sexta-feira, julho 31, 2020

UPILE CHISALA, CRISTINA LEIFER, COURTNEY BROOKE, JULIA ROBINSON & HERMÍNIA MENNA DA COSTA



DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: QUANTOS MORTOS & UMA CÉDULA DE 200 - Amigamigos que se vão, outros tantos que nem sei insepultos na memória. Há quem siga indiferente, não sei fingir, Quintanaecoa nos meus passos: A amizade é um amor que nunca morre. Ah, esses moralistas... Não há nada que empeste mais do que um desinfetante! Todos seguem comigo da vigília ao sono, como se Emile Brontë contasse solícita: Tenho tido sonhos que ficam comigo o resto da vida e alteram minhas ideias. Vão mergulhando dentro de mim, como o vinho mergulha na água e mudam a cor do que penso. É tudo vivo demais para esquecer, como se golpes em duzentas efígies dos que são meus ao menoscabo duma cédula espúria e oportunista, como se o disfarce de um sorriso apócrifo escondesse a catástrofe.

DUAS: NÃO É UM FILME, COMO SE FOSSE! - O desencanto vem acompanhado de vozes, muitas vozes, palavras que atravessam a carne, enfiam-se coração adentro alma afora. Bergman sorri com uma advertência: Tuas palavras servem à tua realidade; as minhas, servem para a minha. Se trocarmos as palavras, elas passam a não valer nada. São muitas e diferentes, não há como não ouvi-las, reverberam no que sou.

TRÊS: O QUE FAÇO & TODOS NÓS – As mãos nas ideias, o que tenho e mais nada. Enquanto brotam aos borbotões, as colho com afeto, trato-as, cuido e as deixo viver mais que o átimo do seu estalo e ela cresce menina-moça para ser uma sedutora mulher exuberante a me embriagar de paixão. Ela que me trouxe em uníssono a fala de Michelangelo Antonioni no instante quase perdido: Você não deve me pedir para explicar tudo o que faço. Não posso. É isso. Você deve ser um pintor que tira uma tela e faz o que gosta com ela. Faço o que gosto, mãos à obra. Até. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: É quando não acreditamos que somos suficientes para nós mesmos que começamos a procurar pessoas nas quais nos afogarmos. Poema da socióloga, poeta e contadora de histórias do Malawi, Upile Chisala, que também é ativista dos direitos humanos e autora da obra Eu destilo melanina e mel (Leya, 2020), na qual está mais este poema: Estou pingando melanina e mel. Eu sou negra sem pedir desculpas. Veja mais aqui.

DESTAQUE: O que eu realmente sou é uma matemática. Em vez de ser lembrada como a primeira mulher nisso ou naquilo, prefiro ser lembrada pelos teoremas que provei e pelos problemas que resolvi. Pensamento da matemática e ativista estadunidense Julia Robinson (1919-1985), que foi a primeira mulher a pertencer à Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, atuando como conselheira da nação em medicina, ciência e engenharia. Também foi presidente da Sociedade Americana de Matemática (AMS), a primeira mulher no cargo, e suas realizações renderam inúmeros prêmios e homenagens. Ainda hoje é realizado o festival de Julia Robinson, organizado pelo Instituto Americano de Matemática, que tenta incentivar crianças e adolescentes a descobrir o mundo interessante e surpreendente da matemática através da formação de clubes e associações e do desenvolvimento de museus interativos.

O TEATRO DE CRISTINA LEIFER
De vida quero me inebriar. Ela vem abraçada com a morte. É uma dança. E eu... apenas uma mulher comum. Dancemos! É dia! Se me restam poucos dias, não posso passá-los com medo. Todo mundo brinca perguntando: “O que você faria se lhe restassem poucos dias”? Por que a morte não pode ser leve? Por que temos medo de olhá-la de frente, sem pudor?
CRISTINA LEIFER - A arte da atriz e diretora Cristina Leifer, que tem realizado a oficina Falasser – Construindo uma Dramaturgia do Eu e tem apresentando o espetáculo Ensaios Sobre o Fim, texto adaptado por ela a partir do livro homônimo do psicanalista Wilker França, uma peça intimista com teatro, música, performance e poesia, por meio dos contrastes morte e vida; ficção e realidade; luz e sombra; clássico e contemporâneo; realista e barroco; coloquial e teatral. Veja mais aqui.

