Eu não me ressinto de ser
uma pintora feminina. Eu não exploro isso. Eu pinto.
A arte da pintora estadunidenser Helen
Frankenthaler (1928-2011), integrante dos conceitos e movimentos artísticos
do Collor-field e do Expressionismo abstrato.

DITOS & DESDITOS - A vida é
muito curta para ser gasta nutrindo animosidade ou registrando erros. Sabe-se
muito bem que é dificílimo erradicar preconceitos dos corações cujos solos
nunca foram revolvidos ou fertilizados pela educação: preconceitos crescem ali
firmes como erva daninha entre pedras.
Pensamento da escritora britânica Charlotte Brontë (1816-1855).
ALGUÉM FALOU: Liberdade
de arbítrio é o poder de conservar a retidão da vontade pela própria retidão. Pensamento
do filósofo medieval Anselmo de Cantuária
ou Aosta (1033-1109), fundador do escolaticismo que exerceu influência sobre a
teologia ocidental e famoso por criar o argumento ontológico par a existência
de Deus e a visão da satisfação sobre a teoria da expiação.
O ADVERSÁRIO - O drama
de mistério O adversário (2002),
dirigido pela atriz e diretora francesa Nicole Garcia, conta a história
de um marido médico e extremoso pai que mantem uma relação igualmente afetuosa
com os seus pais e de proximidade e respeito com os amigos por dezoito longos
anos quando todos acreditaram que fosse assim. O filme problematiza o mundo do
trabalho que é negado pela própria estrutura social do mundo da
financeirização, quando o emprego e a profissão tendem a ser desefetivados, uma
metáfora da contradição do sistema capitalista.
UM POEMA
- Quem És Tu, Moçambicana? / Do norte de Moçambique vislumbro-te, / mulher
que julga o mundo / através de uma foto indefesa. / Moçambicana coberta desse
pigmento / que provem da terra, / pareces o que jamais no meu mundo existiu. / Esse
pano que levas na cabeça, / é para te proteger do sol por demais quente? / Ou é
para transpareceres / os costumes do teu místico local? / Estátua imóvel no
silêncio vivo, / olhas-me desafiando-me, / para onde me queres levar? / Olho-te...
/ procurando saber que omites / com o teu olhar sábio, / procurando encontrar
parecenças / comigo na tua expressão, / desejando sentir aquilo / que só tu me
podes dar. / Mãe, avó, sábia, feiticeira, / protetora, simples mulher, / quem
és tu mulher revestida / pela magia da nossa Mãe? Poema do
poeta lusangolano Nelson Ngungu Rossano,
que edita o blog Caminhos dos Versos.
A ORIENTAÇÃO SEXUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL
– A Lei nº 9.3394/96 que compreende a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, dispõe nos seus artigos
sobre a educação e a preocupação com o exercício da cidadania e o pleno
desenvolvimento do educando que articula vários aspectos, como: a saúde, a
sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, o trabalho, a ciência,
dentre outros indispensáveis à formação integral do indivíduo, destacando no
artigo segundo: "Art. 2º A educação,
dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho". A LDB e os Parâmetros Curriculares Nacionais preocupam-se,
portanto, com o objetivo principal da educação na construção da cidadania.
