sábado, novembro 28, 2015

PRECONCEITO, LÉVI-STRAUSS, BLAKE, ZWEIG, RECIFE, BALLET, ÂNGELA & MUITO MAIS!!!!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? PRECONCEITO, Ó! XÔ PRÁ LÁ! - Eita, piara! Como o negócio anda morno pronto pra se agitar, quase apagando feito mandú que a gente empurra, empurra, dá sinal de vida e estanca de novo, precisando tornar a fazer força, debreando na segunda, pra ver se no tranco a coisa pega, tá na hora da coisa se ajeitar. Ô desmantelo bom! De mesmo, a coisa não está às mil maravilhas, nem no mormaço do roxo brabo. Tá não! Está na hora de se arregalar os olhos. Ah! Isso tá! Desempesta, ora! O pior é que a coisa empaca na manchete da moda e mais nada interessa fora disso. Todo mundo está discutindo a reforma disso ou daquilo - cada um que puxe pronde for mais conveniente -, cassa aqui, cassa acolá e nada sai do canto, tudo emperrado; desigualdade comendo no centro, os poderosos sendo preso – aliás, o que nunca vi na História do Brasilsilsilsilsilsilsilsil! Nunca vi banqueiro, empreiteiro, tubarão do rabo grosso, tudo preso, berrando com advogados na algibeira junto com juízes e desembargadores; funcionário público invocado para não se igualar aos da privada, violência do mesmo jeito, quer dizer, enfim, o Brasil continua o mesmo: paradoxal. Tudo parece se ajeitar, mas desembesta de vez. E a gente alimentando esperança. Ainda estou esperando o dia amanhecer com novidade sob sol: justiça de verdade, não casuísmo, nem oportunismo. Mesmo com tudo isso, parece que havendo afinal justiça, a injustiça continua reinando e a ser o principal problema do Brasil. Só que cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, cai cai balão, e nada muda. Parece que é só briga de reis, como os do tráfico: uns matando os outros para novo líder aparecer. Feito aquelas velhas lutas de titãs: cai um tirano na mão de outro e, quando vai ver, outro tirano pior assumia o poder. Abra o olho! E quando tudo isso se junta a outros comportamentos desagregadores - por exemplo, o do preconceito -, aí que o negócio enfeia mesmo. Nossa, fica mais breu que noite de invernada. O tal do preconceito é uma praga! Mesmo que se insista nos direitos e garantias fundamentais de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, bem como a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas; e muitos outros direitos e deveres individuais e coletivos, parece que está ou todo mundo mouco, ou ninguém sabendo ou fazendo não saber de nada. A discriminação é geral de branco com preto, com mulato, com cafuzo, com mameluco, com flamenguistas e todos entre si; de rico com pobre e ao contrário; de rockeiro com sambista e destes com todo o resto e se misturando com aquilo e aqueloutro; de neonazista com judeu, nordestino, homossexual e bote lenha; católico com protestante e de todos com budistas, xiitas, porralouquistas e saravás; de heterossexual com travestis, sadomazoques e camuflados mil; do metido a besta diplomado pelo ignorante; de abastados razoáveis com desafortunados absolutos; e por aí vai numa cambada de chatos sectários que engrossam as fileiras da cabilda dos pós-modernos. Vôte! Isso sem contar com a famigerada sede de maçarico no consumo - se pode consumir, tudo bem; se não, cai fora. Na verdade, é a lei de que você só vale pelo que tem e pelo mal que possa fazer. Nossa! É um sortimento de parelhas, grupelhos de panelinha e máfias segregadoras, capazes de fincar estaca no molho robusto que está do lado de fora da fuxicada esotérica deles. Maior charanga de exclusão. Isso é maior ainda e mais sentido na pele dos da terceira idade, dos PNE´s, ex-detentos, afrodescendentes, os acometidos por qualquer enfermidade, desempregados e, ainda principalmente, as mulheres. Nossa, nunca se viu tão reinante a possibilidade excludente quando se luta aguerridamente pela inclusão. A totalidade do inventário humano condena veementemente todas as atrozes injustiças que a história registrou ao longo dos tempos. Tudo que está registrado nos anais históricos causa a maior repulsa. E a indignação chega ao ponto de interrogar: como é possível ter isso acontecido? É verdade. A história dos vencedores não é tão gloriosa assim. Subjacente a esses louros todos, ainda ruge o sangue revoltado dos perdedores. Mas a hipocrisia reina desde antanho. O preconceito é vigente e flagrante nas mais diversas circunstâncias do cotidiano. Não se respeita a diferença, lamentavelmente. Fico, portanto, com a lição das mãos: quantos dedos temos na mão? Quantos deles são iguais? Se faltar um dedo, faremos a tarefa, mas com dificuldade. Significa, portanto, que todos, juntos, complementam-se para a realização da missão maior da mão: dar as mãos. Vamos? Aí, eu canto Entrega:  Dê-me a sua mão nessa rua, nossos sonhos são tantos que já nem sei seguir por veleidades. E vamos aprumar a conversa aqui.

 Imagem: Nus, da artista plástica Nelina Trubach-Moshnikova


Curtindo o álbum duplo da ópera Armide (Gesamtaufnahme - Naxos, 2007), do compositor franco--italiano Jean-Baptiste Lully (1632-1687).