A ARTE DE COURTNEY BROOKE
Sempre fui atraída pelo conceito de espírito humano como energia, luz e que nossa forma atual é apenas nosso vaso. Estou interessada em explorar a maneira como a luz se move à nossa volta e dentro de nós. Essa luz linear que criamos através da história, que como indivíduos e coletivamente somos o passado e o futuro em uma explosão de luz caótica. Cada imagem é um pontinho, um marcador de um momento e de possibilidade. Estou constantemente tentando encontrar aquele lugar onde o que é, o que poderia ter sido e o que poderia ser convergem. O mundo dos "sonhos" não tem, em minha opinião, nenhuma razão para ser diferente do mundo que está acordado. É deste lugar que meu estilo toma forma.
COURTNEY BROOKE – A arte conceitual da fotógrafa estadunidense Courtney Brooke. Veja mais aqui e aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte da fotógrafa Herminia de Carvalho Menna da Costa, pioneira da fotografia feminina pernambucana no início do século XX. (Fonte: Acervo Fundaj).
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A obra do escritor, dramaturgo e advogado Hermilo Borba Filho (1917-1976) aqui, aqui, aqui & aqui .
Das musas de ontem e hoje, do poeta, professor e pesquisador Amaro Matias Silva (1922-2002) aqui.
A arte de Celso Madeira (Acervo do Barro Igarapeba) & de Wilmison da Silva Calado (Wil de Igarapeba) aqui.
A rua das viúvas aqui.
A Estação do Bem – Catende aqui.
&
O município de Palmares aqui, aqui & aqui.
 

quarta-feira, julho 29, 2020

MARY MCCARTHY, MATILDE KSCHESSINSKA, BACURAU & POETAS PERNAMBUCANOS



DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA VEZ & É NADA - Entre os que têm muito e que são poucos, e os que quase nada possui e que são muitos, passaram milênios e os equívocos dos Filhos de Caim na mesma ladainha bíblica de Mateus 13,12: Porque àquele que tem, mais se lhe dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Nem disfarçam essa cartilha o desgoverno do Fecamepa coisonário. Fazem ouvidos moucos à gritaria geral, mas escuto bem Roberto DaMatta: O que não se pode mais admitir (de nenhum governo, de nenhum partido) é o espetáculo da eleição em que tudo é prometido e, depois, nada realizado. Com o agravante de sempre: esse do governante que se elege em nome da mudança “com tudo isso que aí está...”, e depois usa os mesmos argumentos de sempre: falta pessoal, falta verba, falta isso, falta aquilo. Quando, de fato, o que está mesmo faltando é a consciência das responsabilidades de quem manda e dirige. Pois quem rege e administra tem o dever de preservar as instituições, o que, necessariamente, implica assumir os erros e as faltas cometidas pelos funcionários sob sua responsabilidade. Como ninguém faz nada, faço a minha parte: socorro!

DUAS MÃOS SEGURANDO A OCASIÃO PELOS CORNOS – A situação favorável é uma vez na vida e olhe lá. Hoje sei que precisa do alinhamento dos planetas e mais uma série de outros fatores convergindo, tudo naquele mesmo instante, para que dê certo. Quando ocorre, tem que segurar mesmo senão ela escapole e era uma vez. Passei batido, eu sei. Ao alertar para mim certa vez Luis Buñuel: As oportunidades não abundam, e raramente as encontramos uma segunda vez. Nossa memória é nossa consciência, nossa razão, nossa ação, nosso sentimento. Sem ela, somos nada. Ouvi atentamente, só que a minha vez já tinha passado muito antes. Ainda hoje estou esperando, ligado, uma segunda chance e faz tempo, décadas. Destá.

TRES VEZES & A EMPATIA - Aquela, à primeira vista. Bateu e pegou de jeito. Assim Pina Baush: Dançar é uma forma de amar. Dance, Dance… Senão estamos perdidos. Você tem que deixar que cada um se expresse por suas motivações internas. Era eu apaixonado aos passos e rodopios, ela mais convidativa: Então você pode vir me buscar, homem que eu amo, seja você quem for. Porque eu estou pronta. Você vai chegar de repente e vai ser grande e forte e ter um cheiro bom ao qual eu não vou resistir. Você vai olhar pra mim e eu vou entender e eu quero lhe tocar em um pequeno sorriso e embora pareça absurdo eu sei que a gente não vai precisar dizer nada um para o outro. E você vai me fazer ser valente e não ter medo de curvas arriscadas e quedas livres. Vai só me fazer desaparecer, ao seu lado. O que sei, todos somos a vida entre nós. Juntos, o coração para todos. Os seus sentimentos são meus; minhas mãos são suas. Vivocê, voceu. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: São as pessoas da classe média que, por engano, imaginam que uma busca viva das últimas novidades em leitura e pintura promoverá seu status no mundo. Na violência, esquecemos quem somos. A proscrição, a lei marcial, o agasalho das tropas rudes, o cobrador de impostos, o juiz injusto, qualquer coisa, qualquer coisa, é mais doce que a responsabilidade. Nós somos o herói da nossa própria história.  Suponho que todos continuem interessados na busca de si, mas o que você sente quando é mais velho, penso, é que - como expressar isso - você realmente precisa se identificar. Pensamento da premiada escritora, crítica literária e ativista política estadunidense Mary McCarthy (1912-1989), autora de obras como o premiado Dize-me com quem andas (Civilização Brasileira, 1967), novela de estreia da autora, expondo sem reservas o meio social da vida de Nova Iorque no final da década de 1930; e O grupo (Abril Cultural, 1981), que foi transformado em drama para as telas cinematográficas, em 1966, pelo cineasta Sidney Lumet, tratando de temas controversos como amor livre, controle de natalidade, aborto, lesbianismo e alienação mental.

