sexta-feira, janeiro 17, 2014

EMILY CARR, GEORGE CARLIN, BARTHES, PRISCA AGUSTONI, GIANETTI, LAEL KEEN & DELURITO

 


DELURITO DESALMADO OU STENDHAL SE REPETE... – Delurito nasceu como seu nome: estranhamente. A mãe o pariu no dia que o pai foi emboscado e morto. Entre padrastos ocasionais e outros invasores noturnos ganhou uma penca de irmãos. Cresceu para liderar todos, inclusive os primos da vizinhança e vingar a morte paterna. Contudo, por conta de uma simpatia oculta por uma das primas, era então dominado por eles: o saco de pancada. Apelidos e mangações infernizavam sua vida. Rosnava, apenas, nem ousava morder. Fulminava, deixava quieto e se acovardava. Só caiu em si quando levou um fora da primamada ao falar namoro. Terrivelmente abalado e prestes ao alistamento militar, gemeu inconsolável. Tombou morto de ciúmes – ela preferiu outro. Foi à forra: ingressou no exército e nunca mais deu as caras. Aí transformou-se. Que raio de nome é esse? Seguiu firme engolindo humilhações nem advogou retificação de nome – isso em homenagem ao pai assassinado. Um dia vingaria, destá. E começou quebrando o dente de um cabo, inaugurou a cadeia. Começava aí sua fama desalmada. Ao longo dos anos ganhou uma mudez implacável afora a reputação de invencível. Um olhar profundo de arrepiar à covardia qualquer rival, tremiam todos na base. Tomou forma, músculos expostos e uma crueldade sem precedentes, só aplacada pelos superiores graúdos: Ainda chegarei a general. Bufava. Esbofeteou civil e patentes, passou mais tempo preso, obrigado a mudar de conduta. Enganou todo mundo, silente, aplicado. Chegou à patente de capitão quando resolveu dar o ar da sua graça aos parentes. Quantos anos, quase duas décadas. Quase tudo. Não previu que ao bater de cara com a paixão recolhida entraria em erupção. As vistas no namorado dela: salafrário comunista. Pegou-lo pelo gogó e esmurrou de deixá-lo bambo, quase sem vida. O pai da moça interveio e não deu outra: pediu de chofre a mão da filha em casamento. Ou casava ou morria, escolham! Se não for minha, não será de mais ninguém. Armou a cilada. O coitado paterno desamparado tremeu na base e titubeou com o safanão levado de deixá-lo estendido ao chão, desacordado. Na hora acuou a moça: Ou dá ou desce ao cadafalso! Bufou e todo mundo só no ó! Ora, o tempo passou, ele já coronel e ela reprimida de anos: o medo pelas costelas, dele mortes tantas nos costados. Às vésperas de se tornar general, foi dar as boas novas pra ela: o flagra! Não era o que pensou, mas não aliviou vingado. Descarregou sua fúria e munição da arma de deixar o suposto amante peneirado com sangue saindo pelo ladrão. Não ouviu qualquer explicação dela, arrancou o pênis da vítima e partiu pra cima dela, agarrando-a pelo pescoço, castigando-a de tiquinho só pra vê-la gemer e gritar de dor: arrancou um dedo, depois dois, um por um, todos, isso bem devagarinho, queria deixá-la em carne viva. Ela gritava tentando se explicar e nada. Tome, safada! Arrancou as vestes e com um golpe de quase decapitá-la torou o bico e amputou um seio, depois o outro. Quebrou-lhe os dentes aos murros, sob ordem de cuspi-los fora; rasgou-lhe a boca – Vou virá-la pelo avesso, desgraçada! Fraturou as clavículas dela com um caratê mortal, deixou-la maneta; partiu um braço em bandas, depois o outro; desentranhou na marra uma e todas as unhas, torando em seguida cada um dos dedos dos pés e das mãos; destruiu-lhe os tornozelos, fraturou-lhe as pernas aos chutes; sacou os joelhos fora; partiu as coxas ao meio; esfaqueou a vagina fora, furou-lhe os olhos, um a um; quebrou-lhe o nariz, de puxá-lo até jogar fora; desfigurada completamente e ao tê-la bamba aos farrapos, arrancou-lhe o coração e sacudiu longe. Puxou-lhe a pele e a esquartejou. Depois saiu arrastando aos urros insanos os restos mortais dela pela rua afora. O povo escondido por trás das janelas: Bem empregado. Nunca mais se soube dele, dizem: morreu espumando a fúria de sua ruindade! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Nosso mundo contemporâneo apresenta atitudes que estão arreigadas em traumas históricos, recalcados, transformados em comportamentos de violência, guerras, destruição de semelhantes. Essas atitudes repetem-se revelando feridas sociais ocultas. Se não lidarmos com os efeitos dessas dicotomias dominação-submissão, abundância-pobreza, cuidando dos traumas subjacentes por elas gerados, não se poderá encontrar uma forma de convívio social saudável. O nosso mundo atual, onde a violência, a guerra e o desrespeito á natureza fazem parte de um ciclo vicioso que revela a desconexão do ser humano com sua natureza amorosa e com a qualidade autorreguladora da própria natureza. Pensamento da professora e arteterapeuta antroposófica Lael Keen.

