domingo, dezembro 03, 2017

JUANA MANUELA GORRITI, JOHN ASHBERY, ANTONIO NEGRI, JENNIFER EGAN, ADÉLAIDE LABILLE-GUIARD, ADOÇÃO & INCLUSÃO, SIGNO & PEDRAS


A arte da pintora francesa Adélaide Labille-Guiard (1749-1803). Veja mais aqui e aqui.

ADOÇÃOA adoção no Brasil é um instituto permeado de questionamentos e senões que vão do preconceito ao conservadorismo mais amargo. De um lado, crianças abandonadas à própria sorte, destituídas de uma infância e já beirando a adolescência sem a oportunidade da dignidade humana. Do outro, casais bem intencionados que barruam com uma burocracia para lá de contraproducente. Acresça-se a tais óbices a preferência por crianças recém-nascidas, outras pela cor, o preconceito contra casais homossexuais e tantas outras picuinhas descabíveis. Coisas dum Brasil que quer ser primeiro mundo com a cabeça terceiromundista mais retrógrada que se possa imaginar. Por esta razão, nada mais importante se debater o tema da adoção. Principalmente por tratar-se de um instituto que vem desde a mais remota era, quando era utilizado apenas com objetivo da perpetuação do culto doméstico da paternidade. E isso se dava por meio da criação de um parentesco civil entre os pais adotantes e a criança adotada. Também podia ser utilizada apagando todos os sinais de parentesco natural do adotado, passando a ser filho consangüíneo da família adotante. Assim era na era pré-romana, chegando ao Direito Romano a se transformar na sua realização por três emancipações sucessivas que eram seguidas pela cessio injure, até que Justiniano revogou tudo e simplificou à simples declaração concordante do pai e do adotante. Na Idade Média, por contrariar interesses feudais e religiosos, a adoção desaparece. Isso porque era desconhecida pelo Direito Canônico e o Cristianismo só reconhecia os filhos oriundos do sacramento matrimonial. No entanto, entre diversos povos antigos, a exemplo dos germanos, a adoção era pelas armas para as armas. Modernamente deu-se a evolução da adoção quando passou a ser um ato jurídico de inclusão e o bem-estar do menor, criança ou adolescente, definitivamente no seio de uma família. No Brasil, o Código Civil de 1916 já previa o instituto aos casais que se encontrassem impedidos da concepção. Com o advento da Constituição de 1988, a Carta Cidadão, o Estado Democrático de Direito passou a garantir os direitos fundamentais da dignidade humana para o exercício da cidadania, incluindo nisso as crianças e os adolescentes. Por força de tais determinações constitucionais, foi editado o Estatuto da Criança e do Adolescente que regulamentou um sistema proporcionado a garantia dos direitos do adotado. Outro importante sentido adotado pelo ECA, é o fato da adoção visar a diminuição da fome, marginalidade e criminalidade das crianças e adolescentes no país, oferecendo lar aos desamparados e retirando das ruas os abandonados, para que possam viver com amor, proteção e educação numa família substituta. Com o ECA regulamentando a adoção, por força da Lei 8069/90, o processo complexo, demorado e burocrático teve a tentativa de celeridade e simplicidade à sua tramitação, com o funcionamento do Juizado da Infância e da Juventude. Também, por força do ECA, foi descartada a natureza jurídica de contrato na adoção, havendo, pois, julgamento em conformidade dos interesses explícitos do adotado, que é contemplado com o direito fundamental de ter uma família natural ou substituta, atribuindo a condição de filho incluindo os direitos e deveres sucessórios. Com a edição do Código Civil de 2002, o instituto da adoção passou a ter o humanitário sentimento de bem-estar do menor ao ter o objetivo de proporcionar manutenção e continuidade da família, notadamente aos casais privados naturalmente de ter filhos. Tal fato vem a calhar com o aumento absurdo de crianças abandonadas nos últimos anos. Assim, articulando o ECA e CC vigente, inovações são detectadas no sentido de dar legitimidade, abrindo possibilidades outras como a adoção de companheiros e a permissão de adoção por cônjuges divorciados ou separados. Mesmo assim, persistem problemas que estão exatamente nos critérios e formalidades adotadas, cheias de medidas, requisitos, segurança e prevenções para entregar uma criança a uma família substituta, quando é examinada a estabilidade dos pais pretendentes, observando-se as vantagens que os adotados poderão obter nessa relação. Exemplo disso é a adoção por casais homossexuais, quando se permite apenas que a adoção seja praticada apenas por uma pessoa homossexual. Outra também acerca dos tutores ou curadores que não podem adotar tutelado nem curatelado. Inclusive parcela considerável da doutrina defende a adoção por casais homossexuais com base no principio da afetividade e objetivando minimizar o drama das crianças e adolescentes. O argumento se sustenta no fato de que não há impedimento fora do preconceito e do conservadorismo para a adoção por casais homossexuais, o que deve ser repudiado, repelido e combatido, uma vez que a nossa Constituição Federal não permite preconceito de qualquer natureza, alcançando a liberdade, a solidariedade e a justiça. É preciso ter em mente sempre que a adoção é um ato de carinho e amor, que objetiva a proteção dos menores e o resgate da dignidade humana onde todos são responsáveis, além de importante por ser relevante instituto jurídico e social. Por esta razão, não cabe mais nessa discussão preconceito e conservadorismo. Pensem nas crianças e nos adolescentes. Veja mais abaixo Inclusão & Adoção.


DITOS & DESTIDOSQuanto pior é sua arte, mais fácil é falar sobre ela. a ambiguidade supõe uma eventual resolução de si mesma, ao passo que a certeza implica mais ambiguidade. É por isso que muito da “depressiva! Arte moderna me faz feliz. Pensamento do poeta estadunidense John Ashbery (1927-2017). Veja mais aqui.

ALGUÉM FALOU: Não estou convencida de que alguém queira ser escritor se essa pessoa não lê. Não creio também que o problema seja a necessidade de ler mais; acredito que essas pessoas precisem rever suas metas na vida. A leitura é uma espécie de nutrição que permite você produzir um trabalho interessante. Ler coisas boas. Sinto que você ler aquilo que você gostaria de escrever. Nada menos que isso. Pensamento da escritora estadunidense Jennifer Egan. Veja mais aqui.