Nesse sentido, a LDB, coaduna-se com o que postulam os Parâmetros a respeito da
sexualidade, uma vez que estes a concebem como parte
integrante na formação do educando em todos os níveis de aprendizagem. Isto
quer dizer que, a partir de 1996, as escolas passaram a contar com a
proposta inovadora em termos educativos, notadamente os PCN´s, elaborados pelo
Ministério da Educação com apoio de diversos especialistas, sendo de grande
utilidade não só para implantação dos conteúdos de sexualidade e saúde
reprodutiva, mas também na discussão de princípios democráticos como a
dignidade da pessoa humana, a igualdade de direitos, a participação e a co-responsabilidade
social (Brasil, 1997). Assim, a proposta é a de que os temas meio ambiente,
ética, pluralidade cultural, trabalho e consumo, educação sexual, devam ser
tratados de forma transversal, isto é, poderão ser abordados a qualquer momento
e por todas as disciplinas (Brasil, 1997). Neste documento, a sexualidade é
tratada como algo que faz parte da vida e da saúde de todas as pessoas e que se
expressa do nascimento até a morte, relacionando-se com o direito ao prazer e
ao exercício da sexualidade com responsabilidade, englobando as relações entre
homens e mulheres, o respeito a si mesmo e ao outro e às diferentes crenças,
valores e expressões culturais existentes numa sociedade democrática e
pretendendo contribuir para a superação de tabus e preconceitos que ainda
existem no contexto sociocultural brasileiro e que, de alguma maneira,
dificultam o exercício da cidadania (Brasil, 1997). Assim, o tema da Educação
Sexual foi dividido nos seguintes blocos de conteúdo: Corpo - Matriz da
Sexualidade; Relações de Gênero e Prevenção das DST/Aids. Sendo assim, Os PCN´s (Brasil, 1997) citam que a Orientação
Sexual deve ser abordada de duas formas,
quais sejam: dentro da programação, por meio dos conteúdos, ou seja,
transversalizados nas diferentes áreas do ensino; e extra programação, sempre
que surgirem questões relacionadas ao tema. Desse modo, os blocos de conteúdos
propostos para o Ensino Fundamental abarcam três eixos fundamentais que devem
nortear toda e qualquer intervenção do professor ao abordar o tema em sala de
aula, que são: O corpo: matriz da sexualidade, tratado como um todo integrado
em suas funções biológicas, afetivas, perceptivas e de relação social; as
relações de gênero, no sentido das representações sociais e culturais
construídas a partir da diferença biológica dos sexos; a prevenção às Doenças
Sexualmente Transmissíveis/AIDS, com ênfase na prevenção e na saúde, e não nas
doenças, a fim de não vincular a sexualidade à doença ou à morte. Esses
conteúdos apresentados pedagogicamente flexíveis, de forma a abranger as
necessidades específicas de cada turma, a cada momento. Para tanto, o documento
propõe que a relevância sociocultural deva ser um critério de seleção dos
conteúdos e que os professores, ao abordá-los nas escolas, levem em
consideração as dimensões biológicas, culturais, psíquicas e sociais, pois
sendo a sexualidade uma construção humana, esta se encontra marcada pela
história, pela cultura, pela ciência, assim como pelos afetos e sentimentos,
expressados com singularidade em cada sujeito (Brasil, 1997). Nesse sentido, o
trabalho denominado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Orientação
Sexual (Brasil, 1997), visa preencher lacunas nas informações que as crianças e
jovens apresentam, proporcionando informações atualizadas, do ponto de vista
científico, dando-lhes a oportunidade de formarem opiniões do que lhes é
apresentado, desenvolvendo atitudes coerentes com os valores que eles elegerem
como seus, ampliando os conhecimentos a respeito da sexualidade humana,
combatendo tabus, preconceitos, abrindo espaços para discussões de emoções e
valores, elementos fundamentais para a formação dos indivíduos responsáveis e
conscientes de suas capacidades. Os PCN’s (Brasil, 1997:120) mostram que
o trabalho de Orientação Sexual pode ser desenvolvido desde quando a criança
entra na escola, ou melhor, desde a alfabetização e se desenvolve ao longo de
toda a seriação escolar. Na verdade, não existe uma faixa etária
pré-determinada para que se desenvolva esse trabalho, pois as manifestações da
sexualidade infantil ocorrem desde muito cedo e são inerentes ao
desenvolvimento humano. Suas expressões mais freqüentes acontecem na realização
de carícias no próprio corpo, nas curiosidades sobre o corpo do outro, nas
brincadeiras com colegas, nas piadas, entre outras. Essas manifestações também
ocorrem no âmbito escolar e é necessário que a escola, enquanto instituição
educacional, posicione-se clara e conscientemente sobre as referências e
limites com os quais deve trabalhar as expressões da sexualidade da criança.