 

ALGUÉM FALOU - O humor desarma os poderosos e capacita os oprimidos, tornando a verdade inegável e impossível de ignorar... Pensamento do humorista, comediante, ator e escritor estadunidense George Carlin (1937-2008), que no monólogo Seven Dirty Words (Class Clown, 1972) pelo qual foi preso expressa: Merda, porra, foda, buceta, filho da puta, cuzão e cacete. Essas são as sete palavras pesadas. Essas são as que vão infectar sua alma, curvar sua coluna e impedir que o país ganhe a guerra. Em outro monólogo ele ironiza as pessoas que visitam Las Vegas: Pessoas que vão para Las Vegas, é preciso questionar a porra do intelecto delas para começar. Viajar centenas ou milhares de quilômetros para essencialmente dar seu dinheiro a uma grande empresa é meio idiota. Isso é o que eu sempre recebo aqui, esse tipo de gente com uma porra de um intelecto muito limitado. Durante o show Life is Worth Losing, ele expressou: Eu vejo as coisas desta forma... Durante séculos, o homem tem feito tudo o que pode para destruir, contaminar e interferir na natureza: desmatando florestas, minando montanhas, envenenando a atmosfera, pescando excessivamente nos oceanos, poluindo os rios e lagos, destruindo pântanos e aquíferos... então, quando a natureza contra-ataca e dá um tapa na cabeça dele e lhe dá um chute nas bolas, eu gosto disso. Não tenho absolutamente nenhuma simpatia pelos seres humanos. Nenhum. E não importa que tipo de problema os humanos enfrentem, seja ele natural ou provocado pelo homem, espero sempre que piore.Por fim, em sua apresentação You Are All Diseased, ele disse ao público: Eu sempre estive disposto a me colocar em grande perigo pelo bem do entretenimento. E eu sempre estive disposto a colocar vocês em grande perigo pelo mesmo motivo! Arrisquem-se! Ponham um pouco de diversão em suas vidas! A maioria dos estadunidenses são moles e medrosos e sem imaginação, e eles não percebem que existe uma coisa chamada diversão perigosa, e eles certamente não reconhecem um bom espetáculo quando veem um.

 

PREPARAÇÃO DO ROMANCE - [...] As atrações da subjetividade são melhores que as imposturas da objetividade.[...] o campo da Vita Nuova só pode ser a escrita: descoberta de uma nova prática de escritura [...] Por quê? Nesse nível, toda explicação de decisão é incerta, pois não se conhece a parte do inconsciente – ou: a verdadeira natureza do desejo empenhado. Direi, em plena consciência: porque há um sentimento de perigo [...] Poesia = prática da sutileza num mundo bárbaro. Daí a necessidade de lutar hoje pela Poesia. [...] Agora, enquanto o destino se aproxima e as horas respiram de leve, as areias do tempo se transformam em grãos de ouro. [...] Paradoxo que articula este curso, Proust e o haicai se cruzam: a forma mais breve e a forma mais longa. [...] O autor de haicais, o Homem do haicai: um budista imperfeito, relaxado, talvez astuto: um mestiço de Tao. Penso nesse apólogo: Bodhidharma (o introdutor mais ou menos mítico do Zen na China, por volta de 520) ele teria se retirado num mosteiro e aí teria passado nove anos numa cela, ‘olhando a parede’ (em Chinês, Pikuan): excluir do pensamento todo o desejo de agarrar [...] O Haicai não é uma ingenuidade, é antes uma terceira volta de parafuso dada à linguagem (linguagem sobre o fato). Eu me explico: uma parábola Zen diz, num primeiro tempo: as montanhas são montanhas; segundo momento (digamos de iniciação): as montanhas não são mais montanhas; terceiro momento: as montanhas voltam a ser montanhas É uma volta em espiral → Poderíamos dizer: primeiro momento: o da Tolice (ela existe em todos nós), momento da tautologia arrogante, do antiintelectualismo, um vintém é um vintém etc; segundo momento: o da interpretação; terceiro momento: o da naturalidade. [...] Enorme condicionamento do Ocidente a dar, a todo fato contado, o álibi de uma interpretação: civilização de padres; nos interpretamos, não suportamos as formas curtas de linguagem. O haicai é impossível para nós. [...] Coloco-me realmente na posição de quem faz alguma coisa, e não mais de quem fala sobre alguma coisa: não estudo um produto, endosso uma produção; elimino o discurso sobre o discurso; o mundo já não vem a mim sob a forma de um objeto, mas sob a de uma escritura, quer dizer, de uma prática: passo para outro tipo de saber (o do Amador) e é nisso que sou metódico. [...]. Trechos extraídos da obra The Preparation of the Novel: Lecture Courses and Seminars at the Collège de France, 1978-1979 and 1979-1980 (Martins Fontes, 2005), do escritor, sociólogo, filósofo, semiólogo e crítico literário francês, Roland Barthes (1915-1980). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

