BRUNILDA – A história de Brunehild ou Brunilda
está ligada à saga germânica dos Nibelunger, que deu motivo para às famosas
óperas de Richard Wagner. Ela, rainha da Islândia, além de muito bela, tinha
uma força e habilidade esportivas prodigiosas. Quem a quisesse desposar, teria
primeiro que provar superioridade, vencendo-a em três jogos: o lançamento de um
dardo, o de uma pedra e um salto a distância. Se o pretendente falhasse em
qualquer dessas competições, seria executado. Gunther, o rei germânico de
Worms, resolve tentar a prova, contando para isso com a ajuda secreta do
invencível príncipe Sigefredo, filho do rei Sigismundo, de Sante. Graças a um
talismã que o tornava invisível, derrota Sigefredo a rainha nas três provas,
impulsionando o fraco Gunther e dando-lhe o valor atlético de um verdadeiro
gigante. Só a pedra, que Brunilda atirava a uma distância de doze braças, mal
podia ser carregada por doze homens. Embora furiosa e revoltada, a rainha
cumpre o prometido, mas reage na noite de núpcias e humilha Gunther,
amarrando-o de pés e mãos e prendendo-o a um gancho, como se fosse um odre. Só na
noite seguinte, consegue ele dominar a hercúlea mulher, outra vez com a ajuda
de Sigefredo, de novo invisível, e exerce as suas prerrogativas de esposo,
obtendo de então por diante a submissão completa de Brunilda. Veja mais aqui.
Curtindo o premiado álbum Medúlla (DualDisc, 2004), da cantora e
compositora islandesa Björk. Veja mais
aqui e aqui.
EPÍGRAFE – O
absurdo é o senso comum dos artistas, dos poetas e dos loucos; a verdade é o
senso comum dos sectários, frase do pintor, desenhista, escultor, professor
e poeta Vicente do Rego Monteiro
(1899 – 1970). Veja mais aqui.
ABSURDO – Do conceito de desarmonioso para o
ouvido, o termo absurdo evoluiu para o conceito de fora de harmonia com a
razão, oposto à razão, insensato. A noção de absurdo se origina dos filósofos
eleatas da Grécia antiga: Zenão de Eleia já introduzia o absurdo aparente como
princípio de raciocínio filosófico, ao provar matematicamente a impossibilidade
dos movimentos que seria uma ilusão dos sentidos. Nas aporias paradoxais de
Zenão pode-se reconhecer uma redução ao absurdo das teses pitagóricas, que
atribuíam ao ponto uma determinada extensão. Por isso Diógenes Laércio
identificou em Zenão o criador da dialética, isto é, da lógica entendida como
redução do absurdo. Da parte dos escolásticos tais métodos deviam para
demonstrar, ironicamente, a falsidade das proposições de um adversário,
estabelecendo a probatio per absurdum
(prova pelo absurdo) e a reductio ad
absurdum (redução ao absurdo). Através do uso escolástico do absurdo,
identificou-se na antiguidade com o conceito de falso. A noção de absurdo
esteve latente nas filosofias irracionalistas ou nas que se recusavam a
encontrar uma explicação racional para a existência. Paralelamente a essas
filosofias, tal noção encontrava-se também subjacente em muitas expressões
artísticas do passado, sobretudo nas manifestações do nonsense, do fantástico,
da literatura dos sonhos, do humor negro, entre outras, e que são conceitos
afins de absurdo no sentido moderno, porém distintos. O nonsense seria o
disparatado puro e simples, o absolutamente sem sentido, enquanto o absurdo
teria sempre um sentido, embora inexplicável e recôndito; o fantástico se
situaria numa fronteira indefinida entre a realidade e a irrealidade, ou seria
um modo peculiar de ver a existência, através de fantasias individuais,
enquanto o sentimento do absurdo estaria ligado ao real em si mesmo,
independente das projeções subjetivas. O humor negro se caracteriza como
expressão essencialmente gratuita, enquanto a noção de absurdo estaria
comprometida com a busca de significação para o real. No século XX a ficção de
Franz Kafka foi interpretada como fonte de preocupações com o tema do absurdo.
Já a noção do absurdo da existência, subjacente em alguns precursores da
filosofia existencial, como Kierkegaard e Unamuno, tornou-se núcleo básico de
algumas expressões filosóficas e artísticas modernas. A tese do absurdo
existencial foi explicitada por Albert Camus em um ensaio denominado O mito de
Sísifo, em que o personagem mitológico encarna a inutilidade do esforço humano.
Ao lado da expressão filosófica, a obra ficcional e dramática de Sartre e Camus
revelaria também, através de situações típicas, a problematização do absurdo.
