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quarta-feira, novembro 25, 2015

SALGADINHO & PSICOAMBIENTAL, EÇA, SPENCER LEWIS, SCHUBER, VEGA, CARAMURU, ALBERTO DA CUNHA MELO & SONIA MELLO!!!



VAMOS APRUMAR A CONVERSA? SALGADINHO E A PSICOLOGIA AMBIENTAL – Na última segunda feira, dia 23 de novembro, apresentamos o projeto de estágio sobre a temática Psicologia ambiental: a arte na educação e direitos das comunidades do Riacho Salgadinho – Maceió – AL, perante a professora Daniella Botti Rosa, resultado de estudo grupal dos granduandos do curso de Psicologia, do Centro Universitário Cesmac, exigência da disciplina Estágio Básico II. Na ocasião fizemos apresentação da problemática, justificativa e objetivos de pesquisa e referencial teórico alusivo ao Meio Ambiente, à Psicologia Ambiental e a realidade encontrada da nascente à foz do riacho Salgadinho, articulando conteúdos com o papel da atividade artística – teatro, música e literatura -, na conscientização dos direitos e deveres, da responsabilidade e da sustentabilidade, da necessidade de na manutenção de um meio ambiente saudável e equilibrado, enfim, da necessidade de se instaurar uma verdadeira Revolução Copernicana ao Contrário para efetivar a supremacia dos interesses públicos, o princípio da dignidade humana e do exercício da cidadania. Com a realidade encontrada, chegamos a indagação: por que tratar do Riacho Salgadinho se a fonte secou? Questionamos, portanto, se a população limítrofe daquele recurso hídrico extinto merecia viver submetida às condições de um esgoto daquela magnitude a céu aberto. E debatemos as causas e consequências de dano ambiental, notadamente sob a ótica da promoção e prevenção da saúde da população maceioense. A nossa perspectiva se encontra voltada no trabalho inicial com a comunidade da nascente, por meio de atividades artísticas com conteúdos da Educação Ambiental, Direito Ambiental e Psicologia Ambiental, procurando a conscientização da necessidade de mudança de comportamento e da aquisição da consciência dos direitos e, respectivamente, dos deveres da população na promoção de um ambiente saudável e equilibrado para todos. O projeto iniciou no mês de março de 2015, com previsão de encerramento das atividades no mês de julho de 2016. Enquanto isso, vamos aprumar a conversa aqui e aqui

 Imagem Nus, do artista plástico holandês Antonius Bernardus Kelder (1894-1972)


Curtindo Piano Sonatas D. 960 & 664 / Moments Musicaux Import, do compositor austríaco Franz Schubert (1797-1828), performance do pianista e compositor alemão Wilhelm Kempff (1895-1991).

O HOMEM E SEU LIVRE-ARBÍTRIO – No livro Autodomínio e o destino com os ciclos da vida (Renes, 1975), do famoso Rosacruz, escritor, ocultista e místico Dr. Ph.D Harvey Spencer Lewis (1883-1939), trata de assuntos com o problema do autodomínio, ritmo cósmico e os ciclos da vida, o ciclo da alma e da vida, ciclos da reencarnação, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho do capítulo O homem e seu livre-arbítrio: [...] Os nossos atos resultam de causas anteriores, ou somos dirigidos em todos os nossos passos, por influencias externas, como as vibrações Cósmicas, os impulsos mentais do exterior ou tendência do eu interior e do ambiente? Em outras palavras: a vida que vivemos será de fato efeito do nosso ambiente e de impulsos invisíveis sobre os quais não temos domínio e por meio dos quais também nos são apresentadas certas oportunidades e tentações que aceitamos e utilizamos, ou que rechaçamos e abandonamos? [...] O homem tem livre-arbítrio, direito de escola, seja para trabalhar em harmonia com o ritmo das leis universais, seja para escolher entre o bem e o mal. Mas o resultado de sua escolha virá inevitavelmente, como resultado da manifestação da lei da compensação. Aquele que escolhe acertadamente e age em harmonia com as leis chega a ser senhor do seu destino, ao passo que aquele que fracassa na escola e age em desarmonia com a lei, torna-se escravo da sorte e vítima de um destinado criado inconscientemente. Veja mais aqui.

