domingo, novembro 26, 2017

AGRIPPINO DE PAULA, PAUL AUSTER, ROBERT KURZ, SIDNEY WANDERLEY, LISA YUSKAVAGE, GEORGE BURNS, DRAGICA MICKI FORTUNA, LITERÓTICA, CANTARAU & CRÔNICA DE AMOR POR ELA

A arte da artista estadunidense Lisa Yuskavage. Veja mais aqui.

LITERÓTICA - ESSA MENINA – Essa menina é feita de lua. Ela voa na rua prontinha querubin. E me apronta tlin tlin no alto da campina onde tudo é cantina feita só de si. Ah, essa menina que dança com jeito, somente a gingar. Qual estrela lá mansa na unha matutina, desde sonsa ilumina onde antes supunha nunca existir. Ela está sempre aqui como chama na retina, como a grama que mina todo o quintal. E se faz de vestal de todos os presságios. Ela alucina ao contágio. E ela só vale ágio na sina do apelo a brilhar nos cabelos toda magia. O que eu mais queria: roubar o seu cheiro, seu secreto terreiro de tangerina. Ah, fulmina iminente – ela não é gente – é deusa a mendigar. Essa menina é feita de mar, intensa, quiçá, real mais divina. Quando vem cabotina só me desmantela. Ela vira a janela pronta pr´eu abrir. Essa menina chega com o olhar ardendo de vida. Quase desvalida com a boca nas asas que vaza e é guia perdidas esquinas, toda emoção repentina com o sopro de aguerrida na pele. O paladar que repele na maior febre, que tudo se quebre ao sol posto - a saliva com gosto de boa cajuína. Ela é tão traquina: o seio da boca sedenta. E venta maior ventania. E, todavia, se põe a chover: o corpo queimando o prazer. Essa menina é feita do rio que escorre ao quadril pra me afogar. Patati, patatá, é ela que me abriga como se eu fosse a viga que ela quer sustentar. Essa menina, bailarina da noite, em carne viva, vitalina, essa flor menina a me servir sucessivas entregas, peças que prega nos meus cinco sentidos. Essa menina é feita de peso: a coxa tatua o desejo que as pernas eqüinas rolam sobejo do sexo azul. Eu todo taful com seus pés nos meus braços que o abraço fulmina e lateja, água que poreja tão pequenina e vira ribeirão na luz feminina. Vingo-lhe a nuca que me ilumina e ela me sorri encantada, franzina com a gula que vai da glória à ruína. Essa menina e a mão culpada de amor. Ela brota, ereta, me socorre, me empesta. Salta da grota, na greta, virada na breca, capeta, na alvura exalta, cristalina. E tudo se arrasta, arrebata, contamina. E me larga no sopro. Meu corpo oficina. Maior serpentina de carnaval. E me faz imortal. Vem e ilumina a vida toda esquecida no meio da paixão. É quando, então, ela cisma do mundo e reduz quase tudo na palma da mão onde ela mais que altaneira me deita na esteira e me nina um milênio de paixão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOS Os livros nunca vão morrer. É impossível. É a única hora em que de fato entramos na mente de um estranho e descobrimos nossa humanidade em comum. Assim sendo, o livro não pertence apenas ao escritor, mas também ao leitor, e juntosd vocês fazem do livro o que ele é. Pensamento do escritor estadunidense Paul Auster. Veja mais aqui e aqui.

ALGUÉM FALOU: Na realidade, basta um drinque para me deixar mal. Mas nunca sei se o 13º ouo 14º. Frase do comediante e escritor estadunidense George Burns (1896-1996).

COLAPSO DA MODERNIZAÇÃO - [...] Os recursos humanos e materiais (força de trabalho, instrumentos, máquinas, matérias-primas e materiais) deixam de ser simples componentes do "metabolismo entre os homens e a natureza ", que serve para a satisfação das necessidades. Passaram a servir apenas para a auto-reflexão tautológica do dinheiro como "mais dinheiro". Necessidades sensíveis somente podem ser satisfeitas, portanto, pela produção não sensível de mais-valia, que se impõe cegamente como produção abstracta, em empreendimentos industriais, de lucro. A troca no mercado deixa de servir para a mediação social de bens de uso, servindo, ao contrário, para a realização de lucro, isto é, para a transformação de trabalho morto em dinheiro, e a mediação dos bens de uso passou a constituir somente um fenómeno secundário desse processo essencial que se realiza na esfera monetária. Todo o processo vital social e individual é assim submetido à banalidade terrível do dinheiro e de seu automovimento tautológico, cuja superfície apresenta-se, em diversas variações históricas, como a famosa economia de mercado moderna. Atrás da ligeira subjectividade da troca no mercado esconde-se o pesado homem trabalhador, que apenas em sua forma mais grosseira aparece como um Stachanov; mesmo atrás da fachada mais brilhante da embalagem colorida dos valores de uso oculta-se a qualidade de capital fetichista dos produtos que faz deles "coágulos de trabalho" fantasmagóricos (Marx). Sua forma de existência sensível torna-se algo secundário, e um mal necessário para o processo do trabalho abstracto e do dinheiro. A submissão do conteúdo sensível do trabalho e das necessidades à auto-reflexão cega do dinheiro é de carácter monstruoso. Essa monstruosidade manifesta-se, durante a evolução da modernidade, em escala historicamente crescente, nas crises em que enormes quantidades de recursos humanos e materiais ficaram paralisadas por não poderem mais cumprir, por motivos incompreensíveis, aquela finalidade absoluta de transformar trabalho vivo em dinheiro. Por outro lado, foi precisamente esse desenvolvimento que, num processo contraditório em si mesmo, fez nascer as forças produtivas modernas e criou uma ampliação enorme das necessidades e possibilidades dos indivíduos. Os efeitos colaterais não intencionais do moderno sistema produtor de mercadorias ocultaram, durante muito tempo, em sua fase de ascensão histórica, o conteúdo negativo com elementos positivos. Enquanto cumpria essa "missão civilizatória" (Marx), esse sistema funcionava perfeitamente, vencendo todas as relações de reprodução estamentais, estáticas, pré-modernas. As crises eram apenas interrupções em seu processo de ascensão e pareciam, a princípio, superáveis. [...]. Trecho extraído de Lógica e ethos da sociedade de trabalho, extraído da obra O Colapso da modernização - da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial (Paz e Terra, Brasil, 1993), do filósofo alemão Robert Kurz (1943-2012), propondo uma leitura inesperada dos fatos que levaram à derrocada dos países socialistas, fornecendo um novo arsenal de idéias para a compreensão de tão importante fenômeno. Segundo o autor, esse movimento representaria o início da crise do próprio sistema capitalista e não a decadência do socialismo. É o impasse em que o sistema capitalista encontra-se que o autor  de forma arguta analisa.