Conforme Nunes & Silva (200:51/2) Não
é necessário despejar um caminhão de informações à criança . Porém, o que não
pode ser justo é não satisfazer suas curiosidades com franqueza à medida que
elas forem surgindo. É importante conversar com as crianças numa linguagem que
elas dominem e que possam entender.(...) Enfim, é necessário ter respeito à
sexualidade infantil, o que significa respeitar a criança como um ser humano
completo em capacidade de amar. A proposta
defendida pelos PCN’s (Brasil, 1997) para o Ensino Fundamental visa contribuir
para que crianças e jovens possam desenvolver e exercer sua sexualidade com
prazer e responsabilidade, visando à promoção do bem-estar sexual, pautando-se
sempre pelo respeito por si e pelo próximo, buscando garantir a todos direitos
básicos, como: saúde, informações e conhecimento, elementos indispensáveis na
formação de cidadãos responsáveis e conscientes de suas capacidades. A
Orientação Sexual como tema transversal proposto pelos PCN’s deve ser entendido
como um processo de intervenção pedagógica, cujo objetivo é transmitir
informações, problematizar questões e ampliar o leque de conhecimento e opções
referentes à sexualidade, incluindo posturas, ideologias, crenças e tabus,
propiciando debates e discussões a ela relacionada, para que o próprio aluno
escolha seu caminho (Brasil, 1998). Os Parâmetros apontam uma transformação na
prática pedagógica, pois rompem a limitação da atuação dos educadores às
atividades formais e ampliam um leque de possibilidades para a formação do
educando (Brasil, 1997). Portanto, a Orientação Sexual destinada ao Ensino
Fundamental que os PCN’s denominam de Orientação Sexual, busca preencher
lacunas nas informações que as crianças e jovens apresentam, proporcionando
informações atualizadas do ponto de vista científico, dando-lhes a oportunidade
de formarem opiniões do que lhes é apresentado, desenvolvendo atitudes
coerentes com os valores que eles elegerem como seus, ampliando conhecimentos a
respeito da sexualidade humana, combatendo tabus, preconceitos, abrindo espaços
para discussões de emoções e valores, elementos fundamentais para a formação de
indivíduos responsáveis e conscientes de suas capacidades (Brasil, 1997). Assim
sendo, o trabalho de Orientação Sexual constitui um processo formal e
sistemático, o que envolve um espaço no currículo escolar. Isto quer dizer que
como todo e qualquer processo educativo apresenta efeitos e resultados
demorados, muitas vezes só são observados em longo prazo (Pauliv, 1999). Desta
feita, cabe à escola abrir um canal para o debate permanente com crianças e
jovens acerca das questões relacionadas à sexualidade, como bem explicita o
próprio PCN (1997:122), vez que esse tipo de trabalho exige planejamento e
intervenção por parte do profissional de educação, pois não deve limitar-se à
veiculação de informações de caráter puramente biológico, ou preventivo, no que
se refere somente ao controle das doenças sexualmente transmissíveis, abuso
sexual, gravidez e outros inconvenientes sociais, mas, do contrário, devem incluir
um questionamento mais amplo sobre o sexo e seus valores, seus aspectos
preventivos para o indivíduo como forma de exercício da cidadania. Desta forma,
deve-se salientar que a participação dos pais também é fundamental no processo
de Orientação Sexual, pois incentiva o processo de co-responsabilidade. O
fundamental é desenvolver um trabalho educativo positivo de valorização humana,
mesmo que limitado o seu alcance, através de uma intervenção pedagógica
adequada que possibilite a todos, capacidades de escolhas. Com isso, a
Orientação Sexual na escola deve ser trabalhada de forma contínua e integrada,
uma vez que seu estudo remete à necessidade de se recorrer a um conjunto de
conhecimentos relativos a diferentes áreas como: História, Antropologia, Sociologia,
Biologia, Psicologia e outras mais. Além disso, ela deve ocorrer num âmbito
coletivo, diferenciando-se de um trabalho individual de cunho psicoterapêutico
(Pauliv, 1999). Assim, a escola, neste sentido, na observação de Gaddotti (2000:41)