KLEE WYCK – […] Os índios não impedem o progresso dos seus mortos através do embalsamamento ou do caixão apertado. Quando o espírito se vai, eles devolvem o corpo à terra. a terra acolhe o corpo - extrai dele nova vida e beleza, apressa-se com aquilo que faz os homens estremecerem. A adorável erva tenra irrompe das sepulturas, rapidamente, exultando com a corrupção. [...] No fundo, todos nós abraçamos alguma coisa. A grande floresta abraça o seu silêncio. O mar e o ar abraçam os gritos derramados das aves marinhas. A floresta abraça apenas o silêncio; seus pássaros e até mesmo seus animais são mudos. Deve ter doído terrivelmente aos índios ver as coisas em que sempre acreditaram serem pisoteadas e arrancadas de seus abraços. [...] O velho serrou como se eras de tempo estivessem diante dele, e como se todos os anos atrás dele tivessem sido vagarosos e todos os anos à sua frente fossem igualmente ociosos. A vida havia adoçado o velho. Ele estava delicioso com o tempo, como as frutas vermelhas da temporada dos morangos.[...] Trechos extraídos da obra Klee Wyck (Douglas & McIntyre, 2004), da escritora e pintura canadense Emily Carr (1871-1945).

 

TRÊS POEMAS - I - Uso uma língua \ de respiração incerta, \ pois não percorre\ nem a medula\ nem a torção\ do verbo: já não sabe amputar os rostos \ ainda vivos nos retratos\ e deserta em mim a voz. II - Eles não sabem que são anjos \ os anjos que vivem conosco no campo: \ acostumado a vasculhar o lixo \ Eles conhecem a fome do estômago, \ cãibras musculares. \ Eles agitam suas línguas \ como fruta caída podre no chão, \ na torre daquela babel horizontal aqui, \ onde o latim eslavo lança suas sementes \ pessoas que amadurecem tardiamente \ no fígado do dia nós destilamos nosso álcool. III - Somos uma espécie que migra,\ sem rastros nem restos na memória\ das gentes. Sombras, apenas,\ palavras em mutação, segredos\ esses três pregos na fíbula do esqueleto.\ Um dia a tempestade chega e nos pega\ na encosta, onde largamos as flechas.\ Animais dormem dentro do tempo,\ enquanto mães cultivam hortas e facas.\ Logo surgem a chuva e o medo. E voltamos\ à marcha, afastamos as nuvens,\ apenas um cão nos segue, silente\ paciente, rumo ao norte. Poemas da poeta, tradutora e professora suíça Prisca Agustoni.

 