PANAMÉRICA – [...] Os atores entraram no cenário e começaram a representar uma família americana classe-média. Eu sorria com a cena que transcorria no palco e me sentia feliz. Os atores representavam uma família feliz, e eu via na porta da casa um vaso de flores, e eu me sentia feliz de ver aquela família classe-média americana, o pai conversando com a filha, o filho conversando com a mãe e os irmãos. A harmonia e felicidade da cena se transmitiam para mim, e eu sorria imaginando que eu futuramente poderia formar uma família exatamente igual àquela. [...] Eu e ela estávamos ali encostados na parede. Ela estava em silêncio e eu estava em silêncio. Eu sentia o corpo dela junto ao meu, os dois seios, o ventre, as pernas, e os seus braços em envolviam. Eu pensei que ela deveria sentir o calor que eu estava sentindo. Nós dois estávamos imóveis encostados à parede, eu não me recordo quanto tempo, mas nós estávamos abraçados e encostados ali há muito tempo. Eu não me recordava se eram horas, dias, meses. [...].Eu tocava o corpo dela de leve com meu corpo e ela tocava de leve o meu corpo com o corpo dela. Nós permanecemos nessa oscilação e toques leves durante longo tempo. Marilyn Monroe tocava as pontas dos seios no meu peito e eu segurava de leve a sua barriga e acariciava os pelos dela com os dedos. [...] Nós permanecemos nesse toque mútuo longo tempo enquanto eu ouvia a sua respiração leve e ritmada. [...] Eu e ela deitamos no chão vestidos e nos agarramos um ao outro excitados. Eu via o rosto dela avermelhado nas faces, e na fronte pequenas gotículas de suor. De instante a instante eu ela fechávamos os olhos e nos beijávamos. [...] Eu subi sobre o corpo dela e eu ela estávamos vestidos. Eu introduzi as mãos sob o vestido e retirei a calcinha [...]. Eu voltei a subir sobre o corpo dela e nós nos mantivemos esfregando um corpo ao outro. [...] Eu via o sexo dela úmido e semi-aberto para mim. Eu aproximei a boca do pequeno lábio vermelho e úmido e beijei introduzindo a língua. Marilyn tremeu, soltou um gemido e girou o corpo bruscamente. [...]. Trechos extraídos da obra PanAmérica (Papagaio, 2001), do escritor, dramaturgo e cineasta José Agrippino de Paula (1937-2007).

CIDADECidade, / cada um inventa a sua. / Há quem a descreva rubra, / negra, lilás, gris, solar, / repleta ou despovoada, / punhal ou regaço / - quase sempre encoberta / pela densa pátina que enevoa a memória / ou pelas cores febris da fantasia. / Cidade é tão só um jeito / de se ber e de ber-se / um jeito de esquecer / e de lembrar. Poema extraído da obra Em dias de sim (Imprensa Oficial, 2012), do professor e poeta Sidney Wanderley. Veja mais aqui e aqui.

A arte da artista estadunidense Lisa Yuskavage. Veja mais aqui.

