O FLAGELO - I - Na volta do disse-me-disse, cada um que proteja seus guardados. Meu pai lá: Seja hômi, cabra! Um zoadeiro de trovão no pé do maluvido, reverberando qual sentença lavrada todo santo dia. Ali, em cima da bucha. E sempre que de esguelha pra minha banda, sapecava com ar de lei irrevogável: Seja hômi com “H” maiúsculo, sujeito! Eu tremia na base com as pernas bambas no meio da maior tontura. Arreda ou desarreda! Era o jeito dele, vetusto, austero. Fosse até conversa mole, ele alertava pra pariceiro ou estranho: Tem que ser hômi no tanto das coisas. Quando não resmungava seu édito exclusivo: Pra ser macho tem que enrretar, senão desenrrete! E eu ficava cá comigo questionando sempre a cada imperativa intervenção dele. O hômi macho bate martelo no cuião sem careta nenhuma. Vôte! Quem é doido? E reiterava com toda a força da autoridade dele, não tirando um cabelinho de sapo daquilo que me dava uma agonia nas idéias. Eu não sabia de nada, aquilo era dito e pronto. Até que um dia alguém teve a petulância temerosa de saber o que significava e ele, no riste da afronta, meteu as catanas e esbravejou peremptoriamente: Fazê o certo, pruquê o hômi macho num deixa rastro de bosta, nem caga na vela e sigura in riba da fivela toda rudia sem trastejar nem cum chuva de canivete! Intendeu? Ou qué qui assoletre nos conformemente? No vupe da coisa, quem desdizia? Dito e manjado, deu fé. E eu bufando de pabo, fechando a cara e estufando o peito de empáfia: este é o meu pai. Um exemplo a seguir de probidade e isenção. Não arriava o badalo um segundo sequer. Ali, exato. Nunca que vi dele uma mínima licenciosidade que fosse, sempre com um cascudo admoestador pra cretinice, incerteza ou chacota. Um exemplo de herói na minha predileção. E eu ratificando por dentro: fazer o certo. O certo? A curiosidade de menino me levou pro pai dos burros onde descobri que era o verdadeiro, o inquestionável, o infalível, o evidente. Parecia mesmo com meu pai. Talqualzinho. E eu ainda mais cá comigo ficava indagando se haveria na face da terra um ser desse jeito. Não conseguia igualar um sequer para autenticação cartorária. Só meu pai. Inimitável. Único. Um desafio pra mim, impossível ser daquele jeito, nem nunca que vi ninguém tão firme assim no meio da minha franzinice de estatura e voga. Aquilo era só ele na face da terra. Ninguém por clone. Eu cresci com aquilo. De menino fui me fazendo homem feito e jogado no mundo só comigo. Amadurecendo com o tempo e a vida, tudo às avessas e eu meio dia em ponto no meio do turbilhão das tramóias, perfídias e decepções e com todas as conseqüências nefastas que tais imundícies castigam no toitiço de qualquer cristão. Primeira lição. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados.
DITOS & DESDITOS - De fato, você não deve
pesar com o intelecto as questões de Tawhīd e do outro; a
realidade da missão profética; a realidade dos atributos
divinos e qualquer outra coisa além do escopo do intelecto, pois tal desejo é
fútil. Um exemplo disso seria um homem que tem uma
balança usada para pesar ouro de repente desejando pesar montanhas com ele!
Isso não significa que a escala esteja errada em suas medidas;
ao contrário, o intelecto tem um limite que não pode ultrapassar
e um limite que não pode transcender. Pensamento do
historiador e filósofo tunisiano ibne
Caldune (1332-1406).
ALGUEM FALOU: O homem
é o microcosmo ou pequeno mundo e segundo o dogma das analogias, tudo que está
no grande mundo se repete no pequeno. Pensamento do escritor francês Eliphas Lévi (1810-1875).
A PROVAÇÃO – [...] Ele não desejava
destruir tudo o que havia escrito, mas gostaria muito de revisá-lo, invejando
os pintores, que têm permissão para voltar ao mesmo tema várias vezes,
esclarecendo e enriquecendo até que tenham feito tudo o que podem com ele.
. Um romancista é condenado a fornecer uma
sucessão de novidades, novos nomes para personagens, novos incidentes para suas
tramas, novos cenários; Pinfold sustentava que a maioria
dos homens abriga apenas os germes de um ou dois livros; tudo
o mais é truque profissional, do qual os mais daemônicos dos mestres - Dickens
e Balzac até - eram flagrantemente culpados. [...]. Trecho extraído
da obra A Provação de Gilbert Pinfold (Little Brown, 1979), do escritor britânico Evelyn
Waugh (1903-1966).
TRES POEMAS – I - Rima, meu prato antigo, / Eu não colidir com você
com tanta frequência, / ou confie em suas antigas promessas / música
e uníssono. / Eu costumava amar Keats, Blake; / agora eu tento
haiku / por suas brevidades afiadas, / seus silêncios inclusivos. II - Louvo a seca marcante, a
poeira voadora / o riacho seco, o animal furioso, / que eles
ainda se opõem a nós; / que somos arruinados pela coisa que matamos
O HOMEM PERDIDO - Para chegar ao lago, você deve
atravessar a floresta / para o incrível verão da escuridão / iluminado com
samambaias arcaicas, / tricotado com veneno e espinho. / Você deve seguir o
caminho que ele seguiu - o caminho das mãos / e pés ensanguentados, o sangue
nas pedras como flores, / sob as flores encapuzadas / que caem nas pedras como
sangue. / Para chegar ao lago, você deve atravessar o vale negro / entre as
colunas prolíficas feitas de silêncio, / sob as nuvens penduradas / de folhas e
pássaros sem voz. / Para seguir o caminho que ele tomou em direção à voz da
água, / onde o padre espinhoso espera com seus chicotes e febres, / sob as
sombras encapuzadas / que caem das árvores como sangue, / você deve esquecer a
música da dança do pássaro dourado / sobre a luz lançada; você deveria apenas
lembrar / o pano da escuridão / isso diminui sua fraqueza. / Para seguir o
caminho que ele tomou, você deve encontrar sob seus pés / o último lago sem
rosto e cair. E quando cair / encontre, entre respiração e morte, / O sol pelo
qual você vive. Poemas da escritora australiana Judith Arundell Wright (1915-2000).
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