quarta-feira, setembro 06, 2017

ATTAR, RAMEAU, DI CAVALCANTI, ASTANOVA, VIÁFORA, BUHR, JOSÉ TERRA CORREIA, ESCRITA, TEATRO & MÚSICA NA ESCOLA & ARTE POPULAR

DE AMOR, SEXO & VIDA – Imagem: Sonhos de carnaval, do pintor e caricaturista brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976). - Um a um, nem aí, cada qual para si e mais, muito mais, até ali e olhares se fitam por flertes correspondidos, rubores queimam de lá pra cá e vice-versa, imantação de corpos no pulsante coração, passo a passo, timidez no receio do gesto, o toque e a dança no outro se realiza: os membros se dilatam, fervores ubíquos, entregas mútuas, tudo vibra e levita aos esfregões de pele aos quadris a rondar por valsas e insinuações nas pegadas, nas estreitezas das puxadas, face a face, uma só respiração, pele na pele pelas insinuações dos contornos, descobertas e êxtases, pés nos pés, pernas que se enroscam, coxas que se insinuam entre si, ventres em ebulição pelas mãos buscantes, braços se envolvem, afagos e afetos, beijos e entregas na nudez: a flor brota, o Sol sorri, a chuva nos campos, os rios além das margens, o mar revolto, relâmpagos e trovões, estrelas candentes, carnes trêmulas no estertor do prazer, e se desata pra amarrar, e ejeta para mais dentro, e transpira para orvalhar o gozo, a Terra gira, o universo se agita, o ser nasce, a vida se realiza. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ: 24 HORAS NO AR!!!
Hoje na Rádio Tataritaritatá: Les indes galantes, do compositor francês Jean-Pierre Rameau (1683-1764); Rapsody in blue de Gershwinm, The Chopin Project & Prelude in B minor de Rachmaninoff com a pianista russa Lola Astanova; Amores absurdos e show do cantor, compositor e arranjador Celso Viáfora; e Selvática, Longe de onde & Eu menti pra você da cantora, compositora, percussionista, poeta e atriz Karina Buhr. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - Enquanto caminhavam, falavam; mas quando chegaram ao destino, toda fala cessou. Não mais havia guia, nem viajante; e até mesmo a estrada cessara de existir. Pensamento do poeta místico persa Farīd al-Dīn'Aṭṭār (1145-1221), autor da obra A linguagem dos pássaros (Attar, 1991), da qual extraí o seguinte trecho: [...] O amante lança ao fogo a esperança de qualquer colheita, põe a lâmina em seu próprio pescoço e corta-o se for preciso. Ao amor é necessário a dor e o sangue do coração; o amor ama coisas difíceis. [...].

A ARTE & O POPULAR NO SUBDESENVOLVIMENTO - [...] Somos um país com os momentos das diversas idades, do índio, das selvas, com vestígios do machado de pedra, aos grupos messiânicos da Idade Média – que pouco adiantaram ao período do fraque e eroisée – aos universalistas do mosaico de comunicações eletrônicas. [...] Por outro lado, existe uma interrogação sobre o futuro dessas populações folclóricas jungidas a um estado de primitivismo muito chocante, se comparado com a o desenvolvimento alcançado nos grupos urbanos adiantados. [...]. Trecho extraído da obra Arte, folclore e subdesenvolvimento (Paralelo, 1971), de Souza Barros, tratando sobre folk e arte, condições predominantes do popular, farmacopéia popular e miséria, tabu e magia, alienação, artesanato, produção, consumo e cultura de massa.

MANUAL DO ARTISTA - [...] o artista reúne seus materiais e métodos com a finalidade de adquirir controle possível em suas manipulações, para que assim obtenha as melhoras características da técnica que escolha, expresse e transmita apropriadamente suas intenções e garanta a permanência de seus resultados [...]. Trecho da obra Manual do artista (Martins Fontes, 1999), do artista plástico e engenheiro estadunidense Ralph Mayer (1895-1979), tratando sobre técnicas e métodos, pigmentos, pintura a óleo, acrílica, pintura a têmpera, encáustica, mural, solventes, guache, aquarela, pastel, solventes e diluentes, química, entre outras.

NOSSAS ESCOLAS NÃO CANTAM MAIS - [...] Vendo na música uma linguagem, acreditando na sua importância no desenvolvimento harmonioso do ser humano, em razão do seu potencial na conscientização da interdependência entre corpo e mente, razão e sensibilidade, ciência e estética, e no processo de socialização do aluno, ela busca entender as razão desse silenciamento. Busca, ainda, caminhos que apontem o tipo de educação musical a ser oferecida numa sociedade como a nossa, marcada pelo avanço tecnológico e pela exclusão social, uma sociedade que se caracteriza, segundo Koellreuter, “pela cultura de massa, constituída por uma pluralidade de indivíduos cuja consciência do eu e cujo senso de responsabilidade individual vêm sendo reduzidos ao mínimo”. [...]. Trecho do prefácio escrito por Ana Maria Casasanta Peixoto, na obra O ensino da música na escola fundamental (Papirus, 2010), de Alícia Mara Almeida Loureiro.

O ATOR E O AMANHÃ - [...] a organização teatral de amanhã é imprevisivel. A multiplicação das redes hertzianas, os circuitos de televisão, os vídeos-cassetes difundindo em escala nacional a única manifestação regional, reduzirão em muito as series de representações que conhecemos. Opondo-se a esse crescimento do mass media, perfila-se uma volta à comunhão por pequenos grupos, a celebração de um rito em que celebrantes e fieis respirem juntos, mobilizem suas forças fisiológicas e psíquicas, querem sair de si mesmos, começar-se uma troca fraterna. O ator continua sendo aquele que propõe essa troca, que dá ao outro, que recebe e se oferece de novo, qualquer que seja a mensagem [...]. Trecho da obra O ator no século XX (Perspectiva, 2008), da artista vanguardista francesa de música, teatro e dança, Odete Aslan, tratando sobre as formas de interpretação, o gestual, personagens, laboratórios e comunidades teatrais, tendências atuais, ética pessoal e de grupo, o ator de amanhã, entre outros.