TODO DIA É DIA DA MULHER
Leitora Tataritaritatá

 
Veja mais dos clipes/vídeos aqui.
Art by Dragica Micki Fortuna


sábado, novembro 25, 2017

ASCENSO, JOSÉ PAULO PAES, IGNACY SACHS, NORMAN LINDSAY, SEMA LAO, MULHER, SUSTENTABILIDADE & JUREMA

FAZER E BEM FEITO – Imagem da artista francesa Sema Lao - Tudo que tinha a ser feito ou por fazer, eu já fiz!  E fiz além da conta, e bem feito, acho. Cada qual seu merecimento, pago os meus, sirvo ao karma, ônus e bônus. Por certo, cada qual seus louvores e penhores. Ainda ontem eu andava sorrindo à-toa, quando menos se espera, das lágrimas ao riso e vice-versa, a vida é um palco pra muitas cenas, risíveis ou dramáticas, afoita ou contida, pro paradoxal, uma hora chupando umidade no inverno como quem escorrega do outono embutido nas circunstâncias adversas, amargando espremido; outra hora, entalado no verão como quem encabulado na primavera não tinha o que fazer, riso no quarador pra logo amarelar, topa pra frente, aos empurrões, enquanto outros tinham tudo de graça e aos montes, sem fazer nada, sem saber de nada, Ph.D. de Porra Nenhuma, especialista de ganhador aberto e de cu pra lua, só com a manha de cavalo velho, eu que sofra que só sovaco de aleijado, desentalar é que são elas. Uns na frente, ultrapassam pela direita, comem contramão, tapiam todos e pra tudo que é lado, burlam a lei, enganam meio mundo, passam ileso, dá tudo certo, e eu lá, no mata-burro das ocasiões com um recado na lata: não se endireita sombra de coisa torta ou troncha! Isso é comigo? Os outros aprontam e eu pago o pato, ficando na beira esperando um melhor momento, pior não podia ficar, ferrolho travado, todo embatucado, e de quebra, pronde virasse só o inflexível! E olhe que nesse instante passou um direto, porta aberta pra quem chegasse, nem cheguei e já fechou, entupiu, lascou. Ora, ora, não me fazia nem nunca me fiz de rogado, se bem que sambava no vexame, decepção nas passadas, destá, tudo tem o tempo de encubação, é só beber água na cuia das mãos, maturando, o vento sopra, a aranha tece e fia como pode ou der. Aragem da boa, ora, lá ia eu peito empinado, todo esticado nos trinques, a toda e virado na peste, bufando de entrar pela porta da frente e sair pela porta de trás, como manda o figurino: sem fazer feio, nem deixando rastro de coisa mal feita. Tudo nos conformes, mais de cem, se fosse noventa e nove não prestava, onde já se viu coisa mais sem jeito. Fui sempre pro cento e um ou mais, credor com folga, isso porque sempre soube que haveria um povo mais que beligerante, tipo de anjos da pá virada para botar gosto ruim em tudo, melecar nosso angu que ia bem feito e entornou no ajeitado. Isto sempre soube, até do que nem era de fato nem de direito, deduzia de véspera aquele medo danado que sempre bate nas gentes medrosas ou covardes, sempre um tal de virar casaca, cagar fora do penico, ou até de desistir de última hora, coisas previsíveis de se ter sempre um pé atrás, nunca no limite da confiança, graduando na oscilação. Como disse antes, o que tinha a fazer ou por ser feito, eu já fiz e farei o que vier no tempo certo, e se agora sucumbo, esse o meu merecimento, resiliência em dia pra aprender a lição, levantar e sacudir a poeira dando a volta por cima, assim é a vida e eu já vou. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com:
Egberto Gismonti, Flora Purim, Yes & Rick Wakeman;
Toquinho, Rosa Passos, Paula Morelenbaum & João Bosco;
&
Keith Jarret, Sueli Costa, Eumir Deodato & Rita Lee.
Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] A agenda da grande transição que ora se inicia deve buscar novos paradigmas de desenvolvimento socialmente includentes e ambientalmente sustentáveis [...]. Pensamento extraído da obra Caminhos para o desenvolvimento sustentável (Garamond, 2008), do economista polonês e professor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, Ignacy Sachs.

A POPULAÇÃO & SUSTENTABILIDADE - [...] As populações humanas continuam crescendo, e com elas a urbanização e a desordem [...] buscar e atingir um novo estilo de vida e formas mais compatíveis de relacionamnento com o ambiente natural [...]. Trechos extraídos da obra Pegada ecológica e sustentabilidade humana (Gaia, 2002), do professor, ecologista e ambientalista Genebaldo Freire Dias, defendendo que a economia global está em choque com os limites naturais da Terra, necessitando de redirecionar as escolhas da humanidade e educá-la para que não mais ignore as consequências ambientais de seus atos: A maior parte da população humana agora vive em cidades. Já são várias gerações nascidas e criadas ali, afastadas do convívio com a natureza. Essas gerações foram preparadas por um sistema educacional que as faz ignorar as conseqüências ambientais dos seus atos e objetiva torna-las consumidoras úteis e perseguidoras obsessivas de bens materiais. Imersas em uma luta cotidiana cada vez mais cheia de compromissos, não percebem como estão incluídas na trama global da insustentabilidade. Vivendo sob tais condições, não reconhecem que dependem de uma base ecológica de sustentação da vida. Populações crescentes, analfabetismo ambiental, consumos exagerados e comportamentos egoísticos formam uma amálgama temerosa para a configuração de um estádio de declínio da qualidade da experiência humana, via degradação ambiental, concentração de renda e exclusão social.  Sob tais condições, o desenvolvimento sustentável não é concebível nem teoricamente. O desafio evolucionário humano está ocorrendo nos centros urbanos. As cidades são pontos emanadores de indução de alterações ambientais globais. Quase todo o crescimento está ocorrendo em cidades. Elas ocupam apenas 2% da superfície da Terra mas consomem 75% dos seus recursos. As cidades tendem a ocupar o mesmo nicho global dentro da biosfera e explorar os recursos da mesma maneira   Esse modelo suicida está sendo replicado em quase todo o mundo, gerando pressões cada vez mais fortes. O aumento da eficiência em uma parte relativamente pequena do mundo produziria grandes resultados. Veja mais aqui e aqui.

