sábado, maio 11, 2013

OLGA SAVARY, ALICE MUNRO, MACKINNON, GOROSTIZA, ELIACHAR, BLAGA & MARY LOU WILLIAMS

 

OLGA, SEMPRE SAVARY – Era ela geminiana de Belém, filha única do Grã0-Pará – o pai russo, a mãe neta de indígenas, as lembranças de infância de Monte Alegre e Fortaleza, Os pais se separaram e foi pro Rio de Janeiro morar com um tio. Os pendores literários eram reprimidos pela mãe, preferia que ela fosse pra Música. O caderninho preto dos escritos era guardado pelo bibliotecário para que sua mãe não o destruísse. Logo mudou de assunto e falou da participação nas cenas do filme Edu, Coração de ouro. A sua beleza me foi ainda mais exposta: a efígie dela no premiado Espelho Provisório: No Brasil, poeta morre de fome. Mas sou apaixonada por este malandro chamado literatura e não viveria sem ele. Levou-me depois pelo Sumidouro e ao Pasquim. Foi nesse dia que mergulhamos na Altaonda. E me envolveu com a Magma: Mar é um macho como não há nenhum/ Mar é um macho como não há igual - e eu toda água. Disse-me, então: Uma vez me perguntaram se eu escrevia poesia erótica por ser ninfomaníaca. Claro que não! Quando o poeta fala em erotismo, fala porque não teve na dose que precisava. É mais falta do que excesso. Éramos Natureza Viva no meio das leituras por ela traduzidas de Borges, Lorca, Bashô, Neruda, Cortázar, Fuentes, Semprún, Laura Esquivel, Paz, Busson, Issa... Um tanto de Hai-Kais – para mim autografado com dedicatória terna. Belíssima e culta, com seu riso doce revelou-me a paixão do poeta Drummond por ela: Drummond era meu primo, ele que descobriu isso e me escreveu para contar. Ele era apaixonado por mim, eu não. Se bem que uma vez encontrei com ele na rua, e tive que encostar na parede, para não cair. Fiquei com as pernas bambas, não de paixão, mas de ternura. Escreveu Linha d'água e nos deleitamos no Berço Esplendido. Fizemos pose para Retratos e vivemos o reino de Rudá, o nosso Éden Hades. Lá pras tantas a notícia da Morte de Moema. E bebericamos com a Conversas no Catedral de Llosa, para madrugada vivermos Anima Animalis. E era seu O Olhar Dourado do Abismo, as saudades da amiga Hilda Hilst. Enfim, o seu Repertório Selvagem: Sou um ser erótico. Gosto disso... Eu também. E falando pelos cotovelos: A literatura, essa paixão que me suga, esse vampiro chamado poesia, consome toda minha energia. Leio e escrevo tanto que não tenho tempo de ir a oculista, ginecologista, dentista...Batia no peito: sou poeta! Poeta em vulnerabilidade social! Assinado: Olga Savary! E leu um poema: Auto despedida - Há algo nas manhãs que não entendo agora \ e a um grito de minhas pernas não atendo. \ Ainda depois da noite, noite me espia \ e sonho dúvidas enormes e imóveis \ como a imobilidade das aranhas. \ Tão pouco tempo – e tenho de deixar-me \ e queria nunca ter de repartir-me. \ Começa a raiva da saudade \ que inventei vou ter de mim. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.


 

DITOS & DESDITOS - Depois de descobrir que a vida não tem sentido, não nos resta mais nada a fazer senão dar-lhe sentido. Qualquer ser humano, sozinho, é tão pequeno, que você nem pode chamá-lo de homem. Os seres humanos juntos formam um só homem. Os homens nem existem; existe apenas um, e somos todos nós. As memórias são uma estufa de alegrias passadas. Pensamento do poeta, dramaturgo e filósofo romeno Lucian Blaga (1895-1961), prêmio Nobel de 1956. Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Não é o que você joga, é como você joga. Se você trabalha em seu talento, os planos cairão automaticamente... Pensamento da pianista, compositora e arranjadora estadunidense Mary Lou Williams (1910-1981).