A ESCRITA E O ESCREVER - [...] Primeiro, escrever bem requer mais do que a produção de sentenças corretas, também envolve a comunicação bem-sucedida de mensagens significantes para outros. Segundo, a escrita é um processo que leva tempo e incorpora muitas diferentes atividades. Terceiro, o ensino da escrita que ajuda alunos a alcançarem o sucesso acadêmico, precisa atender a todos os tipos de escrita que são necessários não somente para o estudo da linguagem ou da literatura, mas também para as disciplinas de história, ciência, filosofia e política. Quarto, os alunos, ao terminarem seus estudos, precisam estar aptos a produzir muitas diferentes formas de escrita [...]. Para isso é necessário considerarmos a organização social discursiva pela qual nosso conhecimento e produzido e realizado dentro dos vários dominios da vida. Trechos extraídos da obra Gêneros textuais, tipificação e interação (Cortez, 2005), do educador estadunidense Charles Bazerman, organizado por Angela Paiva Dionisio e Judith Chambliss Hoffnagel, tratando sobre atos da fala, formas sociais com habitats para ação, enunciados singulares, gêneros diferenciados, identidade, internet e capitalismo global, entre outros assuntos.

 Mulatos de São Cristobao, do pintor e caricaturista brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976). Veja mais aqui e aqui.

Veja mais:
De amor, sexo e vida aqui, aqui, aqui & aqui.
A música de Jean-Pierre Rameau aqui.
A arte da pianista Lola Astanova aqui.
A arte de Karina Buhr aqui.
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TODO MISTICISMO
Tua alma carrega o Rio Una
E teu corpo o Atlântico em chamas
Em teu fogo sagrado
Sou apenas o poema do regresso
Teu coração bendiz
A volúpia dos meus escritos
Apaixonada, alimentas meu espírito com tua mensagem
E a elegância do meu manto azul
Decifra tuas lágrimas de Mulher da Solidão
Poema extraído da obra Música de rua (Panamérica Nordestal, 2014), do poeta José Terra Correia. Veja mais dele aqui, aqui e aqui.

ZÉ LINALDO & MARQUINHOS CABRAL
Nesta quarta, O Nordestão apresenta Zé Linaldo Acústico com participação de Marquinhos Cabral. Imperdível.

 

terça-feira, setembro 05, 2017

SLOTERDIJK, JOSUÉ DE CASTRO, CASCUDO, LYGIA FAGUNDES,CORNELIS BEVERLOO, EDUCAÇÃO, BIODIVERSIDADE & GLEIDISTONE ANTUNES


GRATIDÃO DE SER EM DOAR – Imagem: arte do artista plástico holandês Guillaume Cornelis van Beverloo (1922-2010). - Minhas mãos espalmadas para tudo do visinvisível, porque quando sou rua vou passos que vem e vão por todos os rumos no prazer de encontros e partidas, risos e lágrimas me fazem viver. O meu peito aberto busca a ternura na maior gratidão, porque quando sou vento em todas as direções sou a festa do oxigênio por todos os pulmões, ser feliz é o que se quer e a felicidade é o fruto que nasce no galho pra servir de alimento a quem quer que seja. Meus pés seguem em frente por onde não sei, porque quando sou água de brejo no encontro do rio todas as correntes me fazem ser mais que sou na imensidão do mar: a entrega mais que absoluta, a gratidão em se doar. Meus olhos sempre abertos pra quem vem, só se fecham para que eu seja o hermético saber de que como é em cima é embaixo, porque quando sou fogo o abraço mais terno com todos os braços do que sou pra todos em mim: a festa da comunhão. Todos os meus sentidos e coração são feitos de afeto, porque quando sou chão como guarida do seio materno a provar que a vida é o maior espetáculo pra viver além dos limites e amar além da conta. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ: 24 HORAS NO AR!!!
Hoje na Rádio Tataritaritatá: Canto de Amor e Paz, Sinfonia nº 5 e Concerto para Pianoforte e Orquestra nº 1, do compositor e maestro Cláudio Santoro; As quatro estações de Vivaldi & Trio Villa-Lobos da violinista sérvia Marija Mihajlovic; Convoque o seu Buda ao Vivo em Paris & Ainda há tempo do rapper e cantor Criolo; e Carta de amor, Nada é pra sempre & Tímida da cantora, atriz e compositora Eleonora Falcone. Para conferir é só ligar o som e curtir.

CRÍTICA DA RAZÃO CÍNICA[...] ser inteligente e ainda assim atuar em seu trabalho, isto é a consciência infeliz em sua forma modernizada, afligida com o esclarecimento. Tal consciência não pode tornar-se muda e confiar de novo; a inocência não pode ser restabelecida. Ela persiste em sua crença na atração gravitacional das relações à qual está presa por seu instinto de auto-preservação. Dentro por um centavo, dentro por um cruzeiro. Com dois mil reais líqüidos por mês, o contra-esclarecimento silenciosamente começa; ele se financia pelo fato que todos que tem algo a perder entram em um acordo privado com sua consciência infeliz ou a escamoteia com ‘engajamentos’ [...] O mal estar na cultura adotou uma nova qualidade: agora se manifesta como um cinismo universal e difuso. Diante dele, a crítica tradicional da ideologia fica sem saber o que fazer e não vê onde haveria um lugar para a consciência cinicamente lúcida o caminho para o esclarecimento. O esgotamento da crítica da ideologia tem nela sua base real. Essa crítica seguiu sendo mais ingênua que a consciência que queria desmascarar. Em sua bem intencionada racionalidade não participou das mudanças da consciência moderna para um realismo multifacetário e astuto. A série de formas da falsa consciência que teve lugar até agora – mentira, erro, ideologia – está incompleta. A mentalidade atual obriga acrescentar uma quarta estrutura: o fenômeno cínico. Falar de cinismo significar tentar penetrar no antigo edifício da crítica da ideologia através de um novo acesso [...]. Trecho extraído da obra Crítica da razão cínica (Relógio D’Água, 2011), do filósofo alemão Peter Sloterdijk, refletindo sobre a modernidade e o cinismo moderno como remédio e como excesso/ultrapassagem, sugerindo a redescoberta dos valores/virtudes do cinismo antigo que praticava a filosofia de Sinope - o riso, a inventiva, o contraditório. Veja mais aqui e aqui.