A ILUSÃO DA ALMA DE GIANNETTI  -
[...] Deitado no escuro, dorso nivelado à cama, resignado a passar a noite em claro se preciso, um cortejo de vislumbres e premonições veio sacudir a minha insônia. É ridículo, pensei. Cá estou no meu quarto, eu, um professor de letras precocemente aposentado, meio surdo e alcoolizado, um solteirão de meia-idade; cá estou eu, um esquisitão sobre quem ninguém nada sabe, o cumulo da insignificância, aterrado por uma insônia banal e, não obstante, esse ser ínfimo e obscuro, deitado no quinto andar de um edifício, dispara a ter ideias como se o mundo girasse em torno dele naquele instante: É possível que não tenhamos alcançado ainda menor compreensão do que nos faz ser quem somos e agir como agimos? É possível que estejamos radicalmente equivocados sobre nós mesmos, perdidos na mais espessa floresta de mitos e enganos, e que nossos descendentes das gerações futuras venham um dia a nos encarar com a mesma mistura de complacência e perplexidade com que encaramos os nossos ancestrais animistas, com seus rituais, sacrifícios e despachos? Sim, é possível. É possível termos acreditado falsamente durante milênios que a vontade consciente rege os nossos músculos quando, na verdade, ela é o subproduto inócuo de uma cadeia de eventos eletroquímicos no cérebro, como a fosforescência no rasto de um fósforo aceso no escuro ou a espuma de uma onda neural? E que, portanto, fazer de um propósito ou de uma intenção consciente a causa de uma ação humana é tão desprovido de fundamento como falar do propósito de um espermatozoide ao fecundar um óvulo ou da cigarra ao entoar sua cantoria ou do Sol irradiar calor? Sim, é possível. É possível que toda a reflexão e pregação da ética estejam colocadas no equivoco de que possuímos liberdade de escolha e de que existem coisas em nossas vidas que poderiam ser diferentes do que são; e que, não existindo vicio ou virtude, não há nada que mereça ser aplaudido ou condenado em sentido moral? É possível que Epiteto, o escravo e filosofo estoico do século I d.C.,  estivesse certo ao concluir, ainda que por caminho diverso, que “quem acusa os outros pelos seus próprios infortúnios revela uma total falta de educação; quem acusa a si mesmo mostra que a sua educação já começou; mas quem não acusa nem a si mesmo nem aos outros revela que a sua educação está completa? Sim, é possível. É possível que toda forma de feroz intransigência e todas as guerras religiosas e ideológicas e todos os conflitos sangrentos por terras, minérios, primazias sejam fruto de um pavoroso mal-entendido da consciência humana sobre si mesma? E que os autoproclamados “ateus militantes”, quando se propõem a tratar “a existência de Deus como uma hipótese cientifica como qualquer outra”, revelam uma falta de tino e uma superficialidade diante das necessidades espirituais do homem que é ainda mais espantosa do que a fé ingênua da maioria dos crentes e devotos aos quais se opõem? Sim, é possível. É possível que toda a história da ciência desde o atomismo grego não seja outra coisa senão a progressiva e implacável destruição de qualquer possibilidade de sentido para a existência, a autodiminuição do homem perante si próprio e sua metamorfose em fortuita, passageira e risível criatura, como um tipo peculiar de pulgão alucinado? E que a missão da ciência – única fonte de saber objetivo ao nosso alcance – seja reduzir todos os mistérios a trivialidades, demonstrando em minúcia a mecânica (ou quântica) absurdidade de todo o devir, até que só reste ao homem o mistério da absurda trivialidade de tudo? Sim, é possível. É possível, enfim, que nossa consciência de nós mesmos não passe de um engodo e de um continuo fantasiar que não somos, como uma farsa em que os personagens se creem autores de papeis que representam? E que aquilo a que me habituei chamar de eu não existe realmente, mas seja apenas sopro do que emerge da combinação de sopas e faíscas de um cérebro em vigília; e que eu e tudo o que me imagino ser seja uma peça de ficção que vive em mim em vez de ser escrita; e que ninguém exista realmente como se finge existir, mas seja o personagem de sua própria farsa, como peça assombradas do xadrez sem enxadrista que se desenrola em cada cérebro particular? Mas se tudo isso é possível e, mais que isso, possivelmente verdadeiro, então eu não posso ficar calado, encolhido como um caramujo, entregue à consciência oca e resignada do meramente existir. Então algo tem de ser feito. Tem de existir um furo, um erro fatal no meu pensamento. Preciso entender o que se passou comigo; preciso pôr em palavras o sinistro absurdo da clausura em que estou metido. Se eu não existo, se não sei quem – ou o que – sou, como se pensam os pensamentos que me atormentam? Não há caminho que me leve adiante? E assim, paciente leitor, no paredão daquela madrugada insone, brotou em mim o germe do livro que repousa em suas mãos. Refute-me se for capaz! A ILUSÃO DA ALMA – O livro A ilusão da alma: biografia de uma ideia fixa, do professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e PhD pela Universidade de Cambridge, Eduardo Giannetti, relata a história de um professor de literatura, especialista em Machado de Assis, e sua perturbadora conversão filosófica, sobre a relação entre o cérebro e a mente. Passando desde o embate entre Sócrates e Demócrito no século V a.C., até o advento contemporâneo da neurociência, a trama descreve a viagem de descoberta do narrador pela história das ideias. Veja mais aqui, aqui e aqui.

REFERÊNCIA
GIANNETTI, Eduardo. A ilusão da alma: biografia de uma ideia fixa. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.


PATRICK LOUTH: A POESIA VEIO DOS DEUSES – Eis um relato recolhido sobre a origem da poesia:  O nórdico antigo gosta de falar pelo prazer de bem falar, de forma difícil e erudita. Assim, como o aedo grego, o vates latino, o bardo celta, o escaldo também está ligado aos deuses. Aliás, a poesia veio dos deuses: é o que ensina Snorri logo nos primeiros trechos do Skaldskaparmal, no qual mostra Aegir, deus do Oceano, vindo saudar os Ases, no seu palácio de Asgard. Sentado ao lado de Bragi, deus da poesia, Aegir o interroga sobre a sua origem:
- No principio -, responde Bragi -, aconteceu que os Ases eram inimigos do povo que é chamado de Vanes, e eles se encontram para debater sobre a paz; os dois lados pediram garantias, de maneira que as duas facções foram até uma tina e escarraram dentro. Porem, quando se separaram, os deuses não quiseram que este penhor de paz se perdesse; tomaram-no e dele fizeram um homem. Ele se chama Kvasir e é tão sábio que não existe pergunta à qual não saiba responder. Saiu caminhando por todo o mundo, para ensinar aos homens a sabedoria. Mas quando chegou na propriedade de dois anões, que se chamam Fjatar e Galar, eles o aprisionaram, mataram-no e fizeram seu sangue escorrer dentro de duas tias e de um cântaro: este cântaro chama-se Oderir e as tinas, Son e Bodn. Misturaram o sangue com mel e disso resultou um hidromel tão especial, que quem o beber torna-se escaldo ou ságio. Por isso chamamos a poesia de fluxo de Kvasir. E o hidromel torna-se propriedade do gigante Suttung.

- Mas como os Ases se apossaram do hidromel? -, torna a perguntar Aegir.

