sexta-feira, janeiro 31, 2020

GERMAINE GREER, ADA NEGRI, AL RIO, HANG FERRERO, JEGUE DE PAUL & COISAS DE PERNAMBUCO!



E O JEGUE DE PAUL VIROU PREFEITO! – Como? Ora. Uma tarde lá de não sei quando, o jegue andava cabisbaixo: nenhuma lavadeira na beira dos rios, nenhuma passante pela rodagem, chovia muito e ele estava entediado. Saiu ao léu por aí e deu de cara com um mata-burro, o que o fez irritar-se e sair contornando a cerca, praguejando ao seu modo, relinchado mudo, tropeçando umas das patas num bule tampado imprestável e todo enferrujado. Pronto, só faltava essa! Logo percebeu que ao dar topada no utensílio avariado, algo se mexeu dentro dele. Ficou brincando alisando a pata de ficar entretido com o chiado que emitia aquele objeto. Pensou do seu jeito: Que droga é nove, hem? Foi aí que resolveu dar uma patada para espragatá-lo. Bufe. Ouviu-se um grito, ele deu uns passos para traz e ficou assuntando o fumaceiro que cobriu tudo. Fez menção de correr, mas acovardou-se, imóvel. De dentro daquilo saiu um preto velho todo esbaforido: Eita, porra! E se limpava todo, se recompondo, ao conseguir se livrar da fumaça e sujeira, logo dele se aproximou com afetuosa falação. Alisando-o e falando coisa que ele sequer entendia. Teve uma hora que entendeu o velho perguntar se queria ser que nem o Bode Frederiko. Não lhe restava nada mais que balançar a cabeça. Foi aí que o preto velho estalou os dedos e ele ouvia, entendia e até falava, ouvindo a pergunta: Qual o seu primeiro desejo? Oxe! Logo assim? Bem, era falar, mas já que ganhei, quero ser que nem gente. Zás. Lá estava ele nu e assustado. Vamos, diga o segundo pedido! Quero ser que nem aqueles embecados cheios da grana e muitas posses. Trec! Diga o terceiro e último pedido! Ah, quero ser o mais importante da redondeza. Zilapt! Seja lá o que quiseres! Só tem uma coisa: se alguém lhe chamar de jegue, o encanto se desfaz, viu? E o preto velho depois dessas palavras, soltou um traque e se envultou. Eita! E agora? Como é o meu nome? Quem sou eu? Ah, serei que nem aquele Paladino, esse o meu nome e vou ganhar o mundo. Assim desceu ele do morro, todo abestalhado, deparou com um motorista todo nos trinques num automóvel luxuoso, que lhe abriu a porta e o levou em direção à cidade que tão bem conhecera. Agora era gente, ora, todo importante, impando, pabo. O chofer foi logo explicando tintim por tintim. Como? Que ele ia para um comício onde seria anunciado como prefeito da cidade! É? É. Gente como a praga. Logo o recepcionaram com festa e o empurraram para o palanque, onde uma comitiva o aplaudia e o mandavam falar no microfone. Ele não se esquivou, ajeitou-se todo, confiante da grande obra do mágico idoso e danou-se a dizer coisa com nada e peibufe etc e coisa e tal, aplaudido, ovacionado. O povo aos gritos: Já ganhou! Já ganhou! E saiu dali carregado por todos e direto para o Palácio das Urtigas, assumindo, imediatamente, a chefia do Executivo local. Só se ouvia o maior foguetório! E já foi despachando e decidindo coisas e mandos, assinando aqui, despachando ali, dinheiro praqui, ajeitado dali, isso sim, isso não, traga já, leve lá, tome e me dê, vá e volte, e virou a noite e dias seguidos, semanas inteiras sem pregar o olho no mês corrido e ouviu um zoadeiro do lado de fora. Era a população: Burro! Jumento! Muar! Fora! Ufa! E ele mandou arriar a lenha no povo e comprou briga com todo mundo,   que porra é essa? Ora, mas se! Vou arrombar com tudo! E lascou, mesmo. O tempo fechou, um ano atrás do outro, meteu as mãos pelas patas, quebrou galho e o enterro voltou, virou a casaca e se desenturmou, entupiu mal-entendidos, aumentou escaramuças, deu o creu e o negócio pocou, até que o motorista entrou de repente e às carreiras gritando: Ô jegue desgraçado, toma tento! Já era tarde! Voltou a ser, pura e simplesmente, o Jegue dePaul, nada mais, acabou-se o que era doce. Ele de si para consigo: Taí! Isso é uma porqueira, só poderia acontecer comigo mesmo, só podia... Era uma vez... © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] O homem exige, em sua arrogância, ser amado como é, e se recusa mesmo a impedir o desenvolvimento das mais tristes distorções do corpo humano que podem ofender a sensibilidade estética de sua mulher. A mulher, por outro lado, não pode se contentar com saúde e agilidade: precisa fazer exorbitantes esforços para parecer algo que nunca poderia existir sem uma diligente perversão da natureza. É demais pedir que seja poupada às mulheres a luta diária por uma beleza super-humana a fim de oferecê-la às carícias de um companheiro sub-humanamente feio? Considera-se que as mulheres nunca ficam enojadas. O triste fato é que ficam muitas vezes, mas não com os homens; seguindo a orientação dos homens, ficam na maioria das vezes enojadas consigo mesmas. [...]. Trecho extraído da obra A mulher eunuco (Artenova, 1987), da escritora australiana Germaine Greer, que em outra de sua obra, A mulher inteira (Record, 2001), expressou que: [...] As mulheres sempre fizeram o trabalho de merda; agora que o único trabalho que há é esse, os homens estão desempregados. O trabalho que não é de merda vai se tornar de merda se as mulheres passarem a fazê-lo. O prestígio e o poder esvaíram-se das profissões quando as mulheres ingressaram nelas. Ensinar já é quase extremamente inferior; a medicina está escorregando rápido para o fundo. [...]. Veja mais aqui.

