quarta-feira, julho 31, 2019

SEARLE, BARBARA MCCLINTOCK, MÁRCIA JAQUELINE, CONTOS DA TERRA DOS MIL POVOS & ANTES DE NADA DIZER


ANTES DE NADA DIZER... - Muitas dores nos olhos alheios, tão disfarçados de risos ocasionais pelas avenidas estrangeiras de qualquer lugar do polo norte ao sul – frustrações de quem erra o caminho e não sabe mais o que fazer, ambições que se diluem disfarçadas de gentilezas e solidariedade -, e morrem todo dia para chamar a atenção da hipocrisia do outro, quase todos os mesmos do mesmo, crucificados pelo cotidiano. Muita solidão nas mãos pedintes – carências exaltadas na volta para casa e no quarto de dormir quantos Heróstratos, bússola perdida, incendiam as maravilhas da Natureza apenas para imortalizar seu mando de dendroclasta ou o que valha! Todos se parecem com o seu lugar, à sua imagem e feição, para pior, nem mais, nem menos. Muitas lágrimas escondidas – faces idealizadas nas máscaras que escondem o que verdadeiramente são por trás dos cosméticos e simpatia. Ah, todos vulneráveis comigo que choro por mim e por todos os que sofrem sozinhos sem enxergar saída alguma nesse mundo de infortúnios e injúrias. Muitas e muitos são uns e outras que gargalham para não desabar na sua vidinha entediante, a única coisa que temem é passar fome, enquanto o sal se pisa com nós pelas costas e não dá o braço a torcer, botando as manguinhas e pés de fora, levando no peito e queixo caído, a sorte a passar de raspão, seja lá, meu Deus, oxalá. Ninguém leva a sério a instrução e a verdade, quem digno de atenção. Sou solidário a todos e doo doendo também, mesmo que não seja visto nem percebido ou rejeitado, não importa que não me vejam chorar seus choros, doer suas dores, estão ocupados demais com suas sofrências valiosas; e mesmo que ignorem que a vida não é só a satisfação dos desejos, mas muito mais que sacrifício; e mesmo que se matem com seus prantos, ah, velho Schopenhauer, a ingenuidade é a honra do gênio; a nudez, da beleza. Quem me dirá de si o que houve se nem mesmo de todos há o que se esperar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
Se você sabe que está no caminho certo, se você tem este conhecimento interior, então ninguém pode negar o seu pedido... não importa o que eles dizem. Devo admitir que no início me senti surpresa, e depois confusa. Ninguém me convidava para dar aulas ou seminários, nem para participar de comitês ou tribunais acadêmicos. Mas esse longo intervalo foi uma delícia. Deu-me uma completa liberdade para continuar pesquisando por puro prazer e sem interrupções. Pode parecer injusto recompensar uma pessoa por ter tido tanto prazer nos últimos anos, pedindo à planta do milho para resolver problemas específicos e depois ver suas respostas.
Pensamento da cientista estadunidense Barbara McClintock, Prêmio Nobel de Medicina/Fisiologia em 1983, Ph.D em Botânica e especializada em citogenética, que em sua aula O significado das respostas do genoma aos desafios, publicada na obra O genoma dinamico (Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1983), organizada por Nina Fedoroff e David Botstein, expressa que: [...] No futuro não há dúvida de que todas as atenções se voltarão para o genoma, com uma consciência maior do significado deste como um órgão altamente sensível da célula, que acompanha as atividades genômicas, corrige os erros comuns, percebe os acontecimentos estranhos e inesperados e reage a eles [...].

A TIA MISÉRIA
[...] Até que em uma noite chuvosa, bateram-lhe à porta. - Já vou, já vou! Gritou Tia Miséria. Era uma mulher de horrendo aspecto, vestida de negro, com as asas negras nos ombros e nos pés. - O que... o que... quer? - Perguntou Tia Miséria a tremer. - Tenha uma boa e santa noite, Tia Miséria. - Você me conhece? Perguntou assombrada. - Vamos, Tia Miséria. Chegou a sua hora. Foi então que Tia Miséria percebeu a foice debaixo da capa da estranha criatura. Nesse momento, se deu conta de que tinha aberto a porta para ela... ela mesma... a MORTE! - Sou a Morte: venho buscar-te e estou com pressa. - Já? Pois nem ao menos pode me dar um ano de espera? - Não pode ser - respondeu a Morte. - Faça-me ao menos um último favor: suba à minha pereira e colha-me a última pera que me resta. Quero comê-la, visto que é a última. Enquanto isso, vou me preparando para a partida. - Tudo bem, mulher, mas anda rápido! A Morte subiu à pereira, colheu a pera, mas não pôde descer. Pôs-se a chamar a velhinha. Esta respondeu: “Tem paciência, maldita, pois aí ficarás por todos os séculos. És má, tens feito muitas desgraças, roubando muitos pais aos seus filhos pequeninos...” E a Morte ficou em cima da pereira durante dias, semanas, meses. - Por onde anda a morte? Perguntavam os velhinhos e os doentes terminais nos hospitais. Depois de um ano, e depois de muita procura, Tia Miséria percebeu, na frente da sua porta, um comitê composto de padres que se queixavam de que não havia enterros, de médicos enfurecidos com o pouco profissionalismo da morte: uma coisa era alargar a vida, outra muito diferente era estender a dor. Ali estavam também escrivães e advogados que se lastimavam de não ter inventários, de donos de funerárias que reclamavam da queda das vendas de caixões; enfim, eram todos aqueles que vivem da morte do próximo. Todos pediam à velha que autorizasse a Morte a descer da pereira, mas Tia Miséria respondia: “Não quero, não quero e não quero”! Falou então a Morte do alto da pereira e fez com a velha um trato: se a deixasse descer, pouparia sua vida enquanto o mundo fosse mundo. A velhinha consentiu e a Morte desceu. Saiu correndo dali com a promessa de nunca mais bater à porta de Tia Miséria. Mas compensou o tempo perdido: nunca morreram tantos em tão pouco tempo. É por isso que enquanto o mundo for mundo a Miséria existirá sobre a Terra.
Contação de lendas e mitos recolhida do espetáculo Contos da Terra dos Mil Povos (2007), que entra no Campo do Sagrado, pelos rituais e conhecimentos ancestrais que evocam e pelo próprio ato de Contar Histórias, Sagrado para as Culturas Orais. Veja mais aqui.