PENSAMENTO SELVAGEM - A obra O pensamento selvagem (Papirus, 1989) do antropólogo belga Claude Lévi-Strauss (1908-2009), trata sobre a ciência do concreto, a lógica das classificações totêmica, os sistemas de transformações, totem e casta, categorias, elementos, espécies, números, universalização e particularização, o individuo como espécie, o tempo reencontrado, história e dialética, entre outros assuntos. Do livro destaco o trecho: Sem dúvida, existe qualquer coisa de paradoxal na ideia de uma lógica cujos termos consistem em sobras e em pedaços, vestígios de processos psicológicos ou históricos e, como tais, desprovidos de necessidade. Contudo, quem diz lógica diz instauração de relações necessárias. Mas como tais relações se estabeleceriam entre termos que nada destina a cumprir essa função? Só se podem encadear proposições de maneira rigorosa, se seus termos foram prévia e inequivocamente definidos. Não nos propusemos, nas páginas anteriores, a impossível tarefa de descobrir as condições de uma necessidade a posteriori? Mas, em primeiro lugar, essas sobras e pedaços assumem esse caráter apenas aos olhos da história que os produziu e não do ponto de vista da lógica a que servem. Somente em relação ao conteúdo que podem ser chamados heteróclitos, pois, no que concerne à forma, existe entre eles uma analogia que o exemplo do bricolage permitiu definir; essa analogia consiste na incorporação à sua própria forma de uma certa dose de conteúdo que é aproximadamente igual para todos. As imagens significantes do mito, os materiais do bricoleur, são elementos definíveis por um duplo critério: eles serviram, como palavras de um discurso que a reflexão mítica If desmonta", à maneira do bricoleur que cuida das peças de um velho despertador desmontado e eles ainda podem servir para o mesmo uso ou para um uso diferente, por pouco que sejam desviados de sua função primeira. Em segundo lugar~ nem as imagens do mito, nem os materiais do bricoleur provêm do puro devir. Esse rigor que parece lhes faltar quando os observamos no momento de seu novo uso possuíram-no outrora, quando faziam parte de outros conjuntos coerentes; e o que é mais~ eles o possuem sempre, na medida em que não são materiais brutos mas produtos já elaborados: termos da linguagem ou, no caso do bricolage, termos de um sistema tecnológico, portanto expressões condensadas de relações necessárias cujos limites repercutirão de diferentes maneiras sobre cada um de seus níveis de utilização. Sua necessidade não é simples e unívoca; ela existe, entretanto, como a invariância de ordem semântica ou estética que caracteriza o grupo de transformações a que se prestam e das que vimos não serem ilimitadas. Essa lógica trabalha um pouco à maneira do caleidoscópio, instrumento que também contém sobras e pedaços por meio dos quais se realizam arranjos estruturais. Os fragmentos são obtidos num processo de quebra e destruição, em si mesmo contingente, mas sob a condição de que seus produtos ofereçam entre si certas homologias: de tamanho, de vivacidade de cor, de transparência. Eles não têm mais um ser próprio em relação aos objetos manufaturados que falavam uma "linguagem" da qual se tomaram os restos indefiníveis; mas, sob um outro aspecto, devem tê-lo suficientemente para participar de maneira útil da formação de um ser de tipo novo: este consiste em arranjos nos quais, por um jogo de espelhos, os reflexos equivalem a objetos, vale dizer, nos quais signos assumem o lugar de coisas significadas; esses arranjos atualizam possibilidades cujo número, mesmo bastante elevado, não é todavia ilimitado, pois que é função de disposições e equilíbrios realizáveis entre corpos cujo número é por sua vez finito; enfim e sobretudo, esses arranjos engendrados pelo encontro de fatos contingentes (o giro do instrumento pelo observador) e de uma lei (a que preside a construção do caleidoscópio, que corresponde ao elemento invariante dos limites de que falávamos há pouco) projetam modelos de inteligibilidade de algum modo provisórios, pois que cada arranjo se exprime sob a forma de relações rigorosas entre as suas partes e essas relações têm como conteúdo apenas o próprio arranjo, ao qual, na experiência do observador, não corresponde nenhum objeto (se bem que seja possível que, por esse viés, determinadas estruturas objetivas sejam reveladas antes de seu supor- te empírico, ao observador que jamais as tenha visto antes, como por exemplo certos tipos de radiolárias e diatoméias). [...] Veja mais aqui.

RECIFE – Na obra Brasil, país do futuro (Nova Fronteira, 1981), do escritor, dramaturgo, jornalista e biografo austríaco Stefan Zweig (1881-1942), encontro a narrativa denominada Recife, a qual destaco a seguir: Com pesar, pois a Bahia é muitíssimo bonita, muitíssimo sedutora, embarco no avião que me leva para o norte, para a cidade de Pernambuco ou Recife ou Olinda. Qual dos nomes deverei usar? A cidade tem verdadeiramente três nomes. Quando negociantes despacham mercadorias para ela, a denominam Pernambuco Mas gosto dos velhos nomes das duas cidades irmãs, Recife e Olinda, as quais verdadeiramente já se fundiram em uma; há anos que me ressoa a melodia das três sílabas musicais “Olinda” e me recorda livros antigos e lendas da época remota em que essa cidade tinha um quarto nome: Mauricéia. Assim deveria chamar-se ela em homenagem a Maurício de Nassau, que a conquistou e queria fundar no Brasil uma pequena Amsterdam, com ruas muito limpas e um belo palácio de estilo holandês. Seu encomiasta, o erudito Barleus, transmitiu-nos as plantas e projetos num grande volume in-folio, único monumento que resta do domínio holandês. Em vão procurei em Recife o celebérrimo palácio, as poderosas cidadelas, as casas com suas colinas holandesas e os moinhos de vento que Maurício de Nassau trouxera como recordação da pátria; tudo havia desaparecido inteiramente. Do passado nada mais resta senão as velhas igrejas portuguesas de Olinda e umas poucas ruas coloniais com pouco movimento, tudo isso embelezado por uma paisagem amena e aprazível. Olinda nada tem da grandiosidade da Bahia, não tem a magnífica vista da cidade alta; é um encanto romântico inteiramente imerso na tranquilidade da natureza, um lugar cismador, há séculos sozinho consigo mesmo, e quase não olha para sua irmã, que é mais moça e mais cheia de vida. Recife é toda progresso e vida: possui um hotel que honraria qualquer localidade da América, um belo aeroporto, ruas modernas, e, quanto a serviços públicos modernos, está entre as primeiras cidades do Brasil. O prefeito da cidade está dando cabo dos mocambos, as choças de pretos, que acho tão românticas, e — tentativa muito digna de nota, fazendo construir para os proletários casas próprias. Eles recebem, para irem pagando lenta e suavemente, casinhas claras, e aprazíveis, com luz elétrica e boas instalações sanitárias; daqui a alguns anos ou decênios Recife será uma cidade modelar. Vemos em Recife muitos contrastes; da cidade antiga para a nova, da floresta para a cidade, em Recife, muitas vezes só há um passo. Nela nada é indiferente ou rotineiro e cada dia descobrimos outra coisa. [...] Despedida: Quem visita o Brasil, não gosta de o deixar. De toda a parte deseja voltar para ele. Beleza é coisa rara e beleza perfeita é quase um sonho. O Rio, essa cidade soberba, torna-o realidade nas horas mais tristes. Não há cidade mais encantadora na terra. Veja mais aqui.