AFETOS & INSTITUIÇÕES -  [...] o conceito de multidão écontraditório, falamos dele como uma relação de forças. Dentro do capital há, por um lado, omando e, por outro, a multidão dos trabalhadores, das singularidades sociais colocadas paratrabalhar. É claro que nessa relação, quando a multidão é fraca, seu conceito pode tornar-seequívoco, mas quando a multidão é forte, essa é precisamente a multidão do comum. [...] Toda revolta nasce no interior de umquadro historicamente fixado e de uma demanda determinada de representação.Todavia, nas revoluções, na luta e, portanto, na elaboração das demandas, das reivindicações, oquadro político se especifica. [...] Estamos, portanto, numa situação anormal e paradoxalmente contraditória no quediz respeito a uma leitura elementar dos direitos do homem. Em terceiro lugar, ainda, a máquinademocrático-representativa é uma máquina incapaz de conter e desenvolver um mecanismodemocrático de decisão. As próprias estruturas parlamentares são fundamentalmente corruptas –não corruptas moralmente, não corruptas simplesmente nos indivíduos que as compõem:corruptas como sistema, mesmo quando compostas por pessoas excelentes – porque acorrupção é uma corrupção do poder do dinheiro que sobrecarrega tudo.Daí segue uma capacidade de intervenção representativa parlamentar completamente bloqueada;já não há governo algum que decide através do parlamento: decide-se por decretos, atravésdagovernance. A própria complexidade das sociedades democráticas, das sociedadescapitalistas avançadas, exige umagovernanceque age para além dos critérios do Estado dedireito, da aplicação de uma lei geral e abstrata. Agovernancese rege mediante decisõesconcretas e individuais.Estamos diante de uma crise do sistema democrático verdadeiramente radical. Um sistemapolítico completamente absorvido pelo poder do dinheiro: isso era o neoliberalismo – mas eletambém está em crise, e aqui retornamos ao princípio do ordenamento global e, assim, a umacrise da soberania, lá onde, através dos mecanismos de endividamento, a soberania foipatrimonializada pelas finanças e, assim, à coisa pública pelos sistemas privados de gestão [...]. Trechos da entrevista do O comum: dos afetos à construção de instituições, concedida pelo filósofo italiano Antonio Negri, autor da obra A anomalia selvagem: poder e potência em Espinosa (34, 2018), no qual o autor articula a filosofia de Baruch Espinosa (1632-1677) à história econômica, social, política e intelectual do século XVII, encontrando na “metafísica materialista” espinosana os elementos para pensar “uma fenomenologia da prática revolucionária” constitutiva do futuro. A entrevista foi concedida à Revista Cult (nov, 2013), a Thiago Fonseca e Giuseppe Cocco.

A FILHA DO MAZOQUEIRO – [...] Mas à dor de Clemência não se misturou nenhum sentimento de amargura. A alma daquela bela menina se parecia com seu nome; era toda doçura e misericórdia. Sua fatal descoberta em nada diminuiu a ternura que professava pelo pai. Ao contrário, Clemência amou-o mais, porque o amou com uma compaixão profunda. [...]. Trecho do conto A filha do mazoqueiro, extraído da obra Contos (Liber Ars, 2017), da escritora argentina Juana Manuela Gorriti (2816-1892).

VÁRIOS EFEITOS DE AMOR - Desmaiar-se, atrever-se, estar furioso, / áspero, terno, liberal, esquivo, / alentado, mortal, defunto, vivo, / leal, traidor, covarde e animoso; / não achar fora do seu bem repouso, / mostrar-se alegre, triste, humilde, altivo, / anojado, valente, fugitivo, / satisfeito, ofendido, receoso; / virar o rosto ao claro desengano, / beber veneno por licor suave, / olvidar o proveito, amar o dano, / acreditar que o Céu num inferno cabe / e dar a vida e a alma a um desengano, / é isto o amor, quem o provou bem sabe. Poema do poeta e dramaturgo espanhol Lope de Vega (1562-1635). Veja mais aqui.

O NASCIMENTO & AS PEDRAS PRECIOSAS – A granada é a pedra natal para janeiro, geralmente tem uma cor vermelho-escura e seu nome vem do latim granatus que significa romã. A ametista é uma variedade de quartzo que são para os nascidos em fevereiro. A sanguínea ou heliotrópio, a pedra de Santo Estêvão, é uma variedade do jaspe, muito usada como talismã e talhada sob a forma de coração, são para os nascidos em março. A água-marinha para os nascidos no mês de março, é uma variedade de berilo, também chamada de esmeralda e tem o aspecto de um cristal de seis faces, distinguindo-se por: o verde intenso para a esmeralda; o azulado para a água-marinha e o azul ou amarelo para o berilo. O diamante, o rei das pedras preciosas, é para os nascidos de abril e seu nome em sânscrito quer dizer raio, fogo e sol. A esmeralda é a pedra tutelar dos nascidos em maio, uma variedade de berilo. A pérola, a rainha das gemas, é dos nascidos em junho, encontradas no inyerior das ostras perlíferas que se encontram nos mares da zona tórrida. Também são dos nascidos de junho a pedra lunar, considerada entre os indianos como segredo e com sorte aos possuidores, sendo uma variedade do feldspato e que, segundo uma antiga superstição, ao ser colocada na boca, recorda-se de coisas esquecidas. O rubi é a pedra dos nascidos de julho e muito citado nas lendas e velhos romances orientais. A pedra Sardônico é para os nascidos de agosto e compõe-se de camadas de sárdio e ônix, contando-se que a rainha da Inglaterra, Isabel, havia esculpido a sua imagem numa delas e a deu ao conde de Essex como provada de amizade e, ao ser condenado à morte, ele enviou essa pedra a um primo para a restituir à rainha, tendo por engano, chegado às mãos da condessa de Nottingham, inimiga do conde, que recursou entrega-la à verdadeira possuidora. Também é dos nascidos de agosto a pedra peridoto, também chamada de crisólito que quer dizer pedra de ouro. A safira é dos nascidos de setembro, símbolo da fidelidade e da virtude, a gema das gemas. A opala que era considerada a pedra de mau agouro, era a favorita da rainha Vitória, da Inglaterra, e a mais famosa é denominada Incéndio de Troias, e as opalas negras são caríssimas. A turmalida que possui quase tantas cores como o arco-iris. O topázio é a pedra dos que nascem em novembro. A turquesa que é pedra turca muda de cor e empalidece quando seu possuidor está enfermo. O lápis-lázuli é a pedra para dezembro. A ametista é encontrada comumente no Brasil, na serra do Mar e a maior está no Museu de Londres.