SOLIDARIEDADE HUMANA NO DOCUMENTÁRIO NORDESTE - [...] Como eu era filho único e não tinha com quem brincar, fugia com freqüência, apesar de todas as recomendações, para conversar com o leproso. Era de quem eu informava das novidades do mundo. Às vezes das novidades da minha imaginação. Com pena que ele não pudesse ir de dia até à cidade eu exagerava quase sempre as descrições para compensar a ausência do fato real. Lembro-me bem que cheguei mesmo a inventar mentiras completas para não deixar de lhe contar coisas interessantes. Em troca, ele me contava das suas aventuras noturnas com os peixes, vagalumes e os mosquitos [...]. Mundo estreito, pobre, limitado, era esse de Cosme e de Chico, mas de uma grande lição de solidariedade humana. Quase de felicidade heróica dentro do maior dos infortúnios. Trechos de Solidariedade humana, extraído da obra Documentário Nordeste (Brasiliense, 1957), do médico, professor catedrático, pensador, ativista político e embaixador do Brasil na ONU, Josué de Castro (1908-1973), reunindo a passagem viva do nordeste, estudos sociais e biológicos do autor. No Prefácio da obra, Olívio Montenegro assim se expressa: A frase de Carlyle “O homem só aprende o que já sabe”, que parece um paradoxo, encontra-se um pouco com outra de Emerson, quando este diz que “a educação da criança começa cem anos antes dela nascer”. Que é bem verdade: as influências, as circunstanci9as, os valores, não apenas de ordem social, mas de ordem biológica que vão ser mais decisivas para o destino da criança, não nascem com ela, mas bem antes dela. [...] Josué de Castro não se revela na invenção dessas admiráveis histórias com nítida e forte simplicidade, apenas um escritor de autentica imaginação revela-0se um homem de autêntica sensibilidade. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui,

IDEOLOGIA & EDUCAÇÃO - [...] A imposição do arbitrário cultural e a violência simbólica que se exercem sobre os agentes da prática pedagógica dissimulam-se detrás do mito de um agente ensinante “neutro” e de um agente ensinado que deverá “desenvolver-se a partir de suas próprias personalidades”. Em consequencia, a internalização e a aceitação das representações ideológicas ligadas à tendência reformista terão mais possibilidades de reprodução e de dominância que aquelas vinculadas ao tradicionalismo pedagógico. Não obstante, não existir nenhuma mudança estrutural na concepção das relações pedagógicas com relação à tendência tradicionalista, a ideologia da reforma esconde – de uma maneira mais engenhosa – a existência de relações de dominação na prática pedagógica concreta, tanto na base quanto das outras instancias com as quais se estrutura. [...]. Trecho extraído da obra Ideologia e educação: reflexões teóricas e propostas metodológicas (Cortez/Autores Associados, 1986), da pesquisadora Encarnación Sobriño. Veja mais aqui.

NÓS E A BIODIVERSIDADE - [...] A maioria das pessoas, entretanto, não se vê como participantes desse processo de interferência na natureza [...] O consumidor não lucra com a uniformização, mas as corporações sim, pois ampliam seus mercados. Todos nós, porem, ficamos ameaçados pela eliminação da diversidade. Cuidar da diversidade cultural, que sustenta a diversidade biológica, assim, como cuidar diretamente da diversidade biológica é cuidar da manutenção da vida na Terra. [...]. Trecho da obra Evolução e a biodiversidade: o que nós temos com isso (Scipione, 2009), de M. Elisa Marcondes Helene e Beatriz Marcondes. Veja mais aqui e aqui.

DAS ÁGUAS E TEMPESTADES - [...] estando sobre água, seja do mar ou dos rios, indo contra os seus inimigos, se forem surpreendidos por uma tempestade ou furacão, como tantas vezes ocorre, crêem que a origem é a alma de seus parentes e amigos, por que não sabem, e para apaziguar a tormenta, sacodem qualquer coisa n’água, à maneira de presente, julgando por este meio pacificar as tempestades. Trecho de Origem da tempestade, do frei André Thévet (1502-1590), extraído da obra Antologia do folclore brasileiro (Global, 2003), do historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Veja mais aqui e aqui.

CONFISSÕES DE LEONTINA - [...] Amaldiçoada hora essa. Amaldiçoada hora que enveredei por aquela rua e parei naquela vitrina. O vestido estava numa boneca e tinha o meu corpo. E pensei que decerto ia servir para mim e que era o vestido mais lindo do mundo. Foi quando ouvi uma voz perguntando bem baixinho se eu não queria aquele vestido. No vdro que parecia um espelho, estava a cara do velho. [...] Quando ele fez a pergunta pela segunda vez então não agüentei e respondia que se ele quisesse me dar eu aceitaria sim com muito gosto [...] O vestido me assentou feito uma luva e a vendedora então me aconselhou que fosse com ele no corpo porque estava uma beleza. Fiquei zonza. [...]. Trecho do conto Confissão de Leontina, extraído da obra A estrutura da bolha de sabão (Rocco, 1999), da escritora premiada e membro da Academia Brasileira de Letras do Brasil e de Lisboa, Lygia Fagundes Telles. Veja mais aqui.