A ARTE DE MÁRCIA JAQUELINE
Depois que eu entrei, o meu sonho era terminar a minha carreira aqui. Trazer esta obra, neste momento, é um grito de socorro. A gente está dançando para arrecadar feijão e arroz, porque famílias não têm o que comer. Eu batalhei tanto para chegar até aqui e não podia, neste momento, desanimar. Mas eu quero voltar e fechar o meu círculo, porque aqui eu comecei e quero terminar aqui.
A arte da bailarina Márcia Jaqueline, a primeira-bailarina do balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e, hoje, no Salzburg Ballet, da Áustria. Veja mais aqui.

A OBRA DE JOHN ROGERS SEARLE
A consciência é um fenômeno biológico, como a fotossíntese, a digestão, a mitose - você conhece todos os fenômenos biológicos - e uma vez aceito isso, a maioria, se não todos os problemas difíceis da consciência simplesmente evaporam.
A obra do filósofo e escritor estadunidense John Rogers Searle aqui e aqui.


terça-feira, julho 30, 2019

MÁRIO QUINTANA, EVELYN FOX KELLER, LINOR ABARGIL, HENRY MOORE & CIDADE CORAÇÃO


CIDADE CORAÇÃO – A cidade sou eu rio acima de nenhuma margem, menino que não precisava saber qualquer coisa de nada. Se as ruas repletas de sangue coagulado são veias que se abrem do talho involuntário, qual esquina não mora o agouro e eu sequer distinguia a bondade congênita da malévola tapiação. Não devia o pé fora de casa, nenhum passo além da placenta rasgada, inferno que pulsa a madrugada na festa vazia. Ali eu pensava em nunca esquecer a distopia de heróis fugitivos dos gibis levando todo mundo aos pandarecos, como se o estágio da esperança entre mendigos bem aquinhoados, servissem à desolação do ermo. A cidade não existe nem nunca existiu nas minhas migrações por pisos falsos e escravos de Babel: uma tábua suspensa no ar, a qualquer momento despenca num poço sem fundo. Nunca se sabe por aqui se é inverno ou verão, a chuva torrencial logo passageira se vai sem me levar e deixa o Sol mostrar o avesso e a pirotecnia que nunca se viu. Todos dormem diante do espetáculo horrível, ou não enxergam, nem querem ver. Eu não sei e a cidade é um defeito de alheias convalescências. Nada mudou desde sempre além do estardalhaço, nenhuma perspectiva no horizonte, nem há mais futuro, só agora a se dissolver até quando acabar. Desconheço perguntas que soam ao vento, se versos inauditos ou poemas sequer recitados, são vozes sombrias e ninguém escuta: os mortos declamam a esperança de acender a noite revelando a vida real em que não existem respostas largas ou longas, a memória violada de tantas agruras. Assim os meus dias e outros dias e a cidade é uma nuvem de seres desérticos, coração em chamas, outras escuridões. Todo dia é quarta-feira de cinzas por aqui, mesmo ano a cada virada, quem diria. Apesar do calendário o que resta é sorrir sem saber se tarde ou não, porque ninguém mais tem direção alguma para amparar e viver. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] Estou argumentando que uma transição (ou descontinuidade) de importância foi o surgimento do que eu poderia chamar de "matéria inteligente", ou melhor, moléculas inteligentes. Moléculas inteligentes são moléculas que podem ambas registrar (sentido) sinais em seu ambiente e respondem mudando suas regras de engajamento - por exemplo, moléculas alostéricas. Eu sugeri que tais moléculas entraram em cena em algum lugar no curso da evolução de macromoléculas como o DNA e proteínas, e além disso, que sua aparência era crucial para o evolução subsequente dos sistemas vivos. [...] sugiro que uma vez que a matéria evolua para a matéria inteligente, o alcance do que pode fazer torna-se enormemente expandido. [...].
Trecho do texto Auto-organização, automontagem e inerente (Upsala University, 2009), da premiada física, escritora e ativista estadunidense Evelyn Fox Keller, pesquisadora que enfoca a história e a filosofia da biologia moderna e sobre o gênero e a ciência. Veja mais aqui.
  