 INCLUSÃO
ADOÇÃO
I
II 
Veja mais aqui, aqui & aqui.

TODO DIA É DIA DA MULHER
&
CANTARAU
Veja mais aqui & clipes/vídeos aqui.

sábado, dezembro 02, 2017

THOMAS MANN, JOSUÉ DE CASTRO, AUTRAN DOURADO, MARIA CALLAS, TONINHO HORTA, JESSIER, BARBARA HEINISCH, TEATRO PERNAMBUCANO, CONTRAPONTO & VENTUROSA

É SIM E COMO É QUE NÃO PODE – Imagem: arte da pintora e perfomer alemã Barbara Heinisch. - Quando Jadinelson – Jadí pros da sua laia - bateu as botas que chegou à encruzilhada entre as portas do céu, o buraco do inferno e o estreitinho pinguelo do purgatório, bateu-lhe uma dúvida: Pronde é que vou mesmo? E ficou ali, no osso do mucumbu, sem saber qual deles escolhia. É que sua vida não havia sido nada daquilo que imaginava que fosse, de não saber ao certo, se pulava pra santa paz, se tostava inturido pagando os pecados de vez, ou se pinotava pra coluna do meio amargando a eterna dúvida: Estou num verdadeiro mata-burro! Tudo começou quando ele deu aquela empenada de se enrabichar pras bandas da Cecíclia – a angelical feiosa Cezinha, a que arriou desmantelando sua vida numa estrepitosa paixonite -, não prevendo ele as afolozadas voltas que a vida dá. Cristão filho de Deus, como ele se dizia reiteradamente, não entendia o que havia feito pra pagar tão pesado quinhão. Resolveu, então, dá um freio nas ideias e refletir no amiudado para saber adonde é que estava a causa de tudo que tanto atormentava no meio das nuvens. Tantos constrangimentos repassados, até teve cócegas afetivas no seu combalido coração, com as lembranças de como foi que ela pousou faceira, de repente, como um anjinha bem safadinha às suas vistas. Pense num aperreio: ela nem aí pra sua secura idílica. Não fosse o amigo carne e unha, Lalau – o Venceslau pros que não são da roda -, aliado às coiteiras ajeitadas da sua amantíssima namorada, Lolinha – respeitosamente tratada por dona Locidalva -, ele não teria sabido como fazer com aquele estrupício de paixão. Emplacou namoro de pular noivado, casando-se com o prestimoso apadrinhamento do casal amigo. Nem bem dois meses, já anunciava festivamente o embuchamento da então esposa, com uma cachaçada de arrasar quarteirão: É homem, macho como o pai! A gravidez aos altos e baixos, idas e vindas, o menino rebenta e ele todo ancho, nem levava mais em conta os apertos de todos os dias, semanas, meses, anos. Estava ele agora premiado com o sonho de ser pai e isso era o que valia, pronto! A vida passa, o tempo lá e cá, o menino cresce e a fuchicagem come no centro: Esse menino desmunheca! Como? Isso mesmo! Sai pra lá comboio de enredeiro! Rapaz, esse menino acende a fluorescente! Hem? Ele queima a rodela! Vai ter briga. Esse menino, sei não a quem puxou! E Jadí foi conferir a boataria: olhou, cismou, quase teve um troço, fez que não viu, relevou, chateou-se, não morreu por conta do sempre providencial pitaco do Lalau: Rapaz, se levar a sério o que a mundiça diz, você que morre do coração. É mesmo. Convenceu-se e deixou a coisa escorrer na calha, até o dia em que a boataria passou dos limites e ele se virou pra mulher e gritou: A culpa é sua, desgraçada! Ela nem ligou, já era culpada mesmo de um monte de coisas que nem entendia. Foi aí que o próprio Lalau segredou: Meu compadre, abre o olho: o menino está fazendo fila da macharia nos requedros das quebradas. Como é? Ele está servindo de quenga pra lavagem da jega! Hem? Ô bicho burro da gota: o macho do teu filho está soltando o frosquete! Vixe! Danou-se! Quer me matar de vergonha, é? Foi um Deus nos acuda! Esse menino só me dá vexame! A coisa enfeiou dele perder o senso e a razão: tomou todas de virada e quando chegou em casa arriou a lenha pra cima da mulher, findando na deportação do primogênito: Agora ele vai dar o furico na casa de caixa pregos, aqui não! Então, desterrado pro fim do mundo, o seu Sydnelson assumiu de vez a SySy – com dois ipsilones no meio dos dois esses, como ele afetadamente pronunciava. E transformou-se na dama desvaraida das noites, viúva dos perdidos, cachorra dos sebosos, quenga dos desvalidos, atriz no picadeiro das mariposas, dadeira de todas as safadezas embaixo do lençol: Essa é a viada mais despranaveada de todas! E ela desfilava reboladeira toda espaçosa a ponto de seduzir gregos e troianos às centenas toda de manhã, de tarde e de noite madrugada a dentro, direto feito cantiga de grilo, de não se saciar da safadeza todos os dias, até feriados e dias santos, o que era o maior escândalo. Era um escarcéu. Eis que um dia lá, quando se preparava para a cirurgia de remoção dos penduricalhos e troca dos documentos, ninguém sabe que milagre dos remédios, a espalhafatosa biba se acordou assim, sem mais nem menos, macho dos brabos como se ruidoso e destemido halterofilista, distribuindo bofetada para quem ousasse escárnio com qualquer menção à Sysy: - agora valente Sidnelson, pra quem não sabe. Alguém assobiasse dormia certamente com o maluvido esquentado pra aprender a respeitar. Como é que é? Nunca ouvi falar de ex-gay! Sou muito macho! - e carimbava a munhecada de deixar uma roncha no olho do intrometido que aparecesse com insinuação. Logo ele conheceu Ranuza, uma galeguinha bem arrumada de peito, cardan e beiço, chega dava gosto de ver os dois no maior dos agarrados, aos beijos e apertões. Menino, essa eu nunca vi! Agora veja. Tanto é que Jadinelson estava lá no meio das nuvens, se perguntando: Como é que pode, hem? É sim e por que não? © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais 

