quarta-feira, julho 24, 2019

EDUARDO GALEANO, FRITJOF CAPRA, EMILIE SUGAI, COYOTE DICK & APRENDIZADO COM OS REVEZES


APRENDIZADO COM OS REVESES – A vida é a maior aprendizagem. Algumas lições são sutis, quase imperceptíveis. Eu mesmo muitas vezes passei batido, não saquei logo, nem direito, só com o tempo. Às vezes, muito tempo. É preciso atenção, senão, senão. Falo por mim, de tantas perder a vez de chegar a gorar, fui aprendendo aos poucos, pacientemente: a verdade não está na superfície, nunca esteve nem estará. Descobrir o visinvinsível ou o que está por trás de tudo, nem sempre é fácil ou possível. Por isso, me enganei tanto com a cor da chita: entendi muita coisa errada; noutras, já era tarde demais. Errei que só, demais até; acertei uma vez ou outra, deu pro gasto, pois, saberia que chegaria a minha vez. E todas as vezes que tentaram me destruir, não temi; cabeça erguida, sorri porque sempre considerei que a morte é o complemento da vida. Ao ser vitimado por falta de consideração ou covardia, segui adiante: há tanta gente na face da Terra, alguém pode considerar. Diante de uma desfeita, quase desmoronei, entristeci, quase; fiquei passado. Todavia, me reergui e segui em frente: um enorme horizonte adiante. Ao ser tratado com rispidez ou descortesia, fiquei surpreso, contei até dez e saí: viver é tão maravilhoso, não valeria, jamais, perder a razão. Diante de um desapontamento, não era bem o que queria, afinal, refiz o constrangimento e me reconstruí diante de tantos mal entendidos, desaforos, incompreensões e miudezas. Não mudei a face, nem ergui a voz, apenas, segui o meu caminho porque o Sol dá um espetáculo todos os dias, desde a alvorada até o crepúsculo. Relevei tudo, me desfiz dos rancores e mágoas, não julguei nem maldisse o mundo: a Natureza é sábia. Tive que fechar os olhos para perceber o verdadeiro. Sabedor, fiquei em paz. Enfim, aprendi que a vida é para ser vivida. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] Ser humano é existir na linguagem [...] O papel crucial da linguagem na evolução humana não foi a capacidade de trocar ideias, mas o aumento da capacidade de cooperar. À medida que a diversidade e a riqueza das nossas relações humanas aumentavam, nossa humanidade – nossa linguagem, nossa arte, nosso pensamento e nossa cultura – se desenvolviam. [...] Dentre todas as espécies, somos a única que mata seus semelhantes em nome da religião, do mercado livre, do patriotismo e de outras ideias abstratas. [...] Para recuperar nossa plena humanidade, temos de recuperar nossa experiência de conexidade com toda a teia da vida. Essa conexão, ou religação, religio em latim, é a própria essência do alicerçamento espiritual da ecologia profunda. [...] alguns dos princípios básicos da ecologia – interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade, diversidade e, como consequência de todos estes, sustentabilidade. [...] a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica, da nossa capacidade de entender esses princípios da ecologia e viver em conformidade com eles.
Trechos extraídos do livro A teia da vida: uma nova compreensão científico dos sistemas vivos (Cultrix, 1996), do físico e escritor austríaco Fritjof Capra. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

COYOTE DICK
[...] Era uma vez Coyote Dick, e ele era tanto a criatura mais esperta quanto a mais tonta que jamais se podia esperar encontrar. Ele estava sempre querendo comer alguma coisa, sempre trapaceando as pessoas para conseguir o que queria e, em qualquer outra hora, estava dormindo. Bem, um dia quando Coyote Dick estava dormindo, seu pênis ficou realmente entediado e resolveu abandonar Coyote para viver sozinho uma aventura. Foi assim que o pênis se soltou de Coyote Dick e saiu correndo pela estrada. Na realidade, ele pulava pela estrada afora já que possuía só uma perna.E ele foi pulando e pulando, e se divertindo até que saltou da estrada e entrou na floresta, onde — Ah, não! — ele pulou direto numa moita de urtigas.— Ai! — gritou ele. — Ai, ai, ai! — berrou ele. — Socorro! Socorro! O barulho dessa gritaria toda acordou Coyote Dick e, quando ele estendeu a mão para dar partida no coração com a manivela, como de costume, viu que ela não estava mais lá. Coyote Dick saiu correndo pela estrada, segurando-se no meio das pernas, e afinal encontrou seu pênis passando pela maior dificuldade que se pudesse imaginar. Com grande delicadeza, Coyote Dick tirou seu pênis aventureiro do meio das urtigas, acarinhou-o, tranquilizou-o e o devolveu ao seu lugar certo. Old Red ria como um louco, com acesso de tosse, olhos saltados e tudo o mais.— Essa é a história do velho Coyote Dick.— Você se esqueceu de contar o final — repreendeu-o Willowdean.— Que final? Já contei o final — resmungou Old Red.— Você se esqueceu de contar para ela o verdadeiro final da história, seu porcaria.— Ora, se você se lembra assim tão bem, então conte você mesma. — A campainha tocou e ele se levantou da cadeira desconjuntada. Willowdean olhou direto para mim, e seus olhos cintilavam.— O final da história é a moral. — Nesse instante, Baubo apoderou-se de Willowdean, pois ela começou a dar risinhos, a rir abertamente e afinal a gargalhar tanto, e até com lágrimas, que levou dois minutos para conseguir dizer as duas últimas frases, já que repetia cada palavra duas ou três vezes enquanto tentava recuperar o fôlego.— A moral é que, mesmo depois de Coyote Dick sair do meio das urtigas, elas fizeram seu pau coçar feito louco para todo o sempre. E é por isso que os homens estão sempre chegando perto das mulheres e querendo se esfregar nelas com aquele olhar de "Estou com uma coceira". Pois é, aquele pau universal está coçando desde a primeira vez que fugiu do dono. [...]
Trechos extraídos da obra Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Rocco, 1994), da escritora e psicóloga Clarissa Pinkola Estés. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A ARTE DE EMILIE SUGAI
O hábito urbano das “coisas prontas”, do imediatismo bem como da beleza fácil pode ser criticado por meio da Arte. Este é um dos meus propósitos: buscar comunicação e troca e tentar o acontecimento epifano – não no sentido religioso, mas antes, como um trabalho simbolicamente revelador.
A arte da atriz, coreógrafa, dançarina, performer e professora Emilie Sugai. Veja mais aqui.

A OBRA DE EDUARDO GALEANO
Somos o que fazemos, principalmente o que fazemos para mudar o que somos.
A obra do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.