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terça-feira, novembro 10, 2020

ÉDOUARD DUJARDIN, EMMANUELLE RIVA, HENRY VAN DYKE, TAMARA KVESITADZE, KURBAN SAID, NINON DE LENCLOS & ISA PONTUAL

 

TRÍPTICO DQC: VIDEVERVA, VIVAMOR - A vida retangular, meus dias à janela – manhãs, tardes e noites que se confundem pelas horas de claroscuros. Como eu queria as mãos no barro da terra, os pés pelas poças das calçadas, faces aos ventos, sabores de frutas maduras... O sonho recolhido na minha clausura. Remexo livros amontoados e monturos de coisas empilhadas pelos cantos. Entre os imprestáveis - presumo, como juntei tanta coisa, meu Deus, não sei mesmo -, uma lâmpada empoeirada: O que é isso? Não me lembro de tê-la adquirido, nem nunca a vi por perto. Curioso, tento remover a poeira e, com isso, uma fumaça emerge pelo bico: Será o gênio de Aladim? Não, não era: o escritor e dramaturgo francês Édouard Dujardin (1861-1949) lendo um trecho do seu livro Os loureiros estão cortados (Les Lauriers sont Coupés - Brejo, 2005): Um entardecer de sol se pondo, ar distante, céu profundo, e massas confusas, ruídos, sombras, multidões, espaços de extensão infinita, um vago entardecer… Pois sob o caos aparente, entre o tempo e o espaço, na ilusão das coisas que se engendram e se criam, um entre os outros, um como os outros, distinto dos outros, semelhante aos outros, um igual e um a mais, do infinito das possíveis existências, surjo eu; e eis que o tempo e o espaço se precisam. Nem havia me dado conta e já anoitecia: O tempo passava e sequer percebia. Ele sorriu enquanto eu cantarolava Gonzaguinha: Vida, vida, vida! E seja do jeito que for! Mar, amar, amor!... Ouvi sua gargalhada, mas não era mais dele, era Friedrich Schiller: O amor só é conhecido por aquele que irremediavelmente persiste no amor. Sim, sim, sei. E desapareceu do mesmo jeito como aparecera. Senti falta dela, há dias não dava as caras por aqui. A ausência dói e o amor, aquela semente que brota nos lugares mais improváveis.

 


DO AMOR & CIRCUNSTÂNCIAS ADVERSAS - Imagens: do premiado drama Amour (Amor, 2012), escrito e dirigido por Michael Haneke, contando a história de um casal de idosos aposentados, em que Anne é submetida a uma cirurgia mal sucedida na carótida que a deixa com um lado do corpo paralisado, destacando a atriz protagonista. – Na parede oposta uma projeção do filme me fez esquecer a solidão da noite. Durante a assistência, a porta se abre e ela adentra com um poema da atriz símbolo do amor da Nouvelle vague e poeta francesa Emmanuelle Riva (Paulette Germaine Riva – 1927-2017): Seu nome vai para a cama / em minha boca / Quando eu acordar / você já esta ai / meu sorriso / está sob seus dedos / você me mantém à distância / Eu tenho um curativo / no sextante / o corpo está à deriva / indo para o tempo / são os editos / da noite / (a) doçura louca / da liberdade. Logo se aproximou com um beijo e achegou-se ao meu lado acompanhando a projeção até o final. Fitou-me firmemente e recitou o escritor estadunidense Henry van Dyke (1852-1933): Amar não é receber, mas dar. Não um sonho ávido de prazer nem a loucura do desejo: não, nada disso é amar! O amor é bondade, respeito, paz... é simplesmente viver. E cobriu de vida a minha solitária existência e noite interminável.

 


DO QUE É CAPAZ O AMOR – Imagem: Ali & Nino - Man and Woman (2007), da escultora e artista georgiana Tamara Kvesitadze. Ao som da suíte sinfônica Pantanal (1990), de Marcus Viana, com a Transfônica Orkestra, Sagrado Coração da Terra & Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob a regência do maestro Lincoln Andrade. – Ao amanhecer era ela a escritora francesa Ninon de Lenclos (1620-1705): Nunca tive outra idade senão a do coração. No amor, a economia dos sentimentos e dos prazeres é a única metafísica apreciável. O amor é a comédia na qual os atos são mais curtos e os intervalos mais compridos. Como, portanto, ocupar o tempo dos intervalos senão com a fantasia? E me convidou das cinco às nove da noite para um evento no seu salão literário, estabelecido no Hôtel de Sagonne, para a encenação da comédia histórica em um ato misturada com vaudevilles e criada em sua homenagem e com seu nome, pelo Henrion – Armand Henri Ragueneau de la Chaianay (1875-1958). Aconteceriam também no mesmo horário o sarau com versos que o físico, matemático, astrônomo e horologista neerlandês Christiaan Huygens (1629-1695) fez para ela: Ela tem cinco instrumentos pelos quais estou apaixonado: / os dois primeiros, as mãos; / os outros dois, seus olhos; / Para o mais belo de todos, / o quinto que resta, / você tem que ser arrojado e ágil; a leitura do romance Memórias de Ninon de Lenclos, Cortesana del Siglo XVII (1857 – Hachette Bnf, 2017), do escritor e jornalista francês Eugène de Mirecourt (Charles Jean-Baptiste Jacquot - 1812–1880); a exposição das séries em histórias de quadrinhos Les Sept viés de l’éperier (1983/1991) / Masquerouge (2009) / Le Fou du Roy (Glenat, 1998) / Ninon secrète (Glenat, 1992), todas do artista francês Patrick Cothias; e o lançamento do livro Ninon De Lenclos: mulher de pensamento, homem de sentimento (WMF Martins Fontes, 1990), da jornalista e crítica francesa France Roche (1921-2013). Seria uma noite de consagração e com muitas homenagens, todas para ela, nada mais que merecido. Ela estava fulgurantemente linda, um colosso em forma de gente de tão exultante e glamourosa. À saída, não dispensou mencionar o poeta, escritor e jornalista argentino José Hernández (1834-1886): A oportunidade é como ferro: devemos batê-lo enquanto estiver quente. Melhor do que aprender muito é aprender coisas boas. E fomos de mãos dadas para a efeméride pelas estradas da nossa fantasia. Ao término da função, caminhamos até o boulevard de Batumi, e enamorados, vivemos a história dos amantes (E.P., 1937), do escritor azerbaijano Kurban Said (1905-1942): eu, o muçulmano Ali; e, ela, Nino, a princesa cristã georgiana, separados pela invasão soviética. E ali nos amamos para que o universo fosse festa naquela noite até outro amanhecer em nós. Até mais ver.

 

A ARTE DE ISA PONTUAL

A arte da artista plástica Isa Pontual. Veja mais aqui & aqui.


 

 


terça-feira, novembro 28, 2017

BASHÔ, LÚCIO CARDOSO, CANETTI, CHAUÍ, MARCUS VIANA, BRUNA BEBER, ROCCO FORGIONE & IBIRAJUBA

BATICUM & TEIBEI - Imagem do artista italiano Rocco Forgione. - A coisa não está para brinquedo. Soludão de mesmo, só na vez do açodamento ou no calor da iminência. Maior teitei na lapada. Pronto, parece resolvido. Será? E quando vai ver: um labirinto de broncas. Dabou-se! Aí é a hora de ajeitar aqui, espichar ali, remendar acolá, e o que era pra sair bonito dá num monstrengo cada vez mais desfigurado. E agora vai ver a merda feita. Por conta disso, tomei uma atitude: não leio mais jornais, há tempos que as notícias são as mesmas, muda, apenas e, às vezes no muito, só os nomes, mas a situação é a mesma desde que nasci: a corda só arrebenta do lado desprevenido. E quem tem tempo pra se defender do imprevisível, hem? Também não assisto mais tevê: a programação parece a mesma de décadas, há sempre uma onda pra gente boiar, isto desde que inventaram um tal do zeitgeist, paradigmas para serem seguidos à risca, na boa. E como nem todo mundo anda na linha - que ninguém é besta, tá doido? -, há sempre aquela de um olho na missa e outro no padre. Esfrega pra enxergar: a desconfiança é geral. Também, pudera. Em quê acreditar, são outros quinhentos. Ah, sempre me disseram sob o signo da maior persuasão que quando chegasse aos cinqüenta, eu ia ver direitinho como é que é a cor da chita. Resultado: já passei disso e não vejo mais nada. Quando muito finjo que nem vejo, melhor. Vai que de repente topa com uma revolta no ar: vende-se este estrupício, pague qualquer coisa e leve essa desgraça pra você! Ora, faça-me um favor. Todo mundo só oferece o que não quer mais, filantropia com o imprestável. Quando não é isso, o despropósito no primeiro poste: corno é foda, tudo que vê quer ler. Sacou? Vamos e convenhamos: quando a emoção fala mais alto – ou melhor, quando a cabeça do cipó é quem manda no riscado, a gramática vai pro calão e se lasca toda! Isso se você não se ferrar junto, no maior desmantelo. E haja revertério. No meio disso é só meter o sarrafo! Maior esporro! De pensante vira asno e os disparates só fabricam teréns rocambolescos. Melhor brincar de palíndromo: a torre da derrota! Quem encara? É de sair arrolando a doação de órgãos pra quando bater as botas: os olhos quando nada, mistura as coisas com tudo duplo, córnea pra quê te quero: já era oftalmologista recorrente; cheirar que é bom dói no pulmão; músculos, tudo entrevado; coração batendo biela; fígado em petição de miséria; o prazer é ter de saber eficiente gestão de dores pra todo lado; afinal, no frigir dos ovos, o que é que presta mesmo pra serventia, hem? Nossa, a certidão de que já morreu e ninguém avisou. Resta apenas ficar brincando de bem ou malmequer com as lembranças, memórias fugidias, momentos felizes, decepções, vexames e quejandos. Fazer o quê? Melhor respirar fundo, olhar pros lados, se precaver e seguir adiante refugiado num dia qualquer do passado – remembranças e das muitas, essas ainda não apagaram. Aprendeu? Baticum & teibei. E boa sorte. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais 

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com Pantanal, a suíte orquestral Olga, A música dos 4 elementos, Sete Vidas amores & guerras, Raio & Trovão, entre outras, do violinista, tecladista e compositor Marcus Viana. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui & aqui.