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com com a cantora lírica estadunidense de origem grega, Maria Callas – La Divina (1923-1977) & Best Colection – Casta Diva, Madame Butterfly, La Traviata, Mimi & Mio bambino caro; & do compositor, arranjador, produtor musical e guitarrista Toninho Horta: Foot On The Road (1994). Veja mais 

PENSAMENTO DO DIA – [...] Em realidade, passamos a nos habituar com o desumano. Aprendemos a tolerar o intolerável. Acomodamo-nos a uma realidade social repleta de carências e cheia de ausências. A palavra política provoca um silêncio gritante. O arco-iris do futuro se nos apresenta inteiramente incolor. Ao purgarm,os essa nova ordem coletiva, caminhamos indignados, mas com uma intrigante conformação, esperando que algum milagre aconteça nas nossas vidas e compreendamos melhor a teia de complexidade que é a realidade, porquento nas nossas míopes visões tudo isso não passa de uma (dês)ordem geral. Trecho de O poder dos mercados: até pouco tempo atrás, a economia nacional era uma entidade soberana, agora o domínio é dos mercados, extraído da obra Contraponto: poder, política, economia e costumes (CEPE, 2006), do economista, professor universitário, editor e analista consultor Carlos Alberto Fernandes.

VENTUROSA – O município de Venturosa é administrativamente formado pelos distritos sede e Grotão e pelos povoados de Ingazeira e Tara Velho, está inserido no Planalto da Borborema, situado nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Ipanema e seus tributários são os rios dos Bois e Cordeiro, e os riachos do Meio, Carrapateira, da Luiza, das Cabeceiras, Chã de Souza, da Pedra Fixa e Simão. Todos os cursos d'água são intermitentes. O município conta ainda com o açude Ingazeira. O município foi denominado de vila de Venturosa já próximo de ser emancipada. Logo em seguida, foi elevada a categoria de cidade, localizando-se a Pedra Furada, que é uma das mais belas paisagens da região e que faz parte do pólo Buíque/Pesqueira/Venturosa que é um dos sete pólos de ecoturismo de Pernambuco. Em 1985, a Prefeitura de Venturosa construiu o Parque Pedra Furada que dispõe de infraestrutura básica, situada no parque municipal, no qual o mirante oferece paisagens de grande beleza. A cidade possui também outros sítios arqueológicos de grande valor histórico-cientifico, como a pedra do Tubarão, onde foram descobertos um cemitério de índios pré-históricos; Peri-peri ou Morro dos Ossos, formados por dois grandes blocos de granito, que afloram em meio a uma planície e que possuem em suas paredes inúmeras pinturas rupestres. Veja mais aqui.

QUEM NÃO TEM REMÉDIO REMEDIADO ESTÁ – A família Silva mora nos “mangues” da cidade do Recirfe, num “mocambo” que o chefe da família fez quando chegou de cima. A família é originária do sertão. Desceu do Cariri, na seca, perseguida pela fome. Fez uma paradinha no brejo, para tentar o trabalho das usinas, mas não se pôde agüentar com os salários dessa zona, sem ter direito a plantar senão cana. Sem ter, nem ao menos o recurso do xiquexique e da macambira, como no sertão, para quando a fome apertasse. Nesse tempo espalharam pelo interior um boato que o governo tinha criado um ministério para defender os interesses do trabalhador e que com os fiscais da lei, a vida na cidade estava uma beleza, trabalhador ganhando tanto que dava para comer até matar a fome. A família Silva ouviu esta estória, acreditou piamente e resolveu descer para a cidade, para gozar das vantagens que o governo bom oferece aos pobres. Logo de chegada a família ouviu que a coisa era outra. Não havia dúvida que a cidade era bonita, com tanto palácio e as ruas fervilhando de automóveis. Mas a vida do operário, apertada como sempre. Muita coisa pros olhos, pouca coisa pra barriga. O caboclo Zé Luís da Silva não quis desanimar. Adaptou-se: "Quem não tem remédio, remediado está." Entrou na luta da cidade com todas as forças de que dispunha, mas as forças dele não rendiam que desse para a família viver com casa, roupa e comida. Casa só de 80 mil réis para cima, para comida uns 150 e os salários sem passarem de 5 mil réis por dia. Começou o arrôcho. Só havia uma maneira de desapertar: era cair no mangue. No mangue não se paga casa, come-se caranguejo e anda-se quase nu. O mangue é um paraíso. Sem o cor-de-rosa e o azul do paraíso celeste, mas com as cores negras da lama, paraíso dos caranguejos. No mangue o terreno não é de ninguém. É da maré. Quando ela enche, se estira e se espreguiça, alaga a terra toda, mas quando ela baixa e se encolhe, deixa descobertos os calombos mais altos. Num deles, o caboclo Zé Luís levantou o seu mocambo. As paredes de varas de mangue e lama amassada. A coberta de palha, capim seco e outros materiais que o monturo fornece. Tudo de graça encontrado ali mesmo numa bruta camaradagem com a natureza. O mangue é um camaradão. Dá tudo, casa e comida: mocambo e caranguejo. Agora, quando o caboclo sai de manhã para o trabalho, já o resto da família cai no mundo. Os meninos vão pulando do jirau, abrindo a porta e caindo no mangue. Lavam as ramelas dos olhos com a água barrenta, fazem porcaria e pipi, ali mesmo, depois enterram os braços na lama a dentro para pegar caranguejos. Com as pernas e os braços atolados na lama, a família Silva está com a vida garantida. Zé Luís vai para o trabalho sossegado, porque deixa a família dentro da própria comida, atolada na lama fervilhante de caranguejos e siris. Os mangues do Capibaribe são o paraíso do caranguejo. Se a terra foi feita pro homem, com tudo para bem servi-lo, também o mangue foi feito especialmente pro caranguejo. Tudo aí, é, foi ou está para ser caranguejo, inclusive o homem e a lama que vive nela. A lama misturada com urina, excremento e outros resíduos que a maré traz, quando ainda não é caranguejo, vai ser. O caranguejo nasce nela, vive nela. Cresce comendo lama, engordando com as porcarias dela, fazendo com lama a carninha branca de suas patas e a geléia esverdeada de suas vísceras pegajosas. Por outro lado o povo daí vive de pegar caranguejo, chupar-lhe as patas, comer e lamber os seus cascos até que fiquem limpos como um copo. E com a sua carne feita de lama fazer a carne do seu corpo e a carne do corpo de seus filhos. São cem mil indivíduos, cem mil cidadãos feitos de carne de caranguejo. O que o organismo rejeita, volta como detrito, para a lama do mangue, para virar caranguejo outra vez. Nesta placidez de charco, identificada, unificada no ciclo do caranguejo, a família Silva vai vivendo, com a sua vida solucionada, como uma das etapas do ciclo maravilhoso. Cada elemento da família marcha dentro desse ciclo até o fim, até o dia de sua morte. Nesse dia os vizinhos piedosos levarão aquela lama que deixou de viver, dentro dum caixão pro cemitério de Santo Amaro, onde ela seguirá as etapas do verme e da flor. Etapas demasiado poéticas, cheias duma poesia que o mangue não comportaria. Parte-se aparentemente, neste dia, o ciclo do caranguejo, mas os parentes que ficam, derramam caridosos as suas lágrimas no mangue para alimentar a lama que alimenta o ciclo do caranguejo. Texto O ciclo do carangueijo, extraído da obra Documentário Nordeste (Brasiliense, 1957), do médico, professor catedrático, pensador, ativista político e embaixador do Brasil na ONU, Josué de Castro (1908-1973). Veja mais 

