terça-feira, abril 18, 2017

LOBATO, CHAUÍ, MÁRCIA HAYDÉE & O VEXAME NO XAMBREGO!

O VEXAME NO XAMBREGO – Zé Corninho não dá uma dentro, tudo sai errado. Mesmo não tendo como, ele desanda no desserviço. Até no dia que a patroa dele faz tudo pruma noite pra lá de festiva, a coisa finda no maior rebuliço. Foi assim: era uma sexta feira de comemoração, um assustado promovido pela vizinha pros casais fazer as pazes. A mulherada se reuniu na maior deliberada sobre uma noite apimentada com seus respectivos maridos e deram asas à imaginação. Tudo que queriam era dar uma amarrada cativa no funcionamento deles na hora do rala-e-rola,. Como eles andavam devendo no comparecimento, elas resolveram usar de recursos criativos pra coisa na horagá pegar fogo. Festinha, bebidas, afrodisíacos e, sobretudo, provocações eróticas regadas a utensílios escolhidos a dedo numa dessas lojas de prazer. Lá foram em comitiva, reviraram tudo pelo avesso e saíram às risadinhas sacanas, cada qual com sua estratégia romântica e maledicência no juízo: - Hoje ele me paga! Quando a noite desceu, deu-se o combinado: elas se banharam, sapecaram as roupas mais provocantes – decotes ousados, lascão na saia do tornozelo ao bico do pinguelo entre as coxas, cinturinhas a pulso de pilão espremidas por cintas arrochadas, unhas pintadas, maquiagem excessiva, cabelos alisados na marra, saltos altos, perfumes fortes e muito espalhafato. Quando os distintos chegaram – alguns já levados de bebum aos tombos -, foram todos lavados, ajeitados e embecados conforme o gosto da distinta. Tudo pronto, juntaram a reca toda na casa da vizinha e deu-se o maior rastapé até altas horas. Zé Corninho que sempre foi o maior pé de valsa, fez a dança não só com a dele, mas com a de todos, findando, pelo remexido de coxas e passos no maior xambrego, numa situação paudurescente, dele ser tratado aos beliscões, tapas, empurrões e juras vingativas. Parecia o fim da festa, mas não. As madames não queriam perder a viagem e cada qual se aboletou no maior chamego com o que era de seu, mandando ver no desfile. O que era pra ser uma noite romântica inesquecível, encaminhava pra mangação. Aí elas perderam a paciência e partiram pros finalmentes: cada qual rebocou seu traste pro seu ninho de amor. Aí que começou a dar errado mesmo. É que, por exemplo, a distinta esponsal do Zé Corninho achou de colocar umas bolinhas na perseguida dela e um anel peniano nele, coisa que nunca usaram, nem sabia como era mesmo e, no começo, parecia até que ia vingar pra lá de bom. Destá. Quando o vuque-vuque começou a rolar, a coisa não saiu lá como o previsto: as bolinhas colaram na parte interna dos beiços vaginais dela e o anel nada funcionar direito. Aí começou o como é que faz isso, como é que tira isso,e nada de dar certo. Só vexame e vira e mexe e, cada vez mais, piorando. A hora se passando, os dois agoniados, ele a ponto de ter um troço, resolveram correr pro hospital. Lá chegando deram de cara com a desgraça: além de todos os conhecidos estarem testemunhando a desandada, também os casais vizinhos já estavam sendo atendido na emergência. Vixe, deu tudo errado. Era um casal nu engatado de não se soltar enrolado no cobertor, era outro com vibrador entalado no rabo, mais outro com um preservativo engasgado na garganta, a enfermaria em polvorosa, os médicos com ar de doidos, a mundiça toda às gargalhadas, Zé Corninho e a mulher reclamando de dor, até que chega a sua vez, levam um pra cada lado, vão cuidar da mulher dele na maior zoadeira, enquanto ele se contorcia deitado na maca e a enfermeira quando viu que ele ainda está em estado interessante, aboticou os olhos no pintão do rapaz de sair gritando por socorro rua afora, o que muito ampliou sua aflição, vez que o hospital virou maior pandemônio, acarretando a intervenção de polícia, bombeiro e muuuuuitos curiosos. Se ele já estava morrendo de dor, ia agora bater as botas de vergonha, agoniado, morre mas num morre, agarrado pelo pescoço pelo atentado ao pudor, até que um médico bebaço aparece para resolver a situação. Pronto, depois do maior vexame, tudo esclarecido, todo mundo estropiado e a noite que era pra ser daquelas para lá de tórrida de gozo, findou mesmo num coro de ais e uis madrugada adentro por toda vizinhança. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