A POESIA DE ADA NEGRI
AQUELE QUE PASSA: O desconhecido que passa e te acha ainda digna de uma fugidia palavra de desejo, / Talvez porque na sombra da noite tão doce de Maio / Ainda resplendem teus olhos, ainda tem vinte anos a ligeira figura deslizante, / Não sabe que foste amada, por aquele que amaste amada, em plena e soberba delícia de amor, / E em ti não há membro nem ponta de carne ou átomo de alma que não tenha uma marca de amor. / Que tu viveste apenas para amar aquele que te amava, / E nem que quisesses podias arrancar de ti essa veste que o amor teceu. / Ele, ignaro, em ti já não bela, em ti já não jovem, saúda a graça do deus: / Respira, passando, em ti já não bela, em ti já não jovem, o aroma precioso do deus: / Só porque o levas contigo, doce relíquia à sombra de um sacrário.
ADA NEGRI - A poesia da poeta italiana Ada Negri (1870—1945) , que é lembrada por ser a primeira e única mulher a ser admitida na Accademia d’Itália.
&
DOIS POEMAS DE HANG FERRERO
ROCK BAR: sobre a superfície fria / as lágrimas brilhantes / dos motivos servidos à mesa / em ” prantos quentes ” / e pratos e ransos e odores / e menus superficiais / flambados ao álcool / maciçamente ” depreciados ” / pelas sensações do instante / do segundo instante / as fotos a estante / e o ar ao ” raro efeito ” / e a voz que diz : ” bem feito ” / ao plexo em stand by.
A LENDA DO AEDO: se nem classificado / como vivo, o era / e em post mortem / espelhou a ira, / que subiu a sua cara. / contando histórias / de segunda / e suando bicas / nos poemas, / relinchando e / crispando / a própria a crina. / canhestro! / ocre nas pupilas, / tato refutado, / sobrancelhas traiçoeiras, / cuspiu de canto o bardo. / até que à plateia; / a Morte / encontrou a Vida. / e foi assim, que / completou a frase / que há tanto procurara. / e ainda que gostasse / e castigasse como / um “vuduísta”, / a Morte encontrou / a Vida e; se perfumou. / bem vigarista!
HANG FERRERO – O poeta e produtor cultural Hang Ferrero é autor dos livros Aos Pés do Monte Mor(poesia,  2013) e  Código 1 - Crônicas de Plantão (2016). É co-fundador e coordenador do Grupo de Escritores Verbo e Maresia (2014), apresentador do Festival 6 Continentes (o maior Festival de Artes Integradas de Língua Lusófona do Mundo - 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019), fundador da Academia Mirim de Letras da ALBSC Seccional Itajaí/SC – 2017, membro Correspondente Internacional da Academia de Letras do Brasil/Suíça – 2018, membro Imortal da Academia de Letras de Balneário Camboriú – 2018, criador do projeto Casa de Ferrero, Espetos de Pau, que consiste em declamar poemas autorais com recursos do Spoken Word (poesia falada) e visuais, além da música conceitual (acompanhado por DJ). Veja mais aqui & aqui.

A ARTE DE AL RIO
A arte do desenhista e quadrinista Al Rio (Alvaro Araújo Lourenço do Rio - 1962-2012), que realizou trabalhos com personagens icônicos e tornou-se mais conhecido por desenhar personagens femininas sensuais, desde o seu primeiro trabalho Gen 13, até trabalhar com grandes nomes dos quadrinhos, como o aclamado Alan Moore na revista Voodoo. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A literatura do escritor, jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980) aqui & aqui.
A música de Armando Lobo aqui.
A poesia de Jaci Bezerra aqui, aqui & aqui.
Tempo de Pernambuco – ensaios críticos, do advogado, crítico literário, tradutor e escritor Oscar Mendes (1902-1983) aqui.
A arte visual de Fernando Duarte aqui.
A imagem e seus labirintos: o cinema clandestino do Recife 1930-1964. de Paulo Carneiro da Cunha Filho aqui.
A Estação do bem do imaginauta Ghustavo Távora aqui.
&
A Serra do Quati, Capoeiras, aqui & aqui.
 

quinta-feira, janeiro 30, 2020

TEOLINDA GERSÃO, WORDSWORTH, FLORENCIO SÁNCHEZ, RAQUEL GLOTTMAN & ARTE PERNAMBUCANA.