PROVÉRBIOS DO INFERNO – No livro Poesia e prosa selecionadas (J. C. Ismael, 1984), do poeta, tipógrafo e pintor inglês William Blake (1757-1827), encontro o poema Provérbios do Inferno: No tempo de semeadura, aprende; na colheita, ensina; no inverno, desfruta. Conduz teu carro e teu arado sobre a ossada dos mortos. O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria. A Prudência é uma rica, feia e velha donzela cortejada pela Impotência. Aquele que deseja e não age engendra a peste. O verme perdoa o arado que o corta. Imerge no rio aquele que a água ama. O tolo não vê a mesma árvore que o sábio vê. Aquele cuja face não fulgura jamais será uma estrela A Eternidade anda enamorada dos frutos do tempo. À laboriosa abelha não sobra tempo para tristezas. As horas de insensatez, mede-as o relógio; as de sabedoria, porém, não há relógio que as meça. Todo alimento sadio se colhe sem rede e sem laço. Toma número, peso & medida em ano de míngua. Ave alguma se eleva a grande altura, se se eleva com suas próprias alas. Um cadáver não revida agravos. O ato mais alto é até outro elevar-te. Se persistisse em sua tolice, o tolo sábio se tornaria. A tolice é o manto da malandrice. O manto do orgulho, a vergonha. Prisões se constroem com pedras da Lei; Bordéis, com tijolos da Religião. A vanglória do pavão é a glória de Deus. O cabritismo do bode é a bondade de Deus. A fúria do leão é a sabedoria de Deus. A nudez da mulher é a obra de Deus. Excesso de pranto ri. Excesso de riso chora. O rugir de leões, o uivar de lobos, o furor do mar em procela e a espada destruidora são fragmentos de eternidade, demasiado grandes para o olho humano. A raposa culpa o ardil, não a si mesma. Júbilo fecunda. Tristeza engendra. Vista o homem a pele do leão, a mulher, o velo da ovelha. O pássaro um ninho, a aranha uma teia, o homem amizade. O tolo, egoísta e risonho, & o tolo, sisudo e tristonho, serão ambos julgados sábios, para que sejam exemplo. O que agora se prova outrora foi imaginário. O rato, o camundongo, a raposa e o coelho espreitam as raízes; o leão, o tigre, o cavalo e o elefante espreitam os frutos. A cisterna contém: a fonte transborda. Uma só idéia impregna a imensidão. Dize sempre o que pensas e o vil te evitará. Tudo em que se pode crer é imagem da verdade. Jamais uma águia perdeu tanto tempo como quando se dispôs a aprender com a gralha. A raposa provê a si mesma, mas Deus provê ao leão. De manhã, pensa, Ao meio-dia, age. Ao entardecer, come. De noite, dorme. Quem consentiu que dele te aproveitasses, este te conhece. Assim como o arado segue as palavras, Deus recompensa as preces. Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da instrução. Da água estagnada espera veneno. Jamais saberás o que é suficiente, se não souberes o que é mais que suficiente. Ouve a crítica do tolo! É um direito régio! Os olhos de fogo, as narinas de ar, a boca de água, a barba de terra. O fraco em coragem é forte em astúcia. A macieira jamais pergunta à faia como crescer; nem o leão ao cavalo como apanhar sua presa. Quem reconhecido recebe, abundante colheita obtém. Se outros não fossem tolos, seríamos nós. A alma de doce deleite jamais será maculada. Quando vês uma Águia, vês uma parcela do Gênio; ergue a cabeça! Assim como a lagarta escolhe as mais belas folhas para pôr seus ovos, o sacerdote lança sua maldição sobre as alegrias mais belas. Criar uma pequena flor é labor de séculos. Maldição tensiona: Benção relaxa. O melhor vinho é o mais velho, a melhor água, a mais nova. Orações não aram! Louvores não colhem! Júbilos não riem! Tristezas não choram! A cabeça, Sublime; o coração, Paixão; os genitais, Beleza; mãos e pés, Proporção. Como o ar para o pássaro, ou o mar para o peixe, assim o desprezo para o desprezível. O corvo queria tudo negro; tudo branco, a coruja. Exuberância é Beleza. Se seguisse os conselhos da raposa, o leão seria astuto. O Progresso constrói caminhos retos; mas caminhos tortuosos sem Progresso são caminhos de Gênio. Melhor matar um bebê em seu berço que acalentar desejos irrealizáveis. Onde ausente o homem, estéril a natureza. A verdade jamais será dita de modo compreensível, sem que nela se creia. Suficiente! ou Demasiado. Os Poetas antigos animaram todos os objetos sensíveis com Deuses e Gênios, nomeando-os e adornando-os com os atributos de bosques, rios, montanhas, lagos, cidades, nações e tudo quanto seus amplos e numerosos sentidos permitiam perceber. E estudaram, em particular, o caráter de cada cidade e país, identificando-os segundo sua deidade mental; Até que se estabeleceu um sistema, do qual alguns se favoreceram, & escravizaram o vulgo com o intento de concretizar ou abstrair as deidades mentais a partir de seus objetos: assim começou o Sacerdócio; Pela escolha de formas de culto das narrativas poéticas. E proclamaram, por fim, que os Deuses haviam ordenado tais coisas. Desse modo, os homens esqueceram que todas as deidades residem no coração humano. Veja mais aqui, aqui e aqui.

CHAPEUZINHO QUASE VERMELHO & PESENÇA DE GUEDES - A trajetória da premiadíssima e belíssima atriz do teatro, cinema e televisão Ângela Vieira começa com a peça teatral Chapeuzinho quase vermelho (1979), seguindo-se a História é uma história (1980), A nova era (1982), O parto da búfala (1982), Encouraçado botequim (1984), Um beijo, um abraço e um aperto de mão (1985), O peru (1986), Camas redondas, casais quadrados (1987), Tem um psicanalista na nossa cama (1989), Somente entre nós (1990), Ato cultural (1991), Se eu fosse você (1992), Meus prezados canalhas (1994), Salve amizade (1997), João de todos os sambas (1998), Divina saudade (2002), Mania de vocês (2002), e A presença de Guedes (2004). Ela realizou entre 1982 e 2000 uma série de espetáculos de rua, entre eles o espetáculo Fome Zero. Também atuou com sucesso na televisão deixando seu nome marca registrada de talento. Veja mais aqui.

MALIZIA – O filme Malizia (Malícia, 1973), dirigido pelo cineasta italiano Salvatore Samperi (1944-2009), conta a história de um comerciante, pai de três filhos, que contrata uma nova empregada, no mesmo dia do funeral da esposa. Essa empregada é uma bela mulher e uma excelente dona de casa, ideal para ser a nova esposa de do viúvo. Mas os dois filhos mais velhos também se interessam por ela; e se o filho de 18 anos, vê os seus avanços repelidos, o filho de 14 anos, faz uma corte insistente a ela e vai fazer tudo para frustrar os planos de casamento do pai. O destaque do filme vai para a memorável, premiadíssima e sempre belíssima atriz italiana Laura Antonelli (1941-2015). Veja mais aqui.

ENTREVISTA – Durante a realização da II Feira do Livro de Cambuquira (MG), a poeta e radialista Meimei Corrêa, realizou entrevista com a psicóloga, escritora e ativista cultural Katia Pinno, autora dos livros Lili, a estrela do mar (2007) e Sou Mulher (2009), ativista cultural que participa de eventos relacionados com o incentivo à leitura e a cultura, membro fundador da Academia de Artes, Ciências e Letras da Ilha de Paquetá, da Associação Profissional de Poetas do Estado do Rio de Janeiro, coordenadora do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLAR-Paquetá) e que ministra palestras ligadas à sua vasta experiência como psicoterapeuta e também na área literária. Veja detalhes da entrevista aqui.

IMAGEM DO DIA
Ballet Eliana Cavalcanti que se apresentará nos dias 05 e 06 de dezembro, às 16 e 19hs, no Teatro Gustavo Leite – Maceió – AL. Informações (82) 3241.1308 – 99910-3434.Vej mais aqui.

DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada ao professor Doutor em Estudos Literários, José Geraldo Batista, que leciona no curso de Letras do Centro Universitário de Caratinga (Unec-MG). Veja aqui.


sexta-feira, novembro 27, 2015

FECAMEPA, RADUAN, FILOLAU, ADRIENNE, DEPALMA, MIGUEL PAIVA, EFIGÊNIA & MUITO MAIS!