JUREMA – No ano de 1840, um fugitivo da seca do Piancó da Paraíba encantou-se com a sombra frondosa dos juremais, fascinado com a paisagem, estabeleceu residência e construiu uma capela, atraindo para o local outras pessoas e imigrantes. A partir de então deu-se a povoamento de Jurema, como distrito que foi criado pela Lei Municipal de nº 34, de 20 de outubro de 1899, pertencente ao Município de Quipapá. A sede do distrito foi elevada à categoria de vila pela Lei Estadual de nº 991, de 1 de julho de 1909, e pela Lei estadual de nº 1.931, datada de 11 de setembro de 1928 – Jurema tornou-se Município autônomo, sendo sua sede elevada a categoria de cidade. A sua instalação ocorreu em 1 de janeiro de 1929. Administrativamente é formado pelos distritos sede e Santo Antonio das Queimadas e tem a comemoração de sua emancipação todo dia 11 de setembro de cada ano. O município encontra-se no Planalto da Borborema e está inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Una, tendo como principais tributários os rios do Feijão, Pirangi e das Paixões, além dos riachos Gaiola, Pátio Velho e das Paixões, todos de regime intermitente. Veja mais aqui.

O ENGOLE COBRA - O coronel não gostava de apelido. Assim, por volta das seis horas da tarde, ele estava sentado no terraço da casa-grande, passeando pra lá e pra cá, quando aparece um sujeitinho... – Boa noite, seu coroné. – Boa noite. Coroné, não tem um servicim por aí pra mim, não? – Talvez se arrume, talvez se arrume... como é que você se chama? – Eu me chamo Engole Cobra. – Engole Cobra? Ô Maria!... Maria!... anda ver o homem que engole cobra! – chamou a mulher que estava lá dentro. A mulher apareceu. Ele fez a apresentação e disse: - Engole Cobra, meu nego, você vai morar ali naquele ranchinho... Passou sexta, sábado, no domingo o sujeito veio reclamar: - Coroné, não tem um servicim pra mim, não? – Que é que o senhor ta reclamando? Não recebeu as suas férias? – Recebi, sim senhor. – Não se incomode que logo aparece... logo aparece... Lá para o meio da outra semana, descobriram uma surucucu que não tinha mais pra onde crescer. – Não bole com ela não, vai chamar ali seu Engole Cobra. O Engole Cobra veio nas carreiras. Disse: - Engole Cobra, meu nego, está aí um servicim pra você. É só essa bvesteirinha pra você engolir. – Tá doido, seu coroné. Eu nunca engoli cobra! Isso é apelido! – Aaaaaahhh! É apelido!... Vigia, ô vigia! Dá uma surra nesse homem, vigia! Conto do poeta modernista Ascenso Ferreira (1895-1956), extraído da Panorâmica do conto em Pernambuco (Escrituras, 2007), organizada por Antonio Campos e Cyl Gallindo. Veja mais aqui e aqui.

DUAS ADIVINHAS - 1 – Subo e desço o dia inteiro / no dentista e no barbeiro. / Se elétrica, logo mato. / Mas na eleição me cobiça / todo e qualquer candidato. 2 – Do direito faço esquerdo / do esquerdo faço direito. / Bonito me acha bonito / feio me acha sempre feio. / O de fora ponho dentro / mês meu dentro está lá fora. / Que sou eu? Me diga agora. Poemas da obra Lé com cré (Ática, 1994), do poeta, ensaísta, jornalista e tradutor José Paulo Paes (1926-1988). Veja mais aqui, aqui e aqui.

TODO HOMEM QUE MALTRATA A MULHER
NÃO MERECE JAMAIS QUALQUER PERDÃO! (LAM).
Mural/homenagem da artista francesa Sema Lao, em Fondi – Itália, pela passagem do Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres. Veja mais aqui.

Veja mais:

A Psicanálise de Jacques Lacan aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
O teatro & a poesia de Lope de Vega aqui, aqui, aqui e aqui.
A literatura de Eça de Queirós aqui e aqui.
O pensamento de Harvey Spencer Lewis 
aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

A ARTE NORMAN LINDSAY
A arte do escritor, pintor, gravador, escultor e cartunista australiano Norman Lindsay (1879-1969).



sexta-feira, novembro 24, 2017

ESPINOZA, AHMADOU KOUROUMA, TOULOUSE-LAUTREC, PSICANÁLISE & DIREITO, GERUSA LEAL, CLARA REDIG, OVÍDIO POLI JÚNIOR & LAJEDO