- A propósito disso - responde Bragi -, existe uma história que diz que Odin saiu de casa e chegou num lugar onde nove escravos ceifavam feno. Perguntou-lhes se queriam que ele afiasse suas foices. Aceitaram. Então, Odin tirou de seu cinto uma pedra de amolar e as afiou. Achando eles que as foices, assim, cortavam muito melhor, quiseram comprar a pedra de amolar. Mas Odin decidiu que só compraria a pedra quem oferecesse, por ela, um preço justo; todos aceitaram, cada um desejando ser o comprador. Então, ele jogou a pedra para o alto; quando todos quiseram pegá-la, se precipitaram de tal forma que se decapitaram mutuamente com as foices. Depois disso, Odin foi procurar abrigo, para passar a noite, na casa de um gigante que se chamava Baugi, irmão de Suttung. Este lhe disse que estava numa situação difícil: seus nove escravos haviam-se matado uns aos outros e ele não tinha esperança de encontrar trabalhadores. Odin, então, disse chamar-se Bölverk, o artesão da infelicidade, e ofereceu-se para executar o trabalho de nove homens para Baugi, tendo, porém, como salário, um copázio de hidromel de Suttung.

A astucia do deus obteve êxito, depois de muitas peripécias:

- No primeiro trago, esvaziou todo o Odrerir, que abala a inspiração, no segundo o Bodn, no terceiro o Son. Ele havia, portanto, bebeido todo o hidromel. A seguir, transformou-se em águia e fugiu, voando tão depressa quanto pôde, mas Suttung, percebendo a águia em fuga, também se tranformou em águia e voou em sua perseguição. Quando os Ases viram Odin, que chegava voando, empurraram as tinas para o recinto. Então, ele chegou em Asgard e tornou a escarrar o hidromel dentro das tinas; porém, Suttung já estava tão próximo para o agarrar que Odin deixou escapar uma parte do hidromel, do qual, hoje, ninguém faz questão. Quem quiser, pode tomá-lo e nós o chamaremos o quinhão dos poetas de pacotilha. Porém o hidromel de Suttung, Odin o deu aos Ases e aos homens que sabem compor. Eis porque se chama a poesia de butin de Odin, e seu achado, sua bebida, dom dos Ases e bebida dos Ases.

FONTE:
LOUTH, Patrick. A civilização dos germanos e dos vikings. Rio de Janeiro: Otto Pierre, 1979.


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quinta-feira, janeiro 16, 2014

RAY BRADBURY, ANGELAMARÍA DÁVILA, STEPHENIE MEYER, PILAR RAHOLA, SARTRE, GENET, LACAN & CAJUEIRO

 


CAJUEIRO – O menino havia muito tempo esquecido. Bastou num relance dar de frente com um pendúnculo carnoso daqueles bem apetitosos, chega deu água na boca. Estava ali no meio de um montão de outros na floração de frondosa árvore sobre o muro alto do Colégio das Freiras, dele logo se ver desde antanho na colheita da fartura e abundância dos prazeres. Era só no tempo da estação dele assoletrar o nome, cantarolando às lambidas e chupadas na saborosíssima fruta tupi da anacardiácea. Sabia das propriedades terapêuticas das coisas populares, como doutras coisas mais aprendidas com as lições caetés, sábios indígenas que contavam os anos tomando cauim: que Miss Pepa não podia mais ocultar os seus bem maduros, do Domingos que chupava do muito no balaio da sua existência, o infortúnio das que viraram flores desde que nasceram e quantos outros treparam-se ao costado alheio dos provectos. Sabia da flor, do sumo e do cheiro agradável do sacocarpo, e das folhas quantas, atrepado nos galhos cantando a novena e batendo palma ao som do tambor, bombo e pífano na dança excitante e sensual pelas casas amigas no ritmo da marcha. Deixou-se levar pelas rememoranças. Desta vez esquecia compromissos sisudos e tantos afazeres inadiáveis do dia pra tarde, imaginando a castanha guardada a cada ano, o verdadeiro fruto que se come torrado. Lá foi ele então ânimo infantil tentar alcançar a fruta. Cadê-lo? E pegou pedras no chão, tocos, taliscas, seixos, nada de acertar. Será o impossível? O que lhe vinha à mão sacudia na pontaria e nada daquilo cair. Caçou ao redor o que fosse e, já inquieto, sacou dos bolsos o molho de chaves e tome! Errou de novo. O pior: cadê as chaves que não caíram de volta. Pronto! Agora deu! Impou, olhou pros lados, tentou subir o muro alto, escorregou; fez carreira para pular e tentar alcançar galho que fosse, caiu estatelado. Teibei! Rasgou a boca, os fundilhos rasgado com a bunda de fora. Logo a meninada estudantil passava por ele curiosa. Ajudaí, menino! Como? Arruma uma escada, tamborete, cadeira, o que for! Oxe! Minha chaves estão lá pendurada, preciso delas! Já desconfiavam. Nem ligou da maior vergonha que passava. Bora, anda! Quase exausto, alguém em socorro: Mas, rapaz, como é que pode?! Teve que abrir o jogo, não sem uma gaitada do ajudante: Tu nessa idade metido em trelas! Pois é. Entre cabisbaixo e satisfeito: chaves de volta. Pega aquele ali pra mim! Rapaz, foi por isso? Só pode. Já anoitecia e o céu repousava uma tropa de estrelas minguantes, e  rememorava: foram trinta dias de gracejo para uma decepção e tantos pezares. Chuvas antigas aguando agora o ânimo em farrapos com soterrados parentes: a vida de cabeça pra baixo e, apesar da idade de décadas, não contava mais janeiros, só seus quase setenta cajus. Era reviver o cajueiro da infância. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Nestes momentos existe a convicção de que não há outra alternativa. A cada dia me torno mais enfático. O caminho é difícil e complexo, entre um terreno que é desconcertante e tem que ser muito rigoroso... Pensamento da jornalista e escritora espanhola Pilar Rahola i Martínez.