 

PORNOGRAFIA - [...] Mostre-me um abuso de mulheres na sociedade, eu vou mostrar para você sexo feito na pornografia. Se você quer saber quem está sendo ferido nesta sociedade, vá ver o que está sendo feito e a quem na pornografia e depois procure por eles em outros lugares do mundo. Você vai encontrá-los sendo feridos dessa maneira. […]. Trecho extraído da obra Francis Biddle's Sister: Pornography, Civil Rights, and Speech (1984), integrante do Feminism Unmodified: Discourses on Life and Law (1987), da jurista, professora e ativista estadunidense Catherine MacKinnon, que na obra Feminism, Marxism, Method, and the State: An Agenda for Theory (Signus - Vol. 7, 1982) expressa: [...] Mulheres e homens são divididos por gênero, transformados nos sexos como os conhecemos, pelas exigências sociais da heterossexualidade, que institucionaliza o domínio sexual masculino e a submissão sexual feminina. [...]. Veja mais aqui.

 

QUERIDA VIDA, HISTÓRIAS - […] Chorar também nem faz mal, sabe, desde que você não passe a vida inteira chorando [...] Eu disse que a única coisa que me incomodava, um pouco, era o fato de haver uma pressuposição de que nada mais ia acontecer na nossa vida. Nada importante para nós, nada que precisasse ainda ser resolvido. [...] Mentira nenhuma, afinal, era mais violenta que as mentiras que nós contamos a nós mesmos e aí desgraçadamente temos que continuar contando para segurar aquele vômito todo no estômago, comendo a gente por dentro. [...]. Trechos extraídos da obra Dear Life: Stories (Random, 2012), da escritora canadense Alice Ann Munro, Prêmio Nobel de Literatura de 2013.

 

NOITE - Esta noite sem luzes e esta chuva constante \ ficam para as histórias daqueles peregrinos \ que deixaram a lama das suas boas estradas, \ cegados pela forte tempestade do momento, \ e com passo mais firme seguiram em frente,\ brilhando com as novas joias da manhã.\ Esta noite sem luz espero à minha porta \ as três batidas que um viajante dará \ e, no entanto, poderia negar-lhe o meu dinheiro, \ o calor do quarto ou a paz do meu jardim; \ mas ele virá em minha casa e meu coração estará alerta \ porque ele sempre me procura quando eu não o quero.\ E iluminado pelo espelho que brilha \ - todo um campo de luz nas horas pardas - \ ao balançar das mãos brancas como lírios \ ele me contará sua história simples e agradável, \ e de seus lábios, escondidos pela barba amarela, \ o mortal canção deve fluir das sereias \ Não poderei mais derrotá-lo, não terei mais \ mão forte para expulsá-lo de minha casa sossegada, \ se apenas o raio negro de sua pupila \ lhe der o pequeno orgulho de me chamar de irmão, \ enquanto ele retém um pouco do céu de verão \ a chuva de pesca com suas redes seguidas. \ Mas você, que se veste de nobres êxtases, \ nunca abra a porta para hospedar. \ Faz ouvidos moucos quando um ramo cede \ sob os passos taciturnos dos tristes, \ ou procura o bálsamo mais secreto se resistes em \ não saborear o ímpeto fantástico da viagem. Poema do escritor mexicano José Gorostiza (1901-1973).

