AVULSO SENTIMENTO - Imagem: Últimos dias, do artista e escritor
português Almada Negreiros
(1903-1970) - O parto de maio com a púrpura aurora fagulhando o ímpeto dormente
do noturno incêndio infindável por outros dezembros nas gengivas do dia e os
sentimentos entreabertos sem nenhum sentido que pendem aos desmandos da paixão
contumaz na aridez de junho pronto pra invernada. Tudo é avesso e pausa
reticente como se atravessasse tangentes movediças, o que espera de mim
estiolado pelas águas imensas, teias ígneas e veias abertas, jogado ao saguão
com o canto estrangulado a impedir que nada mais reste afora o estertor do olho
vazado, assim por não mais dizer nome sem luz, numa última cartada. Não há mais
que consumir o coração varado ou desperdiçar, se nem mais houver a dizer de tão
néscio aos pés perdidos, a sina espalhada pelo vazio da voz apunhalada. Ofereço
as estampas escorando as dores e o calcanhar na porta, nada que uma boa
inexatidão não resolva, não faltam olheiras nem sobram querências postas ao
varejo pra venda no mercado, entre sorteios e apostas pra quem não dá mais nem
lance pra consolo, e o paladar do inverno na jornada com a má vontade soando ao
meu tímpano, o breve instante que se dissolve como se fosse naufrágio, e as cânforas
secretas violadas com os anelos legados de fundos sem fim na indecisa morte sem
sentido, e a vertigem da trama a contaminar o cerne na desordem das ordens sem
serventia. Era uma vez o último insurreto desnudo, qual areia abandonada no
quintal com a sua rastejante humilhação, para onde leva a sina e a aorta ao
lodo e o tino da palavra em tudo se demora e confesso, a propósito do amor, a
espera trêmula a pendular a hora vaga na distância e o poema termina avulso
sentimento e é só a mulher amada. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do violonista, compositor e
arranjador Marco Pereira: Bate-coxa, Beatriz & Suíte Tom Jobim; da pianista Jaci Toffano: Grata Esperança & A bela jardineira de Chiquinha
Gonzaga & Capoeira de Arnaldo Ribeiro Pinto; & muito mais nos mais de 2
milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja
mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Os
adultos, da mesma forma que as crianças, têm necessidade de que alguém não os
perca de vista, cuide deles quando estão doentes, conforte-os quando estão
abatidos, acalme-os na aflição e os aqueça à noite. E isso vale tanto para
homens quanto para mulheres [...]. Trecho extraído da obra Apego e Amor: entenda porque escolhemos
nosso parceiro (Paulinas, 2006), da professora e psicóloga italiana Grazia Attili.
APEGO & FAMÍLIA – [...] Cada comunidade tem suas próprias tradições
envolvendo a pessoa que normalmente assume essas funções indispensáveis aos
cuidados com a criança. Frequentemente são os pais que assumem o papel mais
importante, mas isto nem sempre acontece. As tradições variam, principalmente
quanto na medida em que são aceitáveis substitutos para os pais. [...]. Trechos extraídos da obra Cuidados maternos e saúde mental (Martins Fontes, 1988), do psicólogo,
psiquiatra e psicanalista britânico Edward
John Bowlby (1907-1990), que em outra obra As origens do apego (Artes Médicas; 1989), expressa que: [...] Qualquer forma de comportamento que resulta
em uma pessoa alcançar e manter proximidade com algum outro indivíduo,
considerado mais apto para lidar com o mundo [...]. Veja mais aqui.
DESPEDIDA – [...] Adeus, Janice. Adeus, Leo. Adeus, Antônio
Branco, Maneta. Adeus Béni. Que Deus te mantenha nas lonjuras do deserto. Adeus,
Dondinho. Não chore mais por mim, mãe. Não se preocupe mais comigo, pai. Já
estou tão morto, que nem posso odiar Nadja. Me sinto tão distante e tão perto
de Nijini. Não pertencemos a este mundo. Somos passageiros da agonia, perdidos
num vendaval. Todas as portas se fecham ante nossos olhos. Marchamos em torno de
uma rocha gigante, puxando as correntes das nossas contradições, dos nossos
erros e dos erros de todos os mortais [...] Um bandido não deve ter fraquezas. Por ser bandido, ele deve agir na
sombra, no momento em que menos se espera. Uma toupeira, aguardando o momento certo
de saltar e morder. Nós confundimos tudo. Misturamos erros com acertos, amor
com ódio, lealdade com traição. Um imperdoável romantismo nos corrompeu. [...]
Trechos da obra Lúcio Flávio, o
passageiro da agonia (Abril Cultural, 1982), do escritor e roteirista José Louzeiro (1932-2017). Veja mais
aqui.
À ESTRELA - Até à estrela que reluz, / Há uma distância de trespasse. / Correu
milênios sua luz / Para que enfim nos alcançasse / Talvez há muito já se fora /
No longe azul extinto astro / Porém seus raios só agora / Ao nosso olhar
mostram seu rastro. / A aura da estrela que morreu / No alto do céu se faz dar
fé. / Era, e ninguém a percebeu, / Hoje que a vemos já não é. / Também assim a
nossa dor / Na abissal noite se finda. / Porém a luz do extinto amor / Os
nossos passos segue ainda. Poema do poeta romeno Mihai Eminescu (1850-1889).
ARTE DE JOÃO CUTILEIRO
A arte
do escultor e artista plástico português João
Cutileiro.
ConaEND&IEV
2018 – Congresso Nacional de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção & muito
mais na Agenda aqui.
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Todos nós somos Fabos, O oficio do verso de Jorge Luis Borges, A donzela-guerreira de Walnice Nogueira Galvão, a escultura de Peter Hohberger, a música de Lidia Bazzarian & Marcelo Barboza
aqui.
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É nela que o sonho é real, Bloomsday
de James Joyce, a poesia
de Cecília Meireles, A vida
sexual de Catherine Millet, a arte
de Ann James Massey & Luciah
Lopez aqui.
APOIO CULTURAL: SEMAFIL
Semafil Comércio de
Livros nas faculdades Estácio de Carapicuíba e Anhanguera de São Paulo.
Organização do Silvinha Historiador, em São Paulo.