OS MAIAS – O romance Os Maias (1888), do escritor português Eça de Queiroz (1845-1900), conta a história de uma família ao longo de três gerações, envolvendo um caso de amor incestuoso. Da obra destaco o trecho: Pedro e Maria, no entanto, numa felicidade de novella, iam descendo a Italia, a pequenas jornadas, de cidade em cidade, n'essa via sagrada que vae desde as flores e das messes da planicie lombarda até ao molle paiz de romanza, Napoles, branca sob o azul. Era lá que tencionavam passar o inverno, n'esse ar sempre tepido junto a um mar sempre manso, onde as preguiças de noivado teem uma suavidade mais longa... Mas um dia, em Roma, Maria sentiu o appetite de Paris. Parecia-lhe fatigante o viajar assim, aos balouços das caleças, só para ir ver lazzaroni engolir fios de macarrão. Quanto melhor seria habitar um ninho acolchoado nos Campos Elyseos, e gozarem alli um lindo inverno de amor! Paris estava seguro, agora, com o principe Luiz Napoleão... Além d'isso, aquella velha Italia classica enfastiava-a já: tantos marmores eternos, tantas madonas começavam (como ella dizia pendurada languidamente do pescoço de Pedro) a dar tonturas á sua pobre cabeça! Suspirava por uma boa loja de modas, sob as chammas do gaz, ao rumor do boulevard... Depois tinha medo da Italia onde todo mundo conspirava. Foram para França. Mas por fim aquelle Paris ainda agitado, onde parecia restar um vago cheiro de polvora pelas ruas, onde cada face conservava um calor de batalha, desagradou a Maria. De noite accordava com a Marselheza; achava um ar feroz á policia; tudo permanecia triste; e as duquezas, pobres anjos, ainda não ousavam vir ao Bois, com medo dos operarios, corja insaciavel! Emfim demoraram-se lá até a primavera, no ninho que ella sonhára, todo de velludo azul, abrindo sobre os Campos Elyseos. Depois principiou a fallar-se de novo em revolução, em golpe d'estado. A admiração absurda de Maria pelos novos uniformes da garde-mobile fazia Pedro nervoso. E quando ella appareceu gravida, anciou por a tirar d'aquelle Paris batalhador e fascinante, vir abrigal-a na pacata Lisboa adormecida ao sol. Antes de partir porém escreveu ao pae. Fôra um conselho, quasi uma exigencia de Maria. A recusa de Affonso da Maia ao principio desesperara-a. Não a affligia a desunião domestica: mas aquelle não affrontoso de fidalgo puritano marcara muito publicamente, muito brutalmente, a sua origem suspeita! Odiou o velho: e tinha apressado o casamento, aquella partida triumphante para Italia, para lhe mostrar bem que nada valiam genealogias, avós godos, brios de familia - deante dos seus braços nus... Agora porém que ia voltar a Lisboa, dar soirées, crear côrte, a reconciliação tornava-se indispensavel: aquelle pae retirado em Bemfica, com o rigido orgulho de outras edades, faria lembrar constantemente, mesmo entre os seus espelhos e os seus estofos, o brigue Nova Linda carregado de negros... E queria mostrar-se a Lisboa pelo braço d'esse sogro tão nobre e tão ornamental, com as suas barbas de Viso-rei. -Dize-lhe que já o adoro, murmurava ella curvada sobre a escrivaninha acariciando os cabellos de Pedro. Dize-lhe que se tiver um pequeno lhe hei de pôr o nome d'elle... Escreve-lhe uma carta bonita, hein! E foi bonita, foi terna a carta de Pedro ao papá. O pobre rapaz amava-o. Fallou-lhe commovido da esperança de ter um filho varão; as desintelligencias deviam findar em torno do berço d'aquelle pequeno Maia que alli vinha, morgado e herdeiro do nome... Contava-lhe a sua felicidade com uma effusão de namorado indiscreto: a historia da bondade de Maria, das suas graças, da sua instrucção, enchia duas paginas: e jurava-lhe que apenas chegasse não tardaria uma hora em ir atirar-se aos seus pés... Com effeito, apenas desembarcou, correu n'um trem a Bemfica. Dois dias antes o pae partira para Santa Olavia: isto pareceu-lhe uma desfeita - e feriu-o acerbamente. Fez-se então entre o pae e o filho uma grande separação. Quando lhe nasceu uma filha Pedro não lh'o participou – dizendo dramaticamente ao Villaça «que já não tinha pae!» Era uma linda bébé, muito gorda, loira e côr de rosa, com os bellos olhos negros dos Maias. Apesar do desejo de Pedro, Maria não a quiz crear; mas adorava-a com phrenesi; passava dias de joelhos ao pé do berço, em extasi, correndo as suas mãos cheias de pedrarias pelas carninhas tenras, pondo-lhe beijos de devota nos pésinhos, na rosquinha das côxas, balbuciando-lhe n'um enlevo nomes de grande amor, e perfurmando-a já, enchendo-a já de laçarotes. E n'estes delirios pela filha, brotava, mais amarga, a sua colera contra Affonso da Maia. Considerava-se então insultada em si mesma e n'aquelle cherubim que lhe nascera. Injuriava o velho grosseiramente, chamava-lhe o D. Fuas, o Barbatanas... Pedro um dia ouviu isto, e escandalisou-se: ella replicou desabridamente: e deante d'aquella face abrazada, onde entre lagrimas os olhos azues pareciam negros de colera, elle só poude balbuciar timidamente: - É meu pae, Maria... Seu pae! E á face de toda a Lisboa tratava-a então como uma concubina! Podia ser um fidalgo, as maneiras eram de villão. Um D. Fuas, um Barbatanas, nada mais!... Arrebatou a filha, e abraçada n'ella, romperam as queixas por entre os prantos: - Ninguem nos ama, meu anjo! Ninguem te quer! Tens só a tua mãe! Tratam-te como se fosses bastarda! A bébé, sacudida nos braços da mãe, desatou a gritar. Pedro correu, envolveu-as ambas no mesmo abraço, já enternecido, já humilde; e tudo terminou n'um longo beijo. E elle, por fim, no seu coração, justificava aquella colera de mãe que vê desprezado o seu anjo. De resto, mesmo alguns amigos de Pedro, o Alencar, o D. João da Cunha, que começavam agora a frequentar Arroios, riam d'aquella obstinação de pae gothico, amuado na provincia, porque sua nora não tivera avós mortos em Aljubarrota! E onde havia outra em Lisboa, com aquellas toilettes, aquella graça, recebendo tão bem? Que diabo, o mundo marchara, sahira-se já das attitudes empertigadas do seculo XVI!. [...]. Veja mais aqui.