A VERDADE & A BELEZA - [...] A verdade e a beleza devem ser postas em relação; tomadas em si mesmas, sem o apoio que mútuamente se prestam, são valores mui instáveis. A beleza que não se fundasse na verdade, que não pudesse apelar para ela, que não nascesse dela a não vivesse graças a ela, seria pura quimera - e "que é a verdade"? Tirados dum mundo de fenômenos, duma visão do mundo submetida a múltiplas condições, nossos conceitos, como o discerne e o reconhece a filosofia crítica, não são para use transcendente mas só imanente; esse material de nosso pensamento e, com maior razão, os juízos que nos permite construir, não são meios adequados para quem quer apreender a própria essência das coisas e a verdadeira conexão do mundo a da existência. Mesmo que, por uma experiência intimamente vivida, se determine mais convencida a mais convincentemente o que está na base dos fenômenos ainda não se terá trazido à luz a raiz das coisas. Só isto encoraja o espírito humano a tentar este ensaio, que se lhe impõe a isto o justifica; é a hipótese necessária de que também o nosso próprio ser, o nosso mais profundo Eu, é um elemento desse "substractum" do mundo, que aí deve ter raízes e que, por conseguinte, dele talvez se tirem alguns dados que permitam esclarecer a ligação do mundo dos fenômenos a da essência verdadeira das coisas. [...] Texto escrito pelo escritor alemão e Prêmio Nobel de Literatura de 1929, Thomas Mann (1875-1955). Veja mais 

AQUELA DESTELHADA – [...] Destelhada sozinha na rua era uma, em companhia de dona Pequetita era outra. Sozinha, andava ligeira e desempenada, deselegante e sem jejto, o corpo bambolenate todo apoiado ora num pé, ora noutro. Se encontrava algum conhecido, parava e destramelava a língua, contava os casos mais estúrdios e desataviados, que ninguém entendia direito, tão matéria de desmiolação eram as suas conversas. [...] Num instante Aquela Destalhada foi sumindo, sumindo, minguando, e virou um monte de ossos, fantasticamente encolhida. Todo mundo viu que, apesar dos surpreendentes cuidados de dona Pequetita, tinha chegado a sua vez. [...]. Conto extraído da obra Melhores contos (Global, 2001), reunidos do escritor, advogado e jornalista Autran Dourado (1926-2012), organizado por João Luiz Lafetá. Veja mais 

FÉ MENINA: DE COMO AOS POUCOS POUQUINHOS SE PALAVRA UMA MULHER – Aos poucos ela se estreia. / se espelha, se emparelha, se brecha, se avexa / se acalma, se isola, se desnuda, se tesuda / se chuvisca, se saboneta, se tateia / se depila, se orvalha, se toalha, se enxuta / se hidrata, se escova, se desodora, se fareja / se calcinha, se saia, se camiseta / se retoca, se bonita, se bendita, se viceja / se lampeja, se menina, se gata, se heroína, / se tigresa, se mulher. / Se joga na vida dele, se afeiçoa, se atina, se afina, / se imã, se clima, se bem-me-quer. / Se namora, se demora / se chega, se aprochega, se encabula, se melindra / se recata, se fasta, se dificulta / se nega, se nega, se nega... / Se titubeia, se insinua, se permite, se alua / se enfraquece, se esquece, se entrega, se chamega / se beija, se rebeija, se carícia / se ameiga, se marasma, se instiga, se descontina. / Se inflama, se faísca, se incendeia, / se inunda, se serpenteia / se galopa, se ofega, se avassala, se cora / se desnorta, se doideja, se tremelica / se transborda, se zarolha, se estardalha / se estonteia, se estronda, se estupefa / se estafa, se triunfa, se fulmina... / se glorifica. Poema extraído da obra Bandeira nordestina (Bagaço, 2006), do poeta, compositor e intérprete Jessier Quirino. Veja mais 
aqui.

XADREZ NA BIBLIOTECA FENELON BARRETO
Nesta sexta-feira, 01/12, realizou-se o Campeonato de Xadrez na Biblioteca Pública Fenelon, envolvendo alunos da Escola Municipal Lauro Chaves e participantes da comunidade, com apoio da Semed Palmares-PE.

Veja mais:

A literatura de Marquês de Sade aqui, aqui, aqui & aqui.
A arte de Anita Malfati aqui, aqui, aqui & aqui.
O teatro de Edmond Rostand aqui.
A arte de Otto Dix aqui.
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

A ARTE BARBARA HEINISCH
A arte da pintora e perfomer alemã Barbara Heinisch.

