Eu não me ressinto de ser
uma pintora feminina. Eu não exploro isso. Eu pinto.
A arte da pintora estadunidenser Helen
Frankenthaler (1928-2011), integrante dos conceitos e movimentos artísticos
do Collor-field e do Expressionismo abstrato.
O FRASEADO LUXUOSO DE LIVIA GARCIA-ROZA – A cada encontro, um desencontro; e
continuamos a nos lançar na falta que nos rodeia. Do sol que foste, guardei a
luz. Sou a mulher da minha vida. A
escritora e psicanalista Livia Garcia-Roza, é das mais laureadas da
atual literatura por possuir uma obra que vai desde Quarto de menina (1995),
passando por Meus queridos estranhos (1997), Cartão postal (1999), Cine Odeon
(2001), Solo Feminino (2002) e A palavra que veio do sul (2004), entre outros,
todos com selo recomendados pela Fundação Nacional para o Livro Infantil e
Juvenil (FNLIJ), afora ser reconhecida como uma das maiores escritores
brasileiras da atualidade. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS - A vida é
muito curta para ser gasta nutrindo animosidade ou registrando erros. Sabe-se
muito bem que é dificílimo erradicar preconceitos dos corações cujos solos
nunca foram revolvidos ou fertilizados pela educação: preconceitos crescem ali
firmes como erva daninha entre pedras.
Pensamento da escritora britânica Charlotte Brontë (1816-1855).
ALGUÉM FALOU: Liberdade
de arbítrio é o poder de conservar a retidão da vontade pela própria retidão. Pensamento
do filósofo medieval Anselmo de Cantuária
ou Aosta (1033-1109), fundador do escolaticismo que exerceu influência sobre a
teologia ocidental e famoso por criar o argumento ontológico par a existência
de Deus e a visão da satisfação sobre a teoria da expiação.
O ADVERSÁRIO - O drama
de mistério O adversário (2002),
dirigido pela atriz e diretora francesa Nicole Garcia, conta a história
de um marido médico e extremoso pai que mantem uma relação igualmente afetuosa
com os seus pais e de proximidade e respeito com os amigos por dezoito longos
anos quando todos acreditaram que fosse assim. O filme problematiza o mundo do
trabalho que é negado pela própria estrutura social do mundo da
financeirização, quando o emprego e a profissão tendem a ser desefetivados, uma
metáfora da contradição do sistema capitalista.
UM POEMA
- Quem És Tu, Moçambicana? / Do norte de Moçambique vislumbro-te, / mulher
que julga o mundo / através de uma foto indefesa. / Moçambicana coberta desse
pigmento / que provem da terra, / pareces o que jamais no meu mundo existiu. / Esse
pano que levas na cabeça, / é para te proteger do sol por demais quente? / Ou é
para transpareceres / os costumes do teu místico local? / Estátua imóvel no
silêncio vivo, / olhas-me desafiando-me, / para onde me queres levar? / Olho-te...
/ procurando saber que omites / com o teu olhar sábio, / procurando encontrar
parecenças / comigo na tua expressão, / desejando sentir aquilo / que só tu me
podes dar. / Mãe, avó, sábia, feiticeira, / protetora, simples mulher, / quem
és tu mulher revestida / pela magia da nossa Mãe? Poema do
poeta lusangolano Nelson Ngungu Rossano,
que edita o blog Caminhos dos Versos.
A ORIENTAÇÃO SEXUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL
– A Lei nº 9.3394/96 que compreende a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, dispõe nos seus artigos
sobre a educação e a preocupação com o exercício da cidadania e o pleno
desenvolvimento do educando que articula vários aspectos, como: a saúde, a
sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, o trabalho, a ciência,
dentre outros indispensáveis à formação integral do indivíduo, destacando no
artigo segundo: "Art. 2º A educação,
dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho". A LDB e os Parâmetros Curriculares Nacionais preocupam-se,
portanto, com o objetivo principal da educação na construção da cidadania.