BRAVE MISS WORLD
Não tenho medo de falar sobre meu estupro. Mas espero que os homens tenham medo. Eu acho que é muito importante falar. Porque essas mulheres que não falam, não querem acreditar que isso aconteceu. Eles estão com medo de mencionar a palavra estupro. Se eles disserem a palavra 'estupro', eles podem tremer e desmaiar. Isso controla você. E por quê? Você deixa essa pessoa controlá-lo pelo resto da vida. Eu acho que quando você coloca o que aconteceu com você do lado, e você não tem medo de confrontá-lo, então você percebe que não é o que faz de você quem você é.  Eu não era como as outras garotas. Eu nunca me culpei, ou pensei que isso aconteceu por minha causa. Eu nunca guardei dentro. Na época, o que eu fiz pareceu normal. Mas agora percebo que não foi. Porque a maioria das vítimas não fala, nunca. Eu sou bem única nesse sentido. Eu falo, eu grito, não tenho medo. Espero que os homens não ajam como animais.
O documentário Brave Miss World (2013), dirigido por Cecilia Peek, conta a triste história e a superação da vencedora do concurso Miss Mundo 1998, a atriz, amodelo e advogada israelense Linor Abargil. Seis semanas antes de ganhar o prêmio, então com 18 anos de idade, ela foi sequestrada e estuprada pelo agente de viagens Shlomo Nour, posteriormente condenado em Tel Aviv. Anos depois ela declarou: Nunca passou pela minha mente que aquele 'bom' homem iria me prejudicar. Mais tarde, percebi que este ato foi cuidadosamente planejado e a visão daquela noite terrível esteve em meus pesadelos por muitos anos. Desde então se tornou uma ativista contra a violência sexual, ajudando vítimas de estupro ao redor do mundo e luta contra essa cultura machista. Veja mais aqui.

A ESCULTURA DE HENRY MOORE
A verdadeira base da vida está nas relações humanas. Em certa medida, toda arte é uma abstração.
A arte do premiado escultor britânico Henry Moore (1898-1986) que desenvolveu uma obra tridimensional predominantemente figurativa, com breves incursões pela abstração. Veja mais aqui.

A OBRA DE MÁRIO QUINTANA
Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.
A obra do poeta, tradutor e jornalista Mário Quintana (1906-1994) e muito mais aqui.


segunda-feira, julho 29, 2019

BAUDRILLARD, AGLAJA VETERANYI, ZSÓFIA BOROS, MACLAU DE MELLO & SEBRUÍNO


UM PARALELEPÍPEDO NO PEITO, OU ERA UMA VEZ UM GRANDE AMOR - Ninguém consegue entender o motivo daquela belezura de mulher achar de se enganchar logo com o Sebruíno, aquele mesmo, vulgo Cezão. Logo ele, um ocrídio socó todo malabanhado, quase um fora da lei de tanta embustice insuportável, cheio das caretas, uma halitose braba, uma inhaca de sovaqueira e chulé, catingoso todo, uma praga! O semiscarúnfio solerte tinha mais cabaço nas costas do que praga de formiga atacando dentro de casa, e mantinha as descabaçadas - e as por serem vitimadas - num reduto de saia perdida, harém ampliado todo dia, bastando qualquer jeitosa cruzar o seu caminho, para passar o rodo e findar todo boquirroto contando vitória. Oxe, bastou uma beldade ricaça dar mole para ele, o laido cabeça de vento se assanhou todo e mandou ver, sonhando futuro espalhado a gozar do bom e do melhor. Inacreditável mesmo. Logo ela que endoidou uma tuia de marmanjo tudo acometido de uma paixonite incurável, de vistoso a boa praça, tudo arreado na claque dos gamados nela. A mulher era um espetáculo, bote calilogia: toda elegante e pra frente, libertária e resolvida, fogosa e empiriquitada, aonde chegasse, via-se só o alvoroço de tão letífica e pasmosa. E os dois lá no maior amasso, juras e acochos. O tetro libertino dava no couro e na medida, já se via o roliúde de tão amoquecado. Danou-se na buraqueira e já se adiantava dando ordens pros empregados, botando os cães para fora, tomando os birinaites da melhor qualidade, nunca tinha visto aquilo, ora. Só se preocupava com os dentes mal-acostumados que eram com as requintadas iguarias na mesa abastada: Nunca viram isso, será que não vão cair? Ele antes só se servia de lavagem ou do que sobrasse das cozinhadas frias fora de hora. Agora, no maior repasto, regalava-se: tinha comida, roupa lavada, teto e luxo. Chega impava e era cuidado, tratado, um dengo infeliz quando ela mencionava: Meu brucutuzinho, venha cá, meu grande amorzinho! Por conta disso, passeavam pelos jardins, praças e ruas no maior idílio. Ele peidando contra o vento só pra sentir se a sua fedorência havia melhorado. E perguntava para si mesmo por não ter o quê fazer: Como é que pode, hem? Ou essa mulher é doida, ou está cega da silva. Ele se sabia franchão enjeitado, destituído de qualquer valor social, um desastre de gente. E aquela boniteza toda, do lado dele, apaixonada por ele? Não pode, só em sonho. Tanto que se beliscava para ver se era verdade. Eita! Essa doeu. E lá ia ele todo ancho, mãos dadas, enamorados. Aí ele resolveu sua vida: saiu de casa, dispensou todo mundo do seu plantel feminino, mudava de calçada quando via as pariceiras de seu convívio anterior, fiel exclusivo, todo na linha, o último-abencerrage. Bastou a lealdade para tudo virar de um tempo pro outro: ao chegar no palacete, a diva estava virada. Botou-lhe para fora no maior esculacho. Que foi que eu fiz? Ainda pergunta, salafrário? Saiu com uma mão na frente e outra atrás, uma dor de corno da peste, roendo que só. Enfiou o dente na cachaça a prantear larvado e palheirão por uns quinze dias encarreados. Sofria que só de relar a venta no meio fio e findar na sarjeta. Virou poeta de água doce de uma hora para outra, cometendo versos bregas que dilaceravam os cotovelos. Lá ia todo macambúzio biritado, perdido altas horas, errando à toa. Cadê-lo? Oxe, ontem mesmo foi encontrado estendido com um paralelepípedo enfiado no seu coração esmagado. Eita, suicidou-se... Hem, hem, era uma vez um grande amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] Nem bem amanhece, minha mãe se levanta e começa a cozinhar, depena a galinha e segura-a sobre a chama do bico de gás. Minha mãe prefere comprar a galinha viva, pois a carne é mais fresca. No hotel, ela mata a galinha no banheiro. Na hora do abate, o cacarejo das galinhas é internacional, entendemos, não importa o lugar. É proibido abater animais nos hotéis, ligamos o rádio, abrimos as janelas e fazemos barulho. Não gosto de ver a galinha antes, senão, quero que ela fique viva. O que não vai dar para a sopa acaba no vaso sanitário. Eu fico com medo do vaso sanitário, de noite faço xixi na pia, dali eu sei que não vai sair nenhuma galinha morta. [...] Em cada nova cidade, cavo um buraco na terra em frente ao nosso trailer, coloco a mão lá dentro, depois a cabeça, e escuto Deus, respirar e mastigar debaixo da terra. Às vezes, tenho vontade de cavar até encontrá-lo, apesar de ter medo de que ele me morda. Deus está sempre com muita fome. [...].
Trechos da obra Por que a criança cozinha na polenta (DBA, 2004), da escritora romena Aglaja Veteranyi (1962-2002). Veja mais aqui.