 


LEON ELIACHAR –Era eu ainda adolescente com meu pouco mais de quinze anos de idade, quando tive acesso ao O homem ao cubo, O homem ao zero, O homem ao meio e, finalmente, O homem ao quadrado, todos do judeu egípcio de nascimento e, como ele mesmo dizia, tão brasileiro como qualquer brasileiro, Leon Eliachar (1922-1987). Confesso: lasquei-me de tanto rir. Esse jornalista de humor da imprensa escrita e falada do Brasil trabalhou em diversos jornais e revistas do país, quando vi pela primeira uma de suas crônicas jocosas no Última Hora. Depois disso, queria ler tudo dele e sapequei as vistas segurando o bucho das risadas, até o dia que completei vinte e sete anos – verdade, era meu aniversário -, e soube na manchete de um jornal paulista do seu assassinato no Rio de Janeiro, cometido por um fazendeiro paranaense vingando enciumado o relacionamento dele vítima com a esposa do homicida. Isso não teve graça nenhuma, a ponto de se perder no tempo e no meio das pilhas de livros amontoados nas minhas estantes e pelos cantos do quarto que ouso chamar de biblioteca dos monturos. Como o produto livro está caro pra dedéu, resolvi viver de releituras (ainda bem que me restou esse luxo). E nos últimos dias, tentando arrumar a zorra toda, dei de cara com o sempre risível e atualizadíssimo O homem ao quadrado.

PRE...FAÇO

A gente nasce, cresce um pouquinho, vai brincar de esconder com os meninos da rua, quebra vidraça do vizinho, mamãe chega e põe a gente de castigo, não dá sobremesa durante uma semana, papai suspende a matinal do cinema e se a gente facilita ainda vai pra um colégio interno. Depois a gente cresce mais um pouquinho, já está na escola aprendendo uma porção de coisas que a gente não sabia como era nem por que era, mas acaba sabendo só como, já que o por que a gente nunca aprende. Isso não se faz, aquilo é muito feio, veja o exemplo de fulano, que é um homem direito e respeitável. Aí a gente resolve também ser um homem direito e respeitável. E acaba sendo humorista. Foi assim que abri a porta de casa e saí. Nunca mais voltei. Lá fora, me diziam uma coisa, eu via outra. Nada importava: já não precisava das notas mensais para passar de ano. Agora os anos passariam por mim. Eu só olhava. Este livro é o meu mundo e o seu mundo – mas como eu o vejo. Você é até capaz de rir: ou de mim, ou do mundo.

A MULHER EXEMPLAR

Antes de tudo, linda. Esbelta. Elegante. Um olhar inteligente. Lábios frescos, bem vermelhos. Pele rosada. Cabelos castanhos claros. Joias caríssimas. Não fumava. Não bebia. Não jogava. Centenas de pessoas paravam para admirá-la. Era discutida. Na maioria das vezes elogiada. Enaltecida. Permanecia impassível. Indiferente. Seus olhos azuis pareciam brilhar de orgulho. Incapaz de dar um sorriso para quem quer que a fitasse. Era um quadro.

A MULHER CUSTA UM SIM DE ENTRADA E VARIOS QUERO MAIS A LONGO PRAZO

Quando um homem pede a mão de uma mulher, raramente ele pode imaginar quanto vai lhe custar o resto. Sim, porque a mulher só se acha realmente mulher quando mergulha numa porção de substancias que, segundo ela, lhe dão o chamado toque final. Assim, se colocássemos uma mulher num laboratório, para uma analise minuciosa, separando todas as substancias, certo é que de mulher mesmo, pouco sobraria; o excesso seria o relógio de pulso, pulseirinha, figuinha, figuinha maior, figuinha pouco maior, figa propriamente dita, figa grande, figa enorme, anelzinho de pedra falsa, anelzinho de pedra verdadeira (sem pedra), broche, colar, meia transparente, cinta, sutiã, anágua, calcinha, sapato, batom; xampu, grampos, cilion, creme facial, ruge, pó de arroz, perfume, piteira, água de colonia, esmalte, luvas, caderninho de telefone, isqueiro, cigarros, lencinhos, ligas e uma bolsa bem pequena – onde ela consegue meter tudo isso. Como se vê, de mulher mesmo só restam 10%. Uma mulher completa, hoje em dia, custa uma fortuna; uma mulher simples é mais barato, mas ninguém vai querer sair desfilando por aí com apenas 10% de mulher – isso até dá a impressão de que deixou o resto no prego. O grande erro do homem, portanto, é chamar de cara metade o outro pedaço que ele escolhe para ser sua companheira: o certo mesmo é cara dobro, porque daí em diante é que ele vai passar a gastar exatamente o dobro do que gastava em solteiro. Mas infelizmente o homem não pensa assim, pois o serviço de relações públicas da mulher é dos mais perfeitos do mundo. Ela passa o dia inteiro convencendo o homem que, se ele casar com ela, reduzirá pela metade todas as suas despesas. Onde come um, comem dois, diz ela – mas sempre esquece de dizer que o prato dele será dividido com ela e ele passará a comer apenas meio prato no almoço e prato no jantar. A habilidade da mulher chega a tal ponto, que ela não se cansa de frisar que dará uma excelente dona de casa. Vai daí, que o homem acredita mesmo, e na hora de assinar o contrato do até que a morte nos separe, ela impõe clausula de comunhão de bens. Depois ao menor pretexto, brigam e se separam e, geralmente, cabe à mulher receber uma casa – justamente quando ela vem provar o que sempre disse: que daria uma excelente dona de casa.

