
BODAS DE SANGUE DE LORCA
(Minutos antes
acabam de partir o noivo e sua mãe, que vieram pedir a mão da noiva em
casamento e deixaram presentes). CRIADA Estou louca para ver os
presentes. NOIVA (áspera)
Sai!
CRIADA Ai, menina, deixe eu ver! NOIVA Não quero. CRIADA Ao menos, as meias.
Dizem que são todas rendadas! NOIVA Já disse que não! CRIADA Por Deus. Está
bem. É como se não estivesse com vontade de casar. NOIVA (mordendo a mão
com raiva) Ai! CRIADA Menina, filha, o
que você tem? É pena de deixar tua vida de rainha? Não pense nessas coisas
tristes. Tem algum motivo? Nenhum. Vamos ver os presentes. (apanha a caixa) NOIVA (agarrando-a pelos
pulsos) Larga. CRIADA Ai, mulher!
NOIVA Larga, já disse. CRIADA Tem mais força que um homem. NOIVA Não tenho
feito trabalho de homem? Antes eu fosse! CRIADA Não fale assim! NOIVA Cale-se
já disse. Vamos mudar de assunto! CRIADA Você ouviu um cavalo ontem à noite?
NOIVA Que horas? CRIADA Às três. NOIVA Era algum cavalo solto? CRIADA Não era,
tinha cavaleiro! NOIVA Como você sabe? CRIADA Porque eu vi. Estava parado na
sua janela, estranhei muito. NOIVA Não seria o meu noivo? Algumas vezes ele
passa essa hora! CRIADA Não. NOIVA Você o viu? CRIADA Vi. NOIVA Quem era?
CRIADA Era Leonardo. NOIVA (forte)
Mentira!
Mentira! O que veio fazer aqui? CRIADA Veio. NOIVA Cale-se! Maldita seja a sua
língua! CRIADA (à
janela) Olha. Chega aqui! Era? NOIVA
Era.
Trecho da peça teatral Bodas de Sangue (Agir,
1968), do poeta, dramaturgo espanhol Federico
Garcia Lorca (1898-1936). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
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A arte
da pintora, fotógrafa, escultora, performer e artista visual cubana María Magdalena Campos-Pons.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: [...] Sinto-me por vezes
desanimado quando vejo que, após investir muito tempo na coleta de detalhada
história médica que me diz exatamente o que há, o paciente de mostra incrédulo.
Mas, quando o levo para minha sala de exames, onde tenho a um canto um
antiquado fluoroscópio com intensificador de imagens, máquina cujo painel de
instrumentos se assemelha ao de um avião, o paciente fica impressionado e posso
imaginá-lo dizendo com seus botões:”Ah, que bom estar num consultório tão bem
equipado”. Ou talvez: “O doutor vai usar comigo essa máquina maravilhosa?”. A
fé pueril na magia da tecnologia é uma das razões pelas quais o público vem
tolerando a desumanização da medicina. [...].
Trecho
da obra A arte perdida de curar (Peirópolis, 1998), do médico, professor e
inventor lituano Bernard Lown, que
só aceitou o Prêmio Nobel da Paz de 1985 em nome dos Médicos Internacionais
para a Prevenção da Guerra Nuclear, que fundou com o cardiologista russo
Yevegeny Chazov.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.