PENSAMENTO DO DIA -  [...] O soberbo, no orgulho desmedido, considera que tudo lhe é permitido; abjeto, na humilhação desmedida, considera que nada lhe é permitido. O primeiro se torna dominador insolente; o outro, servo adulador, invejoso e ressentido. Ambos, submissos às suas paixões, são fonte de novas servidões, pois o soberbo julga-se livre porque domina e despreza os outros, enquanto o abjeto adulador imagina-se dependente dos favores do soberbo que, por deninção, nunca hão de vir. [...]. Trecho da obra Política em Espinoza (Companhia das Letras, 2003), da filósofa e educadora brasileira Marilena Chauí. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

MASSA & PODER – [...] Aqui, tudo se baseia na total ausencia de perturbações. Qualquer movimento é indesejável, todos os ruídos são execráveis.  [...] Apesar de tudo conservou-se nos nossos concertos uma pequena dose de descarga física. O aplauso representa a gratidão aos interpretes; trata-se de intercambio de um ruído breve e caótico por outro prolongando e bem organizado. [...] Os espectadores podem permanecer sentados; a paciência coletiva se torna visível em toda sua clareza. Todos têm a liberdade de sapatear, mas não se movem de seus lugares. Têm a liberdade de aplaudir com as mãos. Está prevista uma determinada duração para o espetáculo, e normalmente não há motivos para reduzi-la; pelo menos durante este tempo as pessoas permanecem juntas. E, durante este tempo, uma série de acontecimentos podem ocorrer. Não é possível saber de antemão de que lado e quando será marcado o gol, além disso, à margem destes acontecimentos centrais, muitos outros podem acopntecer que provocam manifestações ruidosas. A voz é ouvida com freqüência e em ocasiões distintas. [...]. Trecho da obra Massa e poder (EdUnB, 1983), do escritor e ensaísta búlgaro e Prêmio Nobel de Literatura de 1981, Elias Canetti (1905-1994). Veja mais aqui e aqui.

IBIRAJUBA – O municio de Ibirajuba é formando administrativa pelo distrito sede e pelo povoado do Alto de São Francisco, possuindo cachoeiras, além de cavernas com pinturas rupestres. Trata-se de vocábulo indígena que significa "árvore amarela", do tupi ybirá: árvore, tronco, madeira; e yuba: amarelo, louro. Originou-se do povoado de Gameleira, árvore comum na localidade. Pertencia ao município de Altinho, sendo criado pela Lei estadual nº 4.943, de 20 de dezembro de 1963 e instalado em 19 de junho de 1964. Possui muitas pedras em seu território, as mais famosas são as duas pedras de Delmiro, um comerciante da região. Localizada em plena Serra da Mandioca, no centro da cidade, existe um açude, que antes de sua escavação, aquela área abrigava a grande e frondosa gameleira, que nomeou a cidade. Veja mais aqui.

DIÁRIO DE ANDRÉ - [...] Que é o para sempre senão o existir continuo e líquido de tudo aquilo que é liberto da contingência, que se transforma, evolui e deságua sem cessar em praias de sensações também mutáveis? Inútil esconder: o para sempre ali se achava diante dos meus olhos. Um minuto ainda, apenas um minuto – e também este escorregaria longe do meu esforço para captiá-lo, enquanto eu mesmo, também para sempre, escorreria e passaria – e comigo, como uma carga de detritos sem sentidos e sem chama, também escoaria para sempre meu amor, meu tormento e até mesmo minha própria fidelidade. Sim, que é o para sempre senão a última imagem deste mundo – não esxclusivamente deste, mas de qualquer mundo que se enovele numa arquitetura de sonho e de permanência – a figuração de nossos jogos e prazeres, de nosos achaques e medos, de nossos amores e de nossas traições – a força enfim que modela não esse que somos diariamente, mas o possível, o constantemente inatingido, que perseguimos como se acompanha o rastro de um amor que não se consegue, e que afinal é apenas a lembrança de um bem perdido – quando? – num lugar que ignoramos, mas cuja perda nos punge, e nos arrebata, totais, a esse nada ou a esse tudo inflamado, injusto ou justo, onde para sempre nos confundimos ao geral, ao absoluto, ao perfeito de quie tanto carecemos. [...]. Trecho extraído da obra Crônica da casa assassinada (Cibilização Brasileira, 2009), do escritor, jornalista, dramaturgo e pintor Lúcio Cardoso (1912-1968). Veja mais aqui.

LADAINHA POEMAS 29, 79 & 97 – 29 – Laura me leva para a água / Não é só assim que somos felizes / Mas aqui somos mais / É bom passar minúsculos / Olhando para uma coisa só / Como se nunca tivéssemos inventado / Uma imagem sequer do futuro / E então ficamos cerca de um minúsculo / Olhando para o mar e fingindo / Que o movimento das ondas / Era parecido com estender lençóis / E quem as estendia éramos nós / Você sabe, a água não para de ser água / E nós não parávamos de tentar ] Arrumar o mar, que não nos incomoda / Ele é um peixe amando outro peixe / Laura gosta de arrumar a cama / Todos os dias, eu desligo o ventilador / Porque a cama é um tipo de mochila / De encosta, de bandeja, de sola de pé / Para os morcegos; prisma ao que gosta / de dormir, balcão ao que gosta de acordar / Não sei explicar mas é como chegar na água / E saber nadar, muito mais ainda assim e por tudo / É sobre conseguir chegar naquilo que eu sou / E cada vez mais perto daquilo que sou com alegria / É uma camisa de força do avesso / Muito boa para mergulho - 79 - Poder é perigo / e hoje acordei / rindo / Dom é tom / e hoje acordei / rindo / Querer é criatura / e hoje acordei / rindo / Na cara a boca / na pia o prato / sujos de feijão. 97. - Escrever é irmão / do andar e primo / do voltar, substitua / No inverno é bom / Escrever com calma / e inventar um cinzeiro flutuante / chegar e sair descalço do poema / No verão bombom / Escrever é sempre / o tempo é uma mula elástica em fuga / e se conselho fosse bom / Sair na rua de moletom. Poemas recolhidos da obra Ladainha (Record, 2017), da poeta e tradutora Bruna Beber.

4 HAICAIS DE BASHÔ
 
O sol de inverno:
a cavalo congela
 a minha sombra.

Chuva de verão
perna de garça
então se torna curta.

Que lua, que flor
nada, bebo umas doses
aqui sozinho.

Quero ainda ver
nas flores no amanhecer
 a face de um deus.
Extraídos do livro Complete Basho Haiku in Japanese (State University of New York Press, 2004), do poeta japonês Matsuo Bashô (1644-1694).

Veja mais:

A poesia de William Blake aqui, aqui, aqui & aqui.
A literatura de Stefan Zweig aqui e aqui.
O pensamento de Claude Lévi-Strauss aqui e aqui.
A literatura de Érico Veríssimo aqui, aqui e aqui.
A psicanálise de Erich Fromm aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
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A ARTE DE ROCCO FORGIONE
A arte do artista italiano Rocco Forgione.