"(...) precisa atuar num cenário
policultural numa época de globalização da economia e das comunicações, de
acirramentos das contradições inter e intrapovos e nações, época do
ressurgimento do racismo e de certo triunfo do individualismo"
necessitando, portanto, de uma educação, uma ética e uma cultura da
diversidade. Tal colocação chama a atenção para que nesse contexto global, duas
dimensões, a seu ver, devem ser
destacadas, dentre as quais, a dimensão interdisciplinar, experimentando a
vivência de uma realidade global que se inscreva nas experiências cotidianas do
aluno, do professor e do povo, articulando o saber, o conhecimento, a vivência,
a escola, a comunidade, o meio ambiente, que é o objetivo da
interdisciplinaridade traduzida na prática por um trabalho escolar coletivo e
solidário; e uma dimensão internacional, engajando as crianças e adolescentes
para viver no mundo da diferença e da solidariedade entre diferentes,
preparando o cidadão para participar de uma sociedade planetária, sendo local,
como ponto de partida, internacional e intercultural como ponto de chegada
(Gadotti, 2000). Assim, a escola precisa fazer a síntese entre continuidade e
ruptura em relação à cultura de massa, partindo para respeitar a identidade
cultural das crianças e adolescentes populares (Gadotti, 2000). Neste sentido,
Zabala, (2002) defende a idéia de que os educadores devem oferecer um ensino
significativo e dinâmico para seus alunos, a partir de um prática
interdiciplinar, pois, se a educação é o meio para promover e conduzir as
pessoas a um maior e melhor conhecimento da vida, e para o desenvolvimento de
maiores habilidades, no sentido de resolver problemas, não se pode acomodar e
comungar com situações onde o aluno busca apenas a capacitação ou a formação
para o trabalho, ou para a ascensão a níveis cada vez mais elevados de
formação, sem interesse real por uma aprendizagem integrada acerca dos vários
saberes escolares. É a partir disso que Zabala (2002:39) defende que: Em síntese, podemos dizer que, ao organizar
os conteúdos de aprendizagem e ensino, podemos partir de modelos nos quais não
existe nenhum tipo de relação entre os conteúdos das diferentes disciplinas
(multidisciplinaridade); de modelos nos quais se estabelece algum tipo de
relação entre duas ou mais disciplinas (interdisciplinaridade) e, inclusive, de
modelos nos quais a aproximação ao objeto de estudo realiza-se prescindindo da
estrutura por disciplina (metadisciplinaridade) e cujo desenvolvimento didático
é abordado sob um enfoque globalizador. Neste caso, a multidisciplinaridade
é um conceito que pode ser compreendido como aquele que considera organização
do ensino e a prática pedagógica exercida na educação tradicional. Neste
contexto a organização dos conteúdos ocorre de forma independente, ou seja, não
há relação entre os conteúdos e as diferentes disciplinas (Zabala, 2002). Já a
pluridisciplinaridade é um termo que aponta para relação entre disciplinas mais
ou menos afins. Enquanto que a interdisciplinaridade pode ser compreendida como
a relação entre duas ou mais disciplinas e que referenda a transferência de
conceitos de uma disciplina para outra podendo ainda proporcionar a formação de
um novo conjunto de conceitos, portanto, de um novo corpo disciplinar (Zabala,
2002). No caso da transdiciplinaridade esta é conceituada por Zabala,
(2002:28-33) como o “grau máximo de
relações entre disciplinas, de modo que chega a ser um integração global dentro
de um sistema totalizador”. Ou seja, permite uma interpretação unificada do
conteúdo trabalhado e explica a realidade sem fragmentá-la. E mais, de acordo
com Zabala (2002: 28): “Nessa ação, para
conhecer ou realizar alguma coisa, o estudante precisa utilizar e aprender uma
série de fatos, conceitos, técnicas e habilidades que têm correspondência com
matérias ou disciplinas convencionais, além de adquirir uma série de novas
atitudes”. Finalmente, a metadisciplinaridade é compreendida como uma
abordagem que não referenda nenhuma relação entre as disciplinas, ou conteúdos.