CARTA PRELÚDIO & EPÍLOGO - Órfão desde a infância nas montanhas de Cumberland, travesso menino a subir no penhasco do corvo e o suicida boiava no lago rasgando as minhas veias nórdicas ascéticas, a me dar conta do patíbulo dos enforcados. Assim cresci até adolescer no redemoinho da revolução e tudo de pernas pro ar: um verso rebelde diante do Reinado do Terror. Por isso cantei Annette e o valor das paixões, o filho anônimo nos braços dela, a poesia ardorosa do discípulo de Vênus nos mistérios do amor. Tive que desertar para sobreviver e tudo se dissipou com a juventude no curso diurno da Terra. Por isso cantei Dorothy, minha irmã, a quem dou graças por recobrar a minha sanidade mental. Encostei a minha alma na relva e nas flores, cantei a beleza de Mary e tudo era outro cenário: a poesia em comunhão. Foi daí que perdi a amizade do mágico tecedor de versos na ablução emocional e na profunda sublimação diante de toda deformidade do mundo humano: a face da humanidade é a imperfeita e perturbada efígie de Deus. Um humano falava aos humanos, quem me escutava apesar de nenhuma fraseologia aparatosa e inútil, só coisas comuns e simples além da vida e da morte. Poucas palavras e um poema singelo: a solidão do sobrevivente do passado e a mãe, coração na mão, esperava por décadas o retorno do filho único que insistia em não voltar. Chorei por quem não conhecia. As escritas da mudez e do silêncio, a esperança que não morreu nem morrerá, porque algo sempre será: ou somos livres ou morremos! Renunciei a tudo e fiquei mudo, imperturbável. Tudo arrefeceu das paixões obstinadas na propensão do senso da honra e o do meu vergonhoso moralismo, me perdoem. Peço perdão por me tornar indiferente e desinteressado, só eu sei: o líder perdido pede reiteradamente perdão agora por não ter tomado ciência da minha decadência palpável e disfarçada. Dei-me a grandes silêncios, calei de vez meu coração e encontrei Deus nas selvas, o governo da quietude e era a minha peregrinação pelos cenários nativos da serenidade na luz do Sol poente e a descoberta do que estava por trás das folhas das árvores, das pétalas das flores, rochas e rios, estrelas e astros: tudo é um grande poema épico e todas estas coisas eu canto nas baladas líricas, o meu prelúdio e epílogo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] O que quer que dissesse, parecia dizê-lo sempre alegremente. Gostava de rir, e por vezes, se os alunos estavam cansados, suspendia a aula e mandava-os falar à toa, do que quisessem, só por falar. A certa altura interrompia-os, no meio de uma frase, e aí estavam de novo concentrados, prontos a seguir o seu raciocínio, para onde quer que ele agora os levasse. [...] Era verdade que o tempo parecia ter sido terrivelmente encurtado (Kant, Platão, Wittgenstein em dezesseis minutos, prometiam nas bancas livros magros como folhetos). Mas os livros aconteciam no tempo. Como a música. Os romances, sobretudo. Eram, como a música, uma forma de medir e de organizar o tempo. Poderia falar-se, pelo menos a prazo, da morte do leitor? Ela gostaria de pensar que o leitor era como o escritor, de certa maneira a sua outra face, disse a mulher: Aceitava os mesmos riscos, passava as mesmas noites em claro […] Reinventava o livro, como o intérprete tocando a partitura. […] O leitor, como o escritor, tornara-se uma personagem rara –ia continuar mas o entrevistador interrompeu-a. Parecia agora fascinado pelas mãos: Havia pessoas que conduziam máquinas, transportavam pedras, tratavam doentes, assentavam ladrilhos – não seriam essas mãos mais úteis? […] Ela vivia debruçada sobre um teclado. [...]. O piano era uma armadilha que a apanhava de surpresa. Julgava brincar com o teclado mas era o teclado que brincava com ela. No meio de uma frase, um acidente reduzia a metade a distância à nota seguinte, ou, pelo contrário, aumentava-a, uma diferença mínima, que no entanto arrastava pesadas consequências, como se o bater de asas de um inseto fizesse rebentar uma tempestade à distância. [...]. Trechos extraídos da obra Os teclados: três histórias com anjos (Sextante, 2012), da escritora portuguesa Teolinda Gersão. Veja mais aqui.

OS AMORES DE WORDSWORTH - O poeta romântico inglês William Wordsworth (1770-1850) era irmão da poeta Dorothy Wordsworth que esteve sempre presente na sua vida como equilibradora da sua vida emocional. Durante a Revolução Francesa, ele teve sua primeira paixão: a jovem francesa Annette Vallon (1766-1841) que foi romanceada em livro, por meio da obra Annette Valon (HarperCollins, 2007), de James Tripton. O casal teve uma filha por nome Caroline. Problemas financeiros e as tensas relações da Grã-Bretanha com a França obrigaram-no a retornar à Inglaterra, na esperança de depois levá-las, mãe e filha, para lá. Anos se passaram e com a Paz de Amiens, Wordsworth e sua irmã Dorothy visitaram Annette para que ele conhecesse a filha Caroline em Calais e para quem ele escreveu o soneto É uma noite bonita, calma e livre, recordando um passeio à beira-mar com Caroline, de 9 anos, que ele nunca tinha visto antes daquela visita. Em seguida, ele casou-se com Mary Hutchinson (1770-1859), uma amiga órfã de sua irmã Dorothy, com quem teve vários filhos. O poeta publicou a obra Lyrycal Ballads, em 1798, e sua obra-prima é o The Prelude, um poema autobiográfico que faz referências à sua vida e amizade com poeta Samuel Taylor Coleridge. Veja mais aqui e aqui.

