sexta-feira, maio 19, 2006

MATIZES, CLÍTIA, VILLA-LOBOS, CASCUDO, CAMÕES, EURÍPEDES, LA FONTAINE, INÊS DE CASTRO, WOODY ALLEN, PAULO CÉSAR SANDLES, COURBET, DORO & MUITO MAIS!!!



MATIZES – E soprasse forte o vento sul, ventania maior da paixão com matizes demais, nas mãos esponsais e felizes bem mais, mais! E a primeira brisa me ofertasse o que um coração mandasse e rendia uma emoção, desvão, novelo irrevelável no trajeto do querer. E na conta um desejo a mais, confessasse o amor contumaz em saliva pra língua que se escolher. E levitar, endoidecer, vou me guiar pelo prazer e no sereno que a noite me excitar, uma atrativa rede o amor me embalar pra dizer que é bom amar, me diga: na vida o quanto é bom se amar? Repita sempre com a voz do coração e diga o quanto é bom se amar. (Letra & música de Luiz Alberto Machado). Veja mais aqui e aqui

 Imagem: Female nude do artista plástico além Hans Hassenteufel (1887-1943).


Curtindo o álbum Céline Imbert interpreta Villa-Lobos: Ciclo de Doze Serestas (Fermata, 1987), da cantora lírica, psicóloga e psiquiatra comportamental, Celine Imbert. Veja mais aqui e aqui.

EPÍGRAFEL’arbre tiet bom, le roseau plie, ou seja: antes vergar que partir, frase proverbial derivada da fábula O carvalho e o caniço, do poeta e fabulista francês Jean de La Fontaine (1621-1695), contando a história de que o carvalho zombava do caniço, que vergava ao menor sopro do vento. Mas vem uma tempestade violenta e, na sua fúria, desarraiga o frondoso carvalho, atirando-o ao chão, ao passo que o caniço continuou de pé porque vergava quanto era preciso. Veja mais aqui.


CLÍTIA – Imagem: Clítia (1873), de escultor estadunidense Hiram Powers (1805-1873) – A ninfa Clítia, na mitologia grega, é filha de Oceano e Tétis, que se apaixonou por Hélio que não lhe correspondeu. Por conta disso, ela começou a definhar e ficava durante todo o dia sentada no chão frio com sua tranças desatadas sob os ombros. Assim passaram-se os dias sem que ela comesse ou bebesse, alimentava-se apenas das próprias lágrimas. Durante o dia contemplava o Sol desde o nascente ao poente, era a única coisa que via e seu rosto estava sempre voltado para ele, já à noite, curvava-se para chorar. Isso aconteceu porque o deus Hélio ao se apaixonar por ela, logo em seguida abandonou-a ao conhecer outra mulher: Leucótoe. Para vingar-se, Clítia comentou tais relações ao pai de Leucótoe, e este trancou sua filha em uma torre escura para que não pudesse ver mais o deus. Hélio, então, cheio de ira, menosprezou Clítia e deixou-a só, mas ela não deixou de amá-lo e conquistá-lo de novo. Ao sentar-se a ninfa junto a um arroio, seus cabelos longos lhe caíam sobre suas costas e sobre seu rosto, como muitas gotas de água, puras e brilhantes. Esperou que o deus viesse acariciá-la novamente, mas depois do entardecer, quando a Noite se aproximava, o seu amado deus não apareceu. Ao invés, escondeu-se por detrás das nuvens, procurando ignorá-la. Depois de nove dias de espera, sob o céu nebuloso, passou a chorar intensamente; coberta de lágrimas, com as quais se alimentava, surgiu o gélido orvalho, que desde então haveria de refrescar as flores. Assim os deuses a converteram paulatinamente numa flor que até hoje, vive, girando em torno de si mesma, a buscar os raios do Sol: o heliotrópio, mais conhecido por girassol. Veja mais aqui.

O CARTESIANISMO CIENTÍFICO – No livro Fatos: a tragédia do conhecimento em psicanálise (Imago, 1989), do psiquiatra e psicanalista Paulo Cesar Sandler, encontro que: [...] Depois de Descartes, o nosso pensar acostumou-se à jaula tridimensional. Perdeu-se de vista o fato da tridimensionalidade não passar de um modelo de certos fatos do universo; e o modelo acabou substituindo aquilo que ele tinha o intuito de exprimir. Triste sina da ciência! Alçado ao altar de verdade, os modelos e teorias entronizam-se e alinam-se de sua finalidade precípua e têm um efeito inverso ao planejado – o mito de Babel demonstra ser verdadeiro. O modelo cartesiano tridimensional, de espaço/tempo, permite ao pesquisador locar objetos no espaço e no tempo, e acabou ganhando uma popularidade quase instantânea. O modelo cartesiano passou a ser encarado como um – e não como um modelo. [...] Localizar algo em um sistema cartesiano provê ao observador ilusões de agarrabilidade. Mas aí apareceram no mundo cientifico as observações microscópicas, Planck, Heisenberg, Einstein; [...] As predições voltam a não ser um assunto de cientistas: estão lentamente retornando ao seu domínio original, ou seja, o lugar onde vivem os profetas. [...] Veja mais aqui.