Nesse sentido, a LDB, coaduna-se com o que postulam os Parâmetros a respeito da
sexualidade, uma vez que estes a concebem como parte
integrante na formação do educando em todos os níveis de aprendizagem. Isto
quer dizer que, a partir de 1996, as escolas passaram a contar com a
proposta inovadora em termos educativos, notadamente os PCN´s, elaborados pelo
Ministério da Educação com apoio de diversos especialistas, sendo de grande
utilidade não só para implantação dos conteúdos de sexualidade e saúde
reprodutiva, mas também na discussão de princípios democráticos como a
dignidade da pessoa humana, a igualdade de direitos, a participação e a co-responsabilidade
social (Brasil, 1997). Assim, a proposta é a de que os temas meio ambiente,
ética, pluralidade cultural, trabalho e consumo, educação sexual, devam ser
tratados de forma transversal, isto é, poderão ser abordados a qualquer momento
e por todas as disciplinas (Brasil, 1997). Neste documento, a sexualidade é
tratada como algo que faz parte da vida e da saúde de todas as pessoas e que se
expressa do nascimento até a morte, relacionando-se com o direito ao prazer e
ao exercício da sexualidade com responsabilidade, englobando as relações entre
homens e mulheres, o respeito a si mesmo e ao outro e às diferentes crenças,
valores e expressões culturais existentes numa sociedade democrática e
pretendendo contribuir para a superação de tabus e preconceitos que ainda
existem no contexto sociocultural brasileiro e que, de alguma maneira,
dificultam o exercício da cidadania (Brasil, 1997). Assim, o tema da Educação
Sexual foi dividido nos seguintes blocos de conteúdo: Corpo - Matriz da
Sexualidade; Relações de Gênero e Prevenção das DST/Aids. Sendo assim, Os PCN´s (Brasil, 1997) citam que a Orientação
Sexual deve ser abordada de duas formas,
quais sejam: dentro da programação, por meio dos conteúdos, ou seja,
transversalizados nas diferentes áreas do ensino; e extra programação, sempre
que surgirem questões relacionadas ao tema. Desse modo, os blocos de conteúdos
propostos para o Ensino Fundamental abarcam três eixos fundamentais que devem
nortear toda e qualquer intervenção do professor ao abordar o tema em sala de
aula, que são: O corpo: matriz da sexualidade, tratado como um todo integrado
em suas funções biológicas, afetivas, perceptivas e de relação social; as
relações de gênero, no sentido das representações sociais e culturais
construídas a partir da diferença biológica dos sexos; a prevenção às Doenças
Sexualmente Transmissíveis/AIDS, com ênfase na prevenção e na saúde, e não nas
doenças, a fim de não vincular a sexualidade à doença ou à morte. Esses
conteúdos apresentados pedagogicamente flexíveis, de forma a abranger as
necessidades específicas de cada turma, a cada momento. Para tanto, o documento
propõe que a relevância sociocultural deva ser um critério de seleção dos
conteúdos e que os professores, ao abordá-los nas escolas, levem em
consideração as dimensões biológicas, culturais, psíquicas e sociais, pois
sendo a sexualidade uma construção humana, esta se encontra marcada pela
história, pela cultura, pela ciência, assim como pelos afetos e sentimentos,
expressados com singularidade em cada sujeito (Brasil, 1997). Nesse sentido, o
trabalho denominado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Orientação
Sexual (Brasil, 1997), visa preencher lacunas nas informações que as crianças e
jovens apresentam, proporcionando informações atualizadas, do ponto de vista
científico, dando-lhes a oportunidade de formarem opiniões do que lhes é
apresentado, desenvolvendo atitudes coerentes com os valores que eles elegerem
como seus, ampliando os conhecimentos a respeito da sexualidade humana,
combatendo tabus, preconceitos, abrindo espaços para discussões de emoções e
valores, elementos fundamentais para a formação dos indivíduos responsáveis e
conscientes de suas capacidades. Os PCN’s (Brasil, 1997:120) mostram que
o trabalho de Orientação Sexual pode ser desenvolvido desde quando a criança
entra na escola, ou melhor, desde a alfabetização e se desenvolve ao longo de
toda a seriação escolar. Na verdade, não existe uma faixa etária
pré-determinada para que se desenvolva esse trabalho, pois as manifestações da
sexualidade infantil ocorrem desde muito cedo e são inerentes ao
desenvolvimento humano. Suas expressões mais freqüentes acontecem na realização
de carícias no próprio corpo, nas curiosidades sobre o corpo do outro, nas
brincadeiras com colegas, nas piadas, entre outras. Essas manifestações também
ocorrem no âmbito escolar e é necessário que a escola, enquanto instituição
educacional, posicione-se clara e conscientemente sobre as referências e
limites com os quais deve trabalhar as expressões da sexualidade da criança.