AMEAÇAS & OUTROS POEMAS – O livro Clau (Imprensa Universitária, 1992) ), do escritor, jornalista e sociólogo Alberto da Cunha Melo (1942-2007), destaco, inicialmente o poema Ameaças: Toda vez que subo / nessas minhas / altitudes máximas / (além do nível do bar) / e mergulho de cabeça, / tripa e tudo / nessas minhas / profundidades (também) máximas / (além do nível do lar), / o rosto de Clau / está lá em cima / e lá em baixo / me deslumbrando, sozinho! / — Quem é Clau? / (pergunta um burríssimo / PHD em Estética) / e ninguém pode salvar / seus pobres alunos. Também o poema Sugestões: Quero dezembros, / sou louco por dezembros, / e por uma mulher / chamada Cláudia, / filha de Oxum, / a de cabelos montanhosos, / de longa paciência / para suportar / minha vontade de morrer; / quero dezembros de verdade, / fins de dezembros, / com as pessoas correndo / atrás / de suas almas perdidas. Ainda o poema Nobrezas: Vista-se de jambo, / a cor imã / do sangue velho, / e das frutas / caindo abandonadas / no lamaçal / da delícia degradada, / porque este traje / de machucada mortalha / tem a cor da vida / que vamos, juntos, / ressuscitar. Por fim, o poema Aliados: Enquanto discutíamos / eu e Clau, / o cerco lá fora, / ouvíamos Chopin, / em plena clareira / da mata amazônica; / e lá fora havia / um certo gigante / de barro queimado, / que tramava e bebia; / mas Chopin, revoltado, / tocava o “Noturno” / e tudo dormia. Veja mais aqui.

