A TERRA É
REDONDA. E AINDA TEM GENTE QUE CAGA PELOS QUATRO CANTOS DO MUNDO - Tudo começou porque eu nasci
em Palmares. Isso mesmo, não existe no mundo lugar melhor que Palmares e isso
nem na China, nem na África, nem no Iraque, nem no Afeganistão, nem alhures,
muito menos aqui nem depois do rebaixamento de Plutão. Quer prova? Basta ler a
obra de Hermilo Borba Filho, de Ascenso Ferreira, de Luiz Berto e você logo
saberá por que o Juarez Correya fez uma parceria musical com o Marco Ripe que
dizia: “Preciso urgentemente voltar pra
Palmares City. Preciso dessa urgência como de uma bronquite”. E o próprio
Juarez vive alardeando por aí que melhor do que Palmares só Paris e à noite! Esse
um detalhe relevante: só de noite, porque de dia Palmares dá de mil a zero. É
verdade, assino embaixo. Palmares também foi o cenário que me permitiu conhecer
toda sorte de doido, farsante, embusteiro, caboeta, fuleiro e safado, sem contar
os menores que o próprio tamanho e os gigantes que não passavam de pigmeus
enrustidos. Lá, usando mais uma vez o Juarez, tem mais poeta que poste pra
cachorro mijar. Como também tem gente da melhor estirpe, claro, que dá pra
contar nos dedos. Por isso tem amigo pra todo gosto: barrunfeiros, sabotadores,
enrolões e mequetrefes. Tem fulano de toda titulatura: insone, enredeiro e
invisível. Mas garanto que, apesar disso tudo, é um lugar aprazível, claro
tirante todas as tramóias, balas perdidas, ingresias e as raras paragens
paradisíacas. Foi lá que aprendi a ser o xexéu que sou hoje, copiando e
imitando descaradamente cada conterrâneo, do mais ilustre ao mais rasteiro.
Devo, portanto, à cidade dos Palmares este gesto de gratidão. Tanto é que se
não fosse ela, não teria eu conhecido as loas do seo Maurício Baita-tal Melo e
de seus filhos Gilberto-Giba e Mauricinho Baita-júnior – no dizer do D. Berto
I, o papa da ICAS e da Besta: os irmãos metralhas -, a quem me apropriei
deslavadamente do título dessa mercadoria toda. Por isso, também, esta
homenagem a eles, os verdadeiros detentores da marca por mim escamoteada e devidamente
apropriada. É preciso também mencionar outras participações especiais e
indiretas nessa minha desproposital empreitada, como a de Pai Lula,
Gal-do-caixão-de-seo-Guedes, o irmão dele Gold-risadinha-zoneira,
Dudu-bode-branco, Paulo-chaba-Cabral, Juarez-Baixim, Zé-Ripe, Célio
Carneirinho, Dr. Gulu Braga, Ozi, Mazinho, Ângelo (o Chicanjo-arrumadinho),
Fernando Bigodim-Melo, João-Patinha-Lins, o memorável Tininho, o também
memorável Givanilton Mendes, o Afonso Paulins, o Eduardo-Gautama-priquitim, o
Joab-de-Iolita, Erasmo-chinho, o Arnaldo-de-Elita, o Wilson do Foto, o
Genésio-da-farmácia-a-mulé-do-vizinho, o meu primo Maiquim-Ôi-de-ximbra, o
Paulo Profeta, o Paulinho Caldas e mais uma recada de gente que mora no meu
coração, sem contar com as contribuições inestimáveis do padre Bidião, do Doro
e de outros lêmures vivinhos e imaginários. Poupo, porém, desse vexame, as
minhas diletas amigas mulheres palmarenses porque merecem muito mais que o meu
respeito e consideração. Foi, reitero, em Palmares que conheci a vida e o
Brasil. Pra falar a verdade, nem precisa sair de lá para conhecer o Brasil: o
país todo está dentro dela. O Brasil só não, o mundo todo está ali dentro, ao vivo
e em cores sem tirar nem pôr. Esta a razão da minha petulância moleirada e da
minha vesguice cheia das pregas. De mesmo, foi lá que aprendi o mundo, mais um
motivo para homenageá-la. E vamos aprumar a conversa aqui, aqui e aqui.