MULHER QUE SE PREZA NÃO MENTE: INVENTA VERDADES

Enquanto o homem inventa foguetes para ir à Lua, a mulher inventa macetes para viver na terra. Sua capacidade inventiva a coloca entre os seres mais evoluídos do mundo, incluindo nisso o próprio homem, ou melhor, alguns homens, ou mais precisamente: o seu marido. Desde a maçã de Eva, até os tempos de hoje, que a mulher não dá tréguas à sua mirabolante imaginação, criando, com a sua inesgotável fonte de sagacidade, algumas das mais engenhosas invenções da humanidade, como o bolo, a tia, o dentista, a irmãzinha menor, o telefone enguiçado, o extravio, a cabeça lavada – e até mesmo o etc. O bolo foi inventado para as situações difíceis. Para evitar o outro bolo, o posterior, cujas consequências ela não pode prever, usa o primeiro. A tia foi inventada para casos de doença, onde a mulher vai repousar. Mulher que passa o dia na casa da tia não é vista por ninguém, mas em caso de desconfiança a tia é o mais perfeito álibi que se possa imaginar. O dentista, que hoje evoluiu e tentou tomar o nome de odontologista, mas que não pegou, porque a mulher que passa a tarde toda na rua nunca vai ao odontologista, mas sim ao dentista, entre outras coisas, tem a vantagem de tratar dos seus dentes. A irmãzinha menor serve de pretexto, não só para evitar certos abusos de certos cavalheiros cuja companhia ela adora para levá-la ao cinema, como inclusive para chegar cedo em casa, deixar a irmãzinha – e sair de novo com o abusado de quem ela gosta. O telefone enguiçado não passa de um telefone bom que a mulher põe fora do gancho e vai pra casa da vizinha receber os telefonemas que lhe interessam – e só assim fica livre daquele noivo chato que lhe telefona diariamente e não decide coisa nenhuma. No dia seguinte, ela toma a iniciativa de reclamar do noivo. A falta de consideração, pois ela de cama, sem poder levantar, e ele nem sequer um telefonema – e não adianta explicar coisa nenhuma porque essa historia de dizer que o telefone estava ocupado é uma chapa muito batida, pode perguntar pra vovó, que ficou ao meu lado a noite inteirinha e ninguém nem pegou no telefone, e o noivo, completamente desmoralizado, encontra a saída do então o seu telefone estava enguiçado – e isso ainda rende uma cestinha de flores. O extravio é o invento mais genial dos últimos anos porque antes mesmo do homem inventar o correio, já ela – a mulher – havia bolado o extravio. Só assim ela pode ir à praia, ao cinema, à sorveteria, à costureira, à manicure, não lhe sobrando o mínimo tempo para escrever uma cartinha ao namorado que está fora – e por mais que o homem conheça a mulher, não resta dúvida que ele conhece muito mais o correio. A importância do extravio na vida de uma mulher é tão grande que as estatísticas acusam anualmente um grande índice de juventude extraviada. A cabeça lavada é um pretexto pra mulher não sair e passar a noite jogando biriba com as amigas. Mulher que lava a cabeça todo dia, não tenha dúvida: é viciada em jogo.