O TEATRO DE LOPE DE VEGA - O dramaturgo e poeta espanhol Lope de Vega (1562-1635), reuniu poesias da mocidade no Cancionero general (1600) e depois os sonetos das Rimas humanas (1602) e das Rimas sacras (1614). Depois vieram as poesias narrativas, a prosa e os dramas. São muito numerosas as comédias, peças de grande comicidade e de construção engenhosa, algumas pertencentes até hoje aos repertórios, como Amar sem saber a quem, La dama boba, Os milagres do desprezo, O mais impossível, O cão do jardineiro, entre outras. Por conta de sua obra extensa e valorizada, ele teve uma vida endeusada e todos os dramaturgos o imitavam. Os autos e as comédias mitológicas desse autor não podem comparar, em valor, com a de outros autores, mas entre duas comédias de santos encontram-se duas que ainda hoje chamam a atenção pelos elementos autobiográficos dos enredos e pela possível interpretação psicanalítica, La Buena guarda e A fiança satisfeita. Além do mais, ele é o criador do teatro nacional espanhol, da sua forma dramática e da sua mistura de elementos trágicos e cômicos, de elementos eruditos e populares. Escolheu temas de todas as épocas e de todas as nações, mas hispanizou-se de tal maneira que o teatro de Lope de Vega é o espelho fiel da sociedade espanhola do século XVII. Veja mais aqui, aqui e aqui.

CARAMURU – A comédia Caramuru – a invenção do Brasil (2001), dirigida por Guel Arraes, conta a história de Diogo Álvares, artista português, pintor talentoso, responsável por uma das lendas que povoam a mitologia brasileira — a do Caramuru. Antes, porém, Diogo é responsável por uma confusão envolvendo os mapas que seriam usados nas viagens de Pedro Álvares Cabral. Contratado por Dom Jaime, o cartógrafo do rei, para ilustrar o precioso documento, ele acaba sendo joguete de uma francesa, Isabelle, que vive na corte em busca de ouro, poder e bons relacionamentos. Ela rouba-lhe o mapa e o artista é deportado. Na viagem, Diogo conhece Heitor, um degredado cult, quase precursor do que hoje em dia se conhece como mochileiro. Como muitas caravelas que se arriscavam, a de Vasco de Atahyde naufraga. Mas Diogo consegue chegar ao Brasil e o infortúnio acaba sendo um auxílio para dar início à história de amor entre ele e Paraguaçu, a índia que conhece ao chegar ao novo mundo, ao paraíso bíblico sonhado. Mais tarde, a história do náufrago iria se espalhar, assim como a lenda de que ele foi o primeiro rei do Brasil. O romance entre o descobridor e a nativa é, de fato, a história do triângulo amoroso entre Diogo, Paraguaçu e sua irmã Moema. Os três viviam em perfeita harmonia, sob os olhares do cacique Itaparica. Algum tempo depois, Diogo viaja para França para ser "condecorado" rei. Apaixonadas, Paraguaçu e Moema mergulham no mar atrás da caravela, mas só Paraguaçu chega à embarcação. Ela e Diogo continuam sua história de amor, com todos os impactos da cultura europeia na vida de uma linda índia. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte do desenhista e ilustrador estadunidense Paul Murry (1911-1989).

DEDICATÓRIA
 A edição de hoje é dedicada à cantora Sonia Mello. Veja aqui e aqui.


sexta-feira, abril 18, 2008

ALBERTO MAGNUS, EÇA, CANETTI, CHATWIN, TALANCÓN, SAMANTHA, MITSUNASHI, POLÍTICAS PÚBLICAS ITINERÂNCIA & SONEKKA!