COMO QUEM ESPERA E JÁ FOI – Imagem: The Hangover, do pintor francês Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901). - Como quem espera tal pedra que bóia por quem saiu até já e um beijinho entre os dedos jogados de adeus, eu espero de volta o aceno de chegada e a um palmo de lonjura, dois palmos, três palmos, nada não, distância de êxito vencida no afeto por mimos e dengos em loas e juras no embalo das batidas do meu coração a sentir outro coração pulsando rente pelas diástoles e sístoles de siameses, sem se dar conta do tempo porque não tem hora marcada, nem nunca findar entre beijos e abraços e eu me sentir entregue e aceito, envolvido pelo que há de melhor em viver e se amar. Como quem espera vitrine nos trinques e engalanada com a última moda por confetes e serpentinas de festas promocionais, por toda avidez de quem quer e precisa agora mesmo e sem mais tardar para sentir-se melhor porque era o que mais queria e sou sua realização de felicidade e de todos os desejos sonhados e premidos, sou por ter de esperar sem ter que já já ter de ir embora, coisa de nunca saber, nunca se sabe, nem ter que bater as botas e sumir, já foi, já era, não, não mais, por favor, fica que a vida é agora e vamos viver. Como quem espera tudo longe bem perto de não ter mais tamanho ao alcance das mãos frenéticas apegadas e trêmulas de emoção, apertando com força, tateando confornos, é isso mesmo, será, deixa ver, tem de ser, que bom que é, e agarrar pra que não vá nunca mais e fique comigo a sorrir ou chorar, está valendo e só valerá desde que esteja e seja mútua na satisfação de dois em um só. Como quem espera a prestar atenção em algaravias e coisas perdidas ao léu, sem dever de ofício pra tudo correr ladeira abaixo e subir ao cansaço de ter de retornar ao ponto de partida e recomeçar porque é um prazer ter de ir eterno retorno e a noite passa e o dia também, na madrugada que teima solidão esconida entre quatro paredes e derrubá-las como quem vence o mar e o fim do mundo e ninguém mas ninguém mesmo se dê conta do que venha a ocorrer, seja lá o que Deus quiser, eu espero sabe-se lá do quê nem pra quê, só que espero sem ter de dizer até basta porque nunca será o bastante e com certeza será coisa boa ou não, pode ser, ou não, não é, que seja, fazer o quê, bater o pé ou deixar de mão, e defenestrar pra depois puxar, trazer junto, chegar bem perto e sentir que vive e ama. Como quem espera quer queira ou não, não mais espero, vou atrás, não dá pra esperar, é agora, urgente, iminente, adeus espera, preciso viver e amar e voo de mim e quero aonde chegar porto seguro e viver e amar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com o compositor, arranjador, produtor musical e guitarrista Toninho Horta: Terra dos Pássaros & Diamond Land; a cantora, violonistak, compositora e percussionista Badi Assad no Milenium Stagium, Live California World Festa, Feminina & Ai que saudade docê; o compositor alemão Max Richter Concert Reimagining Vivaldi & The leftovers Season; e a cantora e atriz franco-inglesa Charlotte Gainsbourg: IRM & 5.55. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - [...] Facilmente veremos em que se diferencia o homem que se conduz apenas pelo afeto, ou pela opinião, do homem que se conduz pela razão. Com efeito, o primeiro, queira ou não, faz coisas que ignora inteiramente, enquanto o segundo não obedece a ninguém mais que a si próprio e só faz aquelas coisas que sabe serem importantes na vida e que, por isso, deseja ao máximo. Chamo, pois, ao primeiro, servo, e ao segundo, homem livre. [...] Só os homens livres são muito gratos uns para com os outros [...] O homem livre jamais age com dolo, mas sempre de boa fé [...] O homem que se conduz pela razão é mais livre na sociedade civil, onde vive de acordo com as leis comuns, do que na solidão, onde obedece apenas a si mesmo [...] A felicidade não é o prémio da virtude, mas a própria virtude; e não gozamos dela por refrear as paixões, mas, ao contrário, gozamos dela por podermos refrear as paixões [...] Trechos extraídos de Ética (Relógio d’Água, 1992), do filósofo racionalista holandês Baruch Espinoza (1632-1677). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

PSICANÁLISE & DIREITO – [...] Desde o início dos tempos, quando o homem tomou conhecimento da morte e experimentou a angustia diante de sua finitude, foi-lhe necessário representar sua existência, por meios de ritos e crenças que o submetessem a um lugar de alteridade. Dessa experiência de desamparo, nasceu a humanidade, e, com ela, a lei que a inaugura. Uma lei que nos torna tributários de uma dívida com a linguagem, de forma que só nos resta pagar por nossa existência por meio da palavra. Trecho extraído da obra Psicanálise e direito: uma abordagem interdisciplinar sobre ética, direito e responsabilidade (Companhia Freud, 2014), da psicanalista Renata Vescovi, que ainda se expressa: [...] O homem de nosso tempo vive o conflito de ter que cumprir normas como se fossem cartilhas de conduta, colocando-se a serviço do politicamente correto. Ao mesmo tempo, pretende-se livre e caprichoso para viver às últimas consequências suas vontades. Por isto, ele sonha em despojar-se de suas incertezas, de sua dor de existir, valendo-se do extraordinário avanço das técnicas científicas, que costumam saber tudo, responder a tudo, e recua da responsabilidade em decidir solitariamente sobre seus atos. Ética não pressupõe valores morais, nem prescrições de condutas dadas a priori. Ela é o questionamento incessante de um sujeito, no ponto em que ele se vê angustiado e dividido entre a sua palavra e seu ato. Se perdermos, tanto na esfera privada quanto pública, a capacidade de nos espantarmos e nos questionarmos a respeito de nossos atos, corremos o risco de assumir uma posição passiva e infantilizada. Abdicamos de nossa cidadania ao mesmo tempo que apelamos para um Estado paternalista, que se arroga a condição de ser gerador de favores a uma população que, no mesmo gesto, se despolitiza, impedindo-se de lutar por consquistas políticas e sociais. Veja mais aqui.

