domingo, novembro 21, 2010

VIRGINIA HERNÁNDEZ RETA, GINA PANE, PAULA GLENADEL, ABDIAS DO NASCIMENTO, UGO GIORGETTI, VALUNA & CRÔNICAS NATALINAS


 
A arte da pintora, escultora e artista performática italiana Gina Pane.

VALUNA: O ENCONTRO MARRIO, A VIDA - As águas e o encontro, noit&dia pedr&ar. Sou mais que antípoda do que não é para quem não sabe, foi e será, de cima abaixo, funduras e superfícies: suaváspero, doc&margo do terramar. Nenhum tempespaço, nenhum claroscuro, nem numismática ou heráldica, ondas de nenhorinstante, nominominável, apenas numinoso, tud&nada. Sou a manhã reencontrada à flor da vida e o mergulho chuá, timbungue chia a chave da verdade, a caixa do segredo, a chuva mensagens giram e jorram jogos de Jah chegam mais e não jaz o lajeiro longe hoje justo chá zás trás assaz açaí e acha o chiado e o choro e o gingado chupa o cheiro e a chapada chamada no xis do cio e não é sexta nem sábado, é chuveiro salgado que vem do sagrado e santifica xa salva xe silva xi chove xo sutra xu. O fundo vivo, areia cristalina e movediça, e os pés desejos de seguir adiante. Os pés sou calcanhar base da torre dissolvida no solado e o chão não mais existe, só o piso aquático que desce para as profundezas oceânicas tão abissais do infinito de estrelas dentro de mim, reluzem. Sou Una a se perder dos brazis: hy-breazil das afortunadas sete cidades da Antilha desde o Mar dos Sargaços do mapa da Catalunha, do arquipélago dos Açores do mapa de Dulcert, da ilha Satanazes do mapa dos Pizagani, da Saya de Bianco, da Ymana de Pizzigano, das Caraíbas de Cortesão, das novas de Beccario, de Avalon, Terceira, Grocelandia, Drogio, Estotiland e pelas Bioko, Canárias, Caribe, Malvinas, Bouvet e das atlânticas pros ares do degelo antártico, Ushuaia, Laurie, Paulet, Marambio, Carney, Thurston, Berkner, Siple, Adelaide, pros ares pacíficos a soletrar pelas Rarotonga, Santu de Vanuatu, Aututaki das Cook, Ghizo de Salomão, Yasawa de Fiji, Moorea da Polinésia, Savaii de Samoa, Mare da Nova Caledônia, Avaiki de Niue e já sou Índico por Java, Praslin, Koh Phi Phi Dom, Penang, Madagáscar, Nias, Pemba, Bazaruto, Lamu, Mirihi e Mnemba e retomo pela Sumatra, Bornéu, Sulawesi, Agalega e o arquipélago malaio, golfo de Bengala, Indonésia para as Filipinas, Boracay, Bohol, e daí pro Ártico, Solovetsky, Kirov, Belcher, Lyakhovsky, Anzhu, Diomedes, Isabel para atlânticas direções, Ano Bom, Ascensão, Bermudas, Cabo Verde, Madeira, Trindade, Caribe, Marajó, Abrolhos, tudo isso eu sou. Sou Fernando de Noronha pelo atol das Rocas para a meninânciascestral ulterioridade: sou o outro que em mim se faz&fez do outro que é do meu para tudo&todos, eternadesão, Capoeiras. Não há buscas, lutinteresses nem perdinuptos porque a ferrorrugem açoxidou caus&feitos, velh&venceu: libertentrou no vaivém das pulsavibrações que se corporificam para serem as cinzas que se refazem em outransformações (encontrei a mim com a perda, não havia mais nome, nem quem era eu mergulhado no que não tinha a menor ideia do que fosse se maior ou não, não sei se nada e a me restituir toda grandeza). Tudo é mutação, noitamanheci. Vagin&pênis do Tao, a entrega, o encontro: valunamar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOS: Só um idiota pode dizer que ama São Paulo. Pensamento do cineasta Ugo Giorgetti, diretor de filmes como Bairros dos Campos Elísios (1973), Quebrando a cara (1977), Jogo duro (1985), A festa (1989), Sábado (1995), Boleiros (1998), Uma outra cidade (2000), O príncipe (2002), Boleiros 2 (2004), Solo (2010), Vara ou coroa (2012) e Uma noite em Sampa (2015).