MEMÓRIA DA CENA PERNAMBUCANA
Livro tratando acerca da cena teatral pernambucana, a partir do Teatro Hermilo Borba Filho, do Tucap, do TEO, do Teatro da Criança do Recife, Vivencial Diversiones, Clube de Teatro de Pernambuco, do Tare/Marcus Siqueira Produções Artisticas, do TAM, TTTrês Produções & Grpo de Teatro Panaceia, organizado por Leidson Ferraz, Rodrigo Dourado e Wellington Júnior (Autores, 2005), com entrevistas, fotos e registros de espetáculos. Veja mais aqui & aqui.


sexta-feira, dezembro 01, 2017

HERMILO, DRUMMOND, NEGRI, VICTOR HUGO, PONDÉ, SONIA MELLO, ROSANA PAULINO, RICARDO MACHADO, DJANIRA SILVA, LORI SHORIN CLAY & SÃO CAETANO

EU XEXÉU & QUINTANA PASSARINHO - Vem cá! Quer saber duma coisa? Estava eu lendo a Poesia completa (Nova Aguilar, 2005), do poeta, tradutor e jornalista Mário Quintana (1906-1994), e descobri muitas coisas maravilhosas na maneira simples dele poetar: o seu jeito coloquial, a voz lírica entre o introspectivo e o metafísico, a musicalidade e o ritmo, o dinamismo interno regido pelas antíteses verbais e cruciais, ou pelas mistas figuras de linguagens na inspiração e na técnica, tematizando coisas simples do cotidiano, a verossimilhança, a invenção, a diversidade de caminhos na liberdade da imaginação. Fui mais além: “Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo”. Foi assim também que aprendi: ouvia de tudo, falava pelos cotovelos; inquieto, lia que só desmantelo do muito e escrevia meio mundo de coisas – mania de grandeza, desde meninote, ler e escrever, assim era, cadernos aos montes, livros espalhados. Adorava ir pra escola no primário, verdadeira paixão pela professora Hilda. No ginásio, já adolescente, a escola perdeu a graça: “De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens desenrolam-se, lentas, como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fim... sem fim é a aula: e nada acontece, nada... bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse pela outra”. Nossa! Quanta aula chata, maçantes, demolidoras. Qualquer incentivo era desastroso, qualquer ânimo ou empolgação, desestimulado. Adorava atividade extraclasse, leituras na biblioteca, trabalho de campo, laboratório, só sair das quatro paredes da aula já valia, melhor que só ouvir blábláblá e apontamentos da disciplina no caderno, doía os dedos e o juízo, afora a chatura de ter de decorar tudo pra prova, respondesse fora da vírgula do professor, perdia ponto e tempo. Procurava no ginásio quem gostasse de ler, ninguém: “Competiria aos pais dessas crianças, não a nós, incutir-lhes o hábito das boas leituras. Ora essa! Mas se eles também não lêem... vivem eternamente barbiturizados pelas novelas de televisão”. A minha turma de leitura estava noutros colégios, ou no banco da praça quando a gente se encontrava discutindo filosofia, em cima do muro debatendo literatura: “O público ledor é tímido: confunde altissonância com gênio”. Era mesmo, só ensinavam pra gente estudar a norma culta e enriquecer o vocabulário catando estrambólicas no dicionário, o que havia de parnasiano – inclusive eu -, não estava nos gibis, mas nos discursos soberbos e longos de não se entender nada, como a letra do Hino Nacional. Quem não desistiu? Conheço um monte de gente que raivosamente grita: - Se descobrisse quem inventou escola e estudo, eu mandava matar! Hoje esses que foram do meu tempo e desistiram são pais ou avós, desistiram mesmo e estão vendo os filhos e os netos seguirem o mesmo caminho: desistiram de aprender a vida, de estudar o mundo, se perderam no tempo só pra ganhar dinheiro, fazer fortuna e viver à sombra e água fresca. Pois é, eu não, dei meus pinotes, desajeitado, desnorteado, persigo até hoje, nunca desisti de nada, tropecei que só, fracassos muitos, quedas aos trombolhões, mas lá, em riste, olhos apregados nas leituras e na vida – leituras do mundo, páginas da vida -, persistente, resiliente: “Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las. Que triste os caminhos, se não for a mágica presença das estrelas”. Ah, doces utopias: o mundo e a vida são feitos de pensamentos e viajo nas visualizações, mesmo que me acusem de viver no mundo da lua, Selenito cabeça de vento, a ponto de questionarem meus escritos: “Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer é porque um dos dois é burro”. Nesse caso, o burro era eu, sempre; meus escritos, porqueiras; meus alfarrábios, trranqueiras velhas. Nem eu nem nada meu valem coisa alguma. Nem ligo, sempre aprendendo: a vida, as pessoas, as leituras: “Não percas nunca, pelo vão saber, a fonte viva da sabedoria. Por mais que estudes, que te adiantaria, se a teu amigo não sabes ler?”. Prática só se faz com base teórica, e teoria sem prática nada vale. E mesmo que me descasque a pele e me retalhem em postas como coisa de quem endoidou por leitura demais, não, não é isso: “todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão. Eu passarinho!”. Eu voo xexéu! (Veja mais de Quintana logo abaixo). © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a cantora Sônia Mello e com o cantor e compositor Ricardo Machado. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIATudo na criação não é humanamente belo, o feio existe ao lado do belo, o disforme perto do gracioso, o grotesco no reverso do sublime, o mal com o bem, a sombra com a luz. Os homens de gênio, por maiores que sejam, têm sempre em si o animal que parodia sua inteligência. Pensamento do escritor, dramaturgo francês e ativista dos direitos humanos Victor Hugo (1802-1885). Veja mais aqui e aqui.

SÃO CAETANO – O muncípo de São Caetano é administrativamente formado pelos distritos de Tapiraim, Maniçoba e pelo povoado de Santa Luzia, além de estar localizado o povoado de Garrote Velho. A sua povoação tem início iníco por volta de 1838, posteriormente elevada a categoria de freguesia de São Caetano, em 1844, e criado o distrito homônimo, pertencente ao município de Bezerros. Mais tarde, a sede da freguesia foi transferida para o povoado de Caruaru, elevada à Matriz, retornando a sua situação anterior em 1859. A localidade tornou-se vila em 1909 e, dois anos depois, o distrito de São Caetano passou a integrar parte do território do município de Caruaru. A cidade é sede da Fundação Música e Vida de São Caetano, um ponto de cultura idealizado pelo Maestro Mozart Vieira, em 1993. A Banda Sinfônica do Agreste, conhecida atualmente como Banda dos Meninos de São Caetano, nasceu em 1987 e é fruto desta iniciativa. O Museu Histórico de São Caetano possui rico acervo que o faz ser o segundo no estado de Pernambuco. Além disso, a terceira Reserva Particular do Patrimônio Natural de Pernambuco (RPPN), uma propriedade de 23 hectares, dos quais 18 foram transformados em unidade de conservação, em 2002, em conformidade com o Decreto Estadual nº 19.815/97, que regulamenta a criação de unidades de conservação de caráter particular em Pernambuco. O Cruzeiro de Padre Cicero e Frei Damião foi construído em 1984. Veja mais aqui.