LAJEDO – O município de Lajedo está localizado na Microrregião de Garanhuns e na Mesorregião do Agreste, tendo o núcleo urbano originado a partir da interiorização da atividade pecuária, responsável pelo surgimento de fazendas, tendo como fundador o desbravador da propriedade Cágado, Sr. Vicente Ferreira. A partir dele, ocorreu a construção da primeira casa e deu origem ao povoado de Santo Inácio dos Lajeiros. Por volta de 1900, o povoado transformou-se em distrito do município de Canhotinho, criando-se o município pela lei Estadual nº 377, de 24 de dezembro de 1948, pelo então governador Barbosa Lima Sobrinho. O nome da cidade tem origem a partir da existência de “lajeiros” no seu entorno, área chamada de “Caldeirões”, que armazena água de chuva e que durante muito tempo abasteceu a cidade. Está inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema e nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Una, tendo como principais tributários os rios Quatis, da Chata e do Retiro, e os riachos Bonito, Doce e do Serrote, todos de regime intermitente. Conta ainda com distribuição de água oriunda do Açude São Jaques, situado no município de Jurema, cidade próxima a Lajedo. Veja mais aqui.

ALÁ E AS CRIANÇAS-SOLDADOS - [...] segundo o meu Larousse, oração fúnebre é o discurso em honra de um personagem célebre falecido. A criança-soldado é o personagem mais célebre deste final de século. Quando um soldado-criança morre, deve-se dizer em sua honra a oração fúnebre, isto é, como é que ele pôde tornar-se uma criança-soldado neste mundo vasto e desgraçado. Eu faço isso quando quero, não sou obrigado. Eu faço isso para Sara porque tenho vontade e acho bom, tenho tempo e é divertido. [...] Como impedir as eleições livres? Como impedir o segundo turno? Ele pensa no assunto e, quando Foday [Foday Sankoh] pensa seriamente, ele não usa álcool nem mulheres. [...] Era evidente: quem não tinha braço não podia votar. (evidente significa de uma certeza facilmente apreensível; claro e manifesto). Ele manda cortar as mãos do maior número de pessoas, do máximo possível de cidadãos leonenses. É preciso cortar as mãos de todo leonense preso antes de enviá-lo para a zona ocupada pelas forças governamentais. Foday deu as ordens e os métodos foram aplicados. Procederam às mangas curtas e às mangas compridas. [...] as amputações foram gerais, sem exceção e sem piedade. [...]. Trechos da obra Alá e as crianças-soldados (Estação Liberdade, 2003), do escritor marfinense Ahmadou Kourouma (1927-2003). Veja mais aqui.

O SENHOR PADILHA - [...] Luiz chegava todo dia às sete da manhã, fazia as entregas, buscava as correspondências, enfrentava as filas nos bancos e passava o resto da tarde lutando com os carimbos. Era sempre o culpado pela desordem dos arquivos e ficou primeiro encaramujado, depois revoltado com o eufemismo: “Exonerado! Exonerado!”, repetia ele, ao ver que tinha acabado de levar um pé-na-bunda. [...]. Trecho do conto O Sr. Padilha, do escritor, editor e promotor cultural Ovídio Poli Júnior, extraído da antologia Anais da Fliporto 2005, organizado por Eduardo Côrtes. Veja aqui e aqui.

PÔR-DO-SAL, DE GERUSA LEAL
sentado sobre a pedra
o homem escuta o mar
não o olha mais de frente
já não lhe teme a força
pois mesmo forte o rugido
pelas mãos de Deus contido
não ousa seus pés molhar
o homem escuta o mar
que já fez olhar tão longe
até onde o céu baixando
esconde o que vem de lá
não o olha mais de frente
agora tão diferente
de quando a alma nos olhos
imaginando tesouros
gostava de mergulhar
já não lhe teme a força
pois sabe que em seu peito
a inundar-lhe de anseios
tão feroz quanto o primeiro
transborda um outro mar
e mesmo forte o rugido
a urgência com que clama
aprendeu com as marés
a ir e depois voltar
não ousa seus pés molhar
pois receia que o desejo
de entregar-se ao infinito
suba ao seu corpo inteiro
e o leve de volta ao lar
pela mão de Deus contido
senta o homem sobre a pedra
e apurando os ouvidos
escuta as vozes do mar.
Poema da premiada escritora Gerusa Leal. Veja mais aqui, aqui & aqui.

Veja mais:
DOCE PRESENÇA DE CLARA REDIG
Veja mais aqui e aqui.
A poesia de Cruz e Souza aqui.
A Psicanálise de Freud aqui. aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui , aqui, aqui e aqui.
A arte de Diego Rivera aqui.
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

A ARTE DE TOLOUSE-LAUTREC
A arte do pintor francês Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901).
Veja mais aqui e aqui.