MÃO SANTA, DE FLORENCIO SÁNCHEZ
ATO ÚNICO - No quarto de cortiço habitado por Carlos e Luísa. Porta única ao fundo. Cama de casal de ferro, guarda-roupa, criado mudo, lavatório e outros móveis amontoados quase à direita. A metade esquerda, ocupada por uma mesa, uma cômoda com pratos e cristaleira, em cima uma máquina de costura, cadeiras, braseiro e utensílios de cozinha. Nas paredes, em lugar de honra, um grande retrato de Karl Marx e diversas figuras e alegorias socialistas. CENA I - MARIA LUÍSA - MARIA LUÍSA (Com o cabelo solto a ponto de enfeitar-se para sair, colocando com pressa alguns pratos e recipientes com comida sobre a mesa.) Ai! Uma hora já... Mas esse Carlos não pensa vir? Que aborrecimento!... (Indo às vezes até a porta. ) Menino!... Torito!... Quer chegar até o armazém e ver se está meu marido? Sim, vamos.. Vou te dar um níquel. Rapidinho, hein? Se estiver, diz-lhe que a comida se esfria... Que faz uma hora que está servida. (Voltando-se.) E se não estiver, que se dane. (Diante o espelho, terminando o penteado.) Eu é que não perco a consulta hoje. Já me custou três vezes em vão, e todas por chegar tarde. (Buscando algo.) Agora, onde deixei a peineta? Não digo? Se todos são inconvenientes! (Impacientando-se.) Mas se agora mesmo a tive nas mãos... Aqui... Aqui mesmo a coloquei com os grampos e o perfume... (Busca sobre a mesa, confere a cômoda, a máquina, cada vez mais irritada.) Não digo? Se não é para perder a cabeça!... Ufff!... E Carlos que não chega... Comerá tudo frio... Mas a peineta... Depois não querem que a gente se adoeça... Senhor! Há duendes em casa? (Confere de novo por diferentes lugares, jogando roupas e objetos no chão.) Ufff! Que raiva! (Compungida.) E agora, com o que prendo o cabelo? Vamos ver! Com que?... Me dá vontade de romper as mexas duma vez... e de não ir a lugar algum. (Leva as mãos à cabeça, nervosamente.) Não digo? Depois dirão que não é coisa de irritar. Ela estava na minha cabeça... E perdendo o tempo... (Com um gesto violento atira a peineta no chão.) [...].
FLORENCIO SÁNCHEZ - Trecho da peça teatral Mão Santa Sainete (1905), extraída da obra Florencio Sánchez – Teatro (Montevideo, 1975), do dramaturgo e jornalista uruguaio Florencio Sánchez (1875-1910), considerado uma das principais figuras do teatro rio-platense e do anarquismo uruguaio. Veja mais aqui.

A ARTE DE RAQUEL GLOTTMAN
Penso em minhas imagens como fragmentos de um sonho que expressa reinos inconscientes simbólicos arquetípicos.
RAQUEL GLOTTMAN - A arte da fotógrafa estadunidense Raquel Glottman, que explora processos fotográficos alternativos com exploração de sonhos, sexualidade, natureza e mortalidade. Veja mais aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A literatura de José Condé (1917-1971) aqui.
A música do maestro, arranjador e oboísta Maestro Duda aqui
A arte de Alice Vinagre aqui.
A poesia de Edjane Leal aqui.
A arte do artesão Epifanio Bezerra aqui
&
O município de Altinho aqui & aqui.
 