A MÚSICA ZSÓFIA BOROS
A música está transportando energia e estou seguindo meu coração dependente da história que quero contar. A liberdade começa para mim depois que eu inalo a música, do que posso exalá-lo.
Curtindo os álbuns Evocacion (Preiser Records, 2005), Musibox (Preiser, 2008), Em outra parte (ECM, 2013) e Objetos locais (ECM, 2016), da violonista tcheca Zsófia Boros. Veja mais aqui.

A ARTE DE MACLAU DE MELO
Pintar murais eleva minh'alma para as estrelas lá de fora. Pintura mural me expõe e compõe-me com outros.
A arte da artista plástica Maclau de Mello. Veja mais aqui.

A OBRA DE JEAN BAUDRILLARD
Nós somos apenas episodicamente condutores de sentido, no essencial e em profundidade nós nos comportamos como massa, vivendo a maior parte do tempo num modo pânico ou aleatório, aquém ou além do sentido.
A obra do sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard (1929-2007) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.


sexta-feira, julho 26, 2019

BERNARD SHAW, ANTONIO MACHADO, THILO SCHMIDT, NEL ANGEIRAS & MARAVILHA DE VIVER


MARAVILHA DE VIVER - No meio da noite os pensamentos passam e rolam por aí, a esmo e sem paradeiro certo, pra cima e pra baixo, alguns me assaltam e me escondo no paradoxo: sou o que sou e o contrário, sou livre à vida convcrsável. Tenho pra mim o plural e o amplo para ser melhor que sou no exercício da mútuua piedade. Não julgo, sou pra conversa e conversão: compreender o princípio de vida. Sou-me inteiro na solidariedade humana e a todo ser vivente: diálogo fácil com bichos, plantas, invenções. Tenho comigo que posso mais do que sou, isso eu sei, ação pra quem anda solitário com tudo e todas as coisas. Em silêncio, sozinho vou além das aparências, sei que tudo se manifesta em mais de zis maneiras no grande esquema das coisas e seres. Cogitações, encaro incompreensões – nenhum gênero me é estranho; as ilusões passeiam, não presumo nada. Sigo pela filosofia da vadiagem, poeta à solta: criança maravilhada a dar conta dos fieis do amor no privilégio da felicidade com a doação do amor. E se é noite, tanto faz se dia, o que importa é a maravilha de viver. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
Na calada da noite do G20, a União Europeia conseguiu selar finalmente, após 20 anos de negociação, o acordo de livre comércio com o Mercosul. O texto do acordo tem que passar ainda pelos estados membros do pacto e do parlamento da EU, e pode sofrer alterações. O que está no acordo, é alarmante, para os dois lados do Atlântico. É um retrocesso para a agricultura, os direitos humanos, meio ambiente e clima, proteção dos consumidores. Quem ganha é a agroindústria e a indústria alimentícia. A maior parte das importações europeias do setor agrário e de alimentos vem dos países do Mercosul – Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai (aprox. 90 bilhões de Reais por ano). Com o acordo, a parcela das importações deste setor proveniente do Mercosul pode subir de atualmente 17% para 25% até 2025. Em consequência, a já enorme pressão do setor agroindustrial sobre a Amazônia, terras indígenas, unidades de conservação, direitos humanos ainda tende a subir nos próximos anos. Alguns números: 94% de farelo de soja e 52% de grão de soja que a UE importa do mercado global vem do Mercosul. O superávit de produção alimentícia da EU vem das monoculturas brasileiras, argentinas, paraguaias, uruguaias – destruindo ao mesmo tempo os mercados nos países africanos. Produzindo assim refugiados, sem perspectiva de vida digna nos seus países de origem and so on and so on ... No Brasil, 96% dos campos de soja são cultivadas com Organismos Geneticamente Modificados OGM, 99% na Argentina. Na maioria, variedades de Monsanto/ Bayer. O Mercosul se torna o maior exportador de carne do mundo, o que se reflete nas prateleiras dos supermercados europeias: 73% da carne de boi e 56% da carne de frango vem do Mercosul. O acordo deve ainda aumentar estas cotas. Com isso, precisa-se produzir mais soja geneticamente modificado. A cota de importação de açúcar é de 100.000 t/a, etanol 600.000 hl/a, tendência para cima Brasil é, junto aos Estados Unidos, o maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Ao mesmo tempo, com menor controle acerca de resíduos tóxicos nos alimentos. Na UE, o valor residual permitido de glifosato na soja é 0,05 mg/kg, no Brasil 10 mg/kg, 200 vezes mais. Na água potável, Brasil permite 5.000 vezes mais glifosato do que na Europa. Agrotóxicos se acumulam nos solos e no lençol freático, diminuem a fertilidade dos solos por prejudicar os microrganismos, levando assim à desertificação. Afinal, fecharemos o ciclo de intoxicação, com a volta de agrotóxicos europeias à Europa em forma de ração animal e de alimentos. Pelo menos neste sentido, uma contribuição à igualdade entre os povos. A situação “liberal” nos frigoríficos é bem conhecida, basta lembrar o escândalo de carne podre da JBS (Friboi, Seara), e da BRF Foods (Sadia, Perdigão). No âmbito do Mercosul, a EU vai lutar por controles mais rígidos? (Argumento da Angela Merkel no Bundestag, parlamento alemão, em 26.06.2019, ao defender fechar o acordo com o Mercosul no momento da presidência do Bolsonaro no Brasil) Ao contrário: pretende-se tratar a fiscalização de forma mais liberal. Mecanismos de controle serão substituídos por “garantias de suficiência” dos países exportadores – ou seja, mecanismos de autocontrole. Brumadinho manda lembranças! Ademais, o acordo fere o princípio de precaução, quanto a medidas de proteção ambiental e dos consumidores. Na UE, o princípio de precaução é parte do marco legal. A autorização de produtos pode ser negada em caso de dúvidas acerca da sua segurança, impactos para a saúde etc. Não será parte obrigatório do acordo, apenas facultativo, sem sanções – ou seja, não vale o papel impresso! Tem outros pontos críticos, como a representação dos interesses de multinacionais por lobbying, ausência de acordos acerca do desmatamento, da proteção de terras indígenas, dos direitos humanos etc. É necessário ficar de olho!
Texto Após 20 anos: União Europeia e Mercosul fecham acordo de livre comércio - Possíveis consequências do acordo, do Engenheiro alemão que atua na Gestão Sustentável de Resíduos Solidos, Thilo Schmidt, criador da Rede Hortas do Bem Comum e da Felicidade Comunitária. Veja mais aqui e aqui.