Conforme Nunes & Silva (200:51/2) Não
é necessário despejar um caminhão de informações à criança . Porém, o que não
pode ser justo é não satisfazer suas curiosidades com franqueza à medida que
elas forem surgindo. É importante conversar com as crianças numa linguagem que
elas dominem e que possam entender.(...) Enfim, é necessário ter respeito à
sexualidade infantil, o que significa respeitar a criança como um ser humano
completo em capacidade de amar. A proposta
defendida pelos PCN’s (Brasil, 1997) para o Ensino Fundamental visa contribuir
para que crianças e jovens possam desenvolver e exercer sua sexualidade com
prazer e responsabilidade, visando à promoção do bem-estar sexual, pautando-se
sempre pelo respeito por si e pelo próximo, buscando garantir a todos direitos
básicos, como: saúde, informações e conhecimento, elementos indispensáveis na
formação de cidadãos responsáveis e conscientes de suas capacidades. A
Orientação Sexual como tema transversal proposto pelos PCN’s deve ser entendido
como um processo de intervenção pedagógica, cujo objetivo é transmitir
informações, problematizar questões e ampliar o leque de conhecimento e opções
referentes à sexualidade, incluindo posturas, ideologias, crenças e tabus,
propiciando debates e discussões a ela relacionada, para que o próprio aluno
escolha seu caminho (Brasil, 1998). Os Parâmetros apontam uma transformação na
prática pedagógica, pois rompem a limitação da atuação dos educadores às
atividades formais e ampliam um leque de possibilidades para a formação do
educando (Brasil, 1997). Portanto, a Orientação Sexual destinada ao Ensino
Fundamental que os PCN’s denominam de Orientação Sexual, busca preencher
lacunas nas informações que as crianças e jovens apresentam, proporcionando
informações atualizadas do ponto de vista científico, dando-lhes a oportunidade
de formarem opiniões do que lhes é apresentado, desenvolvendo atitudes
coerentes com os valores que eles elegerem como seus, ampliando conhecimentos a
respeito da sexualidade humana, combatendo tabus, preconceitos, abrindo espaços
para discussões de emoções e valores, elementos fundamentais para a formação de
indivíduos responsáveis e conscientes de suas capacidades (Brasil, 1997). Assim
sendo, o trabalho de Orientação Sexual constitui um processo formal e
sistemático, o que envolve um espaço no currículo escolar. Isto quer dizer que
como todo e qualquer processo educativo apresenta efeitos e resultados
demorados, muitas vezes só são observados em longo prazo (Pauliv, 1999). Desta
feita, cabe à escola abrir um canal para o debate permanente com crianças e
jovens acerca das questões relacionadas à sexualidade, como bem explicita o
próprio PCN (1997:122), vez que esse tipo de trabalho exige planejamento e
intervenção por parte do profissional de educação, pois não deve limitar-se à
veiculação de informações de caráter puramente biológico, ou preventivo, no que
se refere somente ao controle das doenças sexualmente transmissíveis, abuso
sexual, gravidez e outros inconvenientes sociais, mas, do contrário, devem incluir
um questionamento mais amplo sobre o sexo e seus valores, seus aspectos
preventivos para o indivíduo como forma de exercício da cidadania. Desta forma,
deve-se salientar que a participação dos pais também é fundamental no processo
de Orientação Sexual, pois incentiva o processo de co-responsabilidade. O
fundamental é desenvolver um trabalho educativo positivo de valorização humana,
mesmo que limitado o seu alcance, através de uma intervenção pedagógica
adequada que possibilite a todos, capacidades de escolhas. Com isso, a
Orientação Sexual na escola deve ser trabalhada de forma contínua e integrada,
uma vez que seu estudo remete à necessidade de se recorrer a um conjunto de
conhecimentos relativos a diferentes áreas como: História, Antropologia, Sociologia,
Biologia, Psicologia e outras mais. Além disso, ela deve ocorrer num âmbito
coletivo, diferenciando-se de um trabalho individual de cunho psicoterapêutico
(Pauliv, 1999). Assim, a escola, neste sentido, na observação de Gaddotti (2000:41)