 

sábado, outubro 21, 2017

RILKE, HUYSSEN, MARIA IGNEZ MARIZ, ANTÔNIO PEREIRA, LUCIAH LOPEZ & ARTE NA PRAÇA

PRIMEIRO ENCONTRO: MEU OLHAR, SEU SORRISO – Imagem: arte da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez. - Da tarde a vida fez-se mais que dia noite adentro: milênios de espera no átimo de agora. Não há tempo, tudo passa e eu nem vi: caleidoscópio de sonhos que saiu da tela pra seguir nas ruas de mãos dadas pelas águas da emoção. E eu sou hoje o amanhã sonhado ontem, tudo agora: um oásis erradica a solidão de sempre. O que perdi até agora, nada vale, nada mais resta, sou premiado sem ter que vencer nada, só a mim mesmo. E sou maior que a mim mesmo, expansão incontida, como se o que de mim estava separado, arrancado ou perdido, finalmente me chegasse e a mim se somasse para que eu, completamente restabelecido, tivesse a primeira oportunidade de ir além das minhas cercanias e entisse o mundo inteiro na imensidão infinita. E tarde transformou-se dia inteiro: a viver o beijo, o semblante de luz no riso de Sol; os olhos que tornaram a minha direção, o corpo que virou meu abrigo. Em minhas mãos a poeta fez-se poesia: a deusa reluz mulher com sua pele caingang, seu corpo de fêmea no molde exato ao meu apetite, o meu tope faminto e ela cabe no meu abraço e se faz inteira para que mergulhe suas águas e possa nadar suas entranhas pra conhecer o nunca visto, o nunca tido, o nunca feito: é o milagre do prazer. E sou Deus no verbo da sua carne para ser-me inteiro nela no ápice da paixão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a música do músico, compositor, drmaaturgo & escritor Chico Buarque: Carioca ao Vivo, As cidades ao vivo & Live au Zenith Paris; da pianista Maria João Pires: Sonata 32 Beethoven, Partitta 1 Bach & Concerto 9 Mozart; do violinista e compositor Marcus Viana: Pantanal, Olga & Música para quatro elementos; da violinista Maria Azova: Havanaise Saint-Saens, Meditation Massenet & Lipizer. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - [...] Aí o tempo não serve de verdade: um ano nada vale, dez anos não são nada. Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranqüila as tempestades da primavera, sem medo de que depois dela não venha nenhum verão. O verão há de vir. Mas virá só para os pacientes, que aguardam um grande silêncio intrépido, como se diante deles estivesse a eternidade. Aprendo-o diariamente no meio de dores a que sou agradecido: a paicência é tudo. [...]. Trecho extraído da obra Cartas a um jovem poeta (Globo, 1986), do poeta alemão Rainer Maria Rilke (1875-1926). Veja mais aqui.

GLOBALIZAÇÃO – [...] Se a globalização requizesse uma única coisa do teorico da cultura, esta coisa seria um modelo para estudos comparativos. Estudos comparativos que atravessem fronteiras, línguas e atravessem culturas, um tipo de estudos comparativos que ajudem a alimentar um novo sentido de conectividade e qie talvez até ajudem a criar uma forma de cosmopolitismo alternativo e auto-crítico [...]. Trecho extraído da obra Culturas do passado-presente modernismos, artes visuais, políticas da memória (Contraponto, 2014), do professor e crítico de arte Andreas Huyssen.

A BARRAGEM - [...] Como se obedecessem a um só braço, horas a fio as picaretas rebrilham ao sol, parecendo de prata, ao loge, de tão brilhantes pelo contato com a terra. Terrão dura que só pedra, revolvida a custa de supremo esforço, levantando uma poeira de arrasar pulmões. Mas, em nennuma daquelas cabeças pode passar um pensamento de enfado. Nem cansaço eles têm pretensão de sentir. Correndo o dedo pela testa, o suor cai no chão ou no peito do cassaco nu e reluzente. E o trabalhador continua satisfeito que achasse afinal tábua de salvação [...]. Trecho da obra A Barragem (União, 1994), da escritora e jornalista Maria Ignez Mariz (1905-1952).

A SAUDADE DE ANTÔNIO PEREIRA
Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem distorcendo num sai.
Saudade tem cinco fios
Puxados à eletricidade,
Um na alma, outro no peito,
Um amor, outro amizade,
O derradeiro, a lembrança
Dos dias da mocidade.
Saudade é como a resina,
No amor de quem padece,
O pau que resina muito
Quando não morre adoece.
É como quem tem saudade
Não morre, mas adoece.
Adão me deu dez saudades
Eu lhe disse: muito bem!
Dê nove, fique com uma
Que todas não lhe convêm.
Mas eu caí na besteira,
Não reparti com ningué
Poema do poeta popular e violeiro Antônio Pereira (1891-1982).

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ARTE NA PRAÇA
Projeto Pintando na Praça hoje a partir das 9hs na Praça Paulo Paranhos – Palmares – PE e exposição na Biblioteca Fenelon Barreto durante todo mês de outubro. Veja mais aqui.

A ARTE DE LUCIAH LOPEZ
A arte da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez. Veja mais aqui.

 

terça-feira, junho 27, 2017

OS SERTÕES DE GUIMARÃES ROSA, AS VISÕES DE KIESLOWSKI, A MÚSICA DE MARCUS VIANA, TARSILA DO AMARAL & O AMANHÃ DE ONTEM PRA HOJE

O AMANHÃ DE ONTEM PRA HOJE – Era só o ameríndio pra quem chegou. Depois, o mameluco com olhos pro pai forasteiro, esqueceu o índio-índio, mais nada. Aí veio o preto-preto, virou festa, carnaval. Tudo misturado, santa mestiçagem. O que era um virou três, muitos, todos. Mesmo assim dividiram o de todos para poucos escolhidos, bolo em fatias para achegados e privilegiados. Haja farelo pros expulsos que estavam dentro, donos despejados e, do terreiro, ficaram brechando pendurados na janela com outros deserdados, o que faziam da casa dele: a festa dos de dentro jogando esmolas, o descarte da fartura aos pingos, às colherzinhas, conta-gotas. E o sangue era vermelho pra qualquer um, até pros que se achavam azul. E a terra era de todos, passou a ter cercas, arames farpados, muros e fronteiras com seguranças e capatazes. Para quem só tinha o chão por acolhida, não me valia de sobrenome abastado ou qualquer, ou marca, brasão, insígnia, ou se pardo é nojento, moreno é charmoso, ou se o amarelo é oriental ou subnutrido, o preço do preconceito: só há um ser humano e eu sou como a roupa no varal que seca à espera de vestir, ou a que na vitrine não foi comprada, um dia será dada, todas servirão para quem queira ou não tenha. Hoje sou feliz e nada tenho, iconoclasta de totens e tabus, e mato e morro ao perder o que era uma parte de mim que ficou para trás e só possuo a vontade do trabalho, minhas mãos pras lutas, a coragem pra romper redomas e limites, o ânimo de viver, mais nada, atrepado nas casas de pombos pra gente – o horizontal sempre coibido, tudo pra vertical: a hierarquia, uns sobre os outros, amontoados, e a vida é outra coisa além de quem mora na cobertura dos arranha-céus ou embaixo da ponte. Não preciso de mais, me basta o que sou de nada desvalido entre as ruínas que valem os impérios dos seres anestesiados que expiram com os suspiros dos vazios, narizes na vitrina esfregada entre a fortuna e a sarjeta com todas as indecisões. Vencer ou perder, tanto faz, as duas faces da mesma moeda, como ir ou voltar, subir ou descer, vale a preparação. Há quem chore de felicidade, ou ria na desgraça. Cada qual o seu tanto de experiências, a erosão, a ferrugem, ventos que vão e fica a quentura, telhados pro céu. Coisas que valem ontem, ou feitas amanhã: ouro que não tem mais, só o que se quer, o desejo, nada mais. Entre um e outro, cada um. As malas prontas – pra onde? -, o uso e o usado, ali no canto esquecido repousam como se fossem pedaços de todo universo num cubículo e a solidão. Tudo desarrumado entre mofo e poeira de sonhos e o que foi feito serve pra lata de lixo. Um dia, quem sabe, uma serventia qualquer, coisa de não se lembrar na gaveta ou nas caixas, se um dia servir, como lápis de cor feito luz, senão escuridão e pra noite tudo é escuro, como o sol é para todos. Tudo existe de dia; de noite, se inventa. Sou grato pela incompreensão, nela eu aprendi. Assim não fosse, nada saberia: um catatônico com uma glória de areia. Meu corpo é da terra e nela vivo. E se me atrevo diante da faca afiada da vida que corta e retalha em postas cada ser vivo, é porque sou o desperdício como o meu povo subestimado foi estornado desde sempre pra dizer o que pensa e quer entre a fome e o prato de comida pra quem tem fome e pra quem só se abastece, vício do hábito. Mas a vida não é faca, é graça! É graça que vira faca e torna a ser graça, pra venturosos ou desgraçados. Só tenho o chão de qualquer lugar, de onde nasci só terei cinzas pra ser-me de volta, o amanhã que se edifica de ontem pra hoje. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

OS SERTÕES DE GUIMARÃES ROSA
[...] Num campo de muitas águas. Os buritis faziam alterza, com suas vassouras de flores. Só um capim de vereda, que doidava de ser verde – verde, verde, verdeal. Sob oculto, nesses verdes, um riachinho se explicava: com a água ciririca – “Sou riacho que nunca seca...” – de verdade, não secava. Aquele riachinho residia tudo. Lugar aquele não tinha pedacinhos. A lá era a casa do Boi. O Boi, que vinha choutando. Antão o Boi esbarrou. Se virou, raspou, raspou, raspou,. O Boi se fazia, muitas vezes; mandava nos olhos da gente suas seguidas figuras. O Vaqueiro mandou o medo embora. Num à-direita se desapeou, e pulou pra o lado dele. Lhe furtou a volta. Pôs a vara-de-ferrão na forma, pra esperar ou pra derrubar. Mas o Boi deitou no chão – tinha destiado na cama. Sarajava. O campo resplandecia. Para meljhor não se ter medo, só essas belezas a gente olhava. Não se ouvia o bem-te-vi: se via o que ele não via. Se escutava o riachinho. Nem boi tem tanta lindeza, com cheiro de mulher solta, carneiro de lã branquinha. Mas o Boi se transformoseava: aos brancos de aço de lua. Foi nas fornalhas de um instante – o meio-tempo daquilo durado. O Vaqueiro falou o Boi. “-Levanta-te, Boi Bonito, ô meu mano, deste pasto acostumado! – Um vaqueiro, como você, ô meu mão, no carrasco eu tenho deixado!” O de ver que tinha o Boi: nem ferido no rabicho, nem pego na maçaroca, nem risco de aguilhada. O Vaqueiro que citou. O Cavalo não falava. [...].
Trechos da obra Manuelzão e Miguilim (José Olympio, 1977), do escritor, médico e diplomata João Guimarães Rosa (1908-1967). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Veja mais sobre:
Tudo em mim mestiço sou, O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, o anarquismo de Emma Goldman, A história da vida de Helen Keller, a música de Haydn & Guilhermina Suggia, A escultura de Luiz Morrone, a pintura de Pisco Del Gaiso & Martin Eder, Os Fofos Encenam & Viviane Madu aqui.

