A arte da pintora
neerlandesa Judith Leyster
(1609-1660)
VEIAS
DO PEITO – Coração rasgado,
sangrava a manhã chuvosa. Sair seria um desperdício, nem valeria a pena. Tinha de
ir, sem saber sequer para onde. Uma tentativa, tudo desabou: reuniu as migalhas
do seu fracasso. Tivesse uma chance nem saberia o que fazer dela. Oportunidades
perdidas na poeira dos dedos. Duas, o mundo não leva ninguém a sério. Sorrisse,
não seria mais que desilusão. Dizia de si, pouco importava. Dissesse, de nada
adiantava, cada qual seu rumo umbigo afora. Quanta ausência e nenhuma forma de
fazer dos braços alguma coisa. Três, a queda inevitável, como sempre. Recolhia do
chão o que sobrou de si, asas dos pés que nunca puderam voar. Nem adiantava
chorar: nada mais valia, olhos de violão dedilhando canção pungente. Mais tivesse,
menos podia. Buscava uma esperança nem que fosse pretérita, tudo por água
abaixo. Serviu-se do meio fio pela imaginação, nada mais restava do que pudesse
segurar. Soltaram-se as línguas e não foi fácil nenhuma manhã. Se seguisse
adiante, não escaparia de alaridos e dissimulações. Tudo tolhia o ânimo, a
euforia na esquina acenava, adeus de toda hora. Ainda ontem queria ser melhor,
muito mais e nem era. Hoje só restava contar nas veias as dores do peito. © Luiz Alberto Machado.
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DITOS
& DESDITOS – A contemplação diária do abismo entre excelentes
refeições ou entretenimentos artísticos, só pode aumentar a fruição dos sutis
confortos oferecidos. Pensamento do filósofo, crítico literário e teórico
marxista húngaro Georg Lukács (1885-1971). Veja mais aqui.
LITERATURA – [...] Somos todos feitos do que
os outros seres humanos e a sociedade nos dão: primeiro nossos pais, depois
aqueles que nos cercam; a literatura abre ao infinito essa possibilidade de
interação com os outros e, por isso, nos enriquece infinitamente [...]. Trecho extraído da obra A
literatura em perigo (Difel, 2009), do filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov (1939-2017). Veja
mais aqui.
NEM
OS MAIS FEROZES - [...] Eu estava indo à guerra contra à sociedade,
ou quem sabe apenas renovando a guerra. Não havia mais receio. Me declarei
livre de todas as regras, exceto as que aceitava por opção e estas eu mudaria a
meu bel-prazer. tomaria para mim o que quisesse. Seria plenamente o que sou: um
criminoso. Minha escolha pelo crime. [...] era também a minha verdade. [...]. Trechos extraídos da obra Nem os mais feroses (Barracuda, 2004),
do escritor, roteirista e ator estadunidense Edward Bunker (1933-2005).
STURSA BULANDRA - Na verdade, ela ainda vive
e sofre de obsessão. Dia desses, mandou trancafiar seus admiradores num armário
e afogá-los no poço. / A atriz Stursa Bulandra tinha tão pouco talento, que, durante
as suas cenas, até as cadeiras do teatro adormeciam. Suas pernas criaram
varizes, e aí ela se matou. / Na verdade, ela se casou, teve filhos, ficou
roliça e satisfeita e cheirava sempre à torta de maçã. Um dia ela perdeu a memória
e esqueceu-se de acordar. / Verdade verdadeira é só que ela se chamava Stursa
Bulandra e que não tinha nenhum talento e que preferia papéis trágicos, de
saias longas, por causa das varizes. / E quando ficou velha, bem velha,
fingia-se de jovem e parecia uma menina. / No asilo, ficava sentada o dia
inteiro em frente a um pequeno espelho, penteando-se. Duas vezes ao dia,
davam-lhe um comprimido. E, certo dia, ela simplesmente parou de se pentear. / E
ainda viveu por muito tempo.
Poema da poeta romena Aglaja
Veteranyi (1962-2002).
Marcos Maciel - Janduís - RN
O ceatica traz um tema
Sobre o meio ambiente
O aquecimento global
E de que é conseqüente
Como o campo contribui
Soltando seus poluentes.
Todos estamos passando
Por momentos complicados
Por onde se anda vê
Sujeira pra todo lado
Ninguém tá se preocupando
Mas o mau se espalhando
Do litoral ao serrado.
Este grande aquecimento
É a prova cabível
Que a ação do homem é
Uma força destrutível
Onde ele põe a mão
Destrói a vegetação
A água e o combustível.
Onde tinha muita planta
Agora se vê deserto
Então nós nos perguntamos
Será que tudo isto é certo?
Cadê nossos animais
Pebas, tatus e preás?
Ninguém não vê mais por perto.
Não os vê mais simplesmente
Por causa da extinção
Aonde tinha fartura
Alimento de montão
Hoje tudo é decadente
Da carne ao seu nutriente
Dos animais do sertão.
As cidades poluem muito
Mas o campo, nessa briga
Pois estamos destruindo
Da melancia à urtiga
É através dessas coisas
Que muitas plantas do mato
Não dá pra nossa barriga.
O combustível do mundo
Aos poucos vão se acabando
Com esse aquecimento
A terra vai se rachando
Se não aramos agora
Nossa água vai embora
Pois está se evaporando.
Os raios batem na terra
E não conseguem voltar
Todos vão se acumulando
Fazendo pressão no ar
É esse aquecimento
Que no decorrer do tempo
Não iremos controlar.
O campo é uma vítima
Do aquecimento voraz
Os nutrientes da terra
Já não dão bons vegetais
Um solo que foi potente
Hoje rejeita a semente
Já não quer produzir mais.
As queimadas se alastrando
Devoram tudo que resta
A derrubada das árvores
Mutila nossa floresta
Com o solo maltratado
Msmos endo ele aguado
Nada que nasce ali presta.
O campo também polui
E ninguém mostra receita
Que possa curar de vez
As dores deste planeta
Mas uma é bem certa
Se a terra ficar deserta
A coisa fica mais preta.
Um ar puro é necessário
Pra limpar nosso pulmão
Mas uma coisa é bem certa
Quero que preste atenção
Se a cidade não mudar
E o campo não ajudar
Nada tem mais salvação.
Esta é a minha mensagem
Que vem do meu coração
O meu nome é Maciel
Sou do sítio permissão
Que pertence a Janduís
D’um povo bom e feliz
Longe da poluição.
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mundo deu o créu, sorria!, Maria Clara Machado, Fridrich
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