Cada disciplina se desenvolve isoladamente das demais que compõem o currículo
escolar. (Zabala, 2002). Dessa forma, a Orientação Sexual oferecida pela
escola deve abordar as diversas mensagens transmitidas pela mídia (TV,
revistas, rádio etc.), família, amigos, escola e sociedade, auxiliando o aluno
a encontrar um ponto de auto-referência por meio da reflexão. Enfim, objetivo
geral de um trabalho de Orientação Sexual é permitir que crianças e
adolescentes entendam a sexualidade como um aspecto positivo da vida humana,
propiciando-se a livre discussão de normas e padrões de comportamento em
relação ao sexo e o debate das atitudes pessoais frente à própria sexualidade
(Pauliv, 1999) Sendo assim, o papel da escola é o de promover debates entre os
alunos, fornecendo informações claras e objetivas. A função da escola não é
dizer o que é “certo” ou “errado”, mas preparar o aluno para discriminar o que
é biológico, o que vem da cultura, das classes sociais a que pertence,
levando-o a assumir responsabilidades. Cabe, portanto, aos pais se posicionarem
claramente sobre o que consideram importante para seus filhos. Os Parâmetros
(Brasil, 1997), deixam claro que a função da escola é transmitir informações e
problematizar questões relacionadas à sexualidade, contribuindo para o
desenvolvimento de atitudes e valores baseados nos direitos humanos, nos
relacionamentos de igualdade, no bem-estar social e no respeito entre as
pessoas. É com essa intenção que os PCN’s (Brasil, 1997:123) prescrevem: (...) Se a escola que se deseja deve exercer uma
ação integradora das experiências vividas pelos alunos, buscando desenvolver o
prazer pelo conhecimento, é necessário que ela reconheça que desempenha um
papel importante na educação para a sexualidade ligada à vida, à saúde, (...)
que integra as diversas dimensões do ser humano. Assim sendo, a função da
escola é a de complementar o que o aluno traz de casa, suprir lacunas, combater
preconceitos e rever conceitos distorcidos. É com esse pensamento que Sayão
(1997:100) comenta que: “(...) Não há
dúvida alguma de que a escola desempenha um função na educação sexual de seus
alunos. O grande problema é que os seus representantes diretos entre os jovens,
os professores, nem sempre se dão conta disso em suas ações individuais e/ou
coletivas.” A escola é um espaço que formaliza o conhecimento, promove e
facilita a aprendizagem sobre o mundo. Ela é um espaço de convivência social,
amorosa e emocional seja da criança e/ou do adolescente, onde permanecem
grandes partes de suas vidas.