E mais:
Os tantos e muitos Brasis aqui.
Tudo é Brasil aqui.
Água morro acima, fogo queda abaixo, isto é Brasil aqui.
Preconceito, ó, xô prá lá aqui.
Ih, esqueci!, A natureza de Anaximandro de Mileto, Tutameia de Guimarães Rosa, a poesia reunida de Lelia Coelho Frota, a música de Ida Presti, Geração Trianon & Anamaria Nunes, o cinema de Krzystof Kieslowski & Irène Marie Jacob, a pintura de Lavinia Fontana & a arte de Márcio Baraldi aqui.
Zezé Mota, O grande serão de Guimarães Rosa, a música de Milton Nascimento & Caetano Veloso, a entrevista de Rejane Souza, Rafael Nolli, a arte de Isabelle Adjani, Sóstenes Lima & Vestindo a Carapuça aqui.
A psicanálise de Karen Horney & Homofobia é crime aqui.
Cantador & Cantarau Tataritaritatá aqui.
Fecamepa: Quando o estreitamento do compadrio está acima da lei, aí, meu, as panelinhas mandam ver e só os privilegiados se banqueteiam aqui.
Brincarte do Nitolino, Menino de engenho de José Lins do Rego, A canção de Allen Ginsberg, a música de Charles Lecocq, O signo teatral de Ingarden & Cia., O choque das civilizações de Samuel Huntington, Noite & neblina de Alain Resnais, a pintura de Raoul Dufy & a arte de Catherine Deneuve aqui.
A vida se desvela nos meus olhos fechados, Outras mentes de John Langshaw Austin, Humilhados e ofendidos de Fiodor Dostoiévski, Daniel Deronda de Georg Eliot, a pintura de Top Thumvanit & Rico Lins, a música de Mísia, a fotografia de Edward Weston, a arte de Stephanie Sarley & Krzyzanowski aqui.
Carta de amor, Espécies naturais de Willard Van Orman Quine, Mulher da cor do tango de Alicia Dujovne Ortiz, a música de Dori Caymmi, Memórias de Prudhome de Henry Monnier, a fotografia de João Roberto Riper, Poema da paz de Madre Teresa de Calcutá, a arte de Tanja Ostojić & Luciah Lopez aqui.
A fome e a laranjeira, Princípios da filosofia do direito de Hegel, Declaração da Independência do Espírito de Romain Rolland, O diário de Frida Kahlo, a música de Bach & Janine Jansen, a fotografia de Sebastião Salgado, a xilogravura de Fernando Saiki, a arte de David Padworny & Tempo de amar de Genésio Cavalcanti aqui.
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AS VISÕES DE KIESLOWSKI
Entre os muitos e belos filmes que vi do premiadíssimo cineasta polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996), dois curtas-metragens documentários muito interessantes. O primeiro, Sete mulheres de diferentes idades (Siedem kobiet w róznym wieku, 1978), composto por uma série de sequências atribuidas aos dias da semana, começando na quinta-feira com a bailarina do dia por heroína, registrando naturalmente as ações e reações das personagens e reações, os muitos anos de trabalho meticuloso das bailarinas, seleção de elenco, experimentações e o triunfo no palco. O segundo, o premiado Cabeças que falam (Gadajace glowy, 1980), no qual acontecem entrevistas com centenas de poloneses, ordenado cronologicamente do bebê à mulher centenária, questionando o ano de nascimento, quem é a pessoa, o que é mais importante para ela, o que ela pensa do futuro. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ: MARCUS VIANA
Pantanal, a suíte orquestral Olga, A música dos 4 elementos, Sete Vidas amores & guerras, Raio & Trovão, entre outras, do violinista, tecladista e compositor Marcus Viana. Ligue o som e confira. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE TARSILA DO AMARAL
A arte da pintora brasileira Tarsila do Amaral (1897-1973). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

segunda-feira, setembro 07, 2015

MATURANA, FECAMEPA, TCHEKHOV, HOMERO, CHEN-TSI-TSI, DI CAVALCANTI & MARCUS VIANA.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? INDEPENDÊNCIA DE QUEM MESMO, HEM? - Então, pessoal, vamos ao teitei. Tataritaritatá! Pois é, tudo no Brasil é um embolado de coisas, maior cantiga de grilo: o tempo todo. Tanto é que se a gente for buscar a causa de cada coisa, com certeza, vai se deparar na causa da causa da causa da causa da causa e a última que se imagine que seja, será inacessível de se chegar de tão emaranhada que chega a ser. Eita! Quer dizer que a corda-de-guaiamum do enganchamento de tudo com todas coisas, traz só a comprovação de que tudo aqui é empurrado com a barriga do desdém e, depois estatelado num amontoado da gota, ficando enrolado de tuim de num ter quem obre o milagre de desatar o nó. Arre, égua! Oxente, bichim! Para entender o advento da dita independência do Brasil, é preciso voltar um pouquinho mais no tempo, nas antecedências. Pois é, em antanho, desde que a família real chegou no Brasil que uma banda dos aquinhoados, a do centro-sul, vivia de paparicado e gozando das benesses. Mas a outra do Norte e Nordeste e demais regiões não alcançadas pelas mordomias, comia o farelo do pão que o diabo amassou. E o pior: pagando a conta e o pato. Pode? Além disso, um processo de recolonização se desenvolvia entre os invasores aqui aboletados, que azoadamente metiam as mãos pelas pernas, com seus requintes fedorentos provocando o aumento dos impostos para sustentá-los no luxo, tudo para cobrir as despesas da Corte e marcando a exploração e opressão que os portugueses da nova Lisboa deixavam rolar. E, com isso, a insatisfação se espalhava como praga ruim de todo mundo querer se ver livre de Portugal loguinho e já, gerando um antilusitanismo que nasceu na Guerra dos Mascates e vinha remoendo por dentro. Indubitavelmente, isso vai dar na revolução de 1817 que ocorreu por causa do declínio da cana-de-açúcar, da influência da maçonaria, das idéias liberais, da independência das colônias espanholas na América do Sul e dos Estados Unidos. A insurreição finda na proclamação da república de Pernambuco, com governo provisório abolindo impostos, elaborando uma constituição assentada na liberdade e igualdade para todos perante a lei. Maior espalha-brasa vai se estendendo pelo Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. E tome pé. No meio disso, eis que surge o combate entre as tropas do rei e os insurretos, durando dois meses de rasga-bucho, misturando reações antirrevolucionárias que vieram com tropas da Bahia, juntamente outras oriundas de Alagoas, Paraíba e Rio Grande Norte, reprimindo dura e violentamente simpatizantes e suspeitos, até todos os líderes estarem dominados e condenados à morte. Findada, todos os rebeldes executados e outros aliados envolvidos foram brindados com a distribuição de benesses, incluindo Alagoas que até então pertencia a Pernambuco, agora passava a ser a Capitania de Alagoas. Toma lá, dá cá. Há de convir que a bronca não só estava restrita ao espaço nordestino, uma vez que havia uma briga de foice nas altas esferas do palácio real, que envolviam 3 correntes que deixavam D. João VI zarolho e mais doido que cego em tiroteio: uma que era a favor do conluio com a Espanha; outra que exigia a volta do rei; e, aindoutra, dos que pensavam em derrubá-lo do trono. Inclusive, ele já desconfiava que o filho e o conde dos Arcos tramavam destronar-lhe. Aí a sinuca-de-bico: ou adotava a constituição espanhola, ou dava um nó e empenava a coisa por aqui. Deixava. Acontece que a farra acontecia dos dois lados. De um, os baba-ovos na festança provocando o povo que queimava os bonecos dos que se opunham a permanência do rei, nascendo, então, a tradicional festa da malhação de Judas em pleno sábado de aleluia; na outra ponta, os sabidos lusos se aproveitavam enquanto os outros se estranhavam nas mesquinharias da luta pelo poder e esvaziavam os cofres públicos e do Banco do Brasil. Afanagem braba mesmo! Como a coisa ia mais para nem lá, nem loa, o fuzuê deu, então, na revogação da constituição espanhola com uma porretada de rei sendo instituída a regência confiada ao príncipe, para que ele arribasse se mandando com o rabinho entre as pernas de regresso a Lisboa, levando seus 3 mil cortesãos dilapidadores que rasparam todo dinheiro - calcula-se que 50 milhões de cruzados —, ouro e diamantes do Brasil, deixando lisas até as caixas de fundos de caridade e beneficência. O Banco do Brasil, cré cré, espatifou-se, tei bei! Sifu. Iiiiiih! O liseu brilhava, hehehehehehe! O cenário dava conta da independência de toda América espanhola contra o Absolutismo, enquanto entre nós, a coisa seguia o continuísmo com a monarquia constitucional. O pior é que a coisa estava mais para zona mesmo, porque em Minas, havia o sonho de uma república sem lei nem escravos, talqualmente aquela idealizada por Tiradentes. Na Bahia, outra sem desigualdade de classe ou raça, com os sonhos dos alfaiates sacrificados em 1799. Em Pernambuco, o sonho dos patriotas de 1817 com a emancipação política de justiça social. E no Maranhão que havia se desvinculado do governo geral, seguido depois pela Bahia e pelo Pará, a coisa andava mais para lá que para cá. Era sonho que não era brinquedo. Mas o negócio pegava fogo! Para embananar tudo, um decreto das Cortes de Portugal, em 1821, determinava a abolição da regência e o imediato retorno de D. Pedro a Portugal, exigindo a obediência das províncias a Lisboa e a extinção dos tribunais do Rio de Janeiro. Era a recolonização iminente. Êpa! Assim não dá, fala sério! Vem, então, o Clube da Resistência que advoga a permanência do príncipe que, enfim, decidiu desobedecer às ordens das Cortes e permanecer no Brasil: era o Fico. E ficou mesmo. Bem ou mal, vai crescendo o movimento para que o país não se sujeite a retroceder à condição colonial. A coisa engrossa, pois, de um lado, está os Andradas; de outro, o Feijó e as catilinárias antiandradinas. O pau come. Bafafá medonho. Até chegar no dá, ou desce. E D. Pedro foi ficando no meio da união entre os proprietários rurais fluminenses, paulistas e mineiros, ao lado dos burocratas e comerciantes portugueses e brasileiros, para ir rolando até dá no que deu. Aí o pau cantou e a 6 de gosto o Brasil estava independente de Portugal com o manifesto do príncipe regente dirigido aos governos e nações amigas. Isso por causa de uma caganeira da peste que lhe assou o procto e deu nos nervos. E em 7 de setembro, uma data ilustrativa, a coisa, pelo menos, não virou conversa para boi dormir. Mas pra enrolança, deu. Tudo foi se arrumando truculenta e acidentalmente até 12 de outubro de 1822, quando D. Pedro, de saco cheio e mordido do porco, foi aclamado e em 1º. de dezembro do mesmo ano tornou-se o primeiro imperador do Brasil. Foi trupé. E teve guerra ainda. É, foi a guerra da independência que prosseguiu até 1823, com apoio da Inglaterra (por que será, hem?), comandada por dois veteranos das campanhas de libertação da América espanhola: general Pedro Labatut e almirante Cochrane. O buruçu engrossa no meio da pacutia, dando com o rompimento entre os Andradas e D. Pedro que, virado na gota, dissolve a constituinte e vira o cão chupando manga. Aí, fodeu Maria-preá, né? Bem, a coisa vai mais ou menos desembestadamente, mas vai. No frigir dos ovos, essa independência mesmo só serviu sabe para quê? Afinal, conforme Caio Prado Júnior, a independência fora não mais que "arranjo político", implicando numa acirrada luta social. Além de, ainda, ser vista como fruto mais de uma classe que da nação tomada em conjunto, ou seja, obra do compromisso entre o conservadorismo da aristocracia rural e o absolutismo do príncipe. E, também, como anotou a historiadora Isabel Lustosa, serviu mesmo para cumprir um acordo assinado com uma cláusula secreta onde o Brasil saldava as dívidas de Portugal com o pagamento de 1,4 milhão de libras esterlinas à Inglaterra. Eita, independenciazinha cara da praga, hem?! Foi com isso que eles devolveram pra gente a chacota de que chapéu de otário é marreta! E vamos aprumar a conversa aqui, aqui e aqui.