"(...) precisa atuar num cenário
policultural numa época de globalização da economia e das comunicações, de
acirramentos das contradições inter e intrapovos e nações, época do
ressurgimento do racismo e de certo triunfo do individualismo"
necessitando, portanto, de uma educação, uma ética e uma cultura da
diversidade. Tal colocação chama a atenção para que nesse contexto global, duas
dimensões, a seu ver, devem ser
destacadas, dentre as quais, a dimensão interdisciplinar, experimentando a
vivência de uma realidade global que se inscreva nas experiências cotidianas do
aluno, do professor e do povo, articulando o saber, o conhecimento, a vivência,
a escola, a comunidade, o meio ambiente, que é o objetivo da
interdisciplinaridade traduzida na prática por um trabalho escolar coletivo e
solidário; e uma dimensão internacional, engajando as crianças e adolescentes
para viver no mundo da diferença e da solidariedade entre diferentes,
preparando o cidadão para participar de uma sociedade planetária, sendo local,
como ponto de partida, internacional e intercultural como ponto de chegada
(Gadotti, 2000). Assim, a escola precisa fazer a síntese entre continuidade e
ruptura em relação à cultura de massa, partindo para respeitar a identidade
cultural das crianças e adolescentes populares (Gadotti, 2000). Neste sentido,
Zabala, (2002) defende a idéia de que os educadores devem oferecer um ensino
significativo e dinâmico para seus alunos, a partir de um prática
interdiciplinar, pois, se a educação é o meio para promover e conduzir as
pessoas a um maior e melhor conhecimento da vida, e para o desenvolvimento de
maiores habilidades, no sentido de resolver problemas, não se pode acomodar e
comungar com situações onde o aluno busca apenas a capacitação ou a formação
para o trabalho, ou para a ascensão a níveis cada vez mais elevados de
formação, sem interesse real por uma aprendizagem integrada acerca dos vários
saberes escolares. É a partir disso que Zabala (2002:39) defende que: Em síntese, podemos dizer que, ao organizar
os conteúdos de aprendizagem e ensino, podemos partir de modelos nos quais não
existe nenhum tipo de relação entre os conteúdos das diferentes disciplinas
(multidisciplinaridade); de modelos nos quais se estabelece algum tipo de
relação entre duas ou mais disciplinas (interdisciplinaridade) e, inclusive, de
modelos nos quais a aproximação ao objeto de estudo realiza-se prescindindo da
estrutura por disciplina (metadisciplinaridade) e cujo desenvolvimento didático
é abordado sob um enfoque globalizador. Neste caso, a multidisciplinaridade
é um conceito que pode ser compreendido como aquele que considera organização
do ensino e a prática pedagógica exercida na educação tradicional. Neste
contexto a organização dos conteúdos ocorre de forma independente, ou seja, não
há relação entre os conteúdos e as diferentes disciplinas (Zabala, 2002). Já a
pluridisciplinaridade é um termo que aponta para relação entre disciplinas mais
ou menos afins. Enquanto que a interdisciplinaridade pode ser compreendida como
a relação entre duas ou mais disciplinas e que referenda a transferência de
conceitos de uma disciplina para outra podendo ainda proporcionar a formação de
um novo conjunto de conceitos, portanto, de um novo corpo disciplinar (Zabala,
2002). No caso da transdiciplinaridade esta é conceituada por Zabala,
(2002:28-33) como o “grau máximo de
relações entre disciplinas, de modo que chega a ser um integração global dentro
de um sistema totalizador”. Ou seja, permite uma interpretação unificada do
conteúdo trabalhado e explica a realidade sem fragmentá-la. E mais, de acordo
com Zabala (2002: 28): “Nessa ação, para
conhecer ou realizar alguma coisa, o estudante precisa utilizar e aprender uma
série de fatos, conceitos, técnicas e habilidades que têm correspondência com
matérias ou disciplinas convencionais, além de adquirir uma série de novas
atitudes”. Finalmente, a metadisciplinaridade é compreendida como uma
abordagem que não referenda nenhuma relação entre as disciplinas, ou conteúdos.