A POESIA DE ANTONIO MACHADO
XVI - O homem, por índole, é besta paradoxal, / precisa de lógica esse absurdo animal. / Criou do nada um mundo e, obra terminada, / “Já sei o segredo – se disse – , tudo é nada.”
XLIV - Tudo passa e tudo fica, / e o que nos cabe é passar, / passar fazendo caminhos, / caminhos por sobre o mar.
LI - Luz do espírito, luz sagrada, / lanterna, tocha, estrela, sol… / Um homem às cegas na estrada; / leva nas costas um farol.
SEM TÍTULO -  De noite quando dormia / sonhei, bendita ilusão!, / que uma nascente fluía /dentro do meu coração. / Por que ribeira escondida, / agua, vienes hasta mí, / água, vens tu até mim, / manancial de nova vida / onde jamais eu bebí? / De noite quando dormia / sonhei, bendita ilusão!, / que uma colmeia vivia / dentro do meu coração; / e as douradas abelhas / iam fabricando nele, / com as amarguras velhas, / branca cera e doce mel. / De noite quando dormia / sonhei, bendita ilusão!, / que um ardente sol luzia / dentro do meu coração. / Era ardente porque dava / o calor de um rubro lar, / e sol porque alumiava, / porque fazia chorar. / De noite quando dormia / sonhei, bendita ilusão!, / que era Deus o que eu trazia / dentro do meu coração.
Poemas da obra Provérbios e cantares (El Pais, 2003), do poeta e dramaturgo espanhol Antonio Machado (1875-1939). Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE NEL ANGEIRAS
A arte do quadrinista, ilustrador, desenhista, publicitário e webdesigner Nel Angeiras, criador da série & blog Noturnos. Ele também é o criador de diversos personagens, a exemplo do Ponto Zero, e participando de publicações como Areia Hostil, Projeto Continuum, Cabal e no HQNado. Veja mais aqui.

A OBRA DE BERNARD SHAW
Só triunfa no mundo quem se levanta e procura as circunstâncias - e as cria quando não as encontra.
A obra do dramaturgo, escritor e jornalista irlandês Bernard Shaw (1856-1950) aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.


quinta-feira, julho 25, 2019

ÍTALO CALVINO, CIBELE FORJAZ, ERWIN BLUMENFELD, CLEMENS SCHRAGE & CARTA PARA MIM MESMO & MAIS NINGUÉM


CARTA PARA MIM MESMO & MAIS NINGUÉM – Aos apaixonados, um amor de verdade; aos desapaixonados, não sei fazer de conta: umas gotas de sangue nas veias bastam; aos que não veem, o aprendizado do olhar; aos desamparados, a ternura do gesto; aos infelizes, sorrir nunca é demais; aos que choram, a vida os consolem; aos abandonados, o afago materno; aos desiludidos, a descoberta da esperança; aos fracassados, sejam agraciados pela solidariedade; aos que fraquejam, a conduta da Fênix; aos sem saída, o voo sobre o abismo; aos miseráveis, saciem sua fome; aos covardes, um dia criem coragem; aos indiferentes, curtam seus vislumbres; aos que desamam, não sofram tanto; aos que esperneiam, o que é de gosto arregala o peito; aos que se envenenam, encontrem seus antídotos; aos que matam, aprendam a viver; aos que vão embora, sigam seus caminhos; aos que perderam, logo achem; aos que reclamam, encontrem satisfação; aos que enganam, se livrem dos seus tormentos; aos desencontrados, aprumem seus eixos; aos ingratos, a outra face; aos desumanizados, a ciência dos direitos humanos;  aos egoístas, a coalização de Seattle; aos fundamentalistas de todos os credos e partidos, o respeito ao direito individual; aos que sucumbiram, uma mão amiga; aos excluídos, oportunidades no horizonte; aos inimigos, um peito de braços abertos; aos que me odeiam, o desejo de paz: ninguém tem culpa de ser menor que o próprio tamanho; e aos que ficam, até sempre. Para mim mesmo, o conforto do chão e um céu estrelado. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
Falta uma matéria essencial na grade curricular em todos os níveis de graduação: a nobre e essencial arte de mentir (inclui distorções e omissões da verdade). Crianças e adultos precisam aprender a mentir bem e a identificar mentiras e falsificações. Ainda não sei qual seria o nome adequado para essa nova matéria. Faço uma sugestão [...] Nossos filhos precisam aprender a mentir, para assim também identificar mentiras. Voltando à mencionada falha na grade curricular: sugiro a introdução de matérias revolucionárias. Por exemplo: Sociologia. Ou Filosofia.
Trechos de texto do consultor alemão Clemens A. F. Schrage. Veja mais aqui.

