segunda-feira, março 12, 2012

VERA INBER, IVY COMPTON-BURNETT, ELVIRA VIGNA, LAJOS EGRI & BIG SHIT BÔBRAS

 


Tive na minha vida essas viagens que nunca acabavam nem começavam, de e para lugar nenhum, e onde eu passava a maior parte do tempo sem fazer nada, andando nas ruas, sentada em cadeiras pré-moldadas, deitada em colchas de hotéis baratos, olhando o negro das janelas de metrôs, o branco das janelas dos aviões, falando frases que não eram minhas. Desse período, tão longo, ficaram uns poucos dias. Uns porque nunca acabaram, outros porque nunca existiram, o anterior se debruçando sobre o novo que não conseguiu se instalar.

A arte da escritora, ilustradora e jornalista Elvira Vigna (1947-2017). Veja mais abaixo.


 

DITOS & DESDITOS - A arte não é o espelho da vida, mas a sua essência. Pensamento do escritor e dramaturgo húngaro Lajos Egri (1888-1967).

 

ALGUÉM FALOU: Homem que é homem chora quando a música é muito bonita e faz lembrar outros tempos mesmo quando não há exatamente outros tempos, são tão jovens. Pensamento da escritora, ilustradora e jornalista Elvira Vigna (1947-2017).

 

PENSAMENTOSNo que diz respeito aos enredos, não acho que a vida real me ajude em nada. A vida real parece não ter enredos. O tempo não é um grande curador. É indiferente e superficial. Às vezes, não cura nada. E outras vezes, quando parece, a cura não foi necessária. A vida real não tem mapa. Existem mais diferenças dentro dos sexos do que entre eles. As pessoas são apenas humanas ... Mas realmente não parece muito. Pensamento da novelista britânica Ivy Compton-Burnett (1884-1969).

 

DOIS POEMAS - I - As folhas estão cada vez mais amarelas. Os dias são mais curtos / (por volta / das seis horas estará escuro), As noites lentas são tão frescas / Que você tem que fechar a janela. / As aulas na escola estão ficando cada vez mais longas / As chuvas fluem como uma parede inclinada, / Só às vezes no lado ensolarado A / pessoa se sente bem-vinda como na primavera. / As donas de casa cozinham com fervor / Cogumelos e pepinos, / maçãs vermelhas, frescas / Assim como suas bochechas tenras. PARA TODOS OS SERES - Todos os seres / que vivem sob as estrelas / terão sua vez. / E a hora da neve derretida / chegará. / E a nuvem de maio na calçada vai / derramar tristeza. / E o raio lunar prateará / todas as florestas. / E a água encontrará seu cheiro, / até o respingo será diferente. / E irei embora, como sempre, / na primavera. / E vamos nos despedir, minha luz, / meu amor / E vamos nos encontrar de novo, / ou não? Poemas da poeta russa Vera Inber (1890-1972).

 



BIG SHIT BÔBRAS: E NUM É QUE O PADRE CÍCERO MATOU DUAS!!!!!!!




Não quero aqui sapecar mácula no meu padim Pade Ciço. Jamais. Não comungo de fé alguma, nem professo nenhuma religião. Entretanto, na hagiologia católica, duas figuras merecem meu respeito: o São Benedito e o Padre Cícero Romão Batista.

Esclarecendo o meu intento, quero apenas narrar um fato que, sob o julgamento do rafamé Doro e do haríolo hecatombico Padre Bidião, merece ser destacado.

Estava eu no aconchego do meu lar, bebericando na tarde domingueira, quando fui agraciado com a visita inesperada de duas reboculosas vizinhas que, de chapa, recusaram embeiçar uma cervejinha comigo.

- Abstêmias? -, ironizei a conduta das duas tidas como biriteiras despravaneadas.

Explicaram que se encontravam encharcadas de cerveja, preferindo outra bebida para aliviar o paladar. Entre as opções desejadas, consignaram a preferência por vinho.

Eis que eu havia sido contemplado com um presentaço: dois botijões de 5 litros do milagrento vinho Padre Cícero. Os olhos delas brilharam e não se abstiveram de virar o primeiro copo numa talagada só.

- Isso é que é vinho! -, disseram em uníssono.

Papo vai, papo vem, a coisa, lá pras tantas, engrenou. Gargalhadas, piadas cabeludas, ditos de baixo calão, pilhérias licenciosas, pei, bufe, etc e tal. O rumo entrou no vórtice da pilecada.

Já mais de meio botijão consumido, aí a primeira delas, a Vera Indignada, logo largou sua devoção extremada pelo sacerdote, detalhando a biografia, fatos históricos, a necessária beatificação e até estrofes com versos do cordel da Luciana Savaget.

