
A IRREALIDADE COTIDIANA DE UMBERTO ECO
[...] Quando todos
os arquétipos irrompem sem decência, são atingidas profundidades homéricas. Dois
clichês provocam o riso. Cem clichês comovem. Porque se percebe obscuramente
que os clichês falam entre e celebram uma festa do reencontro. Como o cúmulo da
dor encontra a volúpia e o cúmulo da perversão beira a energia mística, o
cúmulo da banalidade deixa entrever uma suspeita sublime [...].
Trecho de Casablanca,
ou o renascimento dos deuses, extraído da obra Viagem na irrealidade cotidiana (Nova Fronteira, 1993), do
escritor, filósofo e bibliófilo italiano Umberto Eco (1932-2016),
tratando das questões humanas contemporâneas e cotidianas, entre elas a
ecologia, a deterioração dos meios, a hiperrealidade, a cultura “fake” americana e o horror do vácuo, o
candomblé e os orixás, entre outros assuntos. Veja mais aqui, aqui e aqui.
Veja
mais sobre:
E mais:
A
filharada de Zé Corninho, O homem,
a mulher & a natureza de Alan Watts,
Travessia marítima de Thomas
Mann, O casamento de Anne Morrow Lindbergh, a música de Charlotte Moorman, o cinema de Rainer Werner Fassbinder & Hanna Schygulla, Emmanuelle Seigner, a arte de
Hansen Bahia & Attila Richard Lukacs aqui.
Vamos
aprumar a conversa, Sociedade dos indivíduos de Norbert Elias, As brasas de o Sándor Márai, Babylon de Zuca Sardan, a
música de Hermeto Pascoal & Aline
Moreira, Anatomia do drama de Martin
Esslin, o cinema de Fred Schepisi & Meryl Streep, a escultura de Pierre-Nicolas Beauvallet, a arte de Derek
Gores & a pintura de Gilson Luiz Santos Braga aqui.
Se não
chover... mas se chover..., Diário de um sedutor de Søren Kierkegaard &
Marcha das Vadias aqui.
Vamos
aprumar a conversa: aquele abraço!, A espada da deusa de Richard Wagner, Pigmalião de Bernard Shaw, O
perfume de Patrick Süskind, a música de Richard Wagner, o cinema de Tom Tykwer & Karoline Herfurth, a pintura de Mary Cassatt, a arte de Susan Strasberg &
a poesia de Pedro Du Bois
aqui.
Primeira
Reunião: Em mim, O anão de Pär Lagerkvist. Os últimos dias de Paupéria de Torquato Neto, A mais
forte de August Strindberg, a música de Camille Saint-Saëns & Waltraud Meier, o cinema de Joann Sfar
& Lucy Gordon, a arte de Lena Nyman
& a pintura de Carl Heinrich
Bloch aqui.
Brincarte
do Nitolino, Holismo & evolução de Jan Christiaan Smuts, a poesia de Joseph
Brodsky, o teatro de Gianfracesco Guarnieri, a música de Bob Dylan, o cinema de Leon Hirszman, a pintura
de Jacopo Pontormo & a arte de Helena
Ranaldi aqui.
Direitos
de toda mulher, A gravidade & a graça de Simone Weil, Os direitos da mulher de Olympe de Gouges,
Hibernação de Magdalena Isabel Monteiro, a música do Quarteto Radamés Gnattali, a escultura de Bruno Giorgi, a fotografia de Arne Jakobsen & a pintura de Jose
Higuera aqui.
Minha
nossa, quanta poluição, A teia da vida de Fritjof Capra, Máquinas e
seres vivos de Maturana & Varela, Pedra filosofal de António Gedeão, a música de Sarah Brightman, a fotografia de Stefan Kuhn, a pintura de Patricia
Awapara & a arte de Kézia Talisin aqui.
Tudo é Brasil, A colonização do imaginário de Serge Gruzinski, O general está pintando de Hermilo Borba Filho, Pasquale Cipro Neto, a
escultura de Emilio Fiaschi, a música
de Jamiroquai & a fotografia de Jennifer Nehrbas aqui.