Veja mais:
Amazônia aqui.
A arte de Eleonora Falcone aqui.
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PREXELÂNDIOS DE UMA VIDA
Num barco de folhas cósmicas
voamos para o além de dentro.
Em prexelândios de uma vida
recordamos o futuro
de um passado presentino.
Adolescentemente, ansiamos
sonhamos amores vidarinos
híbridos, gósticos e íntimos
aos poucos, nos atracamos.
Geramos outros ânimuns
envelhecemos rugorosos
depois, morremando (di)vagar
nos despedimos de nós
de tudo e de todos
para então,
remorrermos
eternamente.
Poema do poetamigo e professor Gleidistone Antunes da Silva. Veja mais dele aqui e aqui.

A ARTE DE CORNELIS VAN BEVERLOO
A arte do artista plástico holandês Guillaume Cornelis van Beverloo (1922-2010).


segunda-feira, setembro 04, 2017

ASCENSO, PAULO FREIRE, WALTER BENJAMIN, BUÑUEL, JANACÓPULOS, TONI MORRISON, ADRIANA ASTI, MANOEL BENTEVI & CATENDE

VOU DANADO PRA CATENDE – Isso é planta que brilha ou pulga do mato? É o trem das Alagoas, alesado! Eita! Lá vou eu pra terra da morena do cabelo cacheado. – Se assunte, seu cabra! É tupi ou do Congo? Larga de ser folgado, bestão! Ué, homem de Palmares só é macho se tiver furunfado de saia por aqui! Oxe, tais pensando que tais aonde, hem? É cana-caiana, maior canavial, haja cana da boa pra gente chupar! Ih, já chegou! E lá ia eu do Leão XIII pra Árvore da Vida, só pra ver a Mulher da Sombrinha sair meia noite do cemitério, na sexta de Zé-Pereira. Coisa mais bonita de se ver. Ah, como era bão! Saía trocando as pernas pelo arruado da usina até subir pra Serra da Prata e de lá vê o Caudal de Pelópidas, os versos cantados de Bartyra, jogando conversa fora nos copos e meiotas com Marcos Catende, até findar no mundo perdido: - Onde é que eu estou? Isso aqui é bom demais! – Te aquieta, fuleiro! Lá eu namorava as estrelas de todas as constelações! Tinha moça bonita pra passar troco e ficar todo trocado! Uma infieira de moça sestrosa e de tuia! Cada uma mais linda que a outra! Valei-me que assim eu folgo! – Segura o jipe, safado, essa tua cachaça já está passando da conta! Ah, quanto seio bonito, quanta coxa de perna jeitosa, ah, é embaixo duma saia dessa que eu quero me esconder! Eu quero é mandar ver até me perder no trevo pra correr bicho em Lage Grande. – Ah, já passou, tais quase é em Agrestina! Danou-se! Ah, se não tem história, eu invento. Faz a volta, cambiteiro, que o paraíso é lá pra trás. Vambora pra terra de mulher vistosa! Eu só espichando o pixaim, metido a poetar: se o mundo está de pernas pro ar, não sou eu que sozinho vou essa zona consertar. Né, não? E se tudo está troncho de tão desfigurado, é que fazem dum redondo findar mais que quadrado! U-hu! A coisa está bisonha e cheia dos tremeliques, é que não tem nada de sério, vai se ver, é só trambique! O pencó está engrossando, chega mudar de figura! Pois é, tanta chatice tola pra pouca criatura. É gente como a praga de gravata lavada, tem até enxerido sem lenço só dizendo: é descontramantelo da desembestação! É a maior danação! Eu só largando os meus motejos, todo cheio de tantos brocardos, haja quantos adágios entre fogos e ventos, pelos raios dos trovões, pelas clareiras e coivaras, e eu todo bacurau feito flecha entre cunhatãs e cunhãs: quando aparecia a papaceia na boquinha da noite é que as mocinhas biqueiras faziam as onze e eu lá só espiando, mutuca no roçado, só curtindo o cheiro das calcinhas estufadas minando nas intimidades. Ah, quanto cangote cheiroso de moça namoradeira que passa toda reboladeira e eu na tubiba pra fazer sopa. Só se ouvia as mães aflitas gritando: - Segura chinela na sola do pé, menina! E eu só ali amoitando o gingado dela. – Se ajeite, sem-vergonha! Oxe, nunca fui desses mecos! Mentira, foi sim. Vixe! Querem queimar meu filme! Destá! Estou ligado é no percurso dos pés andejos das mocinhas que querem se perder por aí, preu achar agorinha! E quanto mais ela ia pra lá e pra cá, mais eu queria era ficar. E de vez! Nem vontade de voltar dá. Só me perder num fungado e ficar agarrado nela de nunca mais largar, só na cantiga do trem: vou danado pra Catende, Ascenso, vou danado pra Catende, vou danado pra Catende, com vontade de chegar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ: 24 HORAS NO AR!!!
Hoje na Rádio Tataritaritatá: Ascenso Ferreira, Inezita Barroso, Alceu Valença, Brapo: Brasília Popular Orquestra & Manoel Carvalho, Lucinha Guerra & Punhal de Prata- Alessandra Leão & Rafa Barreto. Para conferir é só ligar o som e curtir.