ITINERÂNCIA – Sou péssimo com datas. Mas conheci Sonekka pelos anos 2000 quando a gente participava de um grupo na rede: Rede Social da Música Brasileira – RSMB. E foi o cara com quem, de cara, fizemos uma amizade de séculos. Por esse tempo escrevi sobre ele e o seu primeiro cd. Depois ele me convidou pro Clube de Compositores Caiubi e daí surgiu a convocação dele: - Escreve aí qualquer coisa que eu musico. Ele me provocou algumas tantas vezes. Até que um dia eu estava superressacado e fui dar uma caminhada na orla maceioense naquela manhã. Aí pintou uns versos na minha cabeça. Findada a caminhada, peguei o lápis e tasquei a escrita. Quando vi, estava bom. Aí na hora me lembrei das cobradas de Sonekka. E na mesma hora enviei pra ele a letra. Não deu meia hora depois, o danado me retorna com um áudio anexado: a letra estava musicada. Nossa fiquei pasmo! E ele: - Eu num disse que musicava o que você escrevesse? E obrigado: hoje é meu aniversário. Era aniversário dele e eu que ganhei o presente Itinerância: Sigo em frente, rédeas soltas, rente à vida, lida louca, tez afoita, moita adentro, alma outra, só relento. Sigo em frente no peito e na raça, no meio da sorte ou de outra desgraça que vem sem aviso e a remoer, como se isso valesse entender. E lá vou eu noutras voltas cheio de nó pelas costas pro que der e vier, por bem ou malmequer, ou pelas raias dos ventos. E haja o que houver até que a vida se esvaia na navalha do tempo. Sigo em frente e lá vou eu topando breu enquanto o dia é outra agonia que a noite inventa e quanto mais tenta mais dá revelia. Sigo em frente e lá vou eu com o que é meu na mesquinharia na patifaria que a gente aguenta e no peito aumenta nossa rebeldia. E lá vou eu noutras voltas cheio de nó pelas costas pro que der e vier por bem ou malmequer ou pelas raias dos ventos e haja o que houver até que a vida se esvaia na navalha do tempo. Música de Sonekka – Osmar Lazzarini & letra de Luiz Alberto Machado. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais  aquiaqui, aqui, aqui e aqui.

Imagem: Nude and bear (1901), do pintor francês Henri Rousseau (1844-1910).

Curtindo o álbum Midnight Lover (Lounge Dance Mix, LDR Music - 2008), da cantora e modelo britânica Samantha Fox. Veja mais aqui.

EPÍGRAFEUma coisa é maravilhosa somente enquanto a maioria das pessoas não pode descobrir sua causa, e quando se demonstra causa suficiente para ela, todos param de maravilhar-se diante dela, extraído do livro Secretis Mulierum (Segredo das Mulheres) – um tratado filosófico medieval escrito entre os séculos XIII-XIV, obra de caráter médico-filosófica que aborda a questão da reprodução e da geração humana -, do filósofo, cientista, teólogo e líder de escola mística, Albertus Magnus (1193-1280). Veja mais aqui.