&
BREVIÁRIO DE SHAW
[...] Ser milionário, então, quer dizer ter mais
dinheiro do que se pode gastar consigo mesmo, e sofrer diariamente as
desatenções de pessoas a quem essa condição parece de extrema satisfação. Assim
sendo, que há de fazer o milionário de seus fundos excedentes? A resposta que
se dá habitualmente a essa pergunta é esta; garantir o futuro de seus filhos e
dar esmolas. Ora, esses dois recursos, compreendidos como são geralmente, são
uma coisa só e, por sinal, uma coisa muito prejudicial. Do ponto de vista da
sociedade, não importa nada se a pessoa exonerada da necessidade de trabalhar
para o próprio sustento pela generosidade de um milionário é o filho deste, o
marido da sua filha ou simplesmente um mendigo qualquer. [...]. Não há amor mais sincero que o da comida. Cabe
à mulher casar-se o mais cedo possível e ao homem ficar solteiro o mais tempo
que pode. A minha especialidade é ter razão quando os outros não a têm. Quando
um tolo pratica um ato de que se envergonha, declara sempre que fez o seu
dever. Quem nunca esperou não pode desesperar nunca. Uma vida inteira de
felicidade? Ninguém aguentaria: seria o inferno na terra. O pior crime para com
os nossos semelhantes não é odiá-los, mas demonstrar-lhes indiferença: é a
essência da desumanidade. Há duas tragédias na vida: uma, a de não alcançarmos
o que o nosso coração deseja; a outra, de alcançá-lo. Os ingleses nunca hão de
ser escravos: eles são livres de fazer tudo o que o governo e a opinião pública
lhes permitem fazer. O lar é a prisão da moça e o hospício da mulher. O
martírio... é a única maneira de ganhar fama sem ter competência. Quem deseja
uma vida feliz com uma mulher bonita assemelha-se a quem quisesse saborear o
gosto do vinho tendo a boca sempre cheia dele. Não faças aos outros o que
queres que te façam; os gostos deles podem ser diferentes dos teus. Neste mundo
sempre há perigo para aqueles que o temem. Há apenas uma única religião, embora
dela exista uma centena de versões. Nunca espero nada de um soldado que pensa. Sou
abstêmio apenas de cerveja, não de champanha. Não gosto de sentir-me em casa
quando estou no estrangeiro. Cheguei à conclusão de que tudo é produzido para
milhões, e nada para milionários.'Qual é a vantagem de poder pagar um sanduíche
de miolos de pavão, quando só se encontram de presunto e de carne? A minha
maneira de brincar consiste em dizer a verdade. É a brincadeira mais divertida
do mundo. Um inglês pensa que é moralista, quando é apenas desagradável. [...].
Trechos
extraídos da obra Socialismo para milionários, (Ediouro, 2004), do polêmico dramaturgo, escritor e jornalista
irlandês Bernard Shaw (1856-1950), Prêmio Nobel de Literatura de 1925, ensaio
irônico com visão mordaz sobre a humanidade, apresentando questões que
transitam temas de grande importância, em que expressa o seu pensamento
original, contestador e independente em estudo social e um libelo à liberdade. Veja
mais aqui e aqui.
PRELÚDIO
& FUGA DO QUARTETO CAMARGO GUARNIERI
Curtindo o álbum Prelúdio
& Fuga (Yb Brasil, 2004), do Quarteto Camargo Guarnieri, formado por Elisa
Fukuda (violino), Cláudio Micheletti (violino), Renato Bandel (viola) e Raïff
Dantas Barreto (violoncelo), interpretando composições de Osvaldo Lacerda (1927-2011),
Camargo Guarnieri (1907-1993) e Villa-Lobos (1887-1959). Veja mais aqui.
A ARTE
DE ENEIDA PAES LIMA
A arte da professora, bailarina, coreógrafa,
pesquisadora Eneida Paes e Lima.
A PINTURA
DE JUDY BURGARELLA
A arte da pintora estadunidense Judy Burgarella.