sexta-feira, maio 22, 2009

KATHERINE MANSFIELD, FREDERIC RAUH, ERNST TUGENDHAT, CYANE PACHECO & TRABALHO



Gentamiga do meu Brasil das aloprâncias e tirinetas ineivadas!!!! Tudo começa com a escravidão. O servilismo. E nisso o sisifismo: a faina de fazer a mesma coisa todo santo dia. Aí o labor. Mãos à obra. E os workaholics. Tem quem diga que o trabalho enobrece o homem. Gilberto Freyre mesmo disse e o Domenico de Mais revalidou: o ócio criativo. Afinal, o universo do trabalho tem evoluído? Ou como se diz no popular: para uns, estrela na testa brilha para o bem-bom; para outros, estrela escondida no quiba faz o cara moer sem comiseração. Pois bem, para mim, o trabalho no Brasil de atualmente, mormente os novos paradigmas organizacionais são verdadeiras práticas escravocratas disfarçadas: o obreiro tem hora para entrar, mas não tem hora para sair. Tem que moer mesmo, até se exaurir. E quando se lascar, a previdência social que cuide. E o patrão, dinheiro no bolso e ai-ai. Então eu trago, de um lado O trabalho: O trabalho tanto tem promovido a formação e desenvolvimento humano, como também tem mantido o ser humano escravo e subordinado às classes abastadas. Tornou-se, por isso, um universo diversificado e complexo, recheado de transbordantes desafios, tanto pela manutenção hegemônica da classe empresarial como pelas exigências de posicionamento dos trabalhadores no sentido de satisfazer as suas necessidades, as das organizações e as dos empresários. (continua aqui)De outro lado, a Filosofia do Ascenso Ferreira:

Hora de comer, comer.
Hora de dormir, dormir.
Hora de trabalhar, pernas pro ar que ninguém é de ferro!!!

Vamos aprumar a conversa!

DITOS & DESDITOSO verdadeiro homem é aquele que vive a vida de seu tempo. A matéria da reflexão moral é o jornal, a rua, a batalha do dia-a-dia. Pensamento do filósofo francês Frederic Rauh (1861-1909).

EGOCENTRICIDADE & MÍSTICA – [...] Seres humanos já não reagem, como os outros animais, a seu meio (e aos signos linguísticos a ele pertencentes), mas se “referem” a objetos individuais, que podemos identificar objetivamente no tempo e no espaço, para exprimir algo sobre eles mediante predicados. [...] Nessa ação de declarar, verifica-se a passagem da consciência pré-proposicional à consciência do “eu”. Autoconsciência não é um ato interno de reflexão sobre um chamado Eu, mas ocorre quando atribuo, mediante predicados, meus estados conscientes – meus sentimentos, minhas intenções etc. – a mim e, com isso, a uma pessoa que, dentro do universo real e objetivo de objetos distinguíveis, é uma entre todas. [...] Com a linguagem predicativa, surge no um uma consciência de outros objetos e de si como um objeto entre outros, ambos no contexto da consciência de um mundo objetivo, em que tanto eu como as outras pessoas temos respectivamente uma posição. [...] Primeiro, que o ser consciente se objetiva ao dizer “eu”. Segundo, na medida em que com essa auto-objetivação se produz uma consciência de outros objetos e sujeitos, o indivíduo, por um lado, se vê e se sente como centro do mundo, mas, por outro, por perceber o mundo como um mundo de centros, também tem a possibilidade de abrir mão de sua consciência de ser o centro. [...] quem diz “eu” não apenas se propõe objetivos, mas também vê seu futuro como algo dado de antemão e ao qual ele tem de se referir levando algum objetivo em conta. Sua vida torna-se para ele um “objetivo derradeiro” (Endzweck) [...] Para um ser capaz de refletir, esse “ter de” é biológico. O indivíduo adulto que diz “eu” precisa refletir sobre o que tem de fazer em vista desse objetivo preestabelecido, isto é, o que é melhor para ele fazer. Contudo, como esse objetivo é dado de modo indeterminado, isso implica não apenas perguntar pelos meios, mas também que o modo de vida torna-se objeto de reflexão. Neste último caso, trata-se não apenas do modo de sobrevivência, mas também de como se pretende despender o próprio tempo de vida. [...]. se trata sempre de como semelhante ação é intersubjetivamente avaliada. É uma questão de ordem de preferência, que, do ponto de vista do conteúdo, pode basear-se em diferentes razões, mas que sempre requer uma avaliação intersubjetiva: dependendo do nível de “bom” que atingir, a ação será reconhecida intersubjetivamente, no sentido de “avaliada”, como boa ou ruim. [...]. Trechos extraídos da obra Egocentricidade e Mística: um estudo antropológico (Martins Fontes, 2013), do filósofo tcheco Ernst Tugendhat.