 Imagem: Nu (Figura óleo sobre tela, 1940), do pintor e caricaturista brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976). Veja mais aqui.


Curtindo o álbum Pantanal: suíte sinfônica (Sonhos e Sons - Bloch Discos, 1990), do violinista, tecladista e compositor Marcus Viana. Veja mais aqui.


DESEJOS E RESPONSABILIDADE – No livro Cognição, ciência e vida cotidiana (UFMG, 2008), do neurobiólogo chileno e criador da teoria da autopoiese e da biologia do conhecer, Humberto Maturana, que aborda sobre a biologia do conhecer e epistemologia, domínios ontológicos, ciência e vida cotidiana, determinismo estrutural e linguagem, deriva nbatural e a constituição do humano, cognição e emoções, linguagem e conversações, a ciência como um domínio cognitivo, teorias científicas e filosóficas, metadesign, tecnologia e realidade, entre outros assuntos, destaco o trecho denominado Desejos e responsabilidade, o qual transcrevo a seguir: Nós, seres humanos, sempre fazemos o que queremos, mesmo quando dizemos que somos forçados a fazer algo que não queremos. O que acontece nesse último caso é que queremos as conseqüências que irão se dar se fizermos o que dizemos que não queremos fazer. Isto é assim porque nossos desejos, conscientes e inconscientes, determinam o curso de nossas vidas e o curso de nossa história humana. O que conservamos, o que desejamos conservar em nosso viver, é o que determina o que podemos e o que não podemos mudar em nossas vidas. Ao mesmo tempo, é por isso que frequentemente não queremos refletir sobre nossos desejos. Se não vemos nossos desejos, podemos viver sem nos sentirmos responsáveis pela maior pane das conseqüências do que fazemos. Os artistas, poetas da vida cotidiana, são algumas dessas pessoas que podem estar, e freqüentemente estão, conscientes do curso que a existência humana está seguindo. Isto é particularmente evidente nos escritores de ficção científica, que revelam um futuro que surge de suas extrapolações das coerências de nosso presente relacional. Ao mesmo tempo, os artistas podem estar, e freqüentemente estão, conscientes daquilo que está faltando em nossas relações humanas atuais, tais como o amor, a honestidade, a responsabilidade social e o respeito mútuo — mas os trabalhos nos quais eles revelam ou evocam o que vêem são frequentemente desprezados como sendo utopia. Mas, em ambos os casos, não é o meio que é central para o trabalho dos artistas, e sim o que eles querem fazer. O meio é sempre um domínio de possibilidades que podem ser usadas com maior ou menor conhecimento do que pode ser feito com elas, mas é sempre uma questão de dedicação e estética alguém conseguir ou não usá-las como deseja. O que me interessa, todavia, é o objetivo, o emocionar que o artista quer evocar. [...] Veja mais aqui, aqui e aqui.