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? POR QUE BRASIL, HEM? (Texto originalmente publicado na antologia Guardados e contextos, organizada por Clarisse Maia-Guedes, Editora Guarajás, 2005). - O FECAMEPA - Festival de cagadas melando o país, o mais afuleirado genérico do legendário Febeapá -, passando a limpo tudo daqui, resolve, então, saber: por que Brasil, hem? Isso mesmo: por que Brasil? Bem, pelo menos se propõe a esclarecer a origem, razão e significado do nome, ou não, sempre levado pelo estímulo da doctilóquia sentença chacrínica: vim para confundir e não para explicar. De antemão, eita, parece que esta é mais uma lorota danada, daquelas só para provar que tudo aqui ou não se deve levar realmente a sério, ou como tudo que se planta dá, sem ter mesmo razão de ser ou jeito, melhor deixar como está, num é? É, mas vamos lá! Para começar, melhor esclarecer a origem do nome Brasil. Ih, depois que botei as ventas na direção de tão nobre empreitada, de uma coisa, precavido, eu me certifiquei: nossa, é uma confusão dos diabos. E olhe que quase que me arrependo desde o dia que nasci, quando me deparei com todo nó-cego, ajudado pela empáfia e esquisitice dos pesquisadores e pedantes de sempre. Foi mesmo, é que esses caras se empolgaram tanto, mas tanto tanto, que hoje a gente sabe que tem muita fuleragem e precisa checar direitinho, conferir no amiudado. Mas olhe só, nem esquente. Tudo isso se deu porque várias cordas de guaiamum puxaram cada uma das teorias para a sua banda, coisa bastante comum aqui, né não? Inclusive e indubitavelmente é isso que caracteriza tudo daqui, num é mesmo? Apois, então. De antemão, uma coisa eu confesso: o buruçu é tão de tão que não sei como tudo num se estraçalha de vez na puxada. A corda só aguenta porque o arrumadinho é tão levado no empinado do nariz e na empolgação que, no ajeitado da pinóia, tudo vira carnaval, maior mangação. Pois bem, para se ter ideia, de primeira, uns assinalam ser o Brasil de origem celta, breasail, significando príncipe. Eita, será? Hum, sei não. Vamos nessa. Outros acham que veio do sânscrito bradshita, palavra que não se deve repetir porque pode dar um nó na língua, xá pra lá. Ou do grego brázein, que significa ferver (hum... tá esquentando!). Ou também do baixo latim brasile que significa pegando fogo, em brasa mesmo (eita, tá melhorando!). Ou ainda do toscano verzino, representando pequenas lascas ou cavacos de pau-brasil, na expressão verzino di brasili e do vêneto berzi (hum.... sei não!). Achando pouco, remexem dizendo que não é nada disso, pois que veio do genovês brazil ou brezill que significa coisa fragmentada (ah, agora vai!). Para esculhambar tudo e muito mais, dizem que procede do germânico bras, que quer dizer carvão ardente (lascou, tição!). Moendo mais ainda empestam tudo alegando ser oriundo do aríaco parasil, que significa terra grande (êta, mundo véio, arrevirado e de porteira escancarada, sô! Talqualzinho mermo, oxente!). Para embananar mais, arrotam ser mesmo proveniente da expressão Hy-Brazail, uma ilha do Atlântico povoada pelos índios vermelhos, referida pelos antigos irlandeses (ah, agora sim!). Mas estão pensando que findou a remoeta toda, é? Nada, para ainda mais aumentar o cu-de-boi todo, vem os que defendem ser o nome vindo do tupi ibira-ciri (que significa pau eriçado, ôpa! pau arrepiado, eita!), isso por causa da Caesalpina echinata, uma madeira vermelha mais popularmente conhecida como pau-brasil que, por sinal, também é cheia de espinhos e eriçada. E, também, porque a citada madeira servia para a fabricação de corantes de tinturaria, nada mais raiz carnavalesca, né? Também insistem mesmo assim ainda ser do tupi-guarani, paraci, que significa mãe do mar, mãe da água. É mole? E não bastando mesmo, tudo sem considerar as lengalengas de Pindorama, Vera Cruz e Terra de Santa Cruz. Ufa, enfim, o que existe na verdade é uma porrada de hipóteses que ninguém sabe mesmo de onde é que vem o raio de nome. Para deixar tudo às claras, é importante frisar, portanto, que tudo no nome gira em torno de pau, ou de arrepiado ou de vermelho, fato que é considerável tendo em vista que quando o brasileiro não bota o pau nos outros, significa que eventualmente é enrabado. De outra, o que fica de mesmo, para mim, é que vem de Hy Breazil, a lendária ilha do Atlântico, porque li não sei onde nem me pergunte, que Brasil sempre trouxe a ideia de paraíso terrestre por causa da crença de que todos viviam felizes na misteriosa e paradisíaca ilha. E é natural enfatizar isso porque os europeus já sabiam muito antes de Cabral & Cia., do topônimo Brasil. E também é pertinente porque os maiorais da nação sempre tiverem quizília com qualquer relação avermelhada na nossa vida, por isso os aborígenes da ilha em referência, serem escanteados daqui: são conhecidos como os vermelhos, fato que enfurecia, enraivece e agoniará de chapa a mania anticomunista dos daqui (como se a nossa índole anarquista desse nisso um dia). E para acabar com a confusão, eu digo duas coisas: a primeira, na maior, é que o bom dessa zorra toda é a misturada dando caldo grosso na sopa apetitosa daqui. E, a segunda, digo sem perder a piada na bucha: que é mais preferível admitir que o nome Brasil surgiu mesmo, digamos assim, como de costume, pela mesma circunstância que ele foi invadido, redescoberto, colonizado, virou república, eternizou a zona e é conduzido até hoje: por uma cagada da porra! É ou num é? E ponto final! Pronto, vamos aprumar a conversa aqui, aqui e aqui.

 Imagem: Naakt op divan, do artista plástico holandês Jan Sluyters (1881-1957)


Curtindo o álbum Cello Concertos (Olympia Records, 2003), com obras do compositor alemão Robert Schumann (1810-1856) e do compositor e jornalista russo-americano Alfred Schnittke (1934-1998), na interpretação da violoncelista russa Natalia Gutman & The London Phillarmonic.

O LIMITADO E O ILIMITADO – O filósofo pitagórico Filolau de Crotona viveu no sul da Itália, por volta do século V aC., foi mestre de Democrito e de Arquitas. Diz-se que, obrigado pela pobreza, escreveu um livro sobre a doutrina pitagórica, fato que se reveste da máxima importância porque os fragmentos que chegaram até o presente, representando o mais antigo testemunho escrito sobre a doutrina pitagórica. Esse livro exerceu influencia no pensamento de Platão. Do seu pensamento recolheu-se que: [...] O cosmos é um e começou a vir a ser a partir do centro, e do centro para cima, nos mesmos intervalos de distância que os de baixo. Pois o que está acima do centro se encontra em oposição ao que está abaixo; pois para o que está muito baixo o que está no cetro constitui o mais alto, e assim o restante. Pois com o centro ambos estão nas mesmas relações, apenas invertidos. [...] Há quatro princípios no ser racional: cérebro, coração, umbigo e órgãos genitais. Cabeça é o princípio da inteligência; coração, da alma e da sensação; umbigo, do enraizamento e crescimento do embrião; e os órgãos genitais, da emissão do sêmen e da criação. O cérebro indica o princípio do homem; o coração, o do animal; o umbigo, o da planta; e os órgãos genitais, o de todos eles. Pois tudo floresce e cresce de um sêmen. [...] Com natureza e harmonia, dá-se o seguinte: a essência das coisas, que é eterna, e a própria natureza requerem conhecimento divino e não humano, e seria absolutamente impossível que alguma das coisas existentes se tornasse conhecida por nós, se não existisse a essência das coisas das quais se constituiu o cosmos, tanto nas limitadas como nas ilimitadas. [...]. Veja mais aqui , aqui e aqui.