PAPEL, O PERFIL E A PRÁTICA DOCENTE NA
ORIENTAÇÃO SEXUAL – A prática pedagógica tem sido
requerida pelas exigëncias atuais que seja desenvolvida com competëncia e
qualidade, objetivando a integração e a inclusão. Com isso, entende-se que o
professor é o sujeito do processo de produção do conhecimento e uma referência
para o aluno, tendo em vista o seu papel na construção do conhecimento, na
formação de atitudes e valores do futuro cidadão que se forma dentro de uma
sala de aula. Neste tocante, é importante que o docente esteja desenvolvendo o
exercício constante de reflexão e o compartilhamento de idéias, sentimentos e
ações, acompanhado do aprimoramento e atualização dos seus conhecimentos e
formação, que seja capaz de se conceber como agente de mudanças do contexto
social, com uma atuação comprometida com as condições da escola e com a
qualidade de sua formação acadêmica, evitando os efeitos insatisfatórios das
práticas docentes perante a complexidade e impulsionando a busca de novos
saberes que, ao se cruzarem podem emitir sinais para a melhor compreensão da
escola e da prática nela realizada (Reato, 2001). Nesta tarefa, o professor vai
enfocando o processo de desenvolvimento com o objetivo próprio do processo de
reconstrução e reconstituição da experiência, caminhando na direção da melhoria
do processo permanente da eficiência individual. É preciso, então, entender que
a prática do professor, embora individual, sempre estará carregada das
condições político-sociais e institucionais, acompanhada sempre da compreensão
do contexto, numa visão mais ampla e alargada que deve estar presente na
reflexão sobre sua prática, além de seus esforços objetivando uma mudança de
prática individual que se articule com a mudança de sua situação profissional. Assim,
à medida que reflete sobre a sua ação, sobre sua prática, sua compreensão se
amplia, ocorrendo com análises, críticas, reestruturação e incorporação de
novos conhecimentos respaldando o significado e a escolha de ações posteriores,
sempre com o questionamento intrínseco de se saber por que ensina, para que
ensina, para quem e como ensina, ou seja, o professor precisa refletir sobre os
objetivos e as conseqüências do seu ensino desde a formação, robustecido das
qualidades essenciais na capacidade de solidarizar-se com os educandos, a
disposição de encarar dificuldades como desafios estimulantes, a confiança na
capacidade de todos de aprender e ensinar, conhecendo os educandos, suas
expectativas, cultura, características e problemas e suas necessidades de
aprendizagem, buscando conhecer cada vez melhor os conteúdos a serem ensinados,
atualizando-se constantemente. Mediante isso, é preciso que professor tenha
sempre em mente a necessidade de refletir permanentemente sobre sua prática,
buscando os meios de aperfeiçoá-la, com uma especial sensibilidade para
trabalhar com a diversidade, favorecendo a autonomia dos educandos,
estimulando-os a avaliar constantemente seus progressos e suas carências,
ajudando-os a tomar consciência de como a aprendizagem se realiza. Em sua
prática, é preciso que se mantenha altivo e flexível na condução de discussões, tornando-se relevante os aspectos de levantar
problemas e questões desafiantes que levem o grupo discutir e trazer à tona às
informações contidas na aula; recuperando conhecimentos, assuntos e temas já
vistos em etapas anteriores, fazendo conexões entre informações e conceitos;
estabelecendo relações com outras áreas de conhecimentos; contrapondo as
hipóteses diferentes dos alunos, fazendo com que eles defendam seu ponto de
vista e argumentem a favor dele utilizando textos e materiais que sirvam de
fonte para intermediar a discussão; trazendo e comparando hipóteses iniciais
apresentadas pelos alunos com as informações posteriormente pesquisadas e
analisadas nos diversos materiais pesquisados;
apresentando e analisando o mesmo fenômeno ou fato a partir de
diferentes interpretações ou pontos de vista; fazendo generalizações procurando
articular diversas informações; problematizando para que os alunos possam
apresentar novas hipóteses. Assim sendo, conforme Aquino (1997),
Vitiello (1997) e Suplicy et al (1999), não existe uma exigência profissional
específica para alguém exercer o papel de orientador sexual. No entanto, esses
estudiosos acreditam que a escolha mais adequada tem sido o próprio professor
ou professora, de preferência aquele ou aquela que tenha maior empatia pelo
aluno e que esteja em sintonia com a sua linguagem, de tal forma que seja capaz
de exercer autoridade com afetividade e não com autoritarismo. Isso leva a
entender que é o professor que convive com seus alunos, muitas vezes diariamente,
que conhece a forma como vivem em grupo, seus conflitos etc. Não é necessário,
assim, que seja um professor de Ciências, pois se tratando da sexualidade, o
conhecimento do corpo é importante, mas insuficiente para mudança de práticas e atitudes. Além disso,
não garante que o professor de Ciências tenha atitude e postura para ser um bom
Orientador Sexual. O que deixa como importante é que este professor ou
professora tenha abertura e receptividade como os alunos e interesse pelo tema.