POLÍTICAS PÚBLICAS – As sociedades contemporâneas tem se revelado dentro de uma complexidade que envolve interesses, conflitos, valores, opiniões, entre outras, necessitando, portanto, de equilíbrio e limites que são estabelecidos pela coerção e política. Em razão da política envolve coerção como possibilidade, sendo esta, pois, solução pacifica dos conflitos, consistindo no conjunto de normas e procedimentos formal e informalizados que se manifestam das relações de poder e que, com relação aos bens públicos, se destinam à solução pacifica dos conflitos. Por seu turno, a política pública é a saída como resultado da atividade política, compreendendo um ordenado conjunto de ações e decisões tomadas que envolvem estratégias que são selecionadas para implementação das respectivas decisões. Por esta razão, é importante abordar a questão da política pública, entendida como tendo a prevalência das diretrizes e dos objetivos das opções políticas que cabem aos representantes do povo e, portanto, ao Poder Legislativo, que as organiza sob a forma de leis, para execução pelo Poder Executivo, segundo a clássica tripartição das atividades estatais em legislativa, executiva e judiciária. A conceituação básica de política pública, conforme Carvalho (2002), passa pelo entendimento de termos essenciais que estão intrínsecos aos seu significado, quais sejam: funções de governo, políticas, agências, leis, regulamentos, decisões e programas. As funções de governo, conforme Carvalho (2002), são funções legítimas do governo, tais como prover a defesa do país, regular o comercio internacional, ou manter a segurança pública. As políticas, segundo Carvalho (2002), estão nas esferas das intenções que dirigem a ação na busca de plataforma de partidas, promessas de campanhas, entre outras. As agências, segundo Carvalho (2002), são as unidades governamentais responsáveis pela formulação e pela implementação dos corpos legislativos e agências administrativas. As leis, segundo Carvalho (2002), são atos específicos aprovados por legisladoras que visam uma política. Os regulamentos, segundo Carvalho (2002),, são as regras expedidas por agências administrativas com vistas à implementação de uma política. As decisões, segundo Carvalho (2002), são as escolhas específicas feitas por funcionários do governo na formação e na implementação de uma política pública. Os programas, segundo Carvalho (2002), são as atividades específicas onde às agências se envolvem durante a implementação de uma política pública. Enfim, conforme o autor em comento, todos os elementos mencionados encontram inter-relações de maneiras complexas que se complementam ou não, porém são distintos e não linear, podendo ser independentes, porém as ações com os mesmos objetivos, podem não se tornar uma política. Neste caso, torna-se conveniente trazer as observações de Arretche (2003) e Faria (2003), que consiste no fato de se entender que as estratégias gerais estão relacionadas em distinguir os diversos tipos de políticas. E, conforme os tipos de ferramentas ou de táticas, podem ser usadas para alcançar objetivos. Assim, as ferramentas para implementação de políticas estão relacionadas às táticas – que inclui ações de cobranças de multas ao invés de fornecer incentivos, contratar agências privadas os invés do fornecimentos direto de um serviço, deixando um mecanismo de mercado decidir como os serviços serão fornecidos, e deixar que um opção municipal, ao invés de um departamento estadual ou federal, forneça o serviço. Para tanto, o estudo de políticas públicas é um processo de interações complexas entre uma variedade de organizações, privadas ou públicas, como também capacita a determinar como os ideais de democracia são mantidos em uma sociedade complexa tão dependente de burocracias públicas. Visualiza-se com isso que toda política, em conforme com Lindblom (apud Arretche, 2003), é um processo de formulação de políticas, e que para compreender a formulação de uma política tem-se que compreender tudo sobre a vida e a atividade política. Daí, para se compreender a vida política, é necessário compreender o processo de elaboração de uma política. O mais importante é ter uma visão equilibrada de todo o ciclo, não dando mais ênfase para um de outro aspecto das instituições envolvidas no processo de elaboração de uma política. As políticas públicas, conforme Carvalho (2002), Hetkowski (2007) e Brust et al (2006), são entendidas como o resultado de construções participativas oriundas da coletividade, buscando os meios de concretização dos direitos humanos e visando a garantia dos direitos sociais dos cidadãos, extrapolando a dimensão do Estado para alcançar a totalidade dos espaços e formas de organização social. Por esta razão, conforme Sales e Freitas (2008), tais políticas públicas envolvem ações políticas exercidas pelos governos com o objetivo de satisfazer demandas, que lhes são impostas pelos atores, e também a negociar apoios necessários a sua execução, de forma a afastar a omissão do Estado, e dar sustentação, credibilidade aqueles que detêm o poder do mando. No entendimento de Bucci (2005), Pretto (2006) e Santos e Machado (2007), as políticas públicas podem ser entendidas como o conjunto de planos e programas de ação governamental, voltados à intervenção no domínio social, por meio dos quais são traçadas diretrizes e metas a serem fomentadas pelo Estado, sobretudo na implementação dos objetivos e direitos fundamentais dispostos na Constituição. Em conformidade com a expressão de Faria (2003), as políticas públicas são programas de ação governamental para um setor da sociedade ou num determinado espaço geográfico, figurando como instrumentos de ação dos governos. Assim, conforme Bucci (2005), elas devem ser vistas como processo ou conjunto de processos que culmina na escolha racional e coletiva de prioridades, para a definição dos interesses públicos reconhecidos pelo direito. As garantias legais das políticas públicas no Brasil são o atendimento da educação, da saúde, habitação, entre outras. Conclui-se que as políticas públicas envolvem ações políticas que são realizadas pelos governos objetivando a satisfação das demandas e a negociação dos apoios necessários para sua execução. Com a adoção de políticas públicas procura-se evitar a omissão do Estado, dando credibilidade e sustentação aos governos no atendimento dos direitos fundamentais e garantias sociais e civis da população. São ações realizadas com fins públicos de acesso, efetivando o Estado Democrático de Direito e atendendo ao principio da dignidade humana e ao exercício da cidadania, visando sempre atender o hipossuficiente. São elas o atendimento à educação, saúde, Assistência Social, transporte, segurança, entre outras. REFERÊNCIAS: Arretche, M. (2003) Dossiê agenda de pesquisa em políticas públicas. In: RBCS, v.18, n.51, p.7-9, fev. Brust, C.; Baggio, I. C.; Saldanha Filho, M. F. (2006). Gestão das políticas públicas de esporte e lazer em Santa Maria – RS. Motrivivência, v. XVIII, p. 179-192. Bucci, M. P. D. (2005). Direito Administrativo e Políticas Públicas. São Paulo: Saraiva. Carneiro, M. A. (1998). LDB fácil: leitura critico-compreensiva artigo a artigo. Petrópolis: Vozes. Carvalho, A. (Org.). (2002). Políticas públicas. Belo Horizonte: UFMG. Faria, C.A.P. (2003). Idéias, conhecimento e políticas públicas: um inventário sucinto das principais vertentes analíticas recentes. In: RBCS, v.18, n.51, p.21-29, fev. Hetkowski, T. M. (2007). Politicas públicas educacionais e as influências neoliberais. In: Mercado. L.P.L.; Cavalcante, M. A. S. (Orgs). Formação do professor em educação: profissionalização docentes, políticas públicas, trabalho e pesquisa. Maceió: Edufal. Pequeno, A. (2008). Prefácio. Em Foco, nº 3, novembro. Pretto, N. (2006); Políticas publicas educacionais no mundo contemporâneo. Liinc em Revista,Vol. 2, nº 1 março p. 8-21. Sales, I.; Freitas, V. (2008). Parâmetros para atuação de Assistentes Sociais na política de Assistência Social: trabalho e projeto profissional nas políticas sociais. Brasilia: CFESS. Santos, S. Q. S.; Machado, V. L. C. Políticas públicas educacionais: antigas reivindicações, conquistas (Lei 10.639) e novos desafios. Campinas: PUC. Veja mais aqui.