A PARTE MAIS CARA DA MULHER ESTÁ NA CARA: A LÁGRIMA

Quando a mulher começa a chora, não há dinheiro que chegue para fazê-la parar. Não adianta oferecer lenço, não adianta oferecer conselhos; o homem experiente sabe perfeitamente que o talão de cheques é o único mataborrão capaz de sacar os seus olhos, e mal acaba de assinar o nome, já a mulher está sorrindo. Mas o pior não é isso; é que a mulher chora sob qualquer pretexto e, muitas vezes, até sem pretexto – porque até a falta de pretexto é pretexto pra mulher chorar. Conclui-se, portanto, que a mulher chorando é cheque ao portador, daí a expressão de que mulher custa rios de dinheiro. Um homem pode perfeitamente dizer que vive com a sua mulher há dezenas de litros... Quando se pergunta à mulher por que motivo está chorando, nem ela mesmo sabe; mas se lhe perguntam o que ela quer para parar de chorar, isso ela sabe. Difícil, se não impossível, é descobrir a verdadeira razão das suas lágrimas; nem mesmo Freud se aventurou a tanto, que ele não era bobo de cair no ridículo. De fato, o assunto é demasiadamente complexo: mulher chora que está sozinha, chora quando está acompanhada, chora quando namora, chora quando desmancha, chora quando fica noiva, chora quando casa, chora quando tem filho – se é menino, chora porque queria menina; se é menina, chora por que queria menino. Mulher não tem mais o que inventar para chorar: tira fotografia e chora porque saiu feia; quando folheia o álbum de recordações, chora com saudades do tempo em que era bonita. No lar, então, nem se fala: se o marido não vem jantar, chora porque tem de jantar sozinha; se o marido vem, chora porque tem de cozinhar. Se o marido quer sair, chora porque quer ficar em casa; se o marido quer ficar em casa, chora porque quer sair. Se o marido a leva ao teatro, chora porque queria ir ao cinema; se a leva ao cinema, chora porque o filme é triste, e quando o filme é alegre, chora porque queria que fosse um filme triste. Para o choro da mulher só há mesmo uma solução: assim como já existe o Banco de Sangue, devia haver também o Banco de Lágrimas: o marido faria o deposito em dinheiro e a mulher sacaria com lágrimas. Era só chegar no balcão e abrir o berreiro.

EPITÁFIOS

Epitáfio de um caçador: foi o dia da caça.

Epitáfio de um coveiro: chegou a minha vez.

VIOLÊNCIA

Segurou a moça pelo braço e fê-la deitar-se depois deu-lhe vários puxões no pescoço. Ela gritou. Ele não teve a menor reação. Passou a dar-lhes tapas no rosto. Ela tentou retirar-se, mas ele segurou-a violentamente e colocou-a de costas. Puxou-lhe as pernas, os braços, e começou a dar-lhe socos nas costas. Depois de algum tempo, disse apenas: - Agora pode ir. Era massagista.

COM QUAL DAS DUAS?

Brigite e Caroline eram vizinhas e muito amigas. Acontece que ambas conheceram Leon no mesmo dia e ambas lhe deram o telefone para convidá-las a um passeio. Sabendo-se que as duas eram bonitas e jovens, com qual das duas saiu Leon no dia seguinte? Resposta: Com Brigite. Não discuta a lógica desta resposta, pois o Leon do teste era eu.

CONSULTÓRIO SENTIMENTAL: CARTAS

Ele tentou segurar a minha mão e eu não deixei. Tentou de novo e eu não deixei. Tentou durante dias, semanas, meses, e eu não deixei. Soube hoje que ele casou com a minha melhor amiga. Que devo fazer? (Impaciente – Cachoeiro). Resposta: deixe ele segurar sua mão, agora.