Amiudou Vera detalhadamente a ocorrência da sua viagem ao Juazeiro do Norte, onde, ao lado de romeiros oriundos de todo pais, esteve aos pés da estátua do devotado, na colina do Horto, toda metida à La Lilian Ramos com uma indumentária mostrando todos os seus possuídos aos presentes curiosos que não arredavam pé de conferir suas formas.

Imagem: Lilian Ramos, recolhida do blog do Sergio Leo.

Acontece que nessa ocasião, completamente embriagada de uma virada de noite cheinha dos quequéos, achou de se vestir duma impecável indumentária pra lá de sensual, o que causou burburinho ao vê-la mostrando tudo, de joelhos, orando aos pés do monumento cearense. Não bastando, deu de fazer o maior streep tease, causando a maior revolta nos presentes que findaram por expulsá-la  bem da moral e dos bons costumes, sob a acusação de sacrilégio imperdoável. Como bêbada estava, nem deu conta do apupo e saiu aos rebolados só de calcinha e sutiã insinuando já ter mantido intimidades sexuais com o dito, o que mais aumentou a ingresia dos revoltados. E nos contou ali, detalhes de certa feita, numa noite agoniada de cio, ter gozado com a imagem do santo enfiada na vagina.

Nessa, a outra amiga, a Ximênia, a prinspa do Coité, deu um salto:

- O padre Cícero tocou na minha mão!

Imagem: Nicole Bahls, recolhida do blog Ligados na Mídia.

Deu-se um silêncio medonho, de todo mundo ficar assustado. Como é que é? Isso mesmo, ele bateu pé e reiterou ter pego não só na mão como na bimba do devotado, num dia de desalinhamento dos planetas no seu juízo, saia nas cabeças, vento na cheba e bunda-rica à mostra pra deleite dos marmanjos de queixo caído e revolta dos romeiros que malsinaram o despropósito. Oxe! Virou mangação. Jura? Duvido. D-u-du-v-i-vi-d-o-do! Desconfiança instalada, foi aí que ela começou a ficar amuada, dando de se assanhar toda, revoltar-se remexendo o corpo como que possuída por algo sobrenatural. Verdade, ela baixou o santo. E pegou na minha mão dizendo que meu sofrimento ia parar porque eu seria bastante rico muito em breve e que eu tomasse cuidado na vida com os invejosos e porque ainda ia construir algo que me embeveceria bastante e me tornaria famoso e milionário.


Depois pegou na mão de Vera e disse-lhe para deixar de ser quenga, tomasse rumo na venta para a contrição e a resignação, porque o príncipe encantado dela estava prestes a chegar feito um ídolo de capa de revista, de pau duro e totalmente apaixonado para servir-lhe para todo o sempre de suas vidas, amém.

Voltou-se para uma vizinha que passava inadvertidamente por ali naquele momento e ela proferiu palavras em tom bastante grave para que cuidasse de sua própria vida e deixasse a dos outros em paz, que fofoca não dá futuro para ninguém, cuidando porque o sal dela estava se pisando e a coisa podia entornar piormente pro lado dela. Recomendou uma série de orações para a distinta que estava já de olhos esbugalhados, determinando uma vida devotada pro Padre Cícero a fim de que fossem redimidos todos os seus pecados. E que doravante a mesma nunca mais se metesse na vida dos outros nem provocasse sonsamente intrigas entre as pessoas.

Ximênia ao dizer tudo isso, começou a bater no corpo, a dançar, gargalhar, se desgrenhar e botar a mão na cabeça da Vera dizendo com voz embargada de uma entidade não identificada:

- Minha amiga, seu futuro é nefasto.

Nessa hora, a Vera deu um engulho, ficou injuriada e no meio do maior acesso de fúria arriou sem parcimônia o maior bezerro da paróquia, do meladeiro sair escorrendo pelo piso até derramar pela escadaria do prédio.

- As bruxas estão soltas! -, disse-me atarantado.


Foi que as duas se deram aos puxavanques, tabefes, empurrões e beliscadas, de findarem esfarrapadas, quase nuas e estendidas no assoalho, completamente desacordadas. Que porra é essa? Nem havia dado conta do esvaziamento dos 2 botijões do beligerante vinho.

- Eita que o Padim Ciço matou duas!!! -, galhofou um vizinho gaiato ao flagrar tão desditosa cena.

Foi quando ele mesmo tratou de sacudir no ombro, uma a uma, levando-as para os seus aposentos.

- Se num morrero, tão cum os pé bem pertim da cova -, proseou o faroso.

- Pois é, agora só na outra -, finalizei me recolhendo que a coisa não estava lá muito boa pras minhas bandas. Pinguei uma pro santo e virei o copo para ali findar a farra.

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