NA PATAGONIA – O livro Na Patagônia (Companhia das Letras, 1988), do escritor inglês Bruce Chatwin (1940-1989), conta sobre um curioso pedaço de animal pré-histórico que enfeitava a sala da avó, encontrado por um primo na Patagônia, levando o protagonista para a região em busca de respostas, e na viagem, a geografia, a história e a crônica de um continente se fundem, com a alternância entre a descrição das paisagens, a narrativa dos episódios e a fundamentação histórico-geografica. Da obra destaco o trecho: [...] Um índio [...] se aproximou, disposto a brigar. [...] Recostei-me no banco e fiquei contemplando a história da América do Sul em miniatura. O rapaz de Buenos Aires aguentou os insultos durante meia hora, depois [...] ordenou ao índio que voltasse pro seu lugar. O índio inclinou a cabeça e disse: Si, señor, si, señor. [...]. Veja mais aqui.

OS QUE TÊM HORA MARCADA – Em 2003 tive oportunidade de assistir no Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno, em São Paulo, à montagem da peça Os que têm hora marcada, de Elias Canetti, com direção de Nelson Baskerville e com elenco da Cia do Teatro Febril, contando a história de uma cidade fictícia em que todos sabem quando vão morrer. Nesta sociedade em que os habitantes não têm nomes, apenas números, um deles se insurge e propõe uma revolução. Veja mais aqui.

O CRIME DO PADRE AMARO – O filme O Crime do Padre Amaro (2002), dirigido por Carlos Carrera, é uma adaptação do polêmico romance homônimo do escritor português Eça de Queiroz (1845-1900), contando a história do romance entre o padre e uma jovem que surge num ambiente em que o próprio papel da religião é alvo de grandes discussões e a moralidade de cada um é posta à prova. Enquanto a trágica história de amor se desenvolve, personagens secundários travam instigantes debates sobre o papel da fé. Ambos nutrem uma paixão que não pode ser consumada devido à batina. A solução encontrada foi o encontro às escondidas. Esse caso resulta numa gravidez inesperada, que é a causa da morte de Amélia. Após sua morte, Amaro vai embora da cidade, mas não abandona a batina. O destaque do filme fica por conta da belíssima atriz mexicana de cinema e televisão, Ana Claudia Talancón. Veja mais aqui.




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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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