Imagem: Nu, da artista plástica Mariza Lacerda.
Curtindo o álbum O homem correndo na savana (2003), do compositor pioneiro da arte
conceitual e sonora, introdutor da música concreta no cinema brasileiro e autor
de trilhas premiadas, Guilherme Vaz. Veja mais aqui e aqui.
EPÍGRAFE – Cachorro
cotó não passa pinguela, provérbio recolhido do livro Cem ditados rurais paulistas, do escritor, historiador, jornalista,
professor, tradutor e roteirista Hernâni
Donato, oriundo da parábola os não iniciados deixarão de entender que quem
não se aparelha não faz bom serviço, ou quem não tem competência não se
estabelece. Veja mais aqui.
CAIR DO CÉU – No romance histórico Guerra dos Mascates (Vol. 1 – 1871/ Vol.
2-1873), do escritor e fundador do romance de temática nacional, José de Alencar (1829-1877), narrando o
episódio homônimo ocorrido em Pernambuco nos anos de 1710-1711, contando as
mesquinharias dos motivos políticos que ganham relevo no período histórico
compreendido, o autor cita: [...] Mas
nunca um tagarela caiu-mne tão a proposito do céu como aquele. Caiu do céu com
arroz, isto é, como um prato já feito. [...], com base no propósito bíblico
de chegar inesperadamente e em momento oportuno. Veja mais aqui, aqui e aqui.
TODO DIA É DIA DA MULHER: SIMONE MOURA MENDES – A escritora, administradora de Empresa e Analista
Judiciário, Simone Moura e Mendes, edita o sítio Uma vida em poesia e desenvolve o projeto
Justiça à Poesia. De seus poemas destaco o seu poema Musa da inspiração: Seu jeito calado seu olhar
desconfiado / de todos chama atenção / Atrás de seus
lábios esconde-se um largo sorriso / seu rosto não é transparente
/ e a gente nunca sabe o que ela sente / Sua tez morena / mostra o
fascínio da mulher brasileira / cartão de visita para aqueles que
a rodeiam / elemento que tonteia / a viola que
ponteia a canção popular / canção de versos negros / brilho
dos olhos seus / Musa do adeus / índia camuflada
/ amizade retratada / retrato da solidão. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
O ÚLTIMO SUSPIRO DA
PALMEIRA – Tive
oportunidade de em 2000 assistir na Casa da Cultura Laura Alvim, no Rio de
Janeiro, à montagem do espetáculo O
último suspiro da palmeira, de Carlos Thiré, dirigido por Cecil Tiré,
contando a história de cotidiano agitado de três gerações de uma família de
classe média que dividem o mesmo apartamento um neto ator, um biólogo, a mãe
diretora e de uma ONG e o avô aposentado. O destaque da peça teatral ficou por
conta da performance da atriz e diretora Stela
Freitas. Veja mais aqui e aqui.
DOCUMENTÁRIOS – Oportunidade ímpar essa minha de
assistir duma vez aos premiados documentários Os guardiões da floresta (1990)
contando sobre a vida na comunidade do Céu do Mapiá e a doutrina do Santo
Daime; Panthera Onca (1991), sobre a matança das onças pintadas no pantanal; Cauê
Porã (1999), sobre a expressão índigena 'como é bela nossa floresta',
percorrendo a região selvagem da Amazônia terminando em Belém do Pará; Nós e
não nós (2003) e Amazônia (2006), todos do cineasta Sergio Bernades com trilha sonora de Guilherme Vaz. Veja mais aqui
e aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz estadunidense Moira Kelly.
Veja mais Cantilena, Goethe, Pierre-Joseph Proudhon, Fodéba Keïta, José Régio, Alexandre Dumas, Nick Cassavetes, Lev Tchistovsky, Tears For Fears, Robin Wright, Jean-Francois Painchaud & Graça Lins aqui.
E mais também Heitor Villa-Lobos, John dos Passos, Georges Bataille, Kiri Te Kanawa, Alain
Robbe-Grillet, Berthe
Morisot & Marie Espinosa aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
TODO
DIA É DIA DA MULHER