Sou jovem, dezoito anos, loura, bonita, meiga, carinhosa, vencia duas competições de plástica, tenho curso superior, sou elegante mas ninguém  me dá bola... (Beija-Flor – Copacabana). Resposta: Passe aqui.


COMO EDUCAR SEU FILHO: SEU FILHO NÃO QUER IR À ESCOLA?

Não se preocupe, isso é normal. Lembre-se de que você também, quando criança, não queria ir à escola; seus pais o acabaram mandando à força. De que adiantou isso? Você não vive se queixando do alto custo de vida? Você não se sente um deslocado entre tantos analfabetos? Se com você não deu certo o estudo por que não tentar a completa ignorância do seu filho? Se o estudo não pode garantir um bom futuro para ele, ao menos deixo-o aproveitar o presente matando passarinhos e caçando borboletas. Você estudou para ter um futuro, pois não esqueça que seu filho de hoje é o seu futuro de ontem.

LIÇÕES DE ESTILO

Não discuta mais de um soco na cara.

Biquini é um pedaço de pano cercado de mulher por todos os lados.

Descruze as pernas, menina, que você não está no escritório.

Há dois tipos de esposa: a que arruma a casa e a que se arruma.

Você se julga o melhor dos maridos? Então explique: por que sua mulher lhe apontando, como exemplo, os maridos das outras?

A ultima vez que viu o amigo, ele estava examinado o cano, e o amigo, o gatilho.

Senhora advertida pelo guarda, depois de avançar o sinal: - Vi o sinal, sim senhor, o que não vi foi o guarda.

Camelô é esse sujeito que passa a metade do dia explicando aos curiosos como funciona o seu balangandã e a outra metade à policia como funciona o seu negócio.

Confissão é a limpeza que fazem na nossa consciência tendo o cuidado de deixar sempre um pequeno saldo.

Democracia é esse sistema de governo em que todos concordam em discordar um do outro.

Discussão é isso que começa quando duas mulheres chegam a um acordo e uma terceira está ouvindo.

Mulher é um amontoado de palavras numa embalagem de carne e osso.

Promissória é um intervalo entre uma assinatura e um milhão de desculpas.

Secretária é a moça que arruma a vida do patrão e desarruma a da patroa.

Sexo é a coisa que antes de Freud era indecência, depois, psicanálise.

Striptease é uma mulher vestida de olhos.

Zarolho é o sujeito que tira uma pequena pra dançar e saem duas.

Bebeu durante duas garrafas de uísque e uma radiopatrulha.

Casou depois de 856 não e um sim.

Foi datilógrafa durante seis patrões e um casamento.

Usou o automóvel apenas dois quilômetros e um poste.

Beijaram-se durante quatro discos e um enguiço na vitrola.

Entrevistou 47 índios e um antropófago.

Amor é isso que começa a acabar num lugar no momento exato em que acaba de começar em outro.

A Justiça anda tão devagar que quando o sujeito é julgado por um crime já cometeu mais quatro.

Com a primeira folha de parreira surgiu o primeiro problema da moda feminina: onde colocá-la?

As estatísticas não falham: para cada homem solteiro há sempre uma mulher casada.

De bomba em bomba o mundo vai construindo a sua paz.

Foi paraquedista durante 392 saltos e um paraquedas novo.

NOTA NA PRIMEIRA EDIÇÃO

Este livro é apenas uma pequena parte; tenho material para pelo menos mais dez livros. Depende de você para que os outros dez sejam publicados – é uma responsabilidade que lhe passo. Durma bem.

NOTA NESTA EDIÇÃO

Dos dez livros prometidos, já publiquei três: O homem ao cubo, A mulher em flagrante e O homem ao zero. Você já pode dormir um pouco melhor. Enquanto termino O homem ao mundo, O homem em tecnicolor, Como ser feliz no casamento mesmo depois de caso e Minhas memórias antes que esqueça – quem não dorme sou eu.

FONTE:
ELIACHAR, Leon. O homem ao quadrado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
 

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