quarta-feira, janeiro 29, 2020

SWEDENBORG, MISTY COPELAND, ANTOLOGIA DE CANTADORES & O JEGUE DE PAUL


OUTRAS DO JEGUE DE PAUL - O Jegue de Paul não tinha nome não, era só isso mesmo. Dele, conta Tó Zeca – a maior autoridade em lorotas e pinoias – ter fugido das páginas de um Bestiário da Biblioteca Pública, só para atazanar as pessoas boas dali e nunca mais voltar para a invencionice de um mentiroso escritor. Ademais, muitas outras contam no amiudado, como a de que ele é fruto do cruzamento da Besta Fubana com uma mula sem cabeça de fogo no rabo e adjacências; ou que é filho dum pangaré com uma égua voadora chamada Pégasa, que apareceu assim do nada por essas bandas lá pelos idos de não sei quando. Também de que o desgraçado era fruto de um amancebamento dum calunga pintudo que era enjeitado por todas as mulheres, com a jumenta Fulorita, presumindo-se que ela seja a mãe do famigerado e que nunca dela ouvira falar. Vez em quando, asseveram, ele se passa por cavalo-marinho e sai pelo rio Una à procura de fêmeas que lhe saciem a incontinência sexual, de bater no mar, tanto que ouviu-se dizer dele ter acasalado com uma égua do mar, uma bicha selvagem da ilha de Bornéu, com umas crinas crescidas, cascos partidos feito bovinos, longa cauda e a trotar com o vento ocidental, chegando a parir uma tuia de lêmures, sacis e outras desgraças, mesmo de quase ele trocar tapa com o Asno de três patas de Zaratustra, que fica lá no fim dos oceanos com seus três cascos, seis olhos, nove bocas, duas orelhas imensas e um corno grandiosíssimo, causando desastres e agonias, dele parar e ficar assuntando aquela descomunal aparição, botar o rabinho entre as pernas e voltar pro seu bem-bom. Ditos outros baseados em boatos e dizeres inventados e tantos mesmos dados por líquido e certo, como de suas qualidades, aventando que se tivesse, de mesmo, qualquer serventia, não se tinha lá como dizer ou pudesse aferir lá nos anais do autenticado e checado. De exato e conferido mesmo, sabe-se que ele era pontualíssimo em dar a hora certo ao meio dia, na hora do Ângelus e no raiar do dia, isso sim, era inequívoco e todos testemunhavam. Afora isso, que não simpatizava com cacete, fugindo de tabica, relho, açoite ou chicote, e que ninguém nunca viu dele nem um murro numa cocada, nunca servindo por montaria, para puxar arado que fosse ou carroça no lombo ou na cacunda. Gostava de sair por ali assim nas quebradas e gandaia, por Japaranduba, Riacho dos Cachorros, Pirangi, Ribigudo, seguindo rastro de jumentas, jegas, burras, mulas e éguas, quando não, enrabando um potro desavisado ou mesmo muares e asnos que catasse, para se fartar de liambas e canabis, arranchado numa capoeira qualquer. Isso tudo sem contar que fora responsabilizado sob acusação de autoria de crimes escabrosos e insolúveis, da crise e miséria dos ricaços do canavial, das enchentes intermitentes que desabava tudo nas cidades da região, ou mesmo por provocar o fiasco que ficou sendo a festa da padroeira do dia oito de dezembro e, de quebra, pelo endoidecimento dos políticos na afanagem geral do erário público, levando à bancarrota geral todo o território estadual. Na vera, o que dele se certificou quantos vivos ou mortos, é que ele era achegado era de se meter com libidinagens entre as lavadeiras de rios e riachos, num esfregado até se ajeitar na intimidade de uma delas. Isso sim. Quando não, vivia de dar carreira no povo passante pelo arruado, pela rodagem ou rodovia, de preferência mesmo gostava de provocar carreira nas mulheres para ver-lhe a caçola com a saia na cabeça. Assim ficava se lambendo, estirando o prativai no maior rinchado. Hoje só reaparece em dias de carnaval, pisoteando do sábado até a terça de Zé-pereira, fantasiado de Burak: máscara de gente, orelhas de coelho, corpo de dragão e rabo de pavão, todo afogueado na frevada, para se envultar nas cinzas e se deixar ouvir o relinchado nas matas pela invernada. Exatamente por essas razões e gaitadas que ele é cultuado e foi cantado nos Dez de Queixo Caído de ficar na caraminhola lendária até os dias de hoje. Depois conto mais, ora se. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] O amor nada, faz senão em conjunção com a sabedoria ou o entendimento. O amor se conjunta à sabedoria ou ao entendimento e faz com que a sabedoria ou o entendimento seja reciprocamente conjunto. A sabedoria ou o entendimento pelo poder que lhe dá o amor, pode ser elevado, e perceber as coisas que pertencem à luz procedente do Céu, e as receber. [...] Trecho extraído da obra Divina Providência (Nova Jerusalém, 2010), do polímata sueco, com destacada atividade como cientista, inventor e filósofo, Emanuel Swedenborg (1688-1772), que inventou uma máquina de voar e, afamado alquimista, fundou a primeira revista científica da Suécia e publicar obras em campos diversos como a geologia, biologia, astronomia e psicologia. Veja mais aqui e aqui.

ANTOLOGIA ILUSTRADA DOS CANTADORES
Nunca fui mal procedido, / nunca fiz mal a ninguém; / se acaso fiz algum bem / não ‘stou disso arrependido. / Se mal pago tenho sido, / são defeitos pessoais, / todos seremos iguais / no reino da Eternidade: / na balança da Verdade / Deus sabe quem pesa mais.
ANTOLOGIA ILUSTRADA DOS CANTADORES – A obra Antologia ilustrada dos cantadores (EdUFCE, 1976), de Francisco Linhares e Otacilio Batista, trata sobre a poesia e suas raízes, o cantador no conceito dos mestres e gêneros de poesia popular, ricamente ilustrado por personagens que compõe o panteão dos poetas poetas populares, cantadores e repentistas do Nordeste brasileiro. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE MISTY COPELAND
O balé foi definitivamente minha fuga. Foi a primeira coisa que eu já experimentei na minha vida que era minha - apenas minha, não meus cinco outros irmãos". Isso me deu uma voz, me fez sentir poderoso. Poderíamos ter histórias que realmente refletem diferentes culturas de uma maneira nova. O balé é mundano, então vamos representar o que todos nós somos.
MISTY COPELAND - A arte da bailarina estadunidense do American Ballet Theatre, Misty Danielle Copeland, que se tornou a primeira mulher afro-americana a ser promovida a dançarina principal nos 75 anos de história da ABT. Ela é autora de obras como Ballerina Body: Dancing and Eating Your Way to a Leaner, Stronger, and More Graceful You (Grand Central Publishing, 2017); Your Life in Motion: A Guided Journal for Discovering the Fire in You (Aladdin, 2018); Life in Motion: An Unlikely Ballerina (Touchstone, 2014); Life in Motion: An Unlikely Ballerina (Aladdin, 2016) e Firebird (G.P. Putnam's, 2014), com ilustrações de Christopher Myers e, também, o documentário Um Conto de Bailarina (2015), com direção de Nelson George, abordando a sua ascensão e a fratura que poderia ter acabado com sua carreira, além de tocar em temas como raça e imagem corporal. Veja mais aqui & aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A arte do artista multimídia Paulo Bruscky aqui e aqui.
A literatura do premiadíssimo escritor Gilvan Lemos (1928-2015) aqui e aqui.
A neurociência médico e nutrólogo Nelson Chaves (1906-1982) aqui e aqui.
Os tempos da Praieira de Costa Porto (1909-1984) aqui.
A poesia de Andréa Borba aqui.
A música de Lucas Kallango aqui.
O teatro As Loucas da Mata Sul aqui.
A fotografia de Osmário Marques aqui.
Guiomar Verdureira aqui
&
Coral da Orquestra Criança Cidadã dos Meninos de Ipojuca & o Município de Ipojuca aqui e aqui.