Cada disciplina se desenvolve isoladamente das demais que compõem o currículo
escolar. (Zabala, 2002). Dessa forma, a Orientação Sexual oferecida pela
escola deve abordar as diversas mensagens transmitidas pela mídia (TV,
revistas, rádio etc.), família, amigos, escola e sociedade, auxiliando o aluno
a encontrar um ponto de auto-referência por meio da reflexão. Enfim, objetivo
geral de um trabalho de Orientação Sexual é permitir que crianças e
adolescentes entendam a sexualidade como um aspecto positivo da vida humana,
propiciando-se a livre discussão de normas e padrões de comportamento em
relação ao sexo e o debate das atitudes pessoais frente à própria sexualidade
(Pauliv, 1999) Sendo assim, o papel da escola é o de promover debates entre os
alunos, fornecendo informações claras e objetivas. A função da escola não é
dizer o que é “certo” ou “errado”, mas preparar o aluno para discriminar o que
é biológico, o que vem da cultura, das classes sociais a que pertence,
levando-o a assumir responsabilidades. Cabe, portanto, aos pais se posicionarem
claramente sobre o que consideram importante para seus filhos. Os Parâmetros
(Brasil, 1997), deixam claro que a função da escola é transmitir informações e
problematizar questões relacionadas à sexualidade, contribuindo para o
desenvolvimento de atitudes e valores baseados nos direitos humanos, nos
relacionamentos de igualdade, no bem-estar social e no respeito entre as
pessoas. É com essa intenção que os PCN’s (Brasil, 1997:123) prescrevem: (...) Se a escola que se deseja deve exercer uma
ação integradora das experiências vividas pelos alunos, buscando desenvolver o
prazer pelo conhecimento, é necessário que ela reconheça que desempenha um
papel importante na educação para a sexualidade ligada à vida, à saúde, (...)
que integra as diversas dimensões do ser humano. Assim sendo, a função da
escola é a de complementar o que o aluno traz de casa, suprir lacunas, combater
preconceitos e rever conceitos distorcidos. É com esse pensamento que Sayão
(1997:100) comenta que: “(...) Não há
dúvida alguma de que a escola desempenha um função na educação sexual de seus
alunos. O grande problema é que os seus representantes diretos entre os jovens,
os professores, nem sempre se dão conta disso em suas ações individuais e/ou
coletivas.” A escola é um espaço que formaliza o conhecimento, promove e
facilita a aprendizagem sobre o mundo. Ela é um espaço de convivência social,
amorosa e emocional seja da criança e/ou do adolescente, onde permanecem
grandes partes de suas vidas.
