CAXANGÁ - “Escravos
de Jô jogavam caxangá, tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar. Guerreiros com
guerreiros fazem zigue, zigue, zá”. Nasce o dia e a criança sorri de
alegria com a vida nas mãos. O coração na primavera parece quimera feita de
sol, onde brincam arrebóis em sonhos coloridos entre bemóis e sustenidos que
são exibidos na cantiga da infância como a fragrância de tudo reunido. Vem à
tarde e o menino já é um rapaz com os olhos iguais aos que viram no mundo. E
vão lá no fundo dos que veem agora, muito embora não vejam de tudo. Quando
falam, são mudos. Quando riem, desnudos. E devem acordar. Preferem singrar
solidões mais noturnas, usurpando as dunas de tudo alcançar. Cai à noite e já
homem feito se acha perfeito, é de hoje e nada sabe. Não quer que desabe sua
arquitetura e toda aventura suspira no tempo, audaz nos tormentos e
inquietações. São mais solidões seguindo a pisada, segue a estrada escorraçada
da terra. Emperra e desanda, peleja de banda entre farpas e mesquinharias.
Ferve em demasia, enganando a esperança. Alcança faíscas e chamas onde inflama
a fúria, a ira, o alarido. Está mais perdido e ao se adiantar, não avança. Ao
recuar, mais se cansa. Quando volta, não há mais saída. E retoma na lida, nada
divisa, não há direção. Quando então se madruga é hora de recomeçar, rearranjar
o destino e a sina. É quando desatina e se estende nos céus, desvela os seus
véus na mais longe das terras. E se encerra no mais largo dos mares, penando
pesares, com as forças exaustas. O que há de nefasto, o que há de perverso, são
espelhos reversos e olha para trás. Dar a mão à criança, ao menino e ao rapaz,
refazendo o homem que jaz de mãos dadas com a vida, quando tem por guarida só a
comunhão para ver que a vida está na palma da mão. (Luiz Alberto Machado). Veja
mais aqui e aqui.
Imagem: Allégorie de la VanitéAllegory of Vanity, do pintor do Barroco
italiano Guido Cagnacci (1601-1682).
Curtindo o álbum Naked Spirit (Amiata Records, 1998), da
cantora russa Sainkho Namtchylak. Veja mais aqui.
EPÍGRAFE – Entre o sim e o não de
uma mulher, eu não me atreveria a colocar uma ponta de alfinete, frase
recolhida da obra Dom Quixote de La Mancha (El ingenioso
Hidalgo Don Quixote de La Mancha, 1605), do escritor espanhol Miguel de Cervantes y Saavedra
(1547-1616). Veja mais aqui & aqui.
ABSTRACIONISMO – O Abstracionismo ou
arte abstrata, ou, ainda, arte não figurativa, é a tendência preponderantes nas
artes plásticas, decorrente de três casas imediatas: a necessidade que emerge
no artista de expressar-se livremente, a transformação da vida social em
consequência da revolução industrial e cientifica, e o conhecimento da
estrutura matemática das obras de arte antigas, submetidas à analise racional
que buscava descobrir as leis permanentes da estética. Foi Vassili Kandinsky um dos primeiros pintores abstratos modernos e o
primeiro teórico da nova arte abstrata, abordando em seu livro Sobre o elemento espiritual na arte
(1912), o problema da aproximação do Abstracionismo moderno com as formas
ornamentais do passado. Observa que, ao cortar todos os laços com a natureza, a
arte abstrata tende a tornar-se apenas decorativa, a menos que suas formas e
cores sejam ditadas por uma real necessidade interior. Para ele, o artista
sempre pretendeu expressar essa necessidade, mesmo quando utilizava a figura.
Depois, aos poucos, foi-se libertando da natureza e aproximou-se da essência da
arte, que é espiritual. Lidará, a partir de então, com formas e cores que são
os seres de um mundo ideal. Toda cor, para ele, encerra uma força ainda mal
conhecida mas real, e toda forma tem um conteúdo interior de que ela é apenas a
manifestação exterior. nessa nova etapa da arte, o artista se defronta com
alguns perigos: o de cair num ornamentalismo superficial ou na vulgaridade de
uma arte fantástica. Superando tais limitações, atingirá ou a abstração pura,
mesmo geométrica, ou o realismo puro, uma espécie de fantástico mais profundo e
concreto. Ambas as possibilidades proviriam de uma mesma raiz: a necessidade
interior. Veja mais aqui.