O TEATRO DE CIBELE FORJAZ
Faço teatro pela fome e, não, pela fama. Acho que essa ideia dos grandes encenadores do século XX foi fundamental para transformar um teatro que era pautado no realismo para algo com traços mais autorais. Mas, hoje, no teatro do século XXI, o mérito da criação não pode ficar restrito a uma única pessoa. Cabe aos coletivos esse papel hoje, eles são o grande celeiro da pesquisa teatral.
A arte da diretora e iluminadora teatral, docente e pesquisadora em artes cênicas Cibele Forjaz. Veja mais aqui.

A FOTOGRAFIA DE erwin blumenfeld
A arte do fotografo estadunidense Erwin Blumenfeld (1897- 1969) com suas técnicas de distorção, exposição múltipla, fotomontagem e solarização. Veja mais aqui.

A OBRA DE ÍTALO CALVINO
Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser completamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis.
A obra do escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.


quarta-feira, julho 24, 2019

EDUARDO GALEANO, FRITJOF CAPRA, EMILIE SUGAI, COYOTE DICK & APRENDIZADO COM OS REVEZES


APRENDIZADO COM OS REVESES – A vida é a maior aprendizagem. Algumas lições são sutis, quase imperceptíveis. Eu mesmo muitas vezes passei batido, não saquei logo, nem direito, só com o tempo. Às vezes, muito tempo. É preciso atenção, senão, senão. Falo por mim, de tantas perder a vez de chegar a gorar, fui aprendendo aos poucos, pacientemente: a verdade não está na superfície, nunca esteve nem estará. Descobrir o visinvinsível ou o que está por trás de tudo, nem sempre é fácil ou possível. Por isso, me enganei tanto com a cor da chita: entendi muita coisa errada; noutras, já era tarde demais. Errei que só, demais até; acertei uma vez ou outra, deu pro gasto, pois, saberia que chegaria a minha vez. E todas as vezes que tentaram me destruir, não temi; cabeça erguida, sorri porque sempre considerei que a morte é o complemento da vida. Ao ser vitimado por falta de consideração ou covardia, segui adiante: há tanta gente na face da Terra, alguém pode considerar. Diante de uma desfeita, quase desmoronei, entristeci, quase; fiquei passado. Todavia, me reergui e segui em frente: um enorme horizonte adiante. Ao ser tratado com rispidez ou descortesia, fiquei surpreso, contei até dez e saí: viver é tão maravilhoso, não valeria, jamais, perder a razão. Diante de um desapontamento, não era bem o que queria, afinal, refiz o constrangimento e me reconstruí diante de tantos mal entendidos, desaforos, incompreensões e miudezas. Não mudei a face, nem ergui a voz, apenas, segui o meu caminho porque o Sol dá um espetáculo todos os dias, desde a alvorada até o crepúsculo. Relevei tudo, me desfiz dos rancores e mágoas, não julguei nem maldisse o mundo: a Natureza é sábia. Tive que fechar os olhos para perceber o verdadeiro. Sabedor, fiquei em paz. Enfim, aprendi que a vida é para ser vivida. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] Ser humano é existir na linguagem [...] O papel crucial da linguagem na evolução humana não foi a capacidade de trocar ideias, mas o aumento da capacidade de cooperar. À medida que a diversidade e a riqueza das nossas relações humanas aumentavam, nossa humanidade – nossa linguagem, nossa arte, nosso pensamento e nossa cultura – se desenvolviam. [...] Dentre todas as espécies, somos a única que mata seus semelhantes em nome da religião, do mercado livre, do patriotismo e de outras ideias abstratas. [...] Para recuperar nossa plena humanidade, temos de recuperar nossa experiência de conexidade com toda a teia da vida. Essa conexão, ou religação, religio em latim, é a própria essência do alicerçamento espiritual da ecologia profunda. [...] alguns dos princípios básicos da ecologia – interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade, diversidade e, como consequência de todos estes, sustentabilidade. [...] a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica, da nossa capacidade de entender esses princípios da ecologia e viver em conformidade com eles.
Trechos extraídos do livro A teia da vida: uma nova compreensão científico dos sistemas vivos (Cultrix, 1996), do físico e escritor austríaco Fritjof Capra. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