[...] Se nascemos numa sociedade que nos ensina certos valores morais – justiça, igualdade, veracidade, generosidade, coragem, amizade, direito à felicidade – e, no entanto impede a concretização deles porque está organizada e estrutura de modo a impedi-los, o reconhecimento da contradição entre o ideal e a realidade é o primeiro momento da liberdade e da vida ética como recusa da violência. O segundo momento é a busca das brechas pelas quais possa passar o possível, isto é, uma outra sociedade que concretize no real aquilo que a nossa propõe no ideal. [...] o terceiro momento é o da nossa decisão de agir e da escolha dos meios de ação. O último mento da liberdade é a realização da ação para transformar um possível num real, uma possibilidade numa realidade. [...]
Trecho recolhido da obra Convite à Filosofia (Ática, 2004), da filósofa e educadora brasileira Marilena Chauí. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Veja mais sobre:
Padre Bidião & Doro discutem o reino do Fecamepa, a literatura de Tariq Ali, a música de Karin Fernandes, a pintura de Sigmar Polke & Orly Cogan aqui.

E mais:
As presepadas do Zé Corninho aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
A literatura de Monteiro Lobato aqui, aqui, aqui e aqui.
O teatro de Jerzy Grotowski, a poesia de Antero de Quental, a literatura de Patrícia Galvão – Pagu & Monteiro Lobato, a música de Uakti & Sacudindo Choro, a pintura de Jean-Baptiste Debret, o cinema de Norma Benguel & Carla Camurati aqui.
A menina dos olhos do bocejo eterno, a pintura de Aldo Palazzolo & muito mais aqui.
A professora, A sociedade da mente de Marvin Minsky, A lenda do mel de Ralph Whiteside Kerr, o teatro de Henrik Ibsen, a música de Lenine, a poesia de Columbina - Yde Schloenbach Blumenschein, a pintura de Carlos Leão, o cinema de Jean-Jacques Beineix & Valentina Sauca aqui.
A poesia & a música de Bee Scott aqui.
Dificuldades de aprendizagem da língua portuguesa aqui.
Aurora, a canção, A natureza humana de Alfred Adler, Zaratustra & Friedrich Nietzsche, A logoterapia de Viktor Frankl, a poesia de Gregory Corso, o teatro de Tennessee William, a música de Hermeto Pascoal, a pintura de Gaston Guedy, o cinema de Pedro Almodóvar & Leona Cavalli aqui.
A literatura de João Guimarães Rosa, a poesia de Affonso Romano de Sant´Anna, a música de Dmitri Shostakovich & Mstislav Rostropovich, o teatro de Maria Helena Kühner, o serviço social de Marilda Vilela Yamamoto, Pra Frente Brasil, a arte de Gloria Swanson & a pintura Albert Marquet aqui.
Espera, A condição humana de Karl Jaspers, A crise das ciências de Hilton Japiassu, a literatura de João do Rio & Marquês de Sade, a música de Regina Schlochauer, o teatro de Dario Fo, a entrevista de Bráulio Tavares, a pintura de Anthea Rocker & Aaron Czerny, a fotografia de Herbert Matter, a arte de Ghada Amer, a escultura de Diogo de Macedo, Jazz & Cia Grupo de Dança, Dicionário Tataritaritatá, O que sou de praça na graça que é dela & O brasileiro é só um CPF Fabo arrodeado de golpes por todos os lados aqui.
De golpe em golpe a gente vai aprendendo, O coração humano de Goethe, Iniciações tibetianas de Alexandra David-Néel, O trabalho de André Gorz, a música de Franz Schubert & Mitsuko Uchida, a escultura de Horatio Greenough, a arte de Lygia Clark & Marina Abramović, A prática e a teoria de José Paulo Netto, a fotografia de Carl Warner, a arte de Simone Spoladore & Laura Barbosa & John Currin, o cinema de Mohsen Makhmalbaf, a coreografia de Anna Halprin, a entrevista de Tchello d’Barros, Oficina de Cordel, Vitalina & Tomé: o vexame da maior presepada & Do jeito que esse mundão vai só deus na causa aqui.
Tantas fazem & a gente é quem paga o pato, A condição pós-moderna de Jean-François Lyotard, a História de Georges Duby, a literatura de George Orwell & Alfredo Flores, Nietzsche e a psicologia, a pintura de Balthus, a música de PJ Harvey,a fotografia de Marta Maria Pérez Bravo & Richard Murrian, A dona da História de João Falcão, a arte de Marco Cochrane, a entrevista de Virna Teixeira, O infortúnio da prima da vera & Quando a bronca dá na canela, o melhor é respirar fundo à flor d’água pra não morrer afogado aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Fecamepa aqui e aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

A arte da bailarina e coreógrafa Márcia Haydée.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: Hoje é Dia de Monteiro Lobato & Dia Nacional do Livro Infantil.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja os vídeos aqui & mais aqui e aqui.
 

JUDITH BUTLER, EDA AHI, EVA GARCÍA SÁENZ, DAMA DO TEATRO & EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA

  Imagem: Acervo ArtLAM . A música contemporânea possui uma ligação intrínseca com a música do passado; muitas vezes, um passado muito dis...