A MATEMÁTICA NÃO FALHA - No livro Bagatelas
(Romances Populares, 1923), do
escritor Lima Barreto (1881-1922), encontro a narrativa A matemática não
falha, da qual destaco o trecho a seguir: [...] a fazer os tímidos e delicados de
consciência não suportar sem os mais atrozes sofrimentos morais a dura
obrigação de viver, respirar a atmosfera deletéria de covardia moral, de
panurgismo, de bajulação, de pusilanimidade, de falsidade, que é a que envolve
este ou aquele grupo social. Veja mais aqui.
ODE À MÁ POESIA – Encontro no blog De
música, luar e sentimento - A realidade densa, a consciência tensa, a
felicidade imensa, a imaginação furtiva a suave tentativa de ser Clara ou Luísa, da poeta Clara Sampaio, o poema Ode à má poesia: Sinto decepcioná-los, leitores / mas a culpa não é toda minha. / Se
escrevo mal, culpo a vida. / Que me fez de muita preguiça /e pouco jeito com
poemas. / / Tentei ser sensível, / atacar de boêmia, / condenar a sociedade
hipócrita, / não deu. / Critiquei os políticos, / a atual conjuntura econômica,
/ os assaltos, a violência, / tampouco. / Meu Deus,será que sou mesmo tão ruim?
/ Faço Vinícius se revirar no túmulo, / Leminsky, Drummond, todo mundo, / gritarem
de asco e pavor? / Ah, que gritem! / Desistir não vou! / Creio eu que de
amador, / todo mundo tem um pouco. / (principalmente no começo) / Sirvo-me da
licença poética pra justificar: / erros, / falta de criatividade / e pouco
senso estético. / Má poetisa que sou, / enfiarei goela abaixo (dos amigos) / muitos
clichês baratos / e outros tantos ditados gastos. / Não hesitarei em provê-los
de histórias bregas / e rimas óbvias, como estas: / Para fechar com chave de
ouro, / ode à ela que ao nascer do dia / me trouxe um tesouro que é a alegria!
/ Ode a tão somente o que é belo / seja na forma do meu texto banguelo, / ou em
forma de má poesia! Veja mais aqui.
MARQUIZE - A célebre atriz dramática italiana Adelaide Ristori (1822-1906), frequentemente referida
como Marquise, era filha de
atores ambulantes e fez sua primeira aparição no teatro aos catorze anos como
Francesca de Rimini, de Silvio Pellico. Aos dezoito anos interpretou Maria
Stuart, da peça de Friedrich Schiller, tornando-se membro da companhia de
Sardenha e da companhia ducal de Parma durante algum tempo. Em seguida
representou Myrrha, de Vittorio Alfieri e, depois, estrelou a adaptação
italiana de Medea, de Montanelli. Ela foi aplaudida por diversas plateias
europeias e dos Estados Unidos, atuando na obra Elisabeth, de Paolo Giacometti.
Por fim, editou o livro de memórias, Estudos e Memórias, publicado em 1888,
mantendo correspondência e relações com o Imperador D. Pedro II do Brasil,
resultando na publicação do livro Uma amizade revelada (FBN, 2004). Veja mais
aqui.
THE
TALENTED MR. RIPLEY – O
drama e suspense The Talented Mr. Ripley (O retorno do talentoso Ripley),
realizado por Anthony Minghella, conta a história de um certo homem que possui
um dom incomum, sendo capaz de imitar, com perfeição, a assinatura, a voz, o
modo de se mexer, ou seja, tudo de cada pessoa. Graças a um casaco emprestado,
conhece um empresário que lhe oferece mil dólares para ir à Europa trazer de
volta o seu filho. Ele aceita a oferta e termina por desfrutar da boa vida e da
amizade dele da sua namorada, tornando-se hóspede de ambos. Entretanto,
desconfianças pairam sob o passado de Ripley, criando situações contrárias aos
seus interesses, o que o leva a matar o rapaz e assumir a sua identidade. O
destaque do filme vai para a atriz estadunidense Gwyneth Kate Paltrow. Veja
mais aqui.
Veja mais Fecamepa
& a História do Brasil, Iangaí, Esteatopigia, Ari
Barroso, Plácido Domingo, Miguel Paiva & G. Graça Campos aqui e aqui.
PESQUISA MUNDIAL - Uma questão de significados....A ONU resolveu fazer uma grande pesquisa mundial. A pergunta era:"Por favor, diga honestamente qual sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo". O resultado foi desastroso. Um total fracasso. Os europeus não entenderam o que é "escassez". Os africanos não sabiam o que era "alimentos". Os argentinos não sabiam o significado de "por favor". Os norte-americanos perguntaram o significado de "resto do mundo". Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre "opinião". E o congresso brasileiro ainda está debatendo o que é "honestamente". Veja mais aqui.