COYOTE DICK
[...] Era uma vez Coyote Dick, e ele era tanto a criatura mais esperta quanto a mais tonta que jamais se podia esperar encontrar. Ele estava sempre querendo comer alguma coisa, sempre trapaceando as pessoas para conseguir o que queria e, em qualquer outra hora, estava dormindo. Bem, um dia quando Coyote Dick estava dormindo, seu pênis ficou realmente entediado e resolveu abandonar Coyote para viver sozinho uma aventura. Foi assim que o pênis se soltou de Coyote Dick e saiu correndo pela estrada. Na realidade, ele pulava pela estrada afora já que possuía só uma perna.E ele foi pulando e pulando, e se divertindo até que saltou da estrada e entrou na floresta, onde — Ah, não! — ele pulou direto numa moita de urtigas.— Ai! — gritou ele. — Ai, ai, ai! — berrou ele. — Socorro! Socorro! O barulho dessa gritaria toda acordou Coyote Dick e, quando ele estendeu a mão para dar partida no coração com a manivela, como de costume, viu que ela não estava mais lá. Coyote Dick saiu correndo pela estrada, segurando-se no meio das pernas, e afinal encontrou seu pênis passando pela maior dificuldade que se pudesse imaginar. Com grande delicadeza, Coyote Dick tirou seu pênis aventureiro do meio das urtigas, acarinhou-o, tranquilizou-o e o devolveu ao seu lugar certo. Old Red ria como um louco, com acesso de tosse, olhos saltados e tudo o mais.— Essa é a história do velho Coyote Dick.— Você se esqueceu de contar o final — repreendeu-o Willowdean.— Que final? Já contei o final — resmungou Old Red.— Você se esqueceu de contar para ela o verdadeiro final da história, seu porcaria.— Ora, se você se lembra assim tão bem, então conte você mesma. — A campainha tocou e ele se levantou da cadeira desconjuntada. Willowdean olhou direto para mim, e seus olhos cintilavam.— O final da história é a moral. — Nesse instante, Baubo apoderou-se de Willowdean, pois ela começou a dar risinhos, a rir abertamente e afinal a gargalhar tanto, e até com lágrimas, que levou dois minutos para conseguir dizer as duas últimas frases, já que repetia cada palavra duas ou três vezes enquanto tentava recuperar o fôlego.— A moral é que, mesmo depois de Coyote Dick sair do meio das urtigas, elas fizeram seu pau coçar feito louco para todo o sempre. E é por isso que os homens estão sempre chegando perto das mulheres e querendo se esfregar nelas com aquele olhar de "Estou com uma coceira". Pois é, aquele pau universal está coçando desde a primeira vez que fugiu do dono. [...]
Trechos extraídos da obra Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Rocco, 1994), da escritora e psicóloga Clarissa Pinkola Estés. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A ARTE DE EMILIE SUGAI
O hábito urbano das “coisas prontas”, do imediatismo bem como da beleza fácil pode ser criticado por meio da Arte. Este é um dos meus propósitos: buscar comunicação e troca e tentar o acontecimento epifano – não no sentido religioso, mas antes, como um trabalho simbolicamente revelador.
A arte da atriz, coreógrafa, dançarina, performer e professora Emilie Sugai. Veja mais aqui.

A OBRA DE EDUARDO GALEANO
Somos o que fazemos, principalmente o que fazemos para mudar o que somos.
A obra do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.


