais urbanas. Este
é um quadro resultante da rápida urbanização brasileira que tem por
conseqüência o aumento do tamanho dos subúrbios dentro do processo de
conurbação, formando um cenário excludente e carregado de problemas que
provocam a ineficiência do poder público na satisfação de atendimento dos
serviços públicos necessários para essa concentração populacional. Diferente
não é o quadro da realidade do Nordeste brasileiro, registrado por Manuel
Correia de Andrade (apud FERNANDO,
2010, p. 1) As cidades surgiram nas
encostas, pois se procuravam a proximidade com os rios, temiam a invasão das
águas durante as enchentes, enchentes sempre violentas pela rapidez com que se
apresentavam e pela excessiva oscilação do débito dos rios, de vez que estes,
tendo a maior extensão dos seus cursos nas áreas semi-áridas do Agreste e
Sertão, possuem a irregularidade típica dos rios de caatinga. Irregularidade
expressas pela ausência d’água no leito durante o estio e pelo transbordamento
para a várzea, alagando e encharcando os canaviais, na estação das chuvas.
A URBANIZAÇÃO NO NORDESTE - A região nordestina, a
exemplo de toda realidade territorial brasileira, não apresenta quadro
diferente, tendo como supremacia econômica a instalação de empreendimentos
destinados ao setor sucroalcooleiro e a agroindustrial. Nesta região, entende Para
Lubambo et al (2010, p. 1) que: [...] no Nordeste um processo de urbanização
de rapidez e intensidade significativas. No entanto, os processos de crescimento
econômico e de desenvolvimento social dessa mesma região têm sido profundamente
heterogêneos e descontínuos entre as áreas que atingem. [...] Por resultante,
caracteriza- se um novo espaço regional, onde se distinguem os eixos
diferenciados, marcados por aglomerações e centros com dimensões e perfis
urbanos os mais variados, além de novas tendências no desenho da rede de
cidades.
A URBANIZAÇÃO EM ALAGOAS - O Estado de Alagoas está
dentro desta realidade nordestina, configurando o seu quadro de urbanização,
identicamente problemático pelo quadro que se apura com a revisão da literatura
realizada. Os diversos municípios alagoanos apresentam problemas que são
detectados na grande rede municipal brasileira, sofrendo com as mudanças
ocorridas no processo de urbanização brasileiro, sintomaticamente vítimas das
ocorrências ambientais que provocam desmoronamentos e enchentes que levam a
tragédias noticiadas nos últimos anos pela imprensa nacional.
AS CONSEQUENCIAS DAS ENCHENTES – As consequências das enchentes mereceram
considerações de Peplau (2005, p. 17) que se expressou: As
inundações urbanas, cuja principal causa é a má gestão do espaço urbano, trazem
consigo uma série de problemas associados a diversos fatores influentes no
cotidiano da população. O ciclo dos prejuízos é grande e de difícil mensuração,
afetando grande número de pessoas, atividades produtivas, bens capitais e meio
ambiente. No entanto, sem parâmetros de mensuração ou escala de valor está a
vida de milhares de pessoas que faleceram e virão a sucumbir vítimas das
enchentes, este configurado como o quadro (figura 6) mais dramático e triste do
problema, pois a maioria dessas mortes poderiam de alguma forma ser evitadas. As ocorrências das enchentes
se dão, conforme o autor mencionado, acarretando a invasão do passeio
público, ruas, avenidas, casas, propriedades ou pelas as encostas desprovidas
de proteção; causando transtornos e prejuízos diversos, tanto pela força da
água pluvial e das chuvas, quanto pela sua contaminação. Essas enchentes,
conforme Pedrosa
(2010, p. 19), causam diversos problemas e prejuízos à população urbana: Os
prejuízos com as enchentes estão muito longe de ser a soma dos valores dos
objetos da população, atingidos pela inundação. Na literatura nacional há