 

ALGUÉM FALOU: Falta alguma coisa na vida da pessoa que lê, e é isso que ela procura no livro. O sentido, evidentemente, é o sentido de sua vida, dessa vida que para todo mundo é torta, mal vivida, explorada, alienada, enganada, mistificada, mas acerca da qual, ao mesmo tempo, aquele que a vive, sabe muito bem que poderia ser outra coisa... Pensamento do filósofo, dramaturgo e escritor francês Jean-Paul Sartre (1905-1986). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

TEATRO – [...] Vamos ao teatro para penetrar no camarim, na antecâmera dessa precária morte que será o sonho. Pois ao anoitecer se celebrará uma Festa, a mais grave, a derradeira, algo muito próximo dos nossos funerais. Quando a cortina se levanta, entramos no lugar onde se preparam os simulacros infernais [...]. Trecho extraído da obra El Objeto Invisible – Escritos sobre arte, literatura y teatro (Jérôme Neutres,1997), do escritor e dramaturgo francês Jean Genet (1910-1986). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

O ZEN E A ESCRITA CRIATIVA - [...] Você deve ficar bêbado escrevendo para que a realidade não possa destruí-lo. [...] Nunca ouvi ninguém que criticasse meu gosto por viagens espaciais, espetáculos paralelos ou gorilas. Quando isso ocorre, arrumo meus dinossauros e saio da sala. [...] Todas as manhãs pulo da cama e piso numa mina terrestre. A mina terrestre sou eu. Depois da explosão, passo o resto do dia juntando as peças. [...] Esse é o grande segredo da criatividade. Você trata as ideias como gatos: você faz com que elas o sigam. [...] Você fica faminto. Você tem febre. Você conhece alegrias. Você não consegue dormir à noite, porque suas ideias de criatura bestial querem sair e te viram na cama. É uma ótima maneira de viver. [...] O enredo nada mais é do que pegadas deixadas na neve depois que seus personagens passam correndo a caminho de destinos incríveis. [...] E o que, você pergunta, a escrita nos ensina? Em primeiro lugar, lembra-nos que estamos vivos e que isso é uma dádiva e um privilégio, não um direito. [...] Quais são as melhores e as piores coisas da sua vida, e quando você vai começar a sussurrar ou gritar? [...] Temos nossas artes, então não morreremos de verdade [...] Devemos pegar em armas todos os dias, talvez sabendo que a batalha não pode ser totalmente vencida, mas devemos lutar, mesmo que seja apenas um ataque suave. O menor esforço para vencer significa, no final de cada dia, uma espécie de vitória. Lembre-se daquele pianista que dizia que se não praticasse todos os dias saberia, se não praticasse dois dias, a crítica saberia, depois de três dias, o seu público saberia. Uma variação disso é verdadeira para escritores. Não que o seu estilo, seja ele qual for, iria perder a forma nesses poucos dias. Mas o que aconteceria é que o mundo iria alcançá-lo e tentar adoecê-lo. Se você não escrevesse todos os dias, os venenos se acumulariam e você começaria a morrer, ou a agir como um louco, ou ambos. [...] Leia poesia todos os dias da sua vida. A poesia é boa porque flexiona músculos que você não usa com frequência suficiente. A poesia expande os sentidos e os mantém em perfeitas condições. Mantém você consciente de seu nariz, olho, ouvido, língua, mão. E, acima de tudo, a poesia é uma metáfora ou símile compactada. Tais metáforas, como as flores de papel japonesas, podem expandir-se em formas gigantescas. As ideias estão por toda parte nos livros de poesia, mas raramente ouvi professores de contos recomendá-los para folhear. Que poesia? Qualquer poesia que faça seu cabelo ficar em pé ao longo dos braços. Não se force demais. Vá com calma. Com o passar dos anos, você poderá alcançar, equilibrar-se e ultrapassar T. S. Eliot em seu caminho para outras pastagens. Você diz que não entende Dylan Thomas? Sim, mas o seu gânglio sim, e a sua inteligência secreta, e todos os seus filhos ainda não nascidos. Leia-o, como você pode ler um cavalo com os olhos, libertado e avançando sobre uma campina verde sem fim em um dia de vento. [...] Escrever deveria ser difícil, angustiante, um exercício terrível, uma ocupação terrível. [...] Em sua leitura, encontre livros para melhorar seu senso de cor, seu senso de forma e tamanho no mundo. [...] Nunca deixamos nada de fora. Somos xícaras, silenciosamente e constantemente sendo preenchidas. O truque é saber como nos virar e deixar sair as coisas bonitas. [...] A nossa é uma cultura e uma época imensamente rica em lixo e em tesouros. [...] Agora que você está completamente confuso, deixe-me fazer uma pausa para ouvir seu próprio choro consternado. [...] Precisamos de nossas artes para nos ensinar como respirar [...] A vida é como roupa íntima, deve ser trocada duas vezes ao dia. [...] E metáforas como gatos por trás do seu sorriso, Cada um acabou ronronando, cada um um orgulho, Cada um deles é uma bela fera de ouro que você escondeu dentro [...] Esta tarde, queime a casa. Amanhã, despeje água crítica sobre as brasas. Tempo suficiente para pensar, cortar e reescrever amanhã. Mas hoje-explodir-desmoronar-desintegrar! Os outros seis ou sete rascunhos serão pura tortura. Então, por que não aproveitar o primeiro rascunho, na esperança de que sua alegria procure e encontre outras pessoas no mundo que, ao lerem sua história, também pegarão fogo? [...] Quem são seus amigos? Eles acreditam em você? Ou eles atrapalham o seu crescimento com o ridículo e a descrença? Neste último caso, você não tem amigos. Vá encontrar alguns. [...] Pense em Shakespeare e Melville e você pensará em trovões, relâmpagos, vento. Todos conheceram a alegria de criar em formas grandes ou pequenas, em telas ilimitadas ou restritas. Estes são os filhos dos deuses. [...]. Trechos extraídos da obra Zen in the Art of Writing: Releasing the Creative Genius Within You (LeYa, 2011), do escritor estadunidense Ray Bradbury (1920-2012), tratando sobre dicas de escrita criativa do gênio e compartilhando sua sabedoria, experiência e estímulo de uma vida de escritor, uma celebração do ato da escrita, que encanta, exalta e inspira qualquer aspirante a escritor. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