DESTAQUE: [...] Como, porém, é impossível enganar todo o mundo ao mesmo tempo e o tempo todo, o problema racial brasileiro começa a ser identificado e denunciado no plano internacional, principalmente por obra das organizações negras, cada vez mais alertas e atuantes, revelando ao mundo a verdadeira face de um País erigido sob um modelo extraordinariamente eficaz de supremacia branca. Uma após outra, entidades como as Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos, a America's Watch e outras têm divulgado relatórios sombrios a respeito da situação dos afro-descendentes no Brasil. Utilizando estatísticas de instituições oficiais brasileiras, como o IBGE, juntamente com o resultado da observação de técnicos por elas enviados, essas organizações estão pondo a nu as desigualdades raciais no Brasil, por longo tempo considerado um exemplo para o mundo, graças, em grande parte, à rede de desinformação montada pelo Governo brasileiro, com o apoio de seus aliados na arena intelectual. [...]. Trecho do pronunciamento do ator, escritor, dramaturgo, professor, artista visual e ativista Abdias do Nascimento (1914-2011).

A DOADORA - A dona do bar vai doar um rim para o marido. Ela me estende os cigarros que compro todo dia. É amor isso? pergunta espantada. Eu vi em reportagem na tevê francesa homens do terceiro mundo nas fronteiras da Europa: venderam seus rins e nunca mais foram saudáveis. Alguns receberam menos do que o combinado. A dona do bar doa porque senão ele morre e isso ela não pode suportar. Por que as mulheres dos homens do primeiro mundo doariam um de seus rins aos seus maridos se podem comprar um? A dona do bar não tem dinheiro ou não pensou nisso. Fala comigo e seus olhos castanhos se arregalam. Poema em prosa da poeta, professora e tradutora Paula Glenadel.

PALAVRA ERETA - I – Vergador, verguismo, vergaderamente, vergudo, antiverga, proverga, exverga, vergar, vergación, vergasmo. / Galo não é uma palavra / como água, / que compõe muitos outros / abacate, guache, transportador de água, aguaceiro, guache, gravura, aguarde, hidromel, água-marinha, sangrento, aguarde, aguarde. / Há pouco / entre pau e vergonha, / passando por um vergajo, / o pau do touro / depois de cortadas, secas e torcidas, / é usado como um chicote. / Pau no pescoço, / Cidade do Maranhão. / Ou, plural, localidade em Minnesota; / sobrenome de um psiquiatra e romancista italiano / (que mania latina com o pau). / Mas também de um jogador de basquete. / Havia um Solomon ben Verga, / Médico e historiador espanhol-judeu do século XV. / Talvez então a palavra não significasse nada / do que isso significa hoje: / -que valia a pena pau, você é um pau, vai para pau, come pau. / De lá para cá, cresceu, inchou, encheu / de significados / palavra. / Nascido em virga, / varinha pequena, / quem também se lembra / virgem. II - Dick, falo, pênis. / De qualquer maneira, provoca. / Erecta - arma ansiosa -, / ou suave e queixoso. III -  Na Islândia, há um museu do galo. / Na verdade, é uma coisa mais séria: uma faloteca. / Duzentos e tantos membros / de espécies terrestres e marinhas / vindo daquele lugar remoto / ou de outras partes do mundo / ou de outros mundos / mitológico e artístico / troféus, embalsamados, dissecados ou em formaldeído. / Aquele com o maior valor sentimental: / o de um amigo do diretor / (doação póstuma, é claro). / Rígidos como arpões, macios e alongados como grandes pepinos do mar, / cogumelos, cobras, braços levantados com os punhos levantados. / Quando o último turista sai, / exclamações, risadinhas zombeteiras e luz se apagam. / Eles estão no escuro, estalagmites inúteis, / sem argumentos ou poder. IV - Sentado em uma cadeira de hospital, / Eu tento convencer meu pai / que chamamos de enfermeira. / Mas ele não espera. / Ele se levanta e sai da cama / com velocidade surpreendente / por quão ruim ele é. / Não consigo alcançá-lo. / A cama me atrapalha. / Em sua carreira no banheiro, / ele não se importa se sua túnica se abre. / Eu o vejo fugir, antes tão modesto, / agora com as costas e as nádegas no ar. / Eles ficam pendurados entre as pernas dele, / crescido pela idade, / violáceo, / as partes que, / comigo ai / eles não são mais íntimos. / Eu deixo ir / e desvio os olhos. Poema da poeta mexicana Virginia Hernández Reta.


Gentamiga, para não passar esse tempo em branco, antecipo logo algumas crônicas natalinas para vocês se esbaldarem desde já. Então lá vai:







E pros que querem ficar ricos logo não deixem de conferir a simpatia da virada do ano!






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