registros de diversos casos de enchentes, com elevados prejuízos em vidas
humanas e econômicos. As enchentes das áreas ribeirinhas são ricamente
documentadas nos textos técnicos de hidrologia, constatando-se que a ocupação
do leito maior do rios,por vezes, torna-se bastante amarga para as populações
que ali residem. Registra, portanto, o autor, que as enchentes marcantes nos
processos hidrológicos urbanos se dão por causa do processo de urbanização,
dando-se por conta do aumento da quantidade de sedimentos e lixo, resultando no
assoreamento dos canais, galerias e sarjetas, alteração da qualidade das águas
pluviais e dos corpos receptores do sistema de drenagem, problemas com água
potável e alteração dos parâmetros climáticos. Considera mais Pedrosa (2010)
que as enchentes ocorrem por um processo natural, mas que por ocupação da
várzea traz grandes prejuízos aos moradores locais, além de elevar os níveis
das enchentes a jusante, decorrentes da obstrução do escoamento natural. As razões dessas ocorrências,
segundo Peplau (2005, p. 1), porque: As enchentes acontecem naturalmente de
modo periódico, devido a chuvas intensas aliadas a condições favoráveis de solo
e conformação morfológica, levando os rios e canais preferenciais de escoamento
a extravasarem o seu leito menor inundando as várzeas e depressões. [...] Devido
à impermeabilização dos solos, as respostas hidrológicas nas áreas urbanas são
sensivelmente modificadas, sendo os principais efeitos o aumento do escoamento
superficial (vazão máxima e volume), a antecipação dos picos de vazão e a
diminuição da infiltração, acarretando inundações e alagamentos. Consequência disso, foi o
desastre trágico ocorrido ultimamente na Zona da Mata de Alagoas e Pernambuco,
que, segundo Fernando (2010), ocorreu por razões que envolvem questões
ambientais degradadas pelos fatores socioeconômicos que se encontram no
latifúndio canavieiro e no empobrecimento da população causada pela
concentração de terras e rendas. Em nota assinada pela Associação dos Geógrafos
Brasileiros (FERNANDO, 2010), as enchentes ocorridas atingiram municípios
pernambucanos e alagoanos, alguns deles ainda hoje em estado de emergência e
outros em calamidade pública. A catástrofe provocou transbordamento de rios,
sangramento de barragens, destruição de cidades e plantações, interrupção do
fornecimento de energia elétrica, serviços hospitalares, telefone, segurança e
abastecimento de água, entre outros serviços essenciais. Marques (2010)
registrou o posicionamento do chefe do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas
(Ufal), o professor Ricardo Sarmento Tenório, ao afirmar que a chuva não teria
força para causar a destruição vista nas cidades alagoanas. Registra mais que
na visão
do pesquisador, a tragédia alagoana poderia ser evitada se não houvessem construído
as cidades e efetuada a sua urbanização no leito de rios que possuem hoje
bacias totalmente degradadas. No entanto, a respeito Dias et al (2002, p. 23) se expressa: Os
impactos ambientais negativos da ocupação humana sobre áreas problemáticas
representada por áreas de riscos ambientais sobre potenciais para expansão
urbana refletem na qualidade do ambiente que o homem habita e dele depende,
resultando num problema de ecologia urbana com impactos socioeconômicos graves.
Estes impactos afetam os parâmetros básicos (solos, geomorfologia, geologia,
declividade, etc.), bióticos (vegetação e fauna) e antrópicos (infraestrutura
urbana). As atividades humanas, transformando o ambiente natural em ambiente
construído, têm resultado em desequilíbrios ambientais, acarretando impactos
ambientais nos ecossistemas. Mediante todo exposto, atribuem os engenheiros anteriormente
mencionados, conforme Fernando (2010, p. 1), que esta tragédia tem por causa: [...]