quinta-feira, novembro 23, 2017

GALEANO, BOLDRIN, FLORA PURIM, CAMPBELL, JACI BEZERRA, BRAGINSKY, ADONIRAN, INGRID PITT, RESILIÊNCIA & QUIPAPÁ

A ESCRITURA DO VISINVISÍVEL – A arte do pintor ucraniano Arthur Braginsky. – O que vejo a lágrima embaça porque tudo é muito adverso e aversivo, quantas turbulências de ânimo para sucumbir às chateações dos que querem por que querem, dos que se acham donos do mundo, as arengas pelos esconderijos familiares, entre conhecidos como rejeitado, a quem recorrer diante de tantas ciladas: extraio a flor dos meus infernos, sorvo meu próprio veneno, a culpa é minha, somente minha! Transito o centro da gravidade: todos os destroços em minha direção, atraio toda sorte bregueços antipáticos, sou soterrado por meus próprios desvarios, fracassos, idiosincrasias: punhais que golpeiam da aurora ao crepúsculo. Resto-me em remendos os quais me desfaço em trapos: a mendicância é o meu auto-retrato, meu flagelo, sou desordenado porque revelei apenas umbigo, sobram-me ruínas e de que fui burlado desde sempre. As pálpebras pesam as sombras que me assombram, poemas se dissolvem nas pulsações e eu traço tudo que me surge e não pretendo sequer negar o indesejável, vela ao vento, sem remo, âncoras, tudo está no código das coisas, e se de outra coisa tampouco seja qualquer uma ou nenhuma, pra mim opinião alguma ou juízo de valor jamais, melhor brincar de cabra cega para descobrir amanhã e me divertir com meu esforço de nada e o meu esboço de mundo que não é nada se esvai aos garranchos e guardo nas mãos o significado de tudo. Sigo distribuindo acenos e afetos, beijabraços. Valho-me do oxigênio dos vegentais, sou mais canhestra que presumo, apenas dois dedos de altura e dissidente de minha própria inutilidade, de qualquer maneira ao deus-dará. E o que se passa comigo pouco importa, o que penso estraga a surpresa, jogo-me e tudo tem seu limite, menos eu, que morro e renasço a cada instante, e se não vi ou vivo nada igual, permito-me dizer o que nunca fora ou o que já não seja tarde demais pra desvaloirizar o preço de nada, abandonado sem despedida, como se jogado na lata de lixo, pra viver na sarjeta e saber o oco mútuo, via de regra pronto pra devorar os tabus e andando e desandando e deixando passar o infinito até que tudo seja um dia revelado e descoberto dos tremores da Terra e cada um, de dois em dois, de três em três, ou muitos tremores mais temores e se tenho cada aprendizado na ponta da língua ou dos dedos, erro de mim bem mais que caminho ido, corrido e batido que saiu do lugar e hoje nem sei por onde vai. Lembranças quase muitas esborram mais que esquecimento, é triste perder a memória ou não existir mais na memória dos outros, pros que jogado na vala abandonado, insepulto, como dejeto, coisa de quem cai do afeto pra nunca mais. Ontem era tudo vivo, hoje não mais, a morte ronda, já nem o menino escapa, filho que se foi e teimo em viver, persevero e sou-me embaixo do travesseiro olhos acesos para prosseguir firme ao amanhecer. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a cantora Flora Purim & músicas dos seus principais álbuns como Stories to Tell (1974), Butterfly Dreams (1973), MPM (1964), Encounter (1976), Open your eyes can fly (1976), & show ao vivo com Airto Moreira no Ohne Filter, entre outros. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Temos guardado um silêncio bastante parecido com a estupidez [...], trecho da Proclamação Insurrecional da Junta Tuitiva na cidade de La Paz, em 16 de julho de 1809, extraído da obra As veias abertas da América Latina (Paz e Terra, 1979), do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015).  Veja mais aqui.

RESILIÊNCIA – [...] Como uma planta vivaz, a resiliênci apode se desenvolver. Ela depende de vários fatores que estão frequentemente reunidos numa conjunção de acontecimentos e encontros, que parecem depender daquilo que chamamos de acaso. Em função desses encontros, de uma disposição interna e de acontecimentos particulares, a trajetória de vida de um ser humano pode ser profundamente modificada. [...] Na trajetória da resiliência, há frequentemente uma oportunidade fugidia e imprevisível, uma chance que pode ser aproveitada, mas não provicada, e que a capacidade de ter esperança de querer seguir em frente permite perceber em meio às provações da vida [...]. Trechos extraídos da obra A resiliência: a arte de dar a volta por cima (Vozes, 2007), de Rosette Poletti e Barbara Dobbs, considerando que a resiliência é a capacidade de manter-se, de 'proteger a integridade sob fortes pressões', assim como fazem os heróis de tragédias gregas, galãs da sétima arte, os líderes de empresas e chefes de exércitos: usam as dificuldades como trampolim para se fortalecer e vencer na vida. Veja mais aqui e aqui.

QUIPAPÁ – A origem do nome Quipapá possui diversas versões, entre elas, a de origem indígena dá conta de que se trata de uma planta tupi-guarani, da família das cactáceas, o quipá. Que no plural seria quipaquipá, resultando, por fim, em Quipapá que é a nomeação de umas das serras e de um dos rios que circundam a localidade; a de origem africana oriunda da palavra quipacá, significando asilo de fugitivos. Trata-se de um município que teve origem com a povoação ao redor de uma capela na freguesia de Quipapá, sendo desbravada por volta dos anos de 1630 a 1697, pelos negros foragidos que faziam parte do Quilombo dos Palmares. Ergueu-se oficialmente entre 1795/96, com a instalação da Fazenda das Panelas, sendo criado o distrito de Quipapá por força da Lei Provincial 432, de 23 de junho de 1857, ficando submisso ao município de Panelas. Alcançou a categoria de vila com a Lei Provincial 1402, de 12 de maio de 1879, e instalada em 18 de julho de 1879. A ascensão ao município ocorreu em 19 de maio de 1900, com a edição da Lei Estadual 432, separando-se de Panelas, e ganhando o distrito de Pau Ferro pela Lei 54, de 23 de nobembro de 1905. Assim sendo, é constituído dos distritos sede, Barra de Jangada, Jurema, Pau Ferro, Queimadas e São Benedito, onbde mais tarde o distrito de Jurema é também elevado à categoria de município. Em 1938, atravé do Decreto-lei nº 235, de 9 de dezembro de 1938, o distrito de São Sebastião da Barra foi extinto, sendo seu território anexado ao distrito de Quipapá e São Benedito, passando a ser constituído, a partir de 1939 até 1943, de quatro distritos: sede, Igarapeba, Pau Ferro e São Benedito. Em 1963, desmembra-se do município de Quipapá os distritos de Iraci e Igarapeba, para formar o novo município de São Benedito do Sul, ex-Iraci. Neste sentido, a divisão territorial de 31 de dezembro de 1963, consta o município constituído apenas de 2 distritos: sede e Pau Ferro, até os dias atuais. O município está situado na microregião da Zona da Mata Sul ou Mata Meridional pernambucana, fazendo divisa com os municípios de Panelas, São Benedito do Sul, Jurema e Canhotinho, municípios pernambucanos, e ainda Ibateguara e São José da Laje, municípios alagoanos. Veja mais aqui.