terça-feira, janeiro 28, 2020

EMERSON, HARRIET WHITNEY FRISHMUTH, CHRISTIANA UBACH, ARTE DE PERNAMBUCO & CARTA DE GRATIDÃO


CARTA DE GRATIDÃO – O que eu fui se fez em mim para desvendar o segredo da vida e não era qualquer a infância para uma adolescência de descobertas. Meu pai morreu pobre. Nas noites de frio devorava livros da biblioteca da minha mãe: a lâmpada acesa nos meus olhos grandes. Fui hospedado na Casa da Dor pela tísica por anos. Aprendia e já me via irreverente com as velhas tradições e profissões: cada ser humano é um deus em formação. Passei a me sentir dono do mundo das sete estrelas e do ano solar. Não temia mais ser atacado por todos, que eu tivesse o solilóquio da alma sincera sob o céu. Falava, assim mesmo, praqueles que tinham ouvido e não me podiam ouvir. Até que o primeiro amor me envolveu. Ah, Ellen, como eu me apaixonei por sua beleza extrema, a presença viva nos meus diários. Fomos feitos um pro outro e a minha vida voava com o seu espírito alado, serena, amável. Quando me disse que estava pronta para morrer, não imaginava que fosse chamada pela morte tão cedo. Só eu sei a minha aflição: um anjo ia pro céu naquela manhã de fevereiro, não esqueci a paz e a alegria. Dezoito meses separaram em mim a felicidade da tristeza. Fui para a montanha do norte, vasculhar minha alma e decidir meu futuro. Ali, percebi que o homem e Deus poderiam se encontrar entre os outeiros de Roxbury, porque harmonizei o ouvido e o coração com a música da Natureza: éramos Um na Alma do Mundo. Ao retornar, não havia mais como conciliar meu saber e vivência com as tradições religiosas. Aplicava, apenas, a prática do Sermão da Montanha, nada mais. Renunciei a fé com meus ombros encolhidos. Mesmo ausente, foi Ellen quem me proporcionou a vida em Concord: um refúgio para pensar e agir. Segui devotado: a vida não se resumia apenas em mediocridade e insipidez, uma gente indefesa, difusa e prostrada, dispersa e horrorizada. Reverberava em mim a energia da Lei Suprema: o tudo e a Humanidade – a inteireza e a unidade indivisa. Deixei os cemitérios do passado, olhei para os bosques do futuro. Passei a defender a nobreza do comum, a crença dos pacíficos pioneiros: a liberdade individual e a tolerância universal, a colaboração mútua entre humanos livres na tríade viver, deixar viver e ajudar a viver. A dignidade da pessoa comum reconhecida, como se cada qual na soma do Todo: a declaração universal da interdependência. E o amor me envolveu pela segunda vez. Ah, Lydian, uma mente nobre e sincera, uma alegria muito sóbria: educada, inteligente e ativa, uma afeição além das paixões: a grandeza do amor e a sujeição de cada qual à dimensão do desamor. Amávamos cada um, ao seu modo. E sorríamos, dialogávamos, a interlocução dos dessemelhantes. Nisso, inventávamos a nossa felicidade. O seu amor aprumou meus sentimentos e passei a ser o professor da ciência da alegria à beira de tudo quanto é grande e real: que cada um se preocupasse com o seu trabalho e respeitasse o do outro. Esse o meu aprendizado panhumanista. Elas me ensinaram a amar a vida e o mundo, desinteressadamente, da forma mais natural possível. Nunca fui tão feliz, não havia mais como distinguir o que era da vida e o que era da morte: a vida, uma só. Por isso, minha eterna gratidão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Toda alma é uma Vênus celestial para toda outra alma. O coração tem seus dias de festa e seus jubileus, nos quais o mundo aparece como um himeneu, e todos os sons naturais e o ciclo das estão são odes e danças eróticas. O amor é onipresente na natureza como motivo e recompensa. O amor é a mais elevada palavra que possuímos, e é sinônimo de Deus. [...]. Trecho extraído da obra Ensaios: homens representativos (Martins, 1965), do escritor e filósofo estadunidense Ralf Waldo Emerson (1803-1882), que primeiro amou Ellen Louisa Tucker (1811-1831) e faleceu dezoito meses depois do seu casamento. Em seguida, amou Lydia Jackson (1802-1892). A relação deles com elas estão descritas em obras como One First Love - The Letters Of Ellen Louisa Tucker To Ralph Waldo Emerson (Churchill Livingstone, 1962), de Ellen Louisa Tucker, organizada por Edith W. Gregg; Mr. Emerson's Wife (Griffin, 2006), de Amy Brown; The Essential Writings of Ralph Waldo Emerson (Modern Library, 2000); e O pensamento vivo de Emerson (Martins, 1865), organizado por Edgar Lee Masters. Veja mais aqui, aqui & aqui.