UM COPO DE CÓLERA – Na obra Um copo de cólera (Companhia das Letras, 2013), do escritor Raduan Nassar, destaco o trecho Na cama: Por uns momentos lá no quarto nós parecíamos dois estranhos que seriam observados por alguém, e este alguém éramos sempre eu e ela, cabendo aos dois ficar de olho no que eu ia fazendo, e não no que ela ia fazendo, por isso eu me sentei na beira da cama e fui tirando calmamente meus sapatos e minhas meias, tomando os pés descalços nas mãos e sentindo-os gostosamente úmidos como se tivessem sido arrancados à terra naquele instante, e me pus em seguida, com propósito certo, a andar pelo assoalho, simulando motivos pequenos pra minha andança no quarto, deixando que a barra da calça tocasse ligeiramente o chão ao mesmo tempo que cobria parcialmente meus pés com algum mistério, sabendo que eles, descalços e muito brancos, incorporavam poderosamente minha nudez antecipada, e logo eu ouvia suas inspirações fundas ali junto da cadeira, onde ela quem sabe já se abandonava ao desespero, atrapalhando-se ao tirar a roupa, embaraçando inclusive os dedos na alça que corria pelo braço, e eu, sempre fingindo, sabia que tudo aquilo era verdadeiro, conhecendo, como conhecia, esse seu pesadelo obsessivo por uns pés, e muito especialmente pelos meus, firmes no porte e bem-feitos de escultura, um tanto nodosos nos dedos, além de marcados nervosamente no peito por veias e tendões, sem que perdessem contudo o jeito tímido de raiz tenra, e eu ia e vinha com meus passos calculados, dilatando sempre a espera com mínimos pretextos, mas assim que ela deixou o quarto e foi por instantes até o banheiro, tirei rápido a calça e a camisa, e me atirando na cama fiquei aguardando por ela já teso e pronto, fruindo em silêncio o algodão do lençol que me cobria, e logo eu fechava os olhos pensando nas artimanhas que empregaria (das tantas que eu sabia), e com isso fui repassando sozinho na cabeça as coisas todas que fazíamos, de como ela vibrava com os trejeitos iniciais da minha boca e o brilho que eu forjava nos meus olhos, onde eu fazia aflorar o que existia em mim de mais torpe e sórdido, sabendo que ela arrebatada pelo meu avesso haveria sempre de gritar “é este canalha que eu amo”, e repassei na cabeça esse outro lance trivial do nosso jogo, preâmbulo contudo de insuspeitadas tramas posteriores, e tão necessário como fazer avançar de começo um simples peão sobre o tabuleiro, e em que eu, fechando minha mão na sua, arrumava-lhe os dedos, imprimindo-lhes coragem, conduzindo-os sob meu comando aos cabelos do meu peito, até que eles, a exemplo dos meus próprios dedos debaixo do lençol, desenvolvessem por si sós uma primorosa atividade clandestina, ou então, em etapa adiantada, depois de criteriosamente vasculhados nossos pelos, caroços e tantos cheiros, quando os dois de joelhos medíamos o caminho mais prolongado de um único beijo, nossas mãos em palma se colando, os braços se abrindo num exercício quase cristão, nossos dentes mordendo ao outro a boca como se mordessem a carne macia do coração, e de olhos fechados, largando a imaginação nas curvas desses rodeios, me vi também às voltas com certas práticas, fosse quando eu em transe, e já soberbamente soerguido da sela do seu ventre, atendia precoce a um dos seus (dos meus) caprichos mais insólitos, atirando em jatos súbitos e violentos o visgo leitoso que lhe aderia à pele do rosto e à pele dos seios, ou fosse aquela outra, menos impulsiva e de lenta maturação, o fruto se desenvolvendo num crescendo mudo e paciente de rijas contrações, e em que eu dentro dela, sem nos mexermos, chegávamos com gritos exasperados aos estertores da mais alta exaltação, e pensei ainda no salto perigoso do reverso, quando ela de bruços me oferecia generosamente um outro pasto, e em que meus braços e minhas mãos, simétricos e quase mecânicos, lhe agarravam por baixo os ombros, comprimindo e ajustando, área por área, a massa untada dos nossos corpos, e ia pensando sempre nas minhas mãos de dorso largo, que eram muito usadas em toda essa geometria passional, tão bem elaborada por mim e que a levava invariavelmente a dizer em franca perdição “magnífico, magnífico, você é especial”, e eu daí entrei pensando nos momentos de renovação, nos cigarros que fumávamos seguindo a cada bolha envenenada de silêncio, quando não fosse ao correr das conversas com café da térmica (escapávamos da cama nus e íamos profanar a mesa da cozinha), e em que ela tentava me descrever sua confusa experiência do gozo, falando sempre da minha segurança e ousadia na condução do ritual, mal escondendo o espanto pelo fato de eu arrolar insistentemente o nome de Deus às minhas obscenidades, me falando sobretudo do quanto eu lhe ensinei, especialmente da consciência no ato através dos nossos olhos que muitas vezes seguiam, pedra por pedra, os trechos todos de uma estrada convulsionada, e era então que eu falava da inteligência dela, que sempre exaltei como a sua melhor qualidade na cama, uma inteligência ágil e atuante (ainda que só debaixo dos meus estímulos), excepcionalmente aberta a todas as incursões, e eu de enfiada acabava falando também de mim, fascinando-a com as contradições intencionais (algumas nem tanto) do meu caráter, ensinando entre outras balelas que eu canalha era puro e casto, e eu ali, de olhos sempre fechados, ainda pensava em muitas outras coisas enquanto ela não vinha, já que a imaginação é muito rápida ou o tempo dela diferente, pois trabalha e embaralha simultaneamente coisas díspares e insuspeitadas, quando pressenti seus passos de volta no corredor, e foi então só o tempo de eu abrir os olhos pra inspecionar a postura correta dos meus pés despontando fora do lençol, dando conta como sempre de que os cabelos castanhos, que brotavam no peito e nos dedos mais longos, lhes davam graça e gravidade ao mesmo tempo, mas tratei logo de fechar de novo os olhos, sentindo que ela ia entrar no quarto, e já adivinhando seu vulto ardente ali por perto, e sabendo como começariam as coisas, quero dizer: que ela de mansinho, muito de mansinho, se achegaria primeiro dos meus pés, que ela um dia comparou com dois lírios brancos. Veja mais aqui.