terça-feira, julho 23, 2019

HENRY MILLER, REBECCA HORN, MARIA DO CARMO GUEDES, HIPER MULHERES & GATUNÁRIO DO FECAMEPA


GATUNÁRIO DO FECAMEPA – Gentamiga! Ninguém está nem aí para o gatunário do Fecamepa! Não estou me referindo a casos como o de Absalão de Davi, nem de Barrabás de Yafo, ou do bom ladrão católico Dimas e do ortodoxo Rakh. Também não me refiro à arte de roubar do Padre António Vieira, se bem que se trata de uma das práticas mais antigas da humanidade. Tampouco me refiro ao romântico Robin Hood ou Barba Azul das mulheres. De forma alguma faço referência ao Flambeau de Chesterton, ou a república dos nobres vigaristas de Scott Lynch, da cleptomaníaca do bom de Fernando Sabino, dos duzentos de Dalton Trevisan, dos das bicicletas de De Sica, ou dos da cova da princesa Rosinha. Muito menos em relação com aos barões de Ayn Rand, nem com o Lupin de Leblanc, o açogueiro da caçada de Cussller, o Tom da Highsmith, dos da noite de Koestler, do Pietr de Simenon ou do Scipio de Cornelia Funke; sequer dos do destino de Nanuka, dos nazistas do livro de Rydell, dos três de Ungerer, do professor Chicuta, do rei Vicente; ou de facínoras como Al Capone, Madame Satã, Attila Ambrus – o Viszkis que bebia uísque -, Spaggiari, Valerio Viccei, Dick Turpin; ou dos glamourosos Jesse James & Frank James, Billy the Kid, Butch Cassidy, Sundance Kid, John Dillinger, Bonnie & e Clyde, Carl Gugasian, Derek “Bertie” Smalls, ou, ainda, dos famosos da gangue francesa do aspirador de pó, dos assaltantes do Crédit Lyonnais, dos do MAM de Paris, dos do Museu Gardner, dos diamantes da “Escola de Torino”, dos da Baker Street, nem do Dragan Mikić & Panteras cor-de-rosa; quanto mais dos que roubam o tempo, segundo cognitivistas, como as redes sociais, as mensagens e notificações de celulares, da internet, das interrupções – gente chata medonha – e de não saber o quê estudar! Nada disso. Olhando bem, já é bandido como a praga! Não obstante, nenhum desses. Apenas, assinalar a respeito da tropelia dos celerados que vieram depois da leva do Paraíso tratado pela Ottoni, está sabendo? Esses sim. Falando sério: virou impunidade da cara mais lisa. O que tem de gente desafiando o vetusto e discriminador Código Penal vigente não é pouco; só tem uso para mim ou alguns outros tantos desamparados da Justiça. Pudera, se a Constituição Federal já foi emendada mais de 100 vezes em 31 anos, afora ser desconhecida, ao que parece, pela quase totalidade da população e inaplicável na maioria das vezes pelas autoridades constituídas, não poderia fazer jamais lá muita diferença. Daí deixar a coisa correr frouxo entre favorecidos de escusos compadrios é que são elas. A sensação que fica é de completa injustiça! Tanta gente se dando bem, outros tantos se lascando meio a meio. Aos que parece, tem gente que andou queimando as pestanas na elaboração de projetos enroladores, coisa assim, aprendida às avessas da Arte de Furtar do Padre Manuel da Costa ou levado ao pé da letra o Príncipe de Maquiavel e de outros ardis estratégicos para engalobar os bestas, com manobras de duplipensar, chega deixar a gente de queixo caído no final das contas. O que tem de espetacularização no engenhoso espaço encobertado dos gatunildos e ladronácios das três esferas de todo Poder Legislativo, dos quadrilhaldos de todo Poder Executivo, dos laurápios sisudos e embecados de todo Poder Judiciário, além dos que brincam de roubonildos e dos furtaldos nas disfarçadas apropriações indébitas dadas por transações lícitas; dos bandos de escrunchantes nas verbas públicas, das maltas de falperristas que brincam de lesar a pátria, da pandilha de gaudérios que manipulam as licitações, da corja de enche-cabresto que desvia o erário público, da cambada de afanadores e cortabolas que se aboletam nos birôs para manipular verbas públicas, da choldra de escorchas e gateadores que sucateiam os serviços sociais, da horda de milhafes e sacomardos das gestões públicas; dos capiangos, abiges e pitubas que precarizam a saúde; dos bordinaus, quatreiros, tudo doutores quatreiros do 5 deitado, 1 em pé e quatro rodando nas coisas da educação; dos guabirus da leseira alheia, argamandeis capoeiros e bilontras da segurança geral; dos manatas, flibusteiros vigaristas e receptânios ventanistas das sonegações por debaixo dos panos; dos estelionatininhos da trapaça, extornaldos ímprobos e abusaldos punguistas das defesas nacionais; dos trapaceiros, pilhas, rapinas e paudilheiros dos transportes; dos maganos, bandoleiros e burladores do tráfico de influência; dos caloteiros, escamoteadores, lapins e mãos-leves dos acessos ministeriais; dos rapaces, salteadores, escroques e gomeleiros das relações internas e exteriores, vixe, tudo zanzando aí a torto e a direito pelas esquinas a céu aberto de pleno meio dia! Ora, ora. Aqui o Ali Babá das Mil e Uma Noites é calunga de primeira viagem: os daqui levam para mais de milhões pro saco, formando todas as bandalheiras deste país pro Fecamepa de Mãe-Joana, um estrupício do maior vitupério. É ou não é? Parece mais que todo mundo rouba todo mundo; e eu que faço parte do mundo, liso sem ter aonde cair morto, contudo pago mesmo sem participar dessa ladroagem toda! Arre! E eles, os Fabos do colarinho-branco ainda acham que estão se defendendo nas tetas da MãeNação, oh, patriamada, pode um negócio desse? Vou ficar sozinho nessa parada é? Ué, ninguém faz nada! Destá. Está na hora da gente aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] a História é sempre embate entre posições. E se uma vence, não significa necessariamente que é a melhor, mas apenas que, no jogo de forças presentes na situação em que o embate se deu, uma delas pôde sobressair-se. Não significa também que ficará sempre assim, pois aos perdedores basta reorganizarem-se e recomeçar. [...].
Trecho de Enzo Azzi (1921-1985), um médico italiano na psicologia brasileira, da psicóloga Maria do Carmo Guedes, extraído da obra Escritos sobre a profissão de psicólogo no Brasil (EDUFRN, 2010), organizado por Oswaldo H. Yamamoto e Ana Ludmila F. Costa.

AS HIPER MULHERES
O documentário As Hiper Mulheres (2011), registra  o Jamunikumalu, maior ritual de canto das mulheres kuikuro, no Alto Xingu, no Mato Grosso. O tema central é a festa promovida para que uma índia velha cante pela última vez, antes da morte, nesse ritual. Mas a detentora do saber das canções adoece e precisa ser cuidada pelo pajé e por médicos da cidade mais próxima. Trata-se de uma produção da Vídeo nas Aldeias (VNA), um projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil, criado em 1986. O objetivo do projeto é apoiar as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais e de uma produção compartilhada com os povos indígenas. O documentário foi premiado no Festival de Gramado: 2011 –Kikito Especial do Júri e Kikito Melhor Montagem; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: 2011 – Melhor som; Festival de Curitiba: Melhor Filme, Prêmio Olhar, Prêmio da Crítica (Abraccine), Prêmio do Público, Olhar de Cinema Hollywood Brazilian Film Festival: Melhor Documentário; Latin American Film Festival: Prêmio Al Jazeera de Melhor. Veja mais aqui.

A ESCULTURA DE REBECCA HORN
O que me interessa é a essência do objeto, não o seu aspecto. Uma viagem ao interior do corpo. Se alguém decidir viver nesse espaço, seus próprios devaneios começam a se condensar, assumindo vida própria como novas histórias.
A arte da artista visual alemã Rebecca Horn. Veja mais aqui e aqui.

A OBRA DE HENRY MILLER
Um gênio a procura de emprego: eis aí uma das visões mais tristes deste mundo. Não se encaixa em lugar nenhum, ninguém o quer. É desajustado, diz o mundo. Nenhum escritor é bom a não ser que tenha sofrido.
A obra do escritor estadunidense Henry Miller (1891-1980) aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.