VIAGEM AO INTERIOR DE UM TRAVESSEIRO – No livro Maravilhas do conto chinês (Cultrix 1957), encontro a narrativa Viagem ao interior de um travesseiro, de Chen-Tsi-Tsi, numa tradução de Alda de Carvalho Angelo, com o seguinte teor: No sétimo ano da época Kiai-yuan (712-741), um taoísta, conhecido como Pai Li, errava pela região de Han-tang. Certo dia, em que tivera de se deter numa estalagem de muda, o monge, enquanto esperava, tirou o boné, desapertou o cinto e sentou-se no chão, apoiando o peito contra o saco de viagem. Nesse instante, entrou na estalagem um jovem vestido com trajes simples de camponês. Chamava-se Lu. De volta dos campos, detivera-se, como de costume, na pousada. Sentou-se na mesma esteira do taoísta e entre ambos logo se entabulou agradável palestra. Passou-se algum tempo. Olhando tristemente para seu vestuário velho e coçado, o jovem soltou um longo suspiro: - Dizer que sou homem de bem e que não tenho sorte na vida! Como sou desgraçado! O velho taoísta ficou surpreso: - Vendo-vos, ninguém diria que sofreis de algum mal! Por que tão súbito suspiro? -Arrasto-me pela vida, eis tudo. Não tenho qualquer alegria – Retrucou o jovem, obstinadamente. - Se isso não é alegria, que mais esperais para ser feliz? - Um homem de cultura – prosseguiu o jovem Lu, com gravidade – Deve levar a cabo grandes empresas e granjear fama. Deve chegar a general-comandante de um exército expedicionário, ou a primeiro-ministro do Império. É necessário que logre fazer com que prosperem sua família quanto seus bens. Só então poderá falar em alegrias, em abastanças! Ao cabo de uma pausa, prosseguiu: - Jovem ainda, apliquei-me ao estudo com ardor e inteligência. Em muitos sentidos, sou homem bem dotado. Acreditei, outrora, poder atingir, sem dificuldade, altas posições na magistratura. Mas, como vedes, aqui estou, homem feito e labutando ingloriamente nos campos. Não é lamentável? Seguiu-se longo silêncio. O jovem Lu parecia estar prostrado de fadiga e desejoso de cochilar um pouco. Entrementes, o estalajadeiro, absorto, ocupava-se em assar milho na estufa. O velho monge, tirando de sua bagagem um travesseiro, estendeu-o ao jovem: - Descansai neste travesseiro e alcançareis honrarias e fortuna. À vontade. Era um travesseiro de porcelana, pintado de azul. Mal o jovem Lu pousou a cabeça nele, viu, distintamente, a cavidade lateral alargar-se e fazer-se cada vez maior. O jovem, erguendo-se, por ela entrou sem dificuldade, e achou-se, da maneira mais simples do mundo, de volta à sua própria casa. Meses depois, desposou uma jovem muito bela, da família Tsoei, de Tsing-ho. Entrementes, sua fortuna crescia rapidamente e ele começava a sentir o coração mais aliviado. A partir de então, passou a ter vestes e carros novos, exatamente como desejara. No ano seguinte, apresentou-se aos concursos oficiais e foi aprovado. Pôde, enfim, pôr de lado suas roupas de plebeu e ostentar a insígnia de funcionário. Depois, candidatou-se aos exames da Corte e foi neles igualmente bem sucedido. Nomeado subprefeito de Wei-nan, era logo depois promovido a censor imperial. Graças ao seu novo posto de oficial de ordenança de monarca, passou à frente dos mais altos dignitários. Três anos mais tarde, foi de novo enviado à província com o título de prefeito. Ávido de glórias, mandou escavar um canal na província de Chansi, a fim de facilitar a navegação. A população, beneficiada, mandou erigir um monumento em honra do prefeito. Depois de ter sido prefeito e inspetor-geral de diversas províncias, foi finalmente nomeado prefeito da capital. Nesse ano, o imperador estava em dificuldades com as tribos insubmissas do oeste. O soberano, que era ambicioso, quis aproveitar-se da oportunidade para alargar seus domínios. Os rebeldes, porém, avançavam e acabaram por ocupar uma importante cidade, assassinando-lhe o governador. O monarca, que andava a procura de um homem de talento para comandar suas tropas, resolveu nomear Lu governador militar da região ameaçada. Lu conseguiu, não sem dificuldades, desbaratar os invasores. Depois mandou edificar, nos pontos estratégicos, três grandes cidades fortificadas. A população da fronteira, liberta do pesadelo da invasão, ergueu uma estela de mármore sobre o monte Kiu-yen, em honra do vencedor. De volta à Corte, Lu foi cumulado de favores imperiais que faziam empalidecer a inveja dos seus colegas. Gozava ele de alto conceito perante a opinião pública e era benquisto pelo povo. Dentre os que se consideravam mais prejudicados pelos êxitos de Lu, estava o primeiro-ministro. Este não descansou enquanto não deitou a perder seu impertinente rival. Conseguiu, por meio de intrigas e calúnias, comprometer-lhe o prestígio. O efeito dessa campanha desmoralizadora não tardou a fazer-se sentir. Lu foi destituído de seu alto posto e enviado para uma região distante, no cargo de simples prefeito. Três anos depois, voltava à Corte para ali desempenhar funções de secretário permanente do Imperador. Mais tarde, foram-lhe confiados graves assuntos de Estado, passando ele a exercer funções de membro do Conselho Imperial. Viu-se, assim, no centro do poder, durante dez anos. O país prosperava e Lu gozava da reputação de bom ministro. Quis a fatalidade que tais êxitos provocassem de novo o ciúme dos invejosos. A todo preço, procuravam os confrades de Lu perdê-lo, dessa vez definitivamente. Acusaram-no de conivência com um general rebelde, cuja guarnição se havia sublevado na região fronteiriça, O Imperador assinou um mandato de prisão e os oficiais e guardas da prefeitura conduziram Lu para o cárcere, como se fosse um reles criminoso. Consternado, humilhado, Lu pressentia o pior. Ao partir, chorou amaramente diante da esposa: - Eu tinha um teto nos campos de Chang-tong, e possuía terras férteis, mais do que suficientes para viver. Por que não me contentei com isso? Eis agora a que ponto cheguei. Quem me dera poder novamente vestir as roupas grosseiras de camponês e poder passear alegremente! Ai de mim, que tal nunca mais me será consentido... Dito isso, Lu puxou da espada e tentou cortar o pescoço, mas a mulher deteve o braço. Os demais acusados de conspiração foram condenados à morte e executados. Graças a uma intriga de eunucos, Lu logrou escapar à pena capital, mas foi exilado para Huantcheú. Passaram-se muitos anos. A inocência de Lu foi finalmente provada diante do Imperador. Este mandou restituir àquele o cargo de secretário de Estado, juntamente com o título de Duque de Yen-ru. Daí por diante, o soberano passou a cumulá-lo de favores excepcionais e ele nunca mais conheceu reveses. Lu tinha conco filhos. Todos eram dotados de grande talento e ocupavam altas funções no governo. A felicidade do velho Lu era ainda aumentada pela presença de uma dezena de netinhos. Estava ele, pois, no apogeu da prosperidade e das honras; sua carreira de homem de Estado ia pra mais de conquenta anos. Por duas vezes, no longo trajeto, conhecera o exílio e a mais tenebrosa desgraça. Mas quis a sorte que, depois de cada queda, encontrasse meios de levantar-se e de reaparecer no cenário governamental. Fatigado pela idade, solicitava ao imperador, com insistência, a reforma, mas em vão. Acabou por cair doente. Médicos celebres, remédios preciosos, nada foi negligenciado para tentar sua cura. Apesar disso, a morte aproximava-se rapidamente. Na véspera do trespasse, Lu endereçou uma mensagem de adeus ao Imperador, vazada nestes termos: "Eu, vosso humilde servidor, era, de origem, um simples estudante de Changton, não tendo outra ocupação senão o trabalho nos campos. Quis o acaso que eu pudesse aproveitar-me dos altos destinos do Império e ascendesse à hierarquia dos magistrados. O receio de mostrar-me indigno de vossa bondade celeste, ou de ser inútil ao vosso reinado tão cheio de sabedoria, não me consentiu gozar qualquer repouso no decurso de toda a minha vida. Tal pensamento me atormentou dia e noite. Eis-me agora, no limiar da morte. Amanhã, as horas e os diascessarão, para mim, seu curso. Octogenário, por que deveria eu lamentar a sorte destes nervos e ossos desgastados até a última fibra? Mas, contra minha vontade, tenho que deixar para sempre vosso grande reino com um sentimento de infinita devoção e de reconhecimento." No dia seguinte, o Imperador lhe concedeu a seguinte resposta: "Dotado de virtudes incomparáveis, fostes-me um colaborador de primeira ordem. Graças ao vosso devotamento, meu reino floresceu. Até há poucos instantes, julguei que vossa doença fosse passageira. Quem haveria de crer que fosse ter tão graves consequencias? Exprimo-vos minha compunção e ordeno ao general da cavalaria imperial, Kao, que me represente junto à vossa cabeceira. Cuidai bem de vós mesmo por amor de mim, vosso amo, e fazei por nutrir a esperança de um pronto estabelecimento!" Nesta mesma tarde, Lu expirou. O jovem Lu acordou. Espreguiçou-se. Olhou em torno de si e constatou que ainda se encontrava na pousada, estendido sobre a esteira. A seu lado, o velho taoísta continuava sentado, taciturno e imóvel. O milho do estalajadeiro não estava de todo assado. O cenário não mudara.  Por longo tempo, o jovem permaneceu pasmado, inconsolável. Depois, agradeceu ao taoísta, dizendo-lhe: - Tudo quanto diz respeito ao caminho que leva à honra ou à humilhação, aos ensejos de prosperidade e miséria, às razões de êxitos e de reveses - acabo eu de experimentar, segundo creio. Compreendo tudo agora. Pois conseguistes, mestre, dissipar-me as ilusões. Vossa lição será para sempre lembrada. Saudou muitas vezes o Pai Li, encostando a fronte no solo. Depois, foi-se embora. Veja mais aqui e aqui.