INICIO, AGOSTO, DA PRISÃO – No libro The Dream of a Common Language – Poems 1974/1977 (Norton, 1978), da poeta, feminista e professora Adrienne Rich (1929-2012), destaco inicialmente o poema Início: Viver na insônia / sob o gesso cheio de cicatrizes / enquanto o gelo se forma sobre a terra / num momento em que nada pode ser feito / para cumprir qualquer decisão / para conhecer a composição do fio / dentro do corpo da aranha / primeiro os átomos da teia / visíveis da manhã / sentir o flamejante futuro / de cada palito de fósforo na cozinha / nada pode ser feito / senão aos poucos. Transcrevo minha vida / hora por hora, palavra por palavra / contemplando a ira de velhas no ônibus / numerando as estrias / de ar dentro dos cubos de gelo / imaginando a existência de alguma coisa incriada / este poema / nossas vidas. / Um homem está dormindo no quarto ao lado / nós somos seus sonhos / nós temos cabeças e seios de mulher / os corpos de aves de rapina / às vezes viramos serpentes prateadas / enquanto ficamos acordadas fumando e conversando sobre a vida / ele se vira na cama e murmura / um homem está dormindo no quarto ao lado / uma neurocirurgiã ingressa em seu sonho / e começa a dissecar seu cérebro / ela não parece uma enfermeira, / está absorvida em seu trabalho / e tem um rosto austero e delicado como o de Maria Curie / ela não é / podia ser uma de nós / um homem está dormindo no quarto ao lado / ele levou um dia inteiro / de pé, lançando pedras no lago escuro / que mantém sua escuridão / fora da moldura de seu sonho nós tropeçamos morro acima / de mãos dadas, tropeçando e guiando uma a uma a outra / sobre a pedra vulcânica cheia de cicatrizes. Também o poema Agosto: Dois cavalos na luz amarela / comendo, debaixo duma árvore, maçãs derrubadas pelo vento / enquanto o verão se desfaz, as plantas cambaleiam / e a relva fica crestada / dizem que há ions no sol / neutralizando campos magnéticos na terra / que maneira de explicar / o que foi esta semana e a que a precedeu! / Se eu sou carne tostando sobre pedras / se eu sou cérebro queimando na luz fluorescente / se eu sou sonho como um fio flamante / pulsando com ele / se eu sou morte para o homem / preciso sabê-lo / sua mente é simples demais. Não posso continuar / compartilhando seus pesadelos / os meus próprios tornam-se mais claros, abrem-se / para a pré-história / que parece um vilarejo aceso com sangue / onde todos os pais estão gritando: Meu filho me pertence! Por fim o poema Da prisão: Sob minhas pálpebras outro olho se abriu / e olha cruamente / a luz / que penetra vindo do mundo da dor / mesmo enquanto durmo / fixamente ele encara / tudo que eu enfrento / e mais / ele vê os cassetetes e as coronhas / levantando e baixando / ele vê / o detalhe que a TV não mostra / os dedos da polícia feminina / esquadrinhando a boceta da jovem prostituta / ele vê / as baratas caindo dentro da panela / onde preparam carne de porco / no presídio / ele vê / a violência / encravada no silêncio / este olho / não é para chorar, / sua visão / deve ser nítida / apesar das lágrimas em meu rosto / seu objetivo é lucidez / nada deve ser esquecido. Veja mais aqui.

A ARTE DO ATOR – No livro A aprendizagem do ator (Ática, 1986), de Antonio Januzelli - Janô, encontro a parte denominada A arte do ator, a qual destaco: O ator em cena atua sempre em sua própria pessoa. Ele não fala de uma personagem imaginária. Sua arte consiste em se por numa situação análoga à da personagem, acrescentando novas suposições e deixando-se envolver por sua natureza inteira: intelectual, física, emocional e espiritual. O objetivo do ator é transmitir suas ideias e sentimentos usando suas próprias emoções, sensações, instintos, sua experiência pessoal de vida, mostrando seus próprios traços, sempre os mais íntimos e secretos, sem ocultar nada. O ator deve comparar os atos da personagem a fatos semelhantes em sua vida, que lhe são familiares. Stanislavski cita um exemplo: Chatski, personagem de um texto russo, é um homem apaixonado. O que faz um homem apaixonado quando, depois de ausente por vários anos, retorna para ver a amada? Que faria o ator, enquanto individuo, se fosse Chatski? Ele deve falar por si mesmo, como alguém colocado nas circunstancias da personagem Chatski. O ator deve encontrar na alma do papel um fragmento de si mesmo, de sua alma, de seus desejos; deve atacar o papel como ele mesmo, segundo a vida, sua, aqui e aqui, e não segundo apenas instruções do autor nem de acordo com os carimbos convencionais. [...] Veja mais aqui, aqui e aqui.

BODY DOUBLE – O suspense Body double (Dublê de corpo, 1984), dirigido pelo cineasta estadunidense Brian DePalma, explora a desordem psíquica e assassinatos, contando a história de um ator de filmes de de terror de segunda categoria, desempregado e claustrofóbico, começa a sentir uma descontrolada obsessão por uma mulher que se despe na janela, no prédio em frente. Mas, vendo que ela está com problemas, ele decide ajudá-la, sem perceber que ele sem querer entra em um jogo de perversão. O destaque do filme é em dose dupla: a premiada atriz estadunidense Melanie Griffith e a também atriz e rainha da beleza estadunidense Deborah Shelton, esta última ex-Miss USA. Veja mais aqui.
 

IMAGEM DO DIA
Sandrão Nua & Crua, do cartunista, escritor, diretor de arte, autor de teatro, ilustrador, publicitário, roteirista e jornalista Miguel Paiva. Veja mais aqui.

DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à poetamiga carioca radicada em Santa Catarina, Efigênia Coutinho Mallemont. Veja aqui.

 

quinta-feira, novembro 26, 2015

CINEMA, SAUSSURE, BEDINGFIELD, SINGER, BIDAL, ARIZABALO, BISMARCK, KORYTOWSKI & MUITO MAIS.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? VOU PRO CINEMA – Era eu ainda menino quando vi pela primeira vez um filme no cinema. Era Chaplin, O vagabundo. Fiquei apaixonado por Carlitos e sempre queria que meu pai me levasse para assisti-lo nos cinemas da minha cidadezinha de interior. Vi todos os filmes dele, os quais passaram nas matinês que não perdia todo final de semana no Teatro Cinema Apolo ou no Cine São Luiz. Depois foi a vez de Buster Keaton, Harold Lloyd, Teixeirinha, Mazzaropi, Jerry Lewis, muitos faroestes, comédias, dramas. O fascínio foi tão grande que não mais deixei de ir a todos os filmes que chamasse a atenção. Em toda minha infância e adolescência, não deixava de ver películas as mais diversas. Isso ampliava o rol das minhas predileções e, talvez, tenha sido o meu primeiro contato com a poesia, levando-me a escrever quadrinhas inocentes todo dia para a professora da escola do primário; ou contando histórias e inventando mentiras cabeludas para aparecer nas brincadeiras; ficar solando no bucho uma guitarra invisível sonhando de olhos abertos como se estivesse no glamour do palco num show musical; e de representar personagens horrorosos pra meter medo nas crianças menores; era que eu gostava mesmo de contar histórias e estórias, e usava das minhas mais incipientes noções teatrais, musicais e literárias, para inventá-las ao bel prazer, sem pés nem cabeça. Os personagens, as tramas, as imagens, a música, tudo me dava ideia da vida em movimento, o que me fazia cada vez mais próximo do invento dos irmãos Lumiére e das demais expressões artísticas, chamando-me atenção para o roteiro, os cortes, closes, conduzindo-me a um olhar mais agudo da condição humana, como da descoberta do simbólico e do imaginário. Eu me deixava passageiro seguindo à própria sorte do enredo nessa experiência radical que me colocava frente a frente com Eros e Tânatos, e com as verdades mais recônditas da alma na sua lógica particular e na expressão do inconsciente coletivo. Quando me casei aos 15 anos, fui emancipado pela Lei e pude, então, assistir todos os filmes da Nouvelle vague e os escandalosos filmes de Pasolini e Peter Greenaway. Foi nesse tempo que tive acesso às leituras de Nietzsche, Walter Benjamim, Freud, Jung e Derrida e, por conta disso mesmo, aproveitava, no Recife, para ir quase todo dia pras sessões do Cine Arte AIP, não perdendo sessões nem lançamentos importantes noutros cinemas da cidade, como os de Fellini, Buñuel, Saura, Antonioni, Malle, Trufaut, Polanski, Godard, Kurosawa, Coppola, Lars von Trier e Almodóvar, entre muitos outros. Lembro que quando surgiram os videocassetes, eu pegava uns dez pra assistir nos finais de semana. O mesmo quando apareceram os dvds. Ainda hoje sou apaixonado pela telona e quase na condições de cinéfilo, não consigo passar uma semana sem que possa apreciar um bom filme, razão pela qual sempre destaco aqui diariamente um entre os filmes que já tive oportunidade de assistir. E veja mais aqui

Imagem: Nu, do artista plástico realista francês Javier Arizabalo.


