segunda-feira, abril 20, 2009

AGLAJA VETERANYI, EDWARD BUNKER, LUKÁCS, TODOROV, JUDITH LEYSTER, VEIAS DO PEITO & CORDEL DO MEIO AMBIENTE

 
A arte da pintora neerlandesa Judith Leyster (1609-1660)

VEIAS DO PEITO – Coração rasgado, sangrava a manhã chuvosa. Sair seria um desperdício, nem valeria a pena. Tinha de ir, sem saber sequer para onde. Uma tentativa, tudo desabou: reuniu as migalhas do seu fracasso. Tivesse uma chance nem saberia o que fazer dela. Oportunidades perdidas na poeira dos dedos. Duas, o mundo não leva ninguém a sério. Sorrisse, não seria mais que desilusão. Dizia de si, pouco importava. Dissesse, de nada adiantava, cada qual seu rumo umbigo afora. Quanta ausência e nenhuma forma de fazer dos braços alguma coisa. Três, a queda inevitável, como sempre. Recolhia do chão o que sobrou de si, asas dos pés que nunca puderam voar. Nem adiantava chorar: nada mais valia, olhos de violão dedilhando canção pungente. Mais tivesse, menos podia. Buscava uma esperança nem que fosse pretérita, tudo por água abaixo. Serviu-se do meio fio pela imaginação, nada mais restava do que pudesse segurar. Soltaram-se as línguas e não foi fácil nenhuma manhã. Se seguisse adiante, não escaparia de alaridos e dissimulações. Tudo tolhia o ânimo, a euforia na esquina acenava, adeus de toda hora. Ainda ontem queria ser melhor, muito mais e nem era. Hoje só restava contar nas veias as dores do peito. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOSA contemplação diária do abismo entre excelentes refeições ou entretenimentos artísticos, só pode aumentar a fruição dos sutis confortos oferecidos. Pensamento do filósofo, crítico literário e teórico marxista húngaro Georg Lukács (1885-1971). Veja mais aqui.

LITERATURA – [...] Somos todos feitos do que os outros seres humanos e a sociedade nos dão: primeiro nossos pais, depois aqueles que nos cercam; a literatura abre ao infinito essa possibilidade de interação com os outros e, por isso, nos enriquece infinitamente [...]. Trecho extraído da obra A literatura em perigo (Difel, 2009), do filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov (1939-2017). Veja mais aqui.

NEM OS MAIS FEROZES - [...] Eu estava indo à guerra contra à sociedade, ou quem sabe apenas renovando a guerra. Não havia mais receio. Me declarei livre de todas as regras, exceto as que aceitava por opção e estas eu mudaria a meu bel-prazer. tomaria para mim o que quisesse. Seria plenamente o que sou: um criminoso. Minha escolha pelo crime. [...] era também a minha verdade. [...]. Trechos extraídos da obra Nem os mais feroses (Barracuda, 2004), do escritor, roteirista e ator estadunidense Edward Bunker (1933-2005).

STURSA BULANDRA - Na verdade, ela ainda vive e sofre de obsessão. Dia desses, mandou trancafiar seus admiradores num armário e afogá-los no poço. / A atriz Stursa Bulandra tinha tão pouco talento, que, durante as suas cenas, até as cadeiras do teatro adormeciam. Suas pernas criaram varizes, e aí ela se matou. / Na verdade, ela se casou, teve filhos, ficou roliça e satisfeita e cheirava sempre à torta de maçã. Um dia ela perdeu a memória e esqueceu-se de acordar. / Verdade verdadeira é só que ela se chamava Stursa Bulandra e que não tinha nenhum talento e que preferia papéis trágicos, de saias longas, por causa das varizes. / E quando ficou velha, bem velha, fingia-se de jovem e parecia uma menina. / No asilo, ficava sentada o dia inteiro em frente a um pequeno espelho, penteando-se. Duas vezes ao dia, davam-lhe um comprimido. E, certo dia, ela simplesmente parou de se pentear. / E ainda viveu por muito tempo. Poema da poeta romena Aglaja Veteranyi (1962-2002).


Meio Ambiente

Marcos Maciel - Janduís - RN

O ceatica traz um tema
Sobre o meio ambiente
O aquecimento global
E de que é conseqüente
Como o campo contribui
Soltando seus poluentes.

Todos estamos passando
Por momentos complicados
Por onde se anda vê
Sujeira pra todo lado
Ninguém tá se preocupando
Mas o mau se espalhando
Do litoral ao serrado.

Este grande aquecimento
É a prova cabível
Que a ação do homem é
Uma força destrutível
Onde ele põe a mão
Destrói a vegetação
A água e o combustível.

Onde tinha muita planta
Agora se vê deserto
Então nós nos perguntamos
Será que tudo isto é certo?
Cadê nossos animais
Pebas, tatus e preás?
Ninguém não vê mais por perto.

Não os vê mais simplesmente
Por causa da extinção
Aonde tinha fartura
Alimento de montão
Hoje tudo é decadente
Da carne ao seu nutriente
Dos animais do sertão.

As cidades poluem muito
Mas o campo, nessa briga
Pois estamos destruindo
Da melancia à urtiga
É através dessas coisas
Que muitas plantas do mato
Não dá pra nossa barriga.

O combustível do mundo
Aos poucos vão se acabando
Com esse aquecimento
A terra vai se rachando
Se não aramos agora
Nossa água vai embora
Pois está se evaporando.

Os raios batem na terra
E não conseguem voltar
Todos vão se acumulando
Fazendo pressão no ar
É esse aquecimento
Que no decorrer do tempo
Não iremos controlar.

O campo é uma vítima
Do aquecimento voraz
Os nutrientes da terra
Já não dão bons vegetais
Um solo que foi potente
Hoje rejeita a semente
Já não quer produzir mais.

As queimadas se alastrando
Devoram tudo que resta
A derrubada das árvores
Mutila nossa floresta
Com o solo maltratado
Msmos endo ele aguado
Nada que nasce ali presta.

O campo também polui
E ninguém mostra receita
Que possa curar de vez
As dores deste planeta
Mas uma é bem certa
Se a terra ficar deserta
A coisa fica mais preta.

Um ar puro é necessário
Pra limpar nosso pulmão
Mas uma coisa é bem certa
Quero que preste atenção
Se a cidade não mudar
E o campo não ajudar
Nada tem mais salvação.

Esta é a minha mensagem
Que vem do meu coração
O meu nome é Maciel
Sou do sítio permissão
Que pertence a Janduís
D’um povo bom e feliz
Longe da poluição.





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