NOS TEMPOS DA PRAIEIRAO voto livre e universal do povo brasileiro. A plena e absoluta liberdade de comunicar os pensamentos por meio da imprensa; o trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro; a inteira e efetiva independência dos poderes constituídos; a extinção do Poder Moderador, e do direito de agraciar; o elemento federal na nova organização; completa reforma do Poder Judicial, em ordem a assegurar as garantias dos direitos individuais dos cidadãos; extinção da lei do juro convencional; extinção do atual sistema de recrutamento. Princípios estabelecidos no Manifesto de 1º de janeiro de 1849, extraídos da obra Os tempos da Praieira (Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1981), do advogado, jornalista, historiador e político brasileiro Costa Porto (1909-1984). Veja mais aqui.

CERTO TEMPO DEPOIS - [...] Durante séculos, um pequeno número de escritores encontrava-se em confronto com vários milhares de escritores. No fim do século passado, a situação mudou. Mediante a ampliação da imprensa, que colocava sempre à disposição do público novos órgãos políticos, religiosos, científicos, profissionais, regionais, viu-se um número crescente de leitores – de início, ocasionalmente – desinteressar-se dos escritores. A coisa começou quando os jornais abriram suas colunas a um “correio dos leitores” e, daí em diante, inexiste hoje em dia qualquer europeu, seja qual for a sua ocupação, que, em princípio, não tenha a garantia de uma tribuna para narrar a sua experiência profissional, expor suas queixas, publicar uma reportagem ou algum estudo do mesmo gênero. Entre o autor e o público, a diferença, portanto, está em vias de se tornar cada vez menos fundamental. Ela é apenas funcional e pode variar segundo as circunstâncias. Com a especialização crescente do trabalho, cada individuo, mal ou bem, está fadado a se tornar um perito em sua matéria, seja ela de somenos importância; e tal qualificação confere-lhe uma da autoridade. [...] A competência literária não mais se baseia sobre formação especializada, mas sobre uma multiplicidade de técnicas e, assim, ela se transforma num bem comum. [...] a exploração capitalista da indústria cinematográfica recusa-se a satisfazer as pretensões do homem contemporâneo de ver a sua imagem reproduzida. Dentro dessas condições, os produtores de filmes têm interesse em estimular a atenção das massas para representações ilusórias e espetáculos equívocos. [...]. Trechos extraídos da obra A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução (Brasiliense, 1994), do filosofo alemão Walter Benjamin (1892-1940). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

DA EDUCAÇÃO E DISCERNIMENTO - [...] Nós nos tornamos hábeis para imaginativa e curiosamente “tomar distância” de nós mesmos, da vida que portamos, e para nos dispormos a saber em torno dela. Em certo momento não apenas vivíamos, mas começamos a saber que vivíamos, mas saber que sabíamos e, portanto, saber que poderíamos saber. [...] Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito. [...]. Trechos extraídos da obra Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido (Paz e Terra, 2000), do educador, pedagogista e filósofo Paulo Freire (1921-1997), que evidencia na obra Educação e mudança (Paz e Terra, 2014), que: [...] O saber se faz através de uma superação constante. O saber superado já é uma ignorância. Todo saber humano tem em si o testemunho do novo saber que já anuncia. Todo saber traz consigo sua própria superação. [...]. Veja mais aqui e aqui.

PARAÍSO NEGRO - [...] No marulho do mar, uma mulher negra como carvão está cantando. Junto a ela, uma mulher mais nova com a cabeça deitada em seu colo. Dedos estragados desfiam, cabelo castanho, cor de chá. Todas as cores de conchas, areia, rosa, pérola, fundem-se no rosto da mulher mais nova. Seus olhos cor de esmeralda adoram o rosto negro, emoldurado de azul-celeste. Em volta delas, na praia, detritos marítimos rebrilham. Tampas de garrafa cintilam ao lado de uma sandália quebrada. Um pequeno rádio quebrado toca o som das ondas. Nada pode vencer a consolação de que fala a cação de Piedade, embora as palavras evoquem memórias que não são de nenhuma das duas: de envelhecer na companhia de outrem, de palavras partilhadas e pão dividido fumegando no Forno, da plenitude ambivalente de voltar para casa para estar em casa, da simplicidade de retornar para o amor iniciado. Quando o oceano oscila, enviando ritmos de água para a praia, Piedade olha para ver o que veio. Mais um navio, talvez, mais diferente, indo para um ponto, tripulação e passageiros, perdidos e salvos, trementes, pois estão desconsolados há algum tempo. Agora, repousarão antes de enfrentar o trabalho sem fim que foram criados para fazer aqui, no Paraíso. Trecho extraído do romance Paraíso (Companhia das Letras, 1999), da escritora estadunidense e ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1993, Toni Morrison. Veja mais aqui.

LE FANTÔME DE LA LIBERTÉ – [...] Em o Fantasma da Liberdade, a própria narrativa inicial não surge espontaneamente, já que introduzida ou ligada a um fato histórico: a invasão da Espanha pelas tropas napoleônicas e sua estada e tropelias praticadas em Toledo, em 1812. Feito que, naturalmente, nada tem a ver com a trama fílmica, mas, que, significativamente, é referido no encerramento do filme como parábola da permanente (e até quando?) violência humana. O sinete inconfundível de Buñuel configura-se não só na engenhosidade dessa construção caleidoscópica, mas, principalmente, na elaboração e condução de cada caso. Nada limita imaginação formada ao influxo do anti-convencionalismo surrealista e batizada pelas preocupações e virtualidades inicialmente enumeradas. A surpresa, o insólito, o nonsense e o exato oposto do habitual e do costumeiro se estabelecem, dominam e medeiam as narrativas. O que se tem, então, é o avesso das coisas dirigido com mestria e informado ou formado por acerba visão critica do comportamento humano. Não da condição humana, que não está em causa. Condicionado por atitude otimista, que, apesar e além de tudo, ainda acredita na espécie humana (daí a ternura ou pelo menos a objetividade com que conduz as personagens), concentra Buñuel seu enfoque ou incisão no modo de agir, no convencional e na hipocrisia do ser humano in societas, no seu interrelacionamento social, mesmo que muito dessa performance origine-se ou seja característica congênita dessa condução. Trecho de O fantasma da liberdade: o avesso das coisas, extraído da obra O cinema de Buñuel, Kurosawa e Visconti: ensaios de crítica cinematográfica (Dimensões, 2013), do advogado e escritor Guido Bilharinho, editor da revista internacional de poesia e autor de livros de Literatura, Cinema e História do Brasil e Regional, sobre a obra O Fantasma da Liberdade (Le Fantôme de la liberté, 1974), do cineasta espanhol Luís Buñuel (1900-1983). Veja mais aqui e aqui. Veja também a Revista Dimensão aqui.