Curtindo o álbum Strip Me (Sony, 2010), da cantora e compositora pop britânica Natasha Bedingfield, participante ativa de campanhas por causas humanitárias ao redor do mundo, conhecida por seu trabalho com crianças na campanha Stop the Traffik da instituição de caridade de sua mãe, chamada Global Angels.

AS PALAVRAS SOB AS PALAVRAS – A obra As palavras sob as palavras – os anagramas de Ferdinand Saussure (Abril, 1978), do linguista suíço Ferdinand Saussure (1857-1913), trata a respeito de hipograma, aliteração, hemistíquios, timbres, assonâncias, anagrama, anafonia, paronomásia, paragrama, paratexto, antigrama, logograma, simetria fônica, poesia homérica, entre outros assuntos atinentes à linguagem. Da obra destaco o trecho inicial: [...] absolutamente incompreensível se eu não fosse obrigado a confessar-lhe que tenho um horror doentio pela pena, e que esta redação me causa um suplicio inimaginável, completamente desproporcional à importância do trabalho. Para mim, quando se trata de linguística, isto é acrescido pelo fato de que toda teoria clara, quanto mais clara for, mais inexprimível em linguística ela se torna, porque acredito que não exista um só termo nesta ciência que seja fundado sobre uma ideia clara e que assim, entre o começo e o fim de uma frase, somos cinco ou seis vezes tentando refazê-la. [...] A língua só é criada com vistas ao discurso, mas o que separará o discurso da língua ou o que, num dado momento, permitirá dizer que a língua entra em ação como discurso? Conceitos variados estão disponíveis na língua (isto é, revestidos de uma forma linguística) tais como boeuf, lac, ciel, rouge, triste, cinq, fendre, voir. Em que momento, ou em virtude de qual operação, de qual jogo que se estabelece entre elas, de quais condições formarão estes conceitos o discurso? A sequencia destas palavras, por mais rica que seja pelas ideias que evoca, não indicará jamais a um ser humano que um outro individuo ao pronunciá-las, queira significar-lhe alguma coisa. O que é preciso para que tenhamos a ideia de que queremos significar alguma coisa, usando termos que estão disponíveis na língua? [...]. Veja mais aqui e aqui.

O SACRÍFICIO – O livro No tribunal de meu pai – crônicas autobiográficas (Companhia das Letras, 2008), do escritor polonês Isaac Bashevis Singer (1902-1991), conta a historia ocorrida no início do século XX, no qual os moradores da rua Krochmalna, no velho bairro judeu de Varsóvia, acorriam à modesta casa de número 10 em busca de solução para problemas. Ali, vez ou outra, apareciam casais à procura de matrimônio ou separação, credores e devedores à cata de solução justa para suas pendências, além de manifestações misteriosas que demandavam explicação, como a de gansos que, mesmo mortos, não paravam de grasnar. Religiosas ou mundanas, deste ou de outro mundo, essas questões eram submetidas a uma antiga instituição judaica, o tribunal rabínico - mescla de corte de justiça, sinagoga, casa de estudos e consultório psicanalítico. O da Krochmalna era presidido pelo rabino Pinhos-Mendel, pai do autor da obra, e funcionava em sua própria casa. Nestas memórias o autor recria o ambiente em que cresceu, rico em histórias e personagens a um só tempo divertidos e comoventes. Da obra destaco o trecho denominado O sacrifício: Há neste mundo indivíduos muito estranhos, cujos pensamentos são ainda mais singulares que eles próprios. Em nossa casa em Varsóvia - na rua Krochmalna, número 10 -, dividindo o hall de entrada conosco, vivia um casal de anciãos. Eram pessoas simples. O homem era artesão, ou talvez vendedor ambulante, e seus filhos já estavam todos casados. Contudo os vizinhos diziam que, apesar da idade avançada, os dois continuavam apaixonados. Todo sábado à tarde, após o cholent, saíam para passear de braços dados. Na mercearia, no açougue - aonde quer que fosse fazer compras -, a mulher só falava do homem: "Ele gosta de feijão... ele gosta de um bom pedaço de carne... ele gosta de vitela...". Há mulheres assim, que vivem falando de seus maridos. Ele, por sua vez, estava sempre dizendo: "Minha mulher". Minha mãe, descendente de várias gerações de rabinos, implicava com o casal. A seus olhos, tal comportamento era uma demonstração de vulgaridade. Mas no fim das contas, o amor - sobretudo entre duas pessoas idosas-não pode ser tão facilmente repudiado. De repente começou a correr um boato que escandalizou a todos: os dois velhos pretendiam divorciar-se! A Krochmalna ficou em polvorosa. O que significava aquilo? Como podia ser? As moças torciam as mãos: "Mamãe, não estou me sentindo bem! Acho que vou desmaiar!". Mulheres maduras proclamavam: "É o fim do mundo". As mais enfezadas maldiziam os homens: "Ora, se não são piores que animais!". Logo a rua foi convulsionada por uma notícia ainda mais ultrajante: o casal iria se divorciar para que o velho pecador pudesse se casar com uma mocinha. Não é difícil imaginar a profusão de pragas rogadas contra o homem: uma queimação na barriga, dores em seu coração negro, um braseiro nas entranhas, um braço e uma perna quebrados, uma pestilência, o castigo dos céus! O mulherio não economizava nas imprecações, vaticinando que o bode velho não chegaria vivo ao dia do casamento - em vez do dossel de núpcias, depararia um ataúde preto. Nesse ínterim, em nossa casa, a verdade veio à tona. A velha procurou minha mãe e falou-lhe em termos tais que o rosto pálido de mamãe enrubesceu de constrangimento. Apesar de ela ter tentado me despachar para longe dali, a fim de que eu não escutasse, acabei escutando, pois estava ardendo de curiosidade. A mulher jurava que amava o marido mais do que qualquer outra coisa no mundo. "Cara senhora", argumentava ela, "eu daria minha vida para salvar uma unha dele que fosse. Pobre de mim, estou velha - sou um trapo de gente -, mas ele, ele ainda é um homem. E precisa de uma mulher. Por que obrigá-lo a carregar esse fardo? Enquanto nossos filhos viveram conosco, era preciso ter cuidado. As pessoas falariam. Mas agora o que elas dizem me preocupa tanto quanto o miado de um gato. Já não preciso de marido, porém ele - oxalá continue assim-é como um jovem. Ainda pode ter filhos. E agora encontrou uma moça que o quer. Ela tem trinta e poucos anos; é a hora dela de também ouvir a música das bodas. Além do mais, é órfã e trabalha como criada numa casa; será boa para ele. Com ela, ele gozará a vida. Quanto a mim, não passarei necessidade. Ele garantirá meu sustento, e eu sempre ganho alguns trocados vendendo badulaques. De que preciso na minha idade? Só quero que ele seja feliz. E ele me prometeu que - após cento e vinte anos, quando chegar a hora - jazerei a seu lado no cemitério. Voltarei a ser sua mulher no outro mundo. No Paraíso, servirei de escabelo para seus pés. Está tudo combinado." A mulher viera a fim de, simplesmente, pedir a meu pai que cuidasse do divórcio e celebrasse o matrimônio. Minha mãe tentou dissuadi-la. Como as outras mulheres, ela via naquele caso uma afronta ao sexo feminino. Se todos os homens de idade dessem para se divorciar de suas esposas e casar-se com mocinhas, em que bonito estado ficaria o mundo. Mamãe disse que a idéia toda era evidentemente obra do Diabo e que tal amor era uma coisa impura. Chegou a citar um dos livros de ética. Porém aquela mulher simples também sabia citar as Escrituras. Lembrou a minha mãe que Raquel e Lia haviam dado suas servas Bala e Zelfa como concubinas a Jacó. [...]. Veja mais aqui.