CAVALO-SEM-CABEÇA – No livro Geografia dos mitos brasileiros (Global, 1947), do historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), encontro a lenda do Cavalo-sem-cabeça, muito fluente no centro-sul, sudeste e sul do país, conforme descrito: É uma réplica necessária à Mula-sem-cabeça, a Burrinha-de-padre, do nordeste brasileiro. Parece que o espeito popular atender, por antecipação, o reparo que o professor Basílio de Magalhães. Ao meu sentimento de justiça repugna que somente se fira com tão terrível fadário a frágil filha de Eva, deixando-se impune o seu tonsurado sedutor, forte, a mais do sexo, na sapiência de tudo quando há de telhas acima – céu, inferno, limbo e purgatório. O caval0-sem-cabeça é o padre que prevarica contra o mandamento da castidade sacerdotal. A escolha equina explicar-se-á pela associação de ideias com a forma bestial que encarna o cumplice nas horas de castigo. O Dr. João Barbosa de Faria, etnólogo da Comissão Rondon, disse-me ser o cavalo-sem-cabeça comum em Mato Grosso, especialmente em cidades. Cornélio Pires alune ao mito que ele parece ter recolhido na fronteira de Minas Gerais: - Esse... é bom nem se falar. Que Deus perdoe... diz-se que são os padres que andaram torcendo as mulheres dos outros. Veja mais aquiaqui.

A QUE DEPOIS DE MORTA FOI RAINHA – Na estância CXVIII do canto terceiro de Os Lusíadas, do poeta lusitano, Luís Vaz de Camões (1524-1580), encontro os versos: O caso triste e digno de memória / que do sepulcro os homens desenterra / aconteceu da mísera e mesquinha / de que depois de morta foi raínha. Tais versos fazer referencia à forma em que foi nomeada D. Inês de Castro, a quem D. Pedro, o Cru, rei de Portugal, fez desenterrar e coroar como rainha, com todas as honras do cerimonial da corte. Sendo ele princípe, recursara-se a casar com uma princesa, por se ter ligado clandestinamente a D. Inês, linda espanhola que fora dama da rainha D. Constança, e que lhe dera vários filhos. Há também a expressão: Agora é tarde, Inês é morta. Veja mais aqui.

HÉCUBA – Em 2004, tive a oportunidade de assistir no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, à montagem da tragédia Hécuba, do poeta trágico grego Eurípedes (480-460aC), com direção de Esther Góes, que conta a história da rainha derrotada da cidade-estado posterior à queda de Troia, tendo de seguir para a Grecia como escrava. Outros desastres se abatem sobre ela, figura monumental, que decide reagir às perdas e fazer vingança. O destaque da peça ficou por com da atriz e diretora Esther Góes. Veja mais aqui, aqui e aqui.

IGUAL A TUDO NA VIDA – A comédia Igual a tudo na vida (Anything Else, 2003), estrelado e dirigido pelo diretor Woody Allen, conta a história de um aspirante a escritor, que vive em Nova York e se apaixona, à primeira vista, por uma jovem volúvel e excêntrica. Certa vez ele comentou com um motorista de táxi sobre questões existenciais da vida e o que ouviu o impressionou: eram "iguais a tudo na vida". Porém, ele descobre rapidamente que a vida com a imprevisível dela não é, em absoluto, igual a tudo na vida. Veja mais aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
Imagem: Young Woman Reading (1866-68), do pintor francês Gustave Courbet (1819-1877).
Veja aqui e aqui.


Veja mais Quando te vi, William Shakespeare, Asztalos Gyula, Francis Poulenc, Patrícia Petibon, Eduardo Giannetti, Marques Rebelo, Luzilá Gonçalves, Anatol Rosenfeld, Anésia Pinheiro Machado, Marcela Rafea, Franz von Bayros & Magda Zallio aqui.

E também mais Alexander Nikolayevich Scriabin, Cássia Kiss, Gustave Doré, Denise Georg, Mr. Bean, Zé Edu Camargo, Gabi Alves, Sonekka – Osmar Lazzarini & Márcia Poesia de Sá aqui.

TIRADAS DO DORO (Imagem do artista plástico Rollandry Silvério).- O Doro não se emenda mesmo e vez por outra ele tem umas saídas que são incrivelmente inquestionáveis quanto duvidosas.Assim, no de repente, como se fosse uma daquelas flatulências inesperadas, o cara sai com cada tirada – ou serão dedadas, enrabadas ou triscadas no oiti do senso comum e do mundo todo?Vixi! Pois então, uma delas foi ineivada, ele foi buscar na minha “A primavera de Ginsberg” e sapecou com a cara mais lisa: “A TERRA É REDONDA e a merda humana dá cagada nos quatro cantos do mundo”. Na batata, hem? Noutra ele aprumou a conversa e destemperou o verbo usando: “Pra quê tanta lei, meu Deus, se apesar da compulsoriedade jamais será cumprida!!”. E me plageando desse jeito, vou ter que processá-lo por apropriação indébita, não acha?Veja mais o Doro aqui.PS: Ah, o Tataritaritatá está semanalmente nas dicas do Alagoas em Tempo, nas bancas.



CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA


Recital Musical Tataritaritatá

Veja aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
REZERÓTICA
Eu ateu nela, assim seja
ela beija, fela, escuro breu
na mão dela sou deus.
(LAM)
A arte de Meimei Corrêa. Veja mais aqui.


 

KARIMA ZIALI, ANA JAKA, AMIN MAALOUF & JOÃO PERNAMBUCO

  Poemagem – Acervo ArtLAM . Veja mais abaixo & aqui . Ao som de Sonho de magia (1930), do compositor João Pernambuco (1883-1947), ...