CREPÚSCULO – [...] Eu gosto da noite. Sem a escuridão, nunca veríamos as estrelas. [...] Decidi que já que vou para o inferno, é melhor fazê-lo completamente. [...] A morte é pacífica, a vida é mais difícil [...] Ainda mais, eu nunca tive a intenção de amá-lo. Uma coisa que eu realmente sabia - sabia na boca do estômago, no centro dos meus ossos, sabia do topo da minha cabeça até a planta dos pés, sabia no fundo do meu peito vazio - era como o amor dava a alguém o poder de quebrar você [...] Crepúsculo, novamente. Outro final. Não importa quão perfeito seja o dia, ele sempre tem que acabar. [...]. Trechos extraídos da obra Twilight (Intrínseca, 2008), da escritora estadunidense Stephenie Meyer. Veja mais aqui e aqui.

 

PERTO - perto, longe \ desta pequena história\ expandiu-se para que tudo parasse.\ você os ouve dizer:\ O que importa a sua tristeza, \ sua alegria,\ seu buraco que está selado para sempre,\ seu pequeno prazer,\ sua solidão\ olhe para trás e olhe para todos os lugares.\ Eu olho,\ de milhões de pequenas histórias\ tudo está preenchido:\ Faz diferença que o rasgo \ que às vezes me acompanha e me abandona\ Ele derrete com o ar?\ Faz diferença se algum rosto\ tropeçar no meu punho, \ se houver algum ouvido atento\ rola ao som da minha música imperceptível?\ O que isso importa, eu digo a mim mesmo\ quantas risadas futuras \ fluir do meu prazer para outra lágrima?\ Faz diferença se minha dor\ faz feliz a gentileza de um caminhante?\ olhando minhas unhas\ e procurando por esta pequena história\ dentro dos meus olhinhos\ Eu descubro a partícula gigante\ onde moro. Poema da escritora e artista visual portorriquenha Angelamaría Dávila Malavé (1944–2003).