A MULTIDÃO & O COMUM - [...] A multidão é o nome ontológico do pleno versus o vazio, da produção contra a sobrevivência parasitária. A multidão ignora a razão instrumental, tanto do exterior a ela mesma quanto para seu uso interno. E como um conjunto de singularidades, ela é capaz de estabelecer o máximo de mediações e soluções de compromisso consigo mesma, desde que sejam mediações emblemáticas do comum (a multidão operando exatamente como a linguagem). Trecho do texto Para uma definição ontológica da multidão (Multitudes – Wxils, Paris, s/d), do filósofo político marxista italiano Antonio Negri, co-autor da obra Multidão. Guerra e democracia na era do Império (Record, 2004), com Michael Inhardt, entendendo ambos que: [...] O povo é uno. A multidão, em contrapartida, é múltipla. A multidão é composta de inúmeras diferenças internas que nunca poderão ser reduzidas a uma unidade ou identidade única – diferentes culturas, raças, étnicas, gêneros e orientações sexuais; diferentes formas de trabalho; diferentes maneiras de viver; diferentes visões de mundo; e diferentes desejos. A multidão é uma multiplicidade de todas essas diferenças singulares [...]. Negri, por sua vez, defende que: [...] Quando falamos desta realidade do comum e a vinculamos a nova realidade do trabalho estamos vivendo uma coisa sem dúvida original, nova, estamos registrando uma nova experiência. Contudo, se olharmos para trás na história, seja na história da filosofia ou do pensamento, seja na história das lutas dos povos e dos sujeitos contra o colonialismo, ou seja, em toda a história do socialismo revolucionário, encontramos sempre vivo um modelo de outra civilização, um modelo que não é utopia senão permanência de tradições, de forças, de constituições antropológicas reais. Este outro modelo, da época do moderno, podemo-lo ver, por exemplo, na filosofia. Não há dúvida de que o pensamento desde Maquiavel a Spinoza ou até Marx, em relação a todos os que elogiavam a transcendência e o poder absoluto do soberano, promoveu idéias de origem republicana e idéias de libertação fortíssima que sempre se renovaram e se mantiveram vivas a pesar de ser derrotadas. Podemos dizer que estas idéias constituem o pouco de bom que a democracia representa como ela é, não aquela que queremos, senão a democracia como forma de governo, aquela que é defendida pelo Sr. Bush., porque algo se pode salvar dela. O que me interessa são estas outras realidades, as realidades derrotadas ainda que sempre vivas ou sempre vencedoras a partir da perspectiva do pensamento. Podem pensar, por exemplo, quando falamos do comum, nas experiências formidáveis de resistência nos países coloniais, nos países colonizados, na América Latina, na Índia ou na China. São experiências fantásticas de comunidades que sempre viveram dentro da derrota, sob a repressão e que propunham continuamente modelos alternativos. Não são utopias, são estruturas antropológicas que encontramos nas mais diferentes formas de expressão e que tem uma importância enorme. Estas ideologias derrotadas, estas realidades esmagadas podem converter-se em elementos de construção do novo porque este novo é extraordinariamente semelhante à idéia de liberdade, de comum que existiu nesse passado. Pensem no socialismo, até ele viveu essa respiração tremenda entre a necessidade de ser Estado e o desejo de massas de liberação. Não há dúvida de que o desejo massivo de libertação foi derrotado e brutalizado na história deste último século, mas a idéia de comunista foi renovada pelas novas técnicas, pelos novos sentimentos, pelo desejo de valorização e desenvolvimento e, sobretudo, por nossa necessidade de viver felizes.

CONTRA UM MUNDO MELHOR - [...] Rejeito todos os novos sentidos: a democracia como religião moderna, a revolução sexual, que não passa de puro marketing de comportamento (continuamos a mentir sobre o sexo e a ser infelizes), a sustentabilidade (nova grife para o ambientalismo), a cidadania, a igualdade entre os homens, uma alimentação balanceada, o fascismo dos direitos humanos, enfim, tudo o que os idiotas contemporâneos cultuam em seu grande cotidiano. Aliás, aqui também tenho um parceiro ilustre: o filósofo romeno Émil Cioran (século XX), para quem só um mau-caráter ou a alma arrogante fazem sistemas em filosofia. O ceticismo (que, quando se instala em alguém como um modo da respiração, como em mim, ganha força de uma segunda natureza) não se delicia tanto em torturar almas religiosas, mas sim encontra seu maior gozo em humilhar almas científicas, racionalistas e bem resolvidas. Se você se acha uma pessoa equilibrada, dessas que respeitam o parceiro no amor, que creem na igualdade entre os sexos como adorno na sua cama de casal, que comem apenas comida saudável, que conversa com plantas porque se julgam mais consciente, que se julgam sensível e honesta, que reciclam lixo, feche este livro. Todas as poucas palavras que você encontrará aqui são contra você. Não acredito em você. Você é um mentiroso, ou uma mentirosa. Chego a ter pesadelos nos quais o mundo se tornou sua casa e em que homens e mulheres só respiram o que acham correto. Dedico horas do meu dia a pensar em formas variadas de fazer gente como você sofrer. E isso em mim também é um vício. Por mais que eu tente aceitar suas mentiras que enchem os fi lmes, os jornais, as novelas, os livros, as salas de aula, os tribunais, mais fracasso. Não consigo escrever ou pensar uma linha se não sai assim como um grito. [...] Cansei da filosofia, por isso comecei a escrever para não fi lósofos, porque a universidade, antes um lugar de gente inteligente, se transformou num projeto contra o pensamento. Todos são preocupados em construir um mundo melhor e suas carreiras profissionais. E como quase todas são pessoas feias, fracas e pobres, sem ideias e sem espírito inquieto, nada nelas brota de grandioso, corajoso ou humilde. Eu não acredito num mundo melhor. E não faço filosofia para melhorar o mundo. Não confio em quem quer melhorar o mundo. É isso mesmo: acho um mundo de virtuosos (principalmente esses virtuosos modernos que acreditam em si mesmos) um inferno. Um bom charuto, cachimbo ou cigarro pode ser uma boa companhia na leitura destes ensaios. Ou uma mulher gostosa do seu lado, ou um homem charmoso. Depois do sexo – e do cigarro –, leia um desses ensaios, quem sabe a quatro mãos. Se acompanhados por uma música clássica, melhor ainda. Enfim, se você não tiver nenhum vício, daquele tipo de compulsão fora de controle que esmaga sua vontade, aí não há qualquer esperança para você. Vire budista. Esboço uma filosofia do cotidiano. O que é uma filosofia do cotidiano? É uma filosofia que acompanha você no trabalho, na cama, entre as pernas, no carro, no hospital, no cemitério, no celular, no avião, no free shop, no amor, no ódio, no ciúme, na inveja, na gratidão. Uma filosofia ideal em meio ao cotidiano deveria caber numa frase que pode ser dita ao ouvido de alguém numa festa quando você passa por ela. [...]. Trechos extraído da obra Contra um mundo melhor: ensaios do afeto (Casa da Palvra, 2010), do filósofo, psicanalista e escritor Luiz Felipe Pondé.