A ILIADA – O poema épico grego A Ilíada (sec. VIIIaC), do poeta Homero, é constituída de 15.693 versos em hexâmetro datilico divididos em 24 cantos e narrando os acontecimentos ocorridos no período de pouco mais de 50 dias durante o décimo e último ano da Guerra de Troia, em que Agamemnon, chefe do exército, ultrajou a Aquiles, o mais valente dos Gregos. Irritado, o herói retirou-se à sua tenda sem pretender mais com bater. Os Troianos, notando a sua ausência, tomaram coragem, atacaram o campo do s Gregos ficando os navios destes em risco de serem queimados. Aquiles, apesar da inação a que votou-se, consentiu que Pátroclo, seu amigo, se revestisse de suas armas e guiasse suas tropas contra os Troianos. Pátroclo tendo sido morto por Heitor, o implacável filho de Peleu jurou vingar a morte de seu amigo, e combatendo de novo ornado de novas armas, que a pedido de sua mãe Vulcano havia preparado, investiu contra Heitor, e imolou-o, aos manes de Pátroclo. E depois de haver insultado os restos mortais de seu inimigo, entregou-os a Príamo, pai de Heitor que os pedira ao herói. Da obra destaco o techo do Livro I - Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles / A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos, / Verdes no Orco lançou mil fortes almas, / Corpos de heróis a cães e abutres pasto: / Lei foi de Jove, em rixa ao discordarem / O de homens chefe e o Mirmidon divino. / Nume há que os malquistasse? O que o Supremo / Teve em Latona. Infenso um letal morbo / No campo ateia; o povo perecia, / Só porque o rei desacatara a Crises. / Com ricos dons remir viera a filha / Aos alados baixéis, nas mãos o cetro / E a do certeiro Apolo ínfula sacra. / Ora e aos irmãos potentes mais se humilha: / “Atridas, vós Aqueus de fina greva, / Raso o muro Priâmeo, assim regresso / Vos dêem feliz do Olimpo os moradores! / Peço a minha Criseida, eis seu resgate; / Reverentes à prole do Tonante, / Ao Longe-vibrador, soltai-me a filha.” / Que, aceito o preço esplêndido, se acate / O sacerdote murmuraram todos; / Mas desprouve a Agamemnon, que o doesta / E expele duro: “Em cerco às naus bojudas / Não me apareças mais, quer ouses, velho, / Deter-te ou retornar; nem áureo cetro, / Nem ínfula do deus quiçá te valha. / Nunca a libertarei, té que envelheça / Fora da pátria, em meu palácio de Argos / A urdir-me teias e a compor meu leito. / Sai, não me irrites, se te queres salvo.” / Taciturno o ancião treme e obedece, / Busca as do mar flutissonantes praias. / Ao que pariu pulcrícoma Latona / Afastando-se impreca: “Arcitenente, / Ouve, Esminteu, que Tênedos enfreias, / Crisa proteges e a divina Cila, / Se de festões colguei teu santuário, / Se de cabras e touros coxas pingues / Te hei queimado, compraze-me os desejos, / A tiros teus meu choro os Dânaos paguem.” / Febo, a tais preces, arco e aljava cruza, / Do vértice do céu baixa iracundo; / Vem semelhante à noite, e a cada passo / Tinem-lhe ao ombro as frechas. Ante a frota / Suspenso, a farpa do carcás descaixa, / Terrível o arco argênteo estala e zune: / Moles primeiramente a cães e a mulos, / Depois com vira acerba ataca os homens, / De cadáveres sempre a arder fogueiras. / As tropas dias nove asseteadas, / Ao décimo as convida e ajunta Aquiles; / Inspiração da bracinívea Juno, / Que seus Dânaos morrer cuidosa via. / Ele, em pinha o congresso, velocípede / Se alça e diz: “A escaparmos, julgo, Atrida, / Retrocedermos errabundos cabe: / Peste os nossos consome e os ceifa a guerra. / Eia, adivinho, arúspice, ou de sonhos / (Jove os envia) conjector se inquira, / Que explique a ofensa do agastado Febo: / Se a votos e hecatombes lhe faltamos; / Se, para desarmar-se, olor de assados / Cordeiros nos reclama e nédias cabras.” / A seu lugar tornou. De áugures mestre, / No passado e presente e porvir sábio, / Surgiu Calcas Testórides, que a Tróia / Por influxos de Apolo as naus guiara, / E concionando exordiou prudente: / “Mandas-me, ó caro a Júpiter, o agravo / Do grã frecheiro expor. Aqui prometas / Com braço e voz cobrir-me: o fel eu temo / Do amplo-reinante que domina os Graios; / E ao fraco se um monarca ódio concebe, / Cose-o e concentra, enquanto o não sacia. / Tu me assegura.” — “Afouto, brada Aquiles, / Vaticina. Por Febo, a Jove grato, / A quem rogas e oráculos te ensina, / Nenhum, desfrute eu vivo o térreo aspecto, / Nenhum violentas mãos te porá, Calcas; / Nem que seja Agamemnon, que entre Aquivos / De mais prestante e augusto se ufaneia.” / Anima-se o bom velho: “Sacrifícios / Nem votos pede Apolo; em nós o ultraje / Punindo vai do Atrida, que ao ministro / O livramento rejeitou da filha; / Nem grave a destra poupará castigos, / Se não reverte a jovem de olhos pretos, / Sem resgate ou presente, ao pai querido, / Remetendo-se a Crisa uma hecatombe. / Com isto por ventura o deus se aplaque.” / O áugur mal se abancava, o rei soberbo, / Senhor pujante, merencório ergueu-se: / Raiva as entranhas lhe intumesce e afuma, / Cintila a vista em brasa; esguelha a Calcas / Tétrico cenho: “Desastroso vate, / Nunca essa boca aprouve-me: o teu ponto / É pregoar desditas; nem palavra / Nem obra tens que preste. Agora os Dânaos, / Pena-os Febo em vingança da retida / Criseida em quem me inflamo, a quem pospunha / Clitemnestra gentil que esposei virgem, / Que não lhe cede em garbo, engenho e prendas. / Pois mais convém, liberta a restituo; / Sadio o anseio, não padeça o povo. / Mas preparai-me um prêmio; eu só dos Gregos / Dele excluído ser não me é decente; / O meu, testemunhais, me foi roubado.” / Controverte o Peleio: “Vanglorioso / Avidíssimo Atrida, que outra paga / Exiges dos magnânimos Aquivos? / Por dividir ignoro onde haja espólio; / Partiu-se o das cidades saqueadas; / Hoje um novo sorteio é repugnante. / Ao deus concede-a; recompensa triple, / E quádrupla terás, quando o Satúrnio / Derrocar nos outorgue a excelsa Tróia.” / Retorque o rei: “Se és bravo ó divo Aquiles, / Com dolo e subterfúgios não me enganes: / Possuis tua cativa, eu perco a minha; / E impões que de perdê-la me contente? / Meu peito satisfaçam de igual prenda / Os liberais Aqueus; senão, teu prêmio, / De Ulisses ou de Ajax, trarei comigo: / Amargará quem for. Sobrestejamos / Nisto por ora. Ao pélago deitemos / Negra nau bem remada, que transporte / A hecatombe e Criseida esbelta e linda. / Um dos cabos, Ajax, o egrégio Ulisses, / Idomeneu comande-a, ou tu Pelides, / Tremendíssimo herói, para que Apolo / Nos tentes granjear com sacrifícios.” / “Ah! como, o vulto fecha e estronda Aquiles, / Vulpina alma sem pejo, a teus acenos / Há quem marche a conflitos e emboscadas? / Não vim bater os valorosos Teucros / Por queixa pessoal: corcéis nem reses / Me furtaram, nem agros destruíram / Da altriz guerreira Ftia; entre nós muita / Serra medeia opaca e o mar sonoro. / Viemos, cão protervo, para em Tróia / A Menelau e a ti lavar a nódoa. / Alardeias, ingrato, e nos desprezas; / Audaz cominas arrancar-me a escrava, / A dádiva de Aqueus por tantas lidas. / Caia Ílion famosa: embora o peso / Da guerra em mim carregue, o mais opimo / Quinhão terás; com pouco eu volte a bordo / Sem boquejar, de choques fatigado. / A Ftia me recolho e os meus navios, / Já que aviltas a mão que de tesouros / A fome te fartava: eu te abandono.” / “Foge, Agamemnon replicou-lhe, foge, / Se é teu prazer; que fiques não te imploro: / Honram-me outros, e em Júpiter confio. / Dos reis alunos dele és quem detesto; / Só respiras discórdias, rixas, pugnas. / Tens valor? agradece-lho. Os navios / Recolhe e os teus; nos Mirmidões impera: / Não te demoro; esse rancor desdenho. / Priva-me de Criseida Febo Apolo: / Em nau minha esquipada vou mandá-la. / À tenda hei de ir-te mesmo, eu to previno, / Tomar-te a elegantíssima Briseida; / Sentirás em poder como te excedo, / E outrem se me antepor e ombrear trema.” / Chameja o herói, no hirsuto peito volve / Se de ante o fêmur desbainhe o estoque / E por entre os Aqueus lho embeba todo, / Ou se o furor no coração reprima. / Já meia espada a cogitar sacava: / Eis da alva Juno, que os escuda e preza, / Por ordem Palas desce, e aos mais invisa, / Atrás o aferra pela flava coma. / Volta-se ele espantado e a reconhece / Pelo medonho olhar, e sem demora: / “A que vens ó do Egífero progênie? / A assistir aos convícios de Agamemnon? / Pois to declaro, e conto já fazê-lo, / Tem de acabar a vida esse orgulhoso.” / E a déia olhicerúlea: “Vim, de acordo / Com Juno albinitente, amiga de ambos, / Comedir-te e amansar. Anda, em palavras / Tu desabafa, a lâmina embainha. / Por esta injúria, to predigo certo, / Inda haverás em triplo insignes prêmios. / Sê-nos pois dócil, a paixão modera.” / “Cumpre, o fogoso torna-lhe, é cordura / Mesmo irado curvar-me a tais preceitos [...]. Veja mais aqui e aqui.