 

NOMES-DO-PAI DE LACAN - [...] Num desses debates confusos durante os quais um grupo, o nosso, mostrou-se verdadeiramente em sua função de grupo, arrastado, daqui, dali, por turbilhões cegos, um de meus alunos - peço-lhe desculpas por ter depreciado seu esforço, que seguramente teria sido capaz de carregar um eco e reconduzir a discussão a um nível analítico – achou por bem dever dizer que o sentido do meu ensino seria que a verdade, sua verdadeira apreensão, é que não a agarraremos jamais. lnacreditável contrassenso! No melhor dos casos, que impaciência infantil! É preciso que eu tenha pessoas consideradas cultas não sei por que entre aqueles que estão mais imediatamente ao alcance de me seguir! Onde já se viu uma ciência, ainda que matemática, em que cada capítulo não remeta ao capítulo seguinte? Seria isso justificar uma função metonímica da verdade? Não vêem que, à medida que eu avançava, continuava a me aproximar de certo ponto de densidade aonde vocês não poderiam chegar sem os passos precedentes? Ouvindo uma réplica dessas, não dá vontade de invocar os atributos da vaidade e da tolice, espécie de espírito em forma de casca, que recolhemos em operação nos comitês de redação? Dessa práxis que é a análise, tentei enunciar como a busco, como a agarro. Sua verdade é movediça, decepcionante, escorregadia. Vocês não conseguem compreender que é porque a práxis da análise deve avançar em direção a uma conquista da verdade pela via do engano? Pois a transferência não é outra coisa, a transferência como o que não tem Nome no lugar do Outro. Há muito tempo, o nome de Freud torna-se cada vez mais inoperante. Então, se minha marcha é progressiva, se é até mesmo prudente, não será porque devo lhes alertar contra o declive onde a análise arrisca-se sempre a escorregar, quer dizer, a via da impostura? Não estou aqui num libelo a meu favor. No entanto, devo dizer que, ao ter confiado a outros há dois anos o manejo, no seio do grupo, de uma política - para preservar o espaço e a pureza do que tenho a lhes dizer -, nunca, em momento algum, dei-lhes pretexto para acreditar que para mim não havia diferença entre o sim e o não. NOMES-DO-PAI – A obra Nomes-do-pai, de Jacques Lacan, trata na primeira da parte a respeito do símbolo, o imaginário e o real, O Homem dos Lobos e o Homem dos Ratos, a experiência analítica, o simbolismo, a função da linguagem, o neurótico, Freud e o horror do gozo ignorado, a fala e o imaginário, a angústia, a imaginação e a imagem. Na segunda parte, Introdução aos nomes-do-pai, trata sobre Hegel, Marx, Kierkegaard, Agostinho, o Aleph da angústia, Freud e o mito do pai e o sacrifício de Isaac de Caravaggio. Veja mais aqui e aqui.

REFERÊNCIA
LACAN, Jacques. Nomes-do-pai. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.



BBB & BIG SHIT BÔBRAS
– Estava eu gozando um pouquinho dumas miudinhas férias quando ouvi um zunzunzum ubíquo que me deixou curioso. Foi aí que apareceu o Doro resmungando: “Essi povim besta vivi mermo de fuxicagem, enredamento e de piruá a vida dos ôtro”. Cuma? “É mermo, veja só: o qui qui acrecenta na vida injuriada da genti esse tá de BBB? Ôxi, é só coisa de safadagem pro baxo dos pano e vício de fuxicagem. Ora! Quano fizemo o BSB da genti, só deu meleca! Proisso digo: ô Brasilzim do Fecamepaaaaaaaaaa!!!!”. Essa, o Doro. Veja detalhes do Big Shit Bôbras – o melhor BBB do estopô calango.

PENSAMENTO DO DIA: Quando todo aparato de lei vira pilhéria de bandido, todo o resto fica arrepiado no meio dum pandemônio desgracento porque a vida virou piada!!!!!!

MOMENTOS DE REFLEXÃO Quando, numa cidade, dizem alguns filósofos, um ou muitos ambiciosos podem elevar-se, mediante a riqueza ou o poderio, nascem os privilégios de seu orgulho despótico, e seu jugo arrogante se impõe à multidão covarde e débil. Mas quando o povo sabe, ao contrário, manter suas prerrogativas, não é possível a esses encontrar mais glória, prosperidade e liberdade, porque então o povo permanece árbitro das leis, dos juízes, da paz, da guerra, dos tratados, da vida e da fortuna de todos e de cada um; então, e só então, é a coisa pública coisa do povo”. Marcus Túllius Cícero (106-43 a.C.), o maior dos oradores e pensadores políticos romanos. Veja mais Momentos de Reflexão.

PESQUISA DA ONU - A ONU resolveu fazer uma grande pesquisa mundial. A pergunta era: "Por favor, diga honestamente qual sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo". O resultado foi desastroso. Um total fracasso. Os europeus não entenderam o que é "escassez". Os africanos não sabiam o que era "alimentos". Os argentinos não sabiam o significado de "por favor". Os norte-americanos perguntaram o significado de "resto do mundo". Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre "opinião". E o congresso brasileito ainda está debatendo o que é "honestamente". Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!!

CRÔNICAS PALMARENSES – Já dizia o poetamigo Juareiz Correia: “Melhor do que Palmares só Paris e de noite!”. Veja mais Crônicas Palmarenses.


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As pernas no Cinema & o Seminário – A relação do objeto, de Jacques Lacan aqui.
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ANNE CARSON, MEL ROBBINS, COLLEEN HOUCK & LEITURA NA ESCOLA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som do álbum Territórios (Rocinante, 2024), da premiada violonista Gabriele Leite , que possui mestrado em...