A ARTE DE ADRIANA ASTI
A arte da atriz italiana de teatro, cinema e voz Adriana Asti.

Veja mais sobre:
Poemas de Ascenso Ferreira aqui.
A mulher da sombrinha aqui.
Caudal do Una de Pelópidas Soares aqui.
A arte de Lucinha Guerra aqui.
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
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Agenda de Eventos aqui.

OS MOTES GLOSADOS DE MANOEL BENTEVI
Da bobina para o distribuidor
Há um cabo que passa uma centelha clara.
Meto o pé no arranco, ele dispara.
Toda vez que acelero meu motor,
O combustível entra no carburador.
A entrada de ar transforma o gás.
Com a compressão que ele faz,
Forma o jato, o êmbolo vai subindo
Vai queimar na cabeça do cilindro,
A fumaça da gasolina sai por trás.
(Mote: Toda vez que acelero meu motor, a fumaça da gasolina sai por trás)
O meu carro caiu numa rieira,
Era larga, atolava e era funda.
Passei de primeira pra segunda,
E passei de segunda pra primeira.
A buzina do carro era uma campa.
O radiador esquentou, saltou a tampa.
Vi o abismo e fiquei atarantado.
O ajudante pulou e gritou de lado:
Abra o olho, chofer, agora é rampa!
(Mote: Abra o olho, chofer, agora é rampa!)
Poemas extraídos da obra Desmanchando o nordeste em poesia (Bagaço, 1986),
do poeta popular Manoel Bentevi. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

A ARTE ADRIANA JANACÓPULOS
A arte da escultura Adriana Janacópulos (1897-1978).

sexta-feira, setembro 01, 2017

HERMILO, BOURDIEU, NELSON CHAVES, EDUCAÇÃO, CANA-DE-AÇÚCAR, SEXUALIDADE, POLÍTICA, RICARDO ONORATO & CORDEL NO ELISEU

A PLENITUDE DA VIDA - Imagem: art by Nicomedes Gomez - Ainda ontem, já era tarde. Não mais. Nada mais resta do que fiz ou deixei de fazer, do que amei e não quis mais amar, do que adiei quando mais precisava. Longe os anos se foram e tudo passou, quanta urgência no caminho das importâncias, quanta ocupação pra disfarçar o viver, tudo era só dar vencimento ao menos às cotas das tarefas diárias, enfrentar as surpresas do imediato que pegavam de peito aberto, a pressão das emergências daquilo que era pra ontem, os desafios das dificuldades, cair, levantar, sacudir a poeira, seguir, capengar e protelar, procrastinar, adiar o viver. Hoje, chegou a hora. Esta, a horagá. Já. O que tenho é só a mim, não mais. Não posso esperar que façam por mim o que é da minha estrita responsabilidade, ninguém deve fazer por mim o que eu mesmo deveria ter feito ou tenho a fazer, muito menos devo responsabilizar ninguém pelo que não fiz, nem por meus fracassos, nem por minha própria irresponsabilidade. Hoje, agora, quantos espelhos, a minha efígie refletida: afinal, tenho sido mais feliz agora do que nunca fora antes. Agora o Sol dança no assoalho e convida meu coração para bailar na vida, esqueço o que me deprime: a esmagadora ignorância das trevas humanas. Sorrio, apesar de tudo ser tão triste, vou do infortúnio que insistia sempre presente em todas as minhas horas pra felicidade que vem da alvorada no horizonte. Agora a ressurreição: a sensação da inércia me faz sofrer, sou vida e quero mais é viver. Antes era fácil parar ou desistir do que continuar, quantas decisões tomadas sem que nada de ação se fizesse, ah, deixava pra lá, não via pra quê tanto esforço. Agora sou outro, ergo a face, malgrado o mundo desabado ao redor, só escombros na noite obscura. Dentro de mim pulsa a satisfação da plenitude anímica na paz de quem sabe superar, sigo adiante, passo a passo, mais cedo ou mais tarde tudo haverá passado, porque sei liberto da prostração com o alvorecer. Hoje sei que sou pedra bruta que aguarda a revelação da arte nela escondida: a arte de viver, viver o amor. Agora faço e já, faço agora! Meus olhos pra vida e meus pés no chão. Sou firme na roda da vida pelos Sete Globos, pelos Sete Períodos, assim na Terra como no Céu, a plenitude da vida na fraternidade universal humana. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

COLÉGIO ESTADUAL ELISEU PEREIRA DE MELO
Atendendo convite das professoras Janeide e Romina, estarei no próximo dia 12/09, a partir das 14hs, no Colégio Estadual Eliseu Pereira de Melo, realizando a palestra/espetáculo Cordel Biblioteca Eliseu: Ética, Cidadania & Meio Ambiente, pros alunos da instituição escolar. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA – Esforce-se para ser paciente ao suportar os defeitos dos que o cercam, porque você também tem muitos, e eles precisam ser suportados pelos outros. Se você não é como gostaria de ser, como pode pretender encontrar alguém que seja totalmente do seu agrado: Trecho extraído da obra A imitação de Cristo, do monge e escritor alemão Thomas de Kempis (1379-1471).