PAPEL, O PERFIL E A PRÁTICA DOCENTE NA
ORIENTAÇÃO SEXUAL – A prática pedagógica tem sido
requerida pelas exigëncias atuais que seja desenvolvida com competëncia e
qualidade, objetivando a integração e a inclusão. Com isso, entende-se que o
professor é o sujeito do processo de produção do conhecimento e uma referência
para o aluno, tendo em vista o seu papel na construção do conhecimento, na
formação de atitudes e valores do futuro cidadão que se forma dentro de uma
sala de aula. Neste tocante, é importante que o docente esteja desenvolvendo o
exercício constante de reflexão e o compartilhamento de idéias, sentimentos e
ações, acompanhado do aprimoramento e atualização dos seus conhecimentos e
formação, que seja capaz de se conceber como agente de mudanças do contexto
social, com uma atuação comprometida com as condições da escola e com a
qualidade de sua formação acadêmica, evitando os efeitos insatisfatórios das
práticas docentes perante a complexidade e impulsionando a busca de novos
saberes que, ao se cruzarem podem emitir sinais para a melhor compreensão da
escola e da prática nela realizada (Reato, 2001). Nesta tarefa, o professor vai
enfocando o processo de desenvolvimento com o objetivo próprio do processo de
reconstrução e reconstituição da experiência, caminhando na direção da melhoria
do processo permanente da eficiência individual. É preciso, então, entender que
a prática do professor, embora individual, sempre estará carregada das
condições político-sociais e institucionais, acompanhada sempre da compreensão
do contexto, numa visão mais ampla e alargada que deve estar presente na
reflexão sobre sua prática, além de seus esforços objetivando uma mudança de
prática individual que se articule com a mudança de sua situação profissional. Assim,
à medida que reflete sobre a sua ação, sobre sua prática, sua compreensão se
amplia, ocorrendo com análises, críticas, reestruturação e incorporação de
novos conhecimentos respaldando o significado e a escolha de ações posteriores,
sempre com o questionamento intrínseco de se saber por que ensina, para que
ensina, para quem e como ensina, ou seja, o professor precisa refletir sobre os
objetivos e as conseqüências do seu ensino desde a formação, robustecido das
qualidades essenciais na capacidade de solidarizar-se com os educandos, a
disposição de encarar dificuldades como desafios estimulantes, a confiança na
capacidade de todos de aprender e ensinar, conhecendo os educandos, suas
expectativas, cultura, características e problemas e suas necessidades de
aprendizagem, buscando conhecer cada vez melhor os conteúdos a serem ensinados,
atualizando-se constantemente. Mediante isso, é preciso que professor tenha
sempre em mente a necessidade de refletir permanentemente sobre sua prática,
buscando os meios de aperfeiçoá-la, com uma especial sensibilidade para
trabalhar com a diversidade, favorecendo a autonomia dos educandos,
estimulando-os a avaliar constantemente seus progressos e suas carências,
ajudando-os a tomar consciência de como a aprendizagem se realiza. Em sua
prática, é preciso que se mantenha altivo e flexível na condução de discussões, tornando-se relevante os aspectos de levantar
problemas e questões desafiantes que levem o grupo discutir e trazer à tona às
informações contidas na aula; recuperando conhecimentos, assuntos e temas já
vistos em etapas anteriores, fazendo conexões entre informações e conceitos;
estabelecendo relações com outras áreas de conhecimentos; contrapondo as
hipóteses diferentes dos alunos, fazendo com que eles defendam seu ponto de
vista e argumentem a favor dele utilizando textos e materiais que sirvam de
fonte para intermediar a discussão; trazendo e comparando hipóteses iniciais
apresentadas pelos alunos com as informações posteriormente pesquisadas e
analisadas nos diversos materiais pesquisados;
apresentando e analisando o mesmo fenômeno ou fato a partir de
diferentes interpretações ou pontos de vista; fazendo generalizações procurando
articular diversas informações; problematizando para que os alunos possam
apresentar novas hipóteses. Assim sendo, conforme Aquino (1997),
Vitiello (1997) e Suplicy et al (1999), não existe uma exigência profissional
específica para alguém exercer o papel de orientador sexual. No entanto, esses
estudiosos acreditam que a escolha mais adequada tem sido o próprio professor
ou professora, de preferência aquele ou aquela que tenha maior empatia pelo
aluno e que esteja em sintonia com a sua linguagem, de tal forma que seja capaz
de exercer autoridade com afetividade e não com autoritarismo. Isso leva a
entender que é o professor que convive com seus alunos, muitas vezes diariamente,
que conhece a forma como vivem em grupo, seus conflitos etc. Não é necessário,
assim, que seja um professor de Ciências, pois se tratando da sexualidade, o
conhecimento do corpo é importante, mas insuficiente para mudança de práticas e atitudes. Além disso,
não garante que o professor de Ciências tenha atitude e postura para ser um bom
Orientador Sexual. O que deixa como importante é que este professor ou
professora tenha abertura e receptividade como os alunos e interesse pelo tema.