É necessário portanto, que o educador ou educadora ao trabalhar a Orientação
Sexual na escola tenha capacidade de rever sua postura e seus conhecimentos
constantemente. Isto porque o orientador sexual é acima de tudo um educador que
observa e reflete para o grupo as diversas opiniões para que cada indivíduo se
torne capaz de ser sujeito de seu desenvolvimento emocional e sexual. Neste
sentido, Vitielo (1997:104), coloca
que: O professor ideal é aquele que
normalmente é o mais procurado pelos alunos para um conselho, ou um
esclarecimento, qualquer que seja a disciplina que ele habitualmente ministre,
pois, o simples fato de ser alvo de confiança dos jovens, já demonstra possuir
credenciais que o capacitam para exercer a atividade de educador sexual devendo
apenas ser adequadamente treinado. Deve ainda estar ele bem adequado com sua
sexualidade, tendo a coragem de desafiar seus próprios tabus e preconceitos,
reconhecendo suas próprias falhas. Nesse sentido, o orientador sexual
ideal é aquele que está aberto para questionamentos e predisposto a mudanças, a
escutar o aluno, reconhecendo seus limites, pois estes deverão ser encorajados
a expressar suas idéias e opiniões sem ter que dar depoimentos pessoais. Nesta
mesma direção Ribeiro (1990:33) observa que: O orientador sexual, por sua vez, deverá ter uma formação específica e
distinta, de maior duração, envolvendo aspectos desde conhecimentos teóricos a
serem transmitidos, até a aquisição de atitudes positivas e sadias em relação à
sexualidade, sua própria e de outrem, e da capacidade de tratar com
naturalidade as questões que serão abordadas. E o critério de seleção
indispensável é que o ‘candidato’ esteja interessado na temática e se sinta à
vontade para falar de sexo. Desse
modo, as principais características do professor facilitador do trabalho de
Orientação Sexual são: disponibilidade em lidar com o assunto e o compromisso
de estar atualizado com as informações referentes à sexualidade, bem como sobre
os recursos a serem usados pelos alunos. Por esta razão, o educador deve garantir
o respeito às diferenças, que é condição fundamental na viabilização do
trabalho de Orientação Sexual. Além disso, é preciso garantir a ética no
trabalho por parte dos alunos e do professor; bom senso; facilidade em dirigir
dinâmica de grupo; desejo por conhecimento do assunto; bom relacionamento com
os alunos e tranqüilidade em relação à sexualidade são algumas das condições
necessárias ao orientador. Nesta mesma linha, Suplicy et al (1998:33) observa
que: O papel do educador não é de impor a
conformidade a um determinado tipo de padrão de comportamento, mas sim o de
proporcionar novos conhecimentos, estimular o questionamento do que se sabe e
proporcionar o intercâmbio de opinião que levem às decisões individuais. O
educador deve propiciar o crescimento através da busca da verdade. Se o
educador se propuser a ensinar o “certo” e o “errado” ele se colocará na
posição de dono da verdade. Em suma, o que se quer dizer é que qualquer
professor ou professora poderá exercer esse papel, desde que tenha abertura
receptiva para o grupo e interesse pelo tema, despertando e encorajando o
educando a buscar apoio quando necessário e a participar como protagonista de
sua própria história.
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ZAN, R P. Educação sexual.
In: Sexualidade e saúde reprodutiva na adolescência. São Paulo: Atheneu, 2001
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