BOA SORTE, MEU AMOR
O drama Boa Sorte, Meu Amor (2013), dirigido e escrito por Daniel Aragão, conta a história de um homem de 30 anos oriundo de uma família aristocrata do sertão nordestino. Ele trabalha em uma empresa de demolição, ajudando nas diversas transformações que a cidade tem passado nos últimos anos. Ao encontrar Maria, uma estudante de música com alma de artista, ele passa a sentir a urgência por mudanças em sua própria vida. O destaque fica por conta da atuação da atriz Christiana Ubach. Veja mais aqui.

A ARTE DE HARRIET WHITNEY FRISHMUTH
É tão fácil fazer a beleza feia e distorcer. Excentricidade e capricho não substituem estilo e domínio na modelagem. A beleza está em toda parte neste mundo, sempre esteve. Talvez os olhos de hoje não tenham sido treinados para ver, pois se o artista aprecia e entende a natureza, ele não pode ir muito longe da verdade e da beleza, que são os pilares da grande arte.
HARRIET WHITNEY FRISHMUTH - A arte da escultora estadunidense Harriet Whitney Frishmuth (1880-1980). Veja mais aqui & aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A literatura de Osman Lins aqui & aqui.
A música de Cussy de Almeida aqui & aqui.
A arte de Cícero Dias aqui & aqui.
A poesia de Mário Hélio aqui.
A taboada de Azulão, do cordelista Sebastião Cândido dos Santos aqui.
A arte de Cícero Santos aqui
&
O município de Catende aqui, aqui, aqui & aqui.


segunda-feira, janeiro 27, 2020

MOZART, KLÁRA WÜRTZ, SCHELLING, JENNA GRIBBON, CARTA DE AMOR & ARTE PERNAMBUCANA


CONSTANZE, UMA CARTA DE AMOR - Esta a minha carta de amor, o amor que me faz vivo até agora. O amor que me faz recordar da infância tão promissora nos meus olhos grandes de Salzburgo, eu já era a nona maravilha entre aplausos e gentilezas. Herdei a música do meu pai, reis e rainhas eram reais, não um jogo de tabuleiro, eu sentado à mesa com a distinção de grau de cavaleiro, logo via os homens que pouco se apreciavam uns aos outros. O amor pelos devaneios, La finita semplice, e com a adolescência tornei-me infeliz criatura: desprezado, humilhado, a frieza das amargas verdades. Era o amor sempre e vivia tocando para as mesas e cadeiras, indiferença e hostilidades. Mesmo assim, a Missa da Coroação, a Sinfonia Concertante, a Posthornserenade, Idomeneu, tudo pelo amor. Eu sonhava quartetos de cordas, concertos, sinfonias, óperas. E ao despertar, a insatisfação corroía, valia-me das carícias e beijos da priminha e de outras saltitantes moças que me caíam às graças. Logo Rosa foi a primeira paixão para os andantes de deusa. Fui para Mannhein e me apaixonei pela Aloysia, a voz soprano de ouro na beleza estonteante. Para ela muitas árias e sequer me reconheceu no segundo encontro, fui rejeitado. Caí no mundo por força de um pontapé, fui bater em Viena, não menos recusado, expulso. Logo Constanze, antes cunhada, com seus olhos penetrantes deu-me abrigo nos seus braços abertos e o Rapto de Serralho na nossa fuga. O amor, altos e baixos, extravagâncias, as minhas angústias: melancólico, irrequieto, a busca pela conquista da liberdade e amava demais até As Bodas de Fígaro! Apesar do sucesso, a pobreza não era o único obstáculo: o ataque secreto dos inimigos. Quanto desamor. Na verdade, mais um fracasso: ondas exitosas seguiam-se por desastradas. Até Don Giovanni, a tragédia do amante de tantas conquistas amorosas: a ópera da morte e da noite. Eu caminhava para a ruina. Apesar dos aplausos, morria de fome, o ânimo fraquejava. O coração invernou, caminhava num pesadelo. Um estalo: A flauta mágica. Perseverava, persistia. Nenhum reconhecimento, ninguém que me amasse e eu à procura de estima e afeto. Valia-me apenas de Constanze, ah, querida, não fique triste, esteja sempre segura do meu amor. É por você que falo de amor enquanto sonho e ao despertar pelos campos, fontes e ventos. É por você que falo de amor até comigo mesmo, quando não há ninguém para escutar nem receber o meu amor universal. Porque é preciso um grande amor para se viver ou criar uma obra de arte, o amor é fundamental. Ah, minha Constanze como a amo, apesar da nossa quase miséria beirando ao desespero, eu a amo e muito e demais. Sei fui derrotado, todos me deram as costas, fracassei. A vida não tem nenhum valor, só um réquiem, a presença da morte prematura e a vala comum. Adeus, meu amor, meu único amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Aquilo que conhecemos na história ou na arte é essencialmente o mesmo que também existe na natureza: é que a absolutez inteira é conatural a cada um deles, mas essa absolutez se encontra em potencias diferentes na natureza, na história e na arte [...] A música nada mais é que o ritmo prototípico da própria natureza e do próprio universo, que por intermédio dessa arte irrompe no mundo afigurado [...]. Trechos extraídos da obra Filosofia da arte (Edusp, 2001), do filósofo do Idealismo alemão Friedrich Wilhelm Joseph Schelling (1775-1854), que em outro de seus estudos, “Primeiro projeto de um sistema da filosofia da natureza: esboço do todo (EDIPUCRS, 2004), assinala que: [...] A inteligência é produtiva de dois modos, ou cega e inconsciente ou livre e com consciência; inconscientemente produtiva na intuição do mundo, com consciência na criação de um mundo ideal. [...]. Veja mais aqui & aqui.