A GAIVOTA – A peça teatral A Gaivota (1896), do médico, dramaturgo e escritor russo Anton Tchekhov (1860-1904), narra os conflitos de um jovem escritor em que os os personagens criam uma ligação direta com o espectador ao mesmo tempo em que apresenta uma visão profunda de uma sociedade cada vez mais vulnerável aos males existenciais, representando uma harmonia estética natural, algo incompatível com a frustração encarada pelo personagem central da trama. Da obra destaco o trecho do Ato I: (A AÇÃO SE PASSA NA PROPRIEDADE DE SORIN. ENTRE O TERCEIRO E O QUARTO ATOS TRANSCORREM DOIS ANOS) PRIMEIRO ATO (UM TRECHO DO PARQUE NA PROPRIEDADE DE SORIN. A AMPLA ALAMEDA QUE, PARTINDO DA PLATÉIA, CONDUZ AO INTERIOR DO PARQUE EM DIREÇÃO A UM LAGO, ESTÁ INTERROMPIDA POR UM ESTRADO IMPROVISADO, ONDE SE REALIZARÁ UM ESPETÁCULO TEATRAL DOMÉSTICO, DE MODO QUE O LAGO FICOU TOTALMENTE OCULTO. À DIREITA E À ESQUERDA O ESTRADO ESTÁ CERCADO DE ARBUSTOS. ALGUMAS CADEIRAS E UMA MESINHA. O SOL ACABA DE SE PÔR. NO ESTRADO, ATRÁS DA CORTINA, ENCONTRAM-SE IAKOV E OUTROS CRIADOS. OUVEM-SE TOSSES E MARTELADAS. PELA ESQUERDA IAKOV E OUTROS CRIADOS. OUVEM-SE TOSSES E MARTELADAS. PELA ESQUERDA APARECEM MACHA E MEDVEDENKO, DE VOLTA DE UM PASSEIO) MEDVEDENKO – Por que a senhora se veste sempre de preto? MACHA- Estou de luto pela minha vida. Sou infeliz. MEDVEDENKO – Por quê? (Após um momento de reflexão) Não entendo... A senhora tem boa saúde; seu pai não chega a ser rico, mas é um homem de posses. A minha vida é bem mais difícil que a sua. Recebo vinte e três rublos por mês, e ainda descontam uma parte para a aposentadoria, e mesmo assim não ando de luto. (Sentam-se) MACHA – Não se trata só de dinheiro. Também o pobre pode ser feliz. MEDVEDENKO – Na teoria sim, mas na prática a realidade é outra: em casa somos eu e minha mãe, mais duas irmãs e um irmão menor... Para um salário de apenas vinte e três rublos. E precisamos comer e beber, não é?! E precisamos de chá e açúcar?! E eu preciso de tabaco?! Aí é que está! MACHA (dirigindo o olhar para o estrado) – O espetáculo vai começar logo. MEDVEDENKO – Sim. A atriz principal é Zarêtchnaia e a peça foi escrita por Konstantin Gavrilovitch. Os dois estão apaixonados e hoje suas almas vão se unir no anseio comum de reproduzir a mesma imagem artística! Porém entre a minha alma e a sua não há pontos de contato. Eu amo a senhora e não consigo ficar em casa, a vontade de vê-la faz com que ande todos os dias seis verstas na ida e seis na volta, e encontro apenas indiferença. É compreensível. Em lugar de posses, tenho, isso sim, uma família numerosa... Quem vai querer se casar com um morto de fome? MACHA- Besteira!... (Cheira rapé) Seu amor me comove, mas não posso retribuí-lo, aí está. (Oferece-lhe a caixinha de rapé) Sirva-se. MEDVEDENKO – Não quero. (Pausa) MACHA – O ar sufocante, à noite com certeza teremos uma tempestade. O senhor passa o tempo todo filosofando, ou falando sobre dinheiro. Em sua opinião, não existe desgraça maior que a pobreza, ao passo que a mim parece mil vezes mais fácil andar de trapos e pedir esmolas do que... Mas o senhor não iria compreender isso... (PELA DIREITA, ENTRAM SORIN E TREPLIOV) SORIN (apoiando-se numa bengala) – O campo não foi feito para mim, meu caro, com certeza nunca vou me acostumar a ele. Ontem fui dormir às dez horas e hoje, às nove da manhã, acordei com a sensação de que, de tanto dormir, os miolos tivessem grudado no crânio, e coisa e tal. (Ri) E depois do almoço, sem querer peguei no sono de novo, e agora me sinto todo quebrado, parece um pesadelo, afinal de contas... TREPLIOV – Pois é, você devia viver na cidade (Repara em Macha e Medvedenko) Por favor, senhores, serão avisados quando começar, agora não podem permanecer aqui. Tenham a bondade de se retirar. SORIN (A Macha) – Maria Ilínitchna, por gentileza, peça a seu pai que mande soltar o cachorro, ele uiva o tempo todo. Minha irmã passou de novo a noite em claro. MACHA – Fale o senhor mesmo com meu pai, eu não direi nada a ele. Não me queira mal! (A Medvedenko) Vamos! MEDVEDENKO (A Trepliov) – Então, mande nos avisar quando estiver para começar. (Os dois saem) SORIN- Isso quer dizer que de novo o cão vai ganir a noite toda... Pois então, nunca me senti à vontade no campo. Às vezes tirava vinte e oito dias de férias e vinha aqui para descansar e coisa e tal; mas logo me aborreciam tanto com tantas besteiras, que tinha vontade de fugir já no primeiro dia. (Ri) Na hora de ir embora daqui sempre estava muito contente... Mas, agora estou aposentado, não tenho para onde ir, afinal de contas... Goste ou não, tenho que ficar morando aqui... IAKOV (A Trepliov) – A gente vai tomar banho, Konstantin Gavrilovitch. TREPLIOV – Está bem, mas dentro de dez minutos devem estar em seus lugares (Consulta o relógio de algibeira) Vai começar daqui a pouco. IAKOV – Sim, senhor. (Sai) TREPLIOV (olhando o estrado) – Isso que é teatro! O pano de boca, o primeiro bastidor, o segundo bastidor, depois um espaço vazio. Nenhum cenário! A vista se abre direto para o lago e o horizonte. Subiremos o pano às oito e meia em ponto, no momento em que surge a lua. SORIN – Magnífico! TREPLIOV – Se Zarêtchnaia se atrasar, é claro que todo o efeito vai se perder. Ela já devia esta aqui. O pai e a madrasta a vigiam tanto que para ela escapar de casa é tão difícil quanto escapar de uma prisão. (Ajeita a gravata do tio) Seu cabelo está desgrenhado e também a barba. Não seria mal apará-los. SORIN (cofia a barba) – Esta tem sido a tragédia da minha vida. Desde jovem sempre tive o aspecto de um bêbado empedernido e coisa e tal. As mulheres nunca gostaram de mim. (Senta-se) Por que minha irmã anda tão mal-humorada? TREPLIOV – Por quê? Por que está entediada (Senta-se ao lado) Está com ciúme. Hostiliza a mim, a representação e até mesmo a peça, porque não ela quem se apresenta e sim Zarêtchnaia. Nem conhece a peça e já a odeia. SORIN (rindo) – Você está imaginando coisas... TREPLIOV – O simples fato de que, neste pequeno palco o sucesso será de Zarêtchnaia já a deixa aborrecida (Consulta o relógio) Minha mãe é um caso psicológico. É talentosa, isso é indiscutível, é inteligente e é capaz de se emocionar lendo um livro, sabe de cor e salteado toda a obra de Nekrasov, cuida dos enfermos como um anjo. Mas se atreva a elogiar a Duse diante dela! Deus o proteja! Deve-se elogiar apenas a ela, escrever apenas sobre ela, entusiasmar-se e ovacioná-la por sua extraordinária interpretação na Dama das Camélias e em O torpor da vida, mas como aqui no campo não dispõe desse tipo de drogas, ela se aborrece e se enfurece, e todos somos seus inimigos e os culpados de tudo. Além do mais, é também supersticiosa, assusta-se com três velas, com o número treze... E é avarenta: tem setenta mil rublos no banco em Odessa, tenho certeza disso. Mas experimente pedir-lhe dinheiro emprestado: ela começa a chorar. SORIN – Você pôs na cabeça que a peça não agrada à sua mãe e já está nervoso, é isso... Fique calmo, sua mãe adora você! [...] Veja mais aqui, aqui e aqui.


FROM DUSK TILL DAWN – O filme de horror From Dusk till Dawn (Um Drink No Inferno, 1995), dirigido por Robert Rodriguez e escritor por Quentin Tarantino, conta a história de dois irmãos assassinos tentando chegar ao México e, no meio do caminho, sequestram um pastor e seus dois filhos. Ao passarem pela fronteira, eles param em um estranho bar de motoqueiros e a trama toda se desenrola a partir daí. O filme ganhou diversos prêmios, como o Saturn Awards de Melhor Filme de Terror e o de Melhor ator (1996); o MTV Movie Awards (1996), de melhor ator e o Festival de Cinema Fantástico de Amsterdam como Melhor Filme de 1996, recebendo, também, inúmeras outras indicações em diversos prêmios. O destaque do filme vai para a atriz e produtora mexicana Salma Hayek que se torna o ponto forte e a mais representativa figura de todo filme, consagrando-se, por isso, um dos símbolos sexuais dos anos 1990. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Imagens: Vigée, de Le Brun (1855-1842) & Madame du Barry (Nude Reclining by the Sea), do pintor Gustave Courbet (1819-1877), ambas em homenagem à cortesã francesa e amante do rei Luiz XV, Madame du Barry (1743-1793).

Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Crônica de Amor, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui.

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ANNE CARSON, MEL ROBBINS, COLLEEN HOUCK & LEITURA NA ESCOLA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som do álbum Territórios (Rocinante, 2024), da premiada violonista Gabriele Leite , que possui mestrado em...