OS POEMAS QUE ELA FEZ PRA MIM – No seu maravilhoso blog Baú de Ilusões, a queridamada poeta e radialista Meimei Corrêa expõe seu talento e comete alguns belos poemas, entre eles, alguns com os quais ela me agraciou com o prêmio da dedicatória e vários deles reunidos no Momento de Poesia do seu espaço. Destaco os poemas sem título a seguir: I - Cubra-me com teu canto, meu encanto, no espanto das estrelas que se perdem em nosso universo. Cubra-me com tua poesia, minha alegria, na alegoria das flores nos jardins que bailam em nossos sonhos. Cubra-me com teu corpo que te sorvo nas horas serenas das noites, nos espaços inventados dos dias, meu açoite, minha lei... E te deixo com meus traços de paixão quando te afastas, para que não te esqueças dos sabores, dos nossos rumores, gozos e prazeres até que voltes e tudo aconteça novamente... II - Teu toque em minha pele permeou-me o corpo e tomou minha alma, arrebatou-me o coração, arrancou-me a calma e não foram necessárias tantas palavras... Levaste as chaves de todo o meu tesouro, meu mundo, guardado em poesia para cobrir-te os caminhos com nossa paixão mútua, cumplicidade que se estende todos os dias, quando surge o sol, a lua e todas as estrelas que nem mesmo o céu as tem. III -  Eu te dei tudo de mim: a alma, a identidade, os sonhos, o sono e a vigília, a inspiração e todas as rimas... Adormeci ainda menina, romântica, solta na imaginação. Acordei mulher, selvagem, presa nos teus quereres, rainha no teu reino de mil sonhares em mim. Tu me roubas nas madrugadas... Tu me prendes em tuas manhãs... Tu me tens em cada segundo do teu existir que é meu... IV - E tu me sondas enquanto durmo regada do teu amor ardente, vigiada pelo teu olhar vermelho de paixão incandescente, desejos que se resguardam por instantes, enquanto o sono toma conta do meu corpo que é teu. E tu me esperas acordar em teus braços que me amparam os sonhos e a minha respiração se mistura ao teu odor delicioso, pele de seda, sonho de vida, vida de amor... Você é minha jóia rara, e eu busquei sempre alcançar todas as estrelas para transformar o seu chão em céu. Quem me dera eu pudesse transformar-lhe as rugas de preocupação em risos vindos do coração, seus momentos de tristeza em eternos pingos de amor a lhe regar a alma para que saiba sempre que aqui, neste cofre onde você está guardado, bem cuidado e amado, tudo será sempre "um sim" para todos os seus apelos, sonhos, desejos e por que não, aquela "ordem" gostosa, imperiosa, quando você toma conta, chegando menino e homem mandonista e eu sou quem você me fez e faz ser. Jóia rara, você é em minha vida, a vida que me faz viva. Veja mais aqui, aqui e aqui.

CARAVANA & BOBEIRA PEGA – A trajetória do humorista e ator de teatro, cinema e televisão Pedro Bismarck (Ademilson Pedro da Cruz), inicia com a criação do personagem Nerso da Capitinga, em 1981, na cidade de Juiz de Fora (MG). Foi a partir deste personagem que ele foi convidado para integrar um grupo de teatro, no qual, fez sua primeira apresentação ao público em 1984, em um quadro para o espetáculo "Caravana Café Concerto, um Delírio!". Na peça, dirigida por Robson Terra, Pedro Bismarck fazia imitações, cantava e contava piadas. Passou a adotar o nome artístico de Pedro Bis, que posteriormente foi modificado para seu pseudônimo atual. Em seguida vieram os shows Show de Humor com Pedro Bis e O Melhor de Pedro Bis, Neversário do Nerso (2004) e Bobeira Pega (2009). Em 1990, foi convidado por Chico Anysio para participar do programa Escolinha do Professor Raimundo, após Chico ter visto uma fita de vídeo com apresentações de Pedro. Por sugestão de Chico Anysio, o nome artístico foi alterado para Pedro Bismarck. Teve rápida passagem pelo SBT (1993) e retornou à Rede Globo no ano seguinte. Após o fim da Escolinha, em 1995, Pedro Bismarck atuou em outros programas, como Estados Anysios de Chico City e Brava Gente. Em 1998, fez uma participação especial no filme Menino Maluquinho 2 – A aventura, e também foi protagonista de um episódio do programa Você Decide. Em 1999, Pedro Bismarck integrou o elenco do extinto Zorra Toral e em 2000, participou do filme Amélia. Veja mais aqui.

MONTENEGRO – A comédia de humor negro Montenegro - ou de suínos e as pérolas (1981), dirigido pelo sérvio Dušan Makavejev, conta a história de uma dona de casa americana deprimida, casada com um rico homem de negócios sueco com duas crianças aparentemente perfeitas. Ela tenta apimentar a sua existência com uma série de ações para fugir do tédio e da angústia, quando ela come todo o seu jantar, toca fogo nos lençóis da cama e envenenar o leite do cão de estimação, até ser apresentada a um psiquiatra pelo marido, servindo apenas para continuar a sua frustração. Um dia, quando ela decide acompanhar o marido em uma viagem de negócios, ela fica detida na alfândega do aeroporto e ao perder o voo se envolve com imigrantes iugoslavos, se entregando ao seu fantástico e surreal mundo regado a amor livre e prostituição. Tudo culmina com ela tendo um caso passional com um jovem chamado Montenegro que trabalha em um jardim zoológico. Depois de passar a noite com ele, ela mata o rapaz e retorna para casa. Uma vez lá, ela serve sua família um jantar gourmet, seguido por uma sobremesa leve de frutas, o que acaba por ser envenenado. O destaque do filme vai para maravilhosa atuação da atriz estadunidense Susan Anspach. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Esculturas de Annie Bidal

DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada ao lexicólogo, tradutor, escritor e poetamigo Ivo Korytowski & Literatura & Rio de Janeiro. Veja aqui e aqui.
 

NOÉMIA DE SOUSA, PAMELA DES BARRES, URSULA KARVEN, SETÍGONO & MARCONDES BATISTA

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Sempre Libera (Deutsche Grammophon , 2004), Violetta - Arias and Duets from Verdi's La Tra...