o resultado de uma desigual ocupação do espaço, aliado aos fatores sociais, a
falta de investimentos nas cidades da zona da mata, bem como a não existência
de uma articulada rede de prevenção de catástrofes naturais no território
nacional, capaz de prevenir fenômenos meteorológicos com mais precisão e
eficiência, dando tempo à defesa civil alertar e divulgar medidas cautelares
aos moradores das cidades ribeirinhas vem prejudicar mais gravemente os
trabalhadores e os mais pobres que vivem na região. É com este pensamento e
avaliação que nós, da Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Recife, nos
solidarizamos ao povo Pernambucano e Alagoano apontando o real culpado pelo os
estragos, o latifúndio da cana de açúcar e não apenas a grande quantidade de
chuvas. Entre as causas podem ser assinaladas também a ausência de gestão e
planejamento urbano, ausência do serviço de defesa civil nos municípios,
gerenciamento das bacias hidrográficas, entre outras. Na busca por soluções,
Valente (2010, p. 5) aponta: Nas áreas urbanas, a parte da chuva que
inevitavelmente se transforma em enxurrada, pode ser retida por meio de caixas
de coleta em casas, prédios, galpões industriais, para uso posterior em
limpeza, irrigação de jardins etc,; coleta de enxurradas ao longo de estradas;
piscinões. Se tais soluções são meras utopias, tudo bem, restando-nos aceitar,
com resignação, as repetidas notícias anuais sobre danos à vida e ao
patrimônio, como se tudo fosse mera fatalidade! Por esta razão, assinala Peplau (2005, p. 1)
que: O desafio ante as
enchentes provocadas pela urbanização requer do poder público ações planejadas
e integradas com o aparelhamento urbano, com intervenções estruturais (obras de
melhoramento em geral) e não-estruturais (práticas de gerenciamento com
políticas e ações para uma melhor convivência com as enchentes) de modo a
prevenir, disciplinar e mitigar inadequações de uso e ocupação do solo urbano. Como medidas preventivas,
Brasil (2010) tem procurado informar a população dos vários tipos de
inundações, suas causas e conseqüências danosas, atribuindo, pontualmente, a
questão urbana como uma das causadoras das enchentes, carecendo de educação
popular e mudança na cultura da gestão urbana, com a elaboração de Plano
Direito de Desenvolvimento Municipal, fiscalização das áreas inundáveis e de
risco, elaboração de plano de evacuação com sistema de alarme, implantação de
esgotamento de águas servidas e coleta de lixo domiciliar, indicação de áreas
seguras para construção com base no zoneamento, bem como planejamento,
fiscalização eficiente e eficaz com base na criação de um corpo legal que
contemple tais incidências. Observa-se pelo estudo realizado, que a população urbana alagoana vem
sendo de forma intermitente vítima das enchentes, a exemplo do que ocorreu em
São José da Lage, em 1969, e que vem se repetindo ano após ano vitimando o
espaço urbano, especialmente as populações ribeirinhas. Tais acontecimentos
exigem a instalação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais
especialistas das áreas de urbanização, meteorologia e hidrografia, visando
apresente um diagnóstico capaz de possibilitar uma leitura geral do problema e
apresente o seu respectivo prognóstico.
CONCLUSÃO - Observou-se com o estudo realizado que a causa das enchentes que
ocorreram em Alagoas e Pernambuco são causadas, entre outros fatores, pelo
processo desordenado de urbanização que ocorreu nas últimas décadas em todo
país. Neste sentido, se faz necessário que se envidem esforços na gestão urbana
dos municípios, baseada em ações de planejamento que possibilitem coibir ou
erradicar o problema em Alagoas.
REFERENCIAS
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Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil, 2010.
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Miguel; GOES, Maria Hilde. Impacto ambiental de enchentes sobre áreas de
expansão urbana no município de Volta Redonda/Rio de Janeiro. Revista
Biociências,Taubaté, v.8, n.2, p.19-26, jul.-dez.2002.
FERNANDO, Robson. As causas reais das enchentes da zona da mata
nordestina. Arauto da Consciência, 2010.
LUBAMBO, Cátia; CAMPELLO, Ana Flávia; ARAÚJO, Maria do Socorro;
ARAÚJO, Maria Lia. Urbanização recente na região Nordeste: dinâmica e perfil da
rede urbana, 2010.
PEDROSA, Valmir. O controle da urbanização na macrodrenagem de Maceió:
Tabuleiro dos Martins, 2010.
PEPLAU, Guilherme. Influência da variação da urbanização nas
vazões de drenagem na bacia do rio Jacarecica em Maceió – AL. Recife: UFPE,
2005.
BRITO, Fausto; HORTA, Claudia; AMARAL, Ernesto. A urbanização
recente no Brasil e as aglomerações metropolitanas. NRE/SEED/PR, 2010.
MARQUES, Maikel. Origem da destruição. Gazeta de Alagoas, 2010
VALENTE, Osvaldo. Enchentes e urbanização. IETEC, 2010; Veja mais aqui.
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