FELICIDADE - [...] Ah, por que ela sentia tanta ternura em relação ao mundo todo esta noite? Tudo estava bom – e correto. Tudo o que acontecia parecia preencher novamente sua taça transbordante de êxtase. [...] Por que ter um corpo se é preciso mantê-lo fechado em um estojo como um raro, um raríssimo violino? [...] E com essas últimas palavras, algo estranho e quase horripilante passou pela mente de Bertha. E esse algo cego e sorridente sussurrou: “Essas pessoas vão embora logo. A casa ficará silenciosa, silenciosa. As luzes vão se apagar. E você e ele (o marido) ficarão sozinhos no quarto escuro – a cama quente…” Ela se levantou rápido da cadeira e correu ao piano. – Que pena que ninguém toque! – ela disse. – Que pena que ninguém toque. Pela primeira vez na vida, Bertha Young desejou o marido. Elas haviam se conhecido no clube e Bertha caíra de amores por ela, já que sempre caía de amores por mulheres bonitas que tinham algo de estranho a respeito de si. [...] Como esta mesma vida vai tirar-nos de lá? Não vejo como podemos salvar-nos se não aprendermos a viver com as nossas emoções, como os nossos instintos, embora mantendo-os em equilíbrio. Se me fosse dado pedira Deus uma coisa qualquer, eu só ritaria: Quero ser real!”E esta mulher  para quem era um mistério o motivo pelo qual as pessoas se recusavam a procurar sair daquela vida de trogloditas que levavam padeceu e morreu de sua “horrível doença” (era corno se referia à tuberculose). [...]. Trechos extraídos da obra Felicidade & outros contos (Revan, 1991), da escritora britânica Katherine Mansfield (1888-1923). Veja mais aqui.


POEMAS DA SÉRIE ERÓTICA PARA LA –- I - Abro os olhos e ele está ali / Minha boca o encontra / Seguimos viagem / O tempo e os suores / Não há cansaço / Nem mesmo o tempo está ali / Algumas vezes voltamos a dormir / Noutras recomeçamos / Como uma espira / Uma cobra engolindo a própria cauda / Uma mandala que se sonha. II - Trepida o solo / Da memória / Aquela cama / Aquela manta azul / Torso / Mãos / O que vês em mim / Tudo teu / Todas as manhãs. III - Confesso: Achei estranho inaugurar o alvoroço desse amor. Foram meses de água e sal. Precisei de um caderno de caligrafia. Quero a mão dele, segurando a minha. Passar o resto dos dias, olhando os seus olhos, soprando-os se cair um cisco. Descascando suas roupas e deitando próxima das suas pernas, ele sabe o que quero dizer. Quando ele me beija, torno-me um bicho incomum, toco o animal que há na memória mais distante. Todas às vezes que ele faz isso, se eu estiver perto ou distante, sempre seremos livres e juntos. E viajamos de foguete. IV - No momento quase impossível / Quando o gemido / É um rouco grito de morte / Ali eu deixo que tuas mãos / E os teus dedos de lã / Tua pele macia que me inflama / Retire de mim a razão / O pudor antigo / Todos os vestígios de outras mãos / Quando me tocas / Meu amor / Meu menino / Sinto o que jamais senti / Até quase à surdez em relação ao mundo / E quando falas ao meu ouvido / Eu não tenho mais volta / É o tao e o desmantelo / É o teu cheiro / O meu tato / A minha boca / Quando me olhas com todo o desejo / Eu chovo e te banho de beijos. V - Brincando com ele, falei que ia seguir a beleza dos poemas de Adélia Prado, escrever despudoradamente para que ele e o mundo, saibam do tamanho do nosso amor. Pois bem. Tenho feito. Tudo o que escrevo. Não é plágio, é um tipo de coragem de ser feliz. É como uma borboleta que entendeu a construção das asas, o casulo e, voa ou repousa, sem medo. Quando ele se aproxima, a borboleta voa para dentro de mim e ele, o meu amor, sente meu ritmo. VI - Uma gota salgada / Na ponta da língua / Não é uma lágrima / É o amor cumprindo sua sina / Nessa vida o maior / Repito que para sempre nutra / Os meus olhos e o kama sutra / Corpos lavados de suor / Perco uma espécie de gravidade / Somem todos os eixos / Os músculos dão-se aos desleixos / Ele é minha divindade / Às vezes choro / E não percebo essa emoção / São os seus afetos pagãos / Que cada vez mais eu imploro / Sei que ele também / Desconhecia tamanha viagem / A colisão foi nossa passagem / E o deleite nos sobrevém. VII - Depois que ele me disse que meu nome era Bice, tornei-me ainda mais o que sou: uma onça mansa, quase gueixa, uma manteiga derretida, uma mulher apaixonada, uma velha buscando ser sábia e resiliente, sua brincadeira na vida, uma monja, sua interlocutora, sua musa, sua companheira, uma menina traquinas, sua melhor amiga, sua chef de cozinha, seu playground, seu destino mais tranquilo, com quem ele enlouquece, se aborrece e ri. A propósito, eis uma bela historinha sobre nós dois. Essa é a parte que mais me incendeia. Poemas da poeta & artista visual Cyane Pacheco. Veja mais aqui.




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