Os existencialistas procuraram uma saída para o dilema da condição humana,
propondo uma escolha lucida do próprio destino, em Sartre, ou a revolta, em
Camus. Esta saída foi negada pelos representantes do teatro do absurdo, que não
admitem sequer a possibilidade de explicação para o real, proclamando a
impotência dos atos humanos. Neles, ao contrário dos existencialistas, de
expressão quase sempre realista, o absurdo emerge funcionalmente na própria
representação cênica, com a mimica grotesca, o nonsense, o humor negro e as
expressões parabólicas. Esse componente irracionalista, entretanto, ao cabo de
seus poucos anos de utilização no teatro, vem sendo integrado de tal forma a
certas estruturais textuais, cênicas e espetaculares, que sua irracionalidade e
absurdez se vêm fazendo cada vez mais meros recursos de uma sintaxe teatral
mais complexa, de que podem emergir lucidamente, não só formas de contestação e
de contracultura, senão que também formas lúdicas e recreativas, já que seu uso
meramente técnico ou instrumental pode comportar as mais variadas significações
intencionais. O absurdo teatral faz-se, desse modo, equivalente ao absurdo
especulativo, lógico, filosófico ou dialético, consoante o contexto social em
que se inscreve. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
O BANHO – No livro Perto do coração selvagem (A Noite, 1944), primeiro romance da
escritora e jornalista Clarice Lispector
(1920-1977), destaco o trecho: [...] As
mãos de Joana se mexeram independes da sua vontade. Observou-as vagamente
curiosa e esqueceu-as logo depois. O teto era branco, o teto era branco. Até
seus ombros, que ela sempre considerava tão distantes de si mesma, palpitavam
vivos, trêmulos. Quem era ela? A víbora. Sim, sim, para onde fugir? Não se
sentia fraca, mas pelo contrário possuída de um ardor pouco comum, misturado a
certa alegria, sombria e violenta. Estou sofrendo, pensou de repente e
surpreendeu-se. Estou sofrendo, dizia-lhe uma consciência à parte. E
subitamente esse outro ser agigantou-se e tomou o lugar do que sofria. Nada
acontecia se ela continuava a esperar o que ia acontecer... Podia-se parar os
acontecimentos e bater vazia como os segundos do relógio. Permaneceu oca por
uns instantes, vigiando-se atenta, perscrutando a volta da dor. Não, não a
queria! E como para deter-se, cheia de fogo, esbofeteou o próprio rosto. Fugiu
mais uma vez para o professor, que não sabia ainda que ela era uma víbora... O
professor admitia-a de novo, milagrosamente. E milagrosamente ele penetrava no
mundo penumbroso de Joana e lá se movia de leve, delicadamente. [...]. Veja
mais aqui.
VONTADE DE AMAR – Entre os poemas da poeta Yedda Gaspar Borges, destaco o poema
Vontade de amar: Como sinto vontade de
amar... / amar você sem preconceito, sentir seu corpo estremecer / a gozar de
prazer. / Sua boca sôfrega a beijar / meu corpo loucamente. / Como sinto
vontade amar... / amar você tenho direito, / deste meu desejo realizar. /
Sentir você todo por inteiro, / sua boca linda a murmurar, / morde meu pescoço
ardentemente. / Amar você totalmente / sem medo e sem barreiras. / Entregar-me
a você de tal maneira, / que nada nem ninguém / venha separar. / Como sinto
vontade de amar. Veja mais aqui.
EL, O ALUCINADO – O filme El, o alucinado (1952), dirigido
pelo controvertido cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983), conta a
história de um cidadão que mantem uma imagem de homem tranquilo, conservador e
religioso. Durante uma missa, conhece a noiva de um amigo. Em pouco tempo,
consegue separá-los e casar-se com ela. Depois do casamento, passa a ser um
homem paranoico, ciumento e atormentado. Veja mais aqui e aqui.
Musa do dia: a atriz canadense Téa Leoni.
DORO COM RESSACA DAS BRABAS, RESOLVE PARAFRASEAR JEAN-PAUL SARTRE - Imagem do artista plástico Rollandry Silvério.
Em pleno carnaval o Doro se prepara para a sumida de sempre.Ele tem logo uma justificativa na ponta da língua:
- A genti cumeça no birinaite todos nos trinquis do sociarmente. No fim, tá tudo no acanalhadamente.
Pois, tá dando de parafrasear Jean-Paul Sartre, no seu “Idade da razão”:
“(...) Quando a gente está bêbada dá-se ao luxo do patético”.
Hahahahahahaha!! E hoje é dia de lavar a jega no mé, né?
Veja mais o Doro aqui.
Veja ainda mais O amor, Antonio Rocco, Johannes Brahms, Marin Alsop, Virgílio, Lucia Santaella, Thomas Hardy, Rabindranath
Tagore, A commedia dell’arte, Wong
Kar-Wai, Maggie Cheung, Corina
Chirila & Lenilda Luna aqui.
E também Buda,
Darcy Ribeiro, August Macke & Yes aqui.
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
Veja aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Arte de Meimei Corrêa. Veja aqui, aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
PALADAR
A língua ao falo, rubros lábios, boca feliz:
O foguete singra e lava as estrelas do céu.© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Arte de Meimei Corrêa. Veja aqui, aqui e aqui.