MEMÓRIA E FICCIONALIDADE EM DEUS NO PASTO DE HERMILO BORBA FILHO [...] procuramos contextualizar Deus no Pasto em três instâncias. Como o livro é uma construção discursiva da cidade do Recife nas décadas de 60 e 70, achamos necessário ver quais eram os discursos que configuravam a cidade à época: quais seriam os interlocutores de Hermilo e que tipo de relação havia entre a obra e esses discursos sobre a cidade. Nessa contextualização, percebemos que Hermilo dialoga diretamente com a cena política desta época e com os movimentos culturais e teatrais que estavam ativos. Por Hermilo ser teatrólogo, cremos que era necessário contextualizar as ligações entre o teatro e os romances escritos por ele, pois pelo menos uma das técnicas utilizadas em cena foi levada ao livro: o anti-ilusionismo. Técnica que aparece na tetralogia e que ganhará mais intensidade no ultimo livro He Hermilo, Agá. [...] Começamos a análise partindo do primeiro romance da tetralogia, pois a cena inicial completa o término do livro Deus no Pasto. E já em Margens das Lembranças conhecemos vários aspectos que permearão toda a tetralogia: o anti-ilusionismo, as imagens insólitas, a busca pelo autoconhecimento, a força e a recorrência que as metáforas aquosas ganham ao longo dos livros. [...] É uma tetralogia cujo enfoque é o triplo problema do homem e de sua relação com o espaço e o tempo. Deus no Pastoé uma narrativa concebida em fronteiras. Hermilo constrói sua narrativa demonstrando o conflito existente entre os discursos sobre a cidade e a sua cidade poética. Mesmo que ele ilustre em seu romance a modernização chegando à cidade, é a peregrinação por ela que dará ritmo à narrativa. São suas andanças por lugares “limpos” ou “sujos”, “claros” ou “escuros”, de “águas calmas” ou de “águas revoltosas” que a divisão entre rememorar ou esquecer ganhará peso, muitas vezes, o peso das águas. [...]. Trecho de conclusão da dissertação de mestrado Memória e ficcionalidade em Deus no pasto de Hermilo Borba Filho (UFPE, 2009), apresentada por Virginia Gisele Carvalho, sob orientação do Dr. Anco Márcio Tenório Vieira, ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), discutindo os conceitos teóricos como memória, mímesis, tempo e narrativa, no intuito de estabelecer um caminho crítico da obra, além de outras discussões que se mostraram válidas, como a questão da influência do Realismo Maravilhoso no Brasil, ou ainda como se pode perceber nos dias atuais a autobiografia ficcional, procurando, com isso, responder questões acerca da construção ficcional da obra em questão. Veja mais aqui e aqui.

TEODORASe Teodora tivesse atrasado pelo menos um minuto, um minuto apenas, ao fechar a porta, ou mesmo ajeitando os cabelos no espelho da sala, ou atando os cordões dos sapatos; se tivesse esperado, pelo menos um minuto, um só, quando eu lhe disse: “não vá”. [...] O portão bateu de leve. Ficara nos meus ouvidos, a sua voz: “já vou”. O barulho, o som estridente de um freio brusco, o grito, o silêncio. Se Teodora tivesse esperado pelo menos um minuto, um minuto apenas... Trecho do conto Teodora, da escritora e advogada Djanira Silva, extraído da Panorâmica do conto em Pernambuco (Escrituras, 2007), organizada por Antonio Campos e Cyl Gallindo.

HINO NACIONALPrecisamos descobrir o Brasil! / Escondido atrás as florestas, / com a água dos rios no meio, / o Brasil está dormindo, coitado./ Precisamos colonizar o Brasil. / O que faremos importando francesas / muito louras, de pele macia, / alemãs gordas, russas nostálgicas para / garçonettes dos restaurantes noturnos./ E virão sírias fidelíssimas./ Não convém desprezar as japonesas.../ Precisamos educar o Brasil./ Compraremos professores e livros, / assimilaremos finas culturas, / abriremos dancings e subvencionaremos as elites./ Cada brasileiro terá sua casa/ com fogão e aquecedor elétricos, piscina, / salão para conferências científicas. / E cuidaremos do Estado Técnico./ Precisamos louvar o Brasil. / Não é só um país sem igual./ Nossas revoluções são bem maiores/ do que quaisquer outras; nossos erros também./ E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões... / os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas.../ Precisamos adorar o Brasil! / Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,/ por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão / de seus sofrimentos./ Precisamos, precisamos esquecer o Brasil! / Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,/ ele quer repousar de nossos terríveis carinhos. / O Brasil não nos quer! Está farto de nós! / Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil./ Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros? Poema do livro Brejo das almas (Record, 1934), do poeta, contista e cronista Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Veja mais aqui.

A ARTE DE ROSANA PAULO
Arte da artista e doutora da ECA/ USP, Rosana Paulino.

Veja mais:
A poesia de Mário Quintana aqui, aqui, aqui & aqui.
A arte de Etienne-Maurice Falconet aqui.
A arte de Mika Lins aqui.
A arte de Peter Hohberger aqui.
AIDS  & Educação aqui e aqui.
O Imigrante aqui.  
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

A ARTE LORI SHORIN CLAY
Arte da escultora Lori Shorin Clay.

ANNE CARSON, MEL ROBBINS, COLLEEN HOUCK & LEITURA NA ESCOLA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som do álbum Territórios (Rocinante, 2024), da premiada violonista Gabriele Leite , que possui mestrado em...