SEGUIR POR SUAS PRÓPRIAS PERNAS – [...] somos todos heróis ao nascer, quando enfrentamos uma tremenda transformação, tanto psicológica quanto física, deixando a condição de criaturas aquáticas, vivendo no fluido amniótico, para assumirmos, daí por diante, a condição de mamíferos que respiram o oxigênio do ar e que, mais tarde, precisarão erguer-se sobre os próprios pés [...]. Trechos extraídos da obra O poder do mito (Palas Athena, 1990), do estudioso estadunidense de mitologia e religião comparada Joseph Campbell (1904-1987). Veja mais aqui.

A MULHER QUE MORREU DUAS VEZES - [...] o enterro pela rua abaixo rumo ao cemitério que ficava há uns bons par de caminho. Quando de repente o Nhô Joaquim, que era quem estava na alça direita, trupica numa pedra no meio do caminho, se desequilibra todo, fazendo com que os outros carregadores do caixão perdessem o rebolado. E lá vai o caixão pro chão, abrindo-se em seguida. E, para grande surpresa geral, a defunta tava viva. A cumadi tinha sofrido nada mais nada menos do que a tal de catalepsia. Aquele ataque onde a gente pensa que morreu mas não morreu. Surpresa e alegria, todos correm com lençóis para cobrir a dita defunda e poupá-la desse choque de morta. Levam-na pra casa e, à noite, foi uma grande festa de retorno, com direito à banda de música, chope e outros bichos. Afunal, a cumadi tinha voltado a viver noarraial do Pau Torto, junto com o cumpadi e para a alegria de todos. Passam-se anos e mais anos até que um dia a nossa personagem morre de novo. Agora de verdade. E lá vai o cortejo, rumo ao cemitério. Na alça esquerad, como da outra vez, o pesaroso marido. Na alça direita, o mesmo cumpadi de fé, Nhô Joaquim. Ao se aproximarem do mesmo lugar, onde o cumpadi Nhô Joaquim havia trupicado da outra vez da catalepsia, que era onde tinha uma pedra com a ponta pra cima, o marido olha de esguêio para o tal Nhô Joaquim e sentencia: Oh, cumpadi Joaquim! Vê se dessa vez ocê óia onde pisa. Se ocê trupicá de novo, eu te arrebento! Extraído da obra Contando causos (Nova Alexandria, 2001), do músico, ator e apresentador de tevê, Rolando Boldrin. Veja mais aqui.

TEMA PARA UMA CANÇÃO LÍRICA - No verão dos teus olhos não escondas / a água da praia, clara: / se ondulas e ondeias, tu és onda / e, apenas onda, vagas. / Não magoas se feres como a lâmina / de uma navalha aberta: / a onda que és é o dia que me chama / entre as brancas cobertas. / Onda asstando a onda que nos cerca, / nos deixas fundas marcas: / a pedra que o olhar afoga e onde começas, / a onda que a nós desgasta. / Tua onda de andorinhas desmanchada / entre os alvos lençóis, / que constrói e desmancha, onda, a abrasada / onda que abrasa a nós. Poema do livro A onda construída, extraído de Linha d’água (CEPE, 2007), do poeta Jaci Bezerra. Veja mais aqui e aqui.

TIRO AO ÁLVARO
De tanto levar
"frexada" do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o que?
"táuba" de tiro ao "álvaro"
Não tem mais onde furar
Teu olhar mata mais
Do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
Que pexeira de baiano
Teu olhar mata mais
Que atropelamento
De automóver
Mata mais
Que bala de revorver
.
Música de Adoniran Barbosa & Oswaldo Molles (Fromatado Brasil/Seresta Edições Musicais), gravada pela imortal musestrela, Elis Regina (Elis, 1972).

Veja mais:
A poesia de Paul Celan aqui.
O pensamento de Caio Prado Júnior aqui.
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

TODO DIA É DIA DE INGRID PITT
Hoje é dia da atriz polonesa Ingrid Pitt (1937-2010).

A ARTE ARTHUR BRAGINSKY
A arte do pintor ucraniano Arthur Braginsky.


ANNE CARSON, MEL ROBBINS, COLLEEN HOUCK & LEITURA NA ESCOLA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som do álbum Territórios (Rocinante, 2024), da premiada violonista Gabriele Leite , que possui mestrado em...