É necessário portanto, que o educador ou educadora ao trabalhar a Orientação
Sexual na escola tenha capacidade de rever sua postura e seus conhecimentos
constantemente. Isto porque o orientador sexual é acima de tudo um educador que
observa e reflete para o grupo as diversas opiniões para que cada indivíduo se
torne capaz de ser sujeito de seu desenvolvimento emocional e sexual. Neste
sentido, Vitielo (1997:104), coloca
que: O professor ideal é aquele que
normalmente é o mais procurado pelos alunos para um conselho, ou um
esclarecimento, qualquer que seja a disciplina que ele habitualmente ministre,
pois, o simples fato de ser alvo de confiança dos jovens, já demonstra possuir
credenciais que o capacitam para exercer a atividade de educador sexual devendo
apenas ser adequadamente treinado. Deve ainda estar ele bem adequado com sua
sexualidade, tendo a coragem de desafiar seus próprios tabus e preconceitos,
reconhecendo suas próprias falhas. Nesse sentido, o orientador sexual
ideal é aquele que está aberto para questionamentos e predisposto a mudanças, a
escutar o aluno, reconhecendo seus limites, pois estes deverão ser encorajados
a expressar suas idéias e opiniões sem ter que dar depoimentos pessoais. Nesta
mesma direção Ribeiro (1990:33) observa que: O orientador sexual, por sua vez, deverá ter uma formação específica e
distinta, de maior duração, envolvendo aspectos desde conhecimentos teóricos a
serem transmitidos, até a aquisição de atitudes positivas e sadias em relação à
sexualidade, sua própria e de outrem, e da capacidade de tratar com
naturalidade as questões que serão abordadas. E o critério de seleção
indispensável é que o ‘candidato’ esteja interessado na temática e se sinta à
vontade para falar de sexo. Desse
modo, as principais características do professor facilitador do trabalho de
Orientação Sexual são: disponibilidade em lidar com o assunto e o compromisso
de estar atualizado com as informações referentes à sexualidade, bem como sobre
os recursos a serem usados pelos alunos. Por esta razão, o educador deve garantir
o respeito às diferenças, que é condição fundamental na viabilização do
trabalho de Orientação Sexual. Além disso, é preciso garantir a ética no
trabalho por parte dos alunos e do professor; bom senso; facilidade em dirigir
dinâmica de grupo; desejo por conhecimento do assunto; bom relacionamento com
os alunos e tranqüilidade em relação à sexualidade são algumas das condições
necessárias ao orientador. Nesta mesma linha, Suplicy et al (1998:33) observa
que: O papel do educador não é de impor a
conformidade a um determinado tipo de padrão de comportamento, mas sim o de
proporcionar novos conhecimentos, estimular o questionamento do que se sabe e
proporcionar o intercâmbio de opinião que levem às decisões individuais. O
educador deve propiciar o crescimento através da busca da verdade. Se o
educador se propuser a ensinar o “certo” e o “errado” ele se colocará na
posição de dono da verdade. Em suma, o que se quer dizer é que qualquer
professor ou professora poderá exercer esse papel, desde que tenha abertura
receptiva para o grupo e interesse pelo tema, despertando e encorajando o
educando a buscar apoio quando necessário e a participar como protagonista de
sua própria história.
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ZAN, R P. Educação sexual.
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