SOMOS NA VIDA ADULTA O QUE FOMOS NA INFÂNCIA – [...] a vida como ela é, dominada por incoerências, dúvidas e realizações, problemas humanos que sempre constituíram pra mim preocupações constantes desde a infância. Somos na vida adulta o que fomos na infância. Sonhei continuamente com um mundo melhor, onde houvesse amor, afeto e compreensão entre os homens, um mundo onde a natureza continuasse viva, com seus solos, rios, lagos, mares, árvores e seres de todas as espécies. Mas infelizmente, desde a adolescência venho assistindo à destruição maciça dos recursos naturais, à alteração da paisagem, ao acirramento da luta entre os homens com manifestações de agressividade crescente. Assim, meus sonhos foram se desvanecendo; doem-me o desrespeito à Ecologia, a quebra dos elos do ecossistema, a existência de um mundo de vendas e compras, um verdadeiro “mundo cão”. Nas horas de meditação, relembro os caminhos percorridos durante longos anos, sempre animado por uma chama criadora, mas sentido, já no fim da jornada, o sabor amargo da decepção. Sonhei com uma universidade melhor, com bom padrão de ensino, e motivada pela chama da investigação científica e, ao mesmo tempo, ligada aos interesses da sociedade e da Região. [...] A previsão de Einstein foi confirmada: a fome chegou e teria solução se fosse respeitada a “lei das leis”, ou seja, de que “não é possível a felicidade e a segurança de quem quer que seja se não houver o mínimo de felicidade entre todos”. É uma fome diferente das que sempre assolaram o planeta e foram registradas pelos historiadores. [...] É a fome criada pela civilização, pela ambição e egoísmo do homem atual, mais máquina do que homem; e a fome da Revolução Industrial e da supertecnologia, que originou a tecnocracia, uma grave doença dos tempos modernos, em vista da qual os tecnocratas ignorantes, mas semideuses arrogantes, mataram a imaginação e a criatividade, pensando apenas no desenvolvimento econômico avaliado exclusivamente pelo Produto Nacional Bruto (PNB), na expansão industrial e na comercialização, deixando de lado o próprio homem; é a fome decorrente do desequilíbrio econômico crescente, que cria, de um lado, o grupo dos ricos e opulentos e, do outro, uma grande maioria de pobres, entre os quais proliferam os miseráveis; é a fome amoral, da pobreza extrema, da sociedade de consumo caracteriza pela compra e pela venda, inspirada no lucro a qualquer preço, estimulada por uma propaganda agressiva, angustiada e que apela para os psicotrópicos e drogas, na qual o homem desceu de sua posição excepcional na escala zoológica na direção do bruto, das feras; é, finalmente, uma fome que arrasta consigo outros problemas, como a doença, a deliquência infanto-juvenil, a agressividade, o crime, a apatia, antieducação. [...]. Trechos extraídos da obra Fome, criança e vida (Massangana, 1982), do cientista e médico nutrólogo Nelson Chaves (1906-1982). Veja mais aqui e aqui.

A CANA-DE-AÇÚCAR - A vida nem sempre é doce como a cana ou macia como o algodão. O homem domesticou muitas plantas, mas poucas influenciaram tanto o rumo da história da humanidade quanto a cana-de-açúcar. Até parece exagero de pernambucano, agarrado a uma boa fatia de bolo de rolo. [...] É só ir desenrolando o fio da história que as revelações começam a acontecer. A doçura entra cotidianamente em nossas e nem sempre paramos para pensar sobre o percurso histórico-geográfico e o rastro de mudanças ocorridas em torno dessa espécie vegetal. Quando alertada sobre isso, a pessoa pode até sacar seus conhecimentos enciclopédicos sobre a questão. Mesmo assim os dados parecerão turvos em algum quadrante, tamanha é a abrangência e complexidade do assunto. O fato é que o cultivo da cana foi impulsionando transformações, tanto na realidade quanto no imaginário, pelos lugares por onde passou. [...]. Trechos do artigo Enquanto se brinca a história se faz, de Marcondes Lima, extraído da obra Algodão doce para teatro (Cubzac, 2015) de Carla Denise. Veja mais aqui e aqui.

POLÍTICA & A COISA PÚBLICA - [...] A moral política não pode cair do céu; ela não esta inscrita na natureza humana. Apenas uma real política da Razão e da Moral pode contribuir para implementar a instauração de um universo no qual todos os agentes e seus atos estariam submetidos - especialmente pela crítica - a uma espécie de teste de universalisabilidade permanente, instituído praticamente na pr6pria lógica do campo: não há ação política mais realista (pelo menos para os intelectuais) que aquela que, dando forma política a crítica ética, pudesse contribuir para 0 advento de campos políticos capazes de favorecer, pelo seu pr6prio funcionamento, os agentes dotados das disposições lógicas e éticas mais universais. Em resumo, a moral não tem nenhuma possibilidade de ocorrer, especialmente na política, a não ser que trabalhemos para criar os meios institucionais de uma política da moral. A verdade oficial do oficial, 0 culto do serviço público e do devotamento ao bem comum não resistem a crítica da suspeição que descobre em toda parte corrupção, clientelismo ou, no melhor dos casos, 0 interesse privado em servir ao bem público. Devotados ao que Austin chama de passagem de "impostura legítima", os homens públicos são homens privados socialmente legitimados e encorajados a se tomar por homens públicos, logo a se pensar e a se apresentar como servidores devotados do público e do bem público. Uma política da moral deve ter presente esse fato: por um lado, esforçando-se por entender os oficiais no seu pr6prio jogo, isto e, na chamada da definição oficial de suas funções oficiais. Mas também, e sobretudo, trabalhando sem parar para aumentar 0 custo do esforço de dissimulação necessária para mascarar a distância entre 0 oficial e 0 oficioso, 0 palco e a coxia da vida política. Esse trabalho de desvendamento, de desencantamento, de desmistificação não tem nada de desencantador: de fato, ele só pode se realizar em nome dos próprios valores que estão na base da eficiência crítica do desvendamento de uma realidade em contradição com as normas oficialmente professadas, igualdade, fraternidade e, sobretudo, no caso especifico, sinceridade, desinteresse, altruísmo, em resumo, tudo 0 que define a virtude civil. E não ha nada de desesperador - a não ser para as "almas puras" - no fato de que aqueles incumbidos desse trabalho - jornalistas em busca de escândalo, intelectuais dispostos a adotar causas universais, juristas dedicados a defender e estender 0 respeito ao direito, pesquisadores obstinados em desvendar 0 oculto, como 0 sociólogo - só podem, eles próprios, contribuir para criar as condições de instauração do reino da virtude civil se a lógica de seus campos respectivos lhes assegurar os lucros do universal que são 0 princípio de sua libido virtutis. Trecho extraído da obra Razões práticas: sobre a teoria da ação (Papirus, 2008), do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002). Veja mais aqui.