MOZART
Falo do amor ao despertar, falo do amor quando sonho, com as flores, com os campos, as fontes, os ecos, o ar, os ventos, e se não houver alguém que me escute, falo deste amor comigo mesmo. Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.
MOZART - O compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) teve uma vida repleta de amor e fracasso. Na adolescência e já professor, envolveu-se com a pianista alemã Rose Cannabich (1764-1839), a quem dedicou uma sonata para piano. Depois se apaixonou pela bela soprano Aloysia Weber (1760-1839), pela qual foi rejeitado, para quem dedicou muitas de suas árias. Por fim, apaixonou-se por Constanze Weber (1762-1842), irmã de Aloysia, com quem conviveu até a sua morte. Várias obras dão conta da vida de Mozart e de suas paixões, entre elas, Mozart, sociologia de um gênio (Jorge Zahar, 1995), de Norbert Elias; Constanze Mozart: Eine Biographie (Bohlau Verlag, 2018), de Viveca Servatius; Constanze Mozart geb. Weber: Ein biografischer Roman (Kaufmann Ernst, 2006), de Heidi Knoblich; Mozart (Objetiva, 1999), de Peter Gay; e o drama de época Amadeus (1984), do cineasta Milos Forman. Veja mais aqui & aqui.

A MÚSICA DE MOZART: KLÁRA WÜRTZ
Devemos agradecer ao movimento histórico da performance, que colocou de volta ao centro da cena a estrutura da obra e se despediu da abordagem egocêntrica e de sua obsessão pela perfeição instrumental. Essa obsessão, que culminou nos anos quarenta e cinquenta, enfatizou aquelas seções do trabalho que permitiam exibir a perfeição instrumental, tornando assim os mecanismos de ação pretendidos pelo compositor muito mais difíceis de se comunicar com sucesso.
KLÁRA WÜRTZ – A arte da premiada pianista húngara Klára Würtz, que fez quase 20 gravações em CD, entre as quais as Sonatas para Piano completas de Mozart, entre outras. Ela é professora de piano no Conservatório de Artes de Utrecht e vive em Amsterdã, na Holanda. Veja mais aqui.

A ARTE DE JENNA GRIBBON
Sensualidade, beleza e romantismo são todos aspectos da minha realidade em minhas interações com as mulheres e com o meio da tinta, e isso se reflete no trabalho. Sim, o trabalho é, em parte, sobre minha complicada relação com a história da pintura - não apenas com a maneira como as mulheres foram retratadas na pintura, mas também com a linhagem patrilinear de artistas dos quais meu trabalho descende. Estou tão mergulhado na história da maneira como os homens brancos traduziram idéias e imagens em tinta, que tenho certeza de que nunca poderei pensar em uma abordagem masculina eurocêntrica da pintura como algo além de pintura. A pintura de mim mesmo com um bigode, a pintura de um "banhista" poderia ter sido alternadamente intitulada "Problemas com o papai". Adoro o trabalho de tantos homens dessa história, mas estou lutando com minha própria inclinação para fazer um trabalho que vem diretamente de uma tradição que me deixaria de fora até muito recentemente, e que continua a excluir muitas vozes.
JENNA GRIBBON – Arte da artista visual estadunidense Jenna Gribbon, que tem realizado exposições consagradores em diversos países. Veja mais aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A arte do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna (1927-2014) aqui & aqui.
O premiado dramaturgo Luiz Marinho (1926-2002) aqui.
O filme Amarelo Manga, de Claudio Assis aqui.
A poesia de Valmir Jordão aqui.
A arte de Zé Galdino aqui.
A música de Bonny Brown aqui & aqui.
O Brasil Holandês aqui.
Lia de Itamaracá aqui.
O município de São Bento do Una aqui & aqui.
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A arte palmarense de Luciah Lopez aqui, aqui & aqui.