ENSINO & APRENDIZAGEM - Vivemos um momento de revisão da educação escolar, de seu papel e seu alcance. Juntamente com isso, vem o desafio da construção de um perfil profissional para o professor com base no seu trabalho em sala de aula, mas que se amplia para o desenvolvimento do projeto educativo da escola, para a produção, sistematização e socialização de conhecimentos pedagógicos e para a participação em discussões da comunidade educacional. Diante desta complexidade, fica evidente que não há regras para organizar e descrever a atuação deste profissional que precisa, ao mesmo tempo, ter clareza de objetivos e de sua intervenção pedagógica, mas também flexibilidade e sensibilidade. Por isso, a formação docente é hoje compreendida como um processo permanente de desenvolvimento profissional: estudos, atualizações, discussões e trocas de experiências. [...]. Trecho extraído da obra O diálogo entre o ensino e a aprendizagem (Ática, 2000), de Telma Weisz com Ana Sanchez. Veja mais aqui, aqui e aqui.

SEXO & SEXUALIDADE - O sexo desempenha papel importante e básico em nossas vidas. As relações sexuais permitem a reprodução e esta, a perpetuação da espécie. Mas para o ser humano a atividade sexual não se restringe à reprodução. Ela é fonte de prazer; um dos maiores, talvez o maior dos prazeres. A sexualidade é algo fundamental para nós, pois estar bem consigo mesmo é indispensável fator de felicidade e, para tanto, é preciso estar bem coma própria sexualidade. A maneira pela qual uma pessoa é capaz de viver sua sexualidade e o modo pelo qual a ela se ajusta vão determinar muitos dos seus traços de personalidade. Vão definir seu caráter e assegurar ou não sua autoconfiança; vão interferir decisivamente no bom ou mau relacionamento com seu semelhante. A sexualidade não é, necessariamente, prazer sexual; mas grande parte da sexualidade diz respeito às funções sexuais. Desde o nascimento buscamos nossos prazeres; a busca do prazer acompanha o homem por toda sua vida. [...]. Trecho extraído da obra Sexo, sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis (Moderna, 1995), da sanitarista e professora Ruth de Gouvêa Duarte.Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

HISTÓRIA DO ESPETÁCULO – [...] O homem, afinal de contas, sempre sentiu o desejo de transfigurar-se, de transformar-se em outra coisa que não seja ele mesmo. Neste sentido, possui um instinto teatral inato, estudado minuciosamente por um teórico russo, Nicolas Evreinoff. Ele diz, entre outras coisas, que “o homem possui um instinto com relação ao qual, a despeito de sua inesgotável vitalidade, nem os historiadores nem os psicólogos nem os que se ocupam da estética disseram jamais até aqui, a menor palavra; [...] Isto significa que o teatro sempre existiu, mesmo sob a forma inconsciente. [...] Trechos da obra História do espetáculo (O Cruzeiro, 1968), do escritor, dramaturgo, tradutor e advogado Hermilo Borba Filho. (1917-1976). Veja mais aqui, aqui aqui e aqui.


Com alunos do Instituto Educacional São Francisco de Assis – Santo Onofre – Palmares-PE, e professoras Rozilda e Natalie, na Biblioteca Pública Municipal Fenelon Barreto.

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PALMARES, A MINHA CIDADE, DE RICARDO ONORATO
A minha querida Palmares
Terra de cultura e de grandeza
Tu és a minha morada
Admiro a tua beleza
As tuas lindas palmeiras
Também me faz refletir
As águas que desce do rio Una
Cruza com o rio Pirangi
Cidade com belas praças
Arrodeadas de jardins
Com flores, gramados e rosas
Que bordam e cheiram a jasmim
As plantações de cana de açúcar
Tenho o prazer de ainda ver
Caminhões carregados
Na usina pra moer
Dos antigos acadêmicos
Com grande capacidade,
Exortou, Silva Jardim
A terra dos poetas é Palmares
Agora finalizando
O que eu vou te falar
Quem se banha no rio Una
Poeta também será.
Poema de Ricardo Onorato da Silva, estoquista e poeta cordelista, autor do cordel Ascenso Ferreira, o poeta dos Palmares. Veja mais aqui.


ANNE CARSON, MEL ROBBINS, COLLEEN HOUCK & LEITURA NA ESCOLA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som do álbum Territórios (Rocinante, 2024), da premiada violonista Gabriele Leite , que possui mestrado em...