O BACURAU: AMANHÃ EU VOU
Quero dar a despedida / como deu o bacurau; / uma perna no caminho, / outra no galho de pau.
Já se aproximava o dia da festa no céu e o Bacurau não tinha roupa para ir. Pediu emprestado para diversos pássaros. Atendido, ficou todo engalanado. Ficou tão envaidecido que, no dia seguinte ao da festa, não devolveu nenhum dos pertences arrumados. Por conta disso, foi castigado: tornou-se uma ave de hábitos noturnos que solta gritos: amanhã eu vou!
BACURAU – Em conformidade com o Dicionário do folclore brasileiro (Global, 2001), de Luís da Câmara Cascudo, o bacurau-mede-léguas (Nyctidromos albicollis) é uma ave noturna que possui estórias na tradição oral. Ao anoitecer e às primeiras horas da noite, passeia pelas estradas, caçando insetor, refletindo a luz nos imensos olhos redondos. As penas de sua asa curam dor dentes, esfregadas neles. Dispostas entre a manta e a sela, aprumam o cavaleiro de tal maneira que não há salto de cavalo capaz de desmontá-lo. Já o premiado drama/faroeste/terror gore/fantasia e ficção científica, Bacurau (2019), escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, é o apelido do último ônibus da madrugada do Recife, contando a história de uma pequena cidade brasileira no oeste pernambucano, que lamenta a perda de sua matriarca que viveu até os 94 anos de idade e que, dias depois, seus habitantes percebem aos poucos algo estranho acontecer na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam pela primeira vez na cidade com planos de exterminar toda população ali residente, registrando o aparecimento de cadáveres e automóveis que são atingidos por tiros, caracterizando um verdadeiro ataque. Veja mais aqui.

A ARTE DE MATILDE KSCHESSINSKA
O sentimento preencheu minha alma por completo, eu só conseguia pensar nele.
MATILDE KSCHESSINSKA - A arte da bailarina russa Matilde Kschessinska (1872-1971), que foi a primeira bailarina daquele país e que se tornou conhecida por seu envolvimento romântico com um czar, tendo-se casado com um Grão-duque que assumiu a paternidade de seu filho. Sua vida foi transforma no filme Mathilda (2017), dirigido por Alexey Uchitel, tornando-se objeto de controvérsia feroz, inclusive tentativas de proibição, ameaças aos distribuidores e incêndio criminoso. Conta a história da relação entre o herdeiro do trono russo e a bailarina, fato que levou autoridades russas a acusar a obra de blasfêmia e que deveria ser condenado por inflar escândalo. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A antologia didática de poetas pernambucanos – do pós-guerra à década de 80 (Governo do Estado/SEC-DPC, 1988), organizado por Cremilda Aquino de Matos, Ésio Rafael e Izabel Maria Martins da Silva, reúne trabalhos poéticos de João Cabral de Melo Neto, Ivanildo Vilanova, Alberto da Cunha Melo, Lourival Batista, Mauro Mota, Paulo Bruscky, Almir Castro Barros, Angelo Monteiro, Arnaldo Tobias, Audálio Alves, Carlos Moreira, Carlos Pena Filho, Celina de Holanda, César Leal, Déborah Brennand, Domingo Alexandre, Francisco Bandeira de Melo, Geraldo Brasil, Jaci Bezerra, Janice Japiassu, Jó Patriota, José Mario Rodrigues, Lucila Nogueira, Maria de Lourdes Horta, Severino Filgueira, Tereza Tenório, Vernaide Wanderley e Waldemar Lopes. Veja mais aqui.
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A obra do médico, professor catedrático, pensador, ativista político e embaixador do Brasil na ONU, Josué de Castro (1908-1973) aqui, aqui & aqui.
Circo Itinerante aqui.
Amigos da Biblioteca aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
Bacuna – Bacia Artística & Criativa do Una & Vale do Una aqui e aqui.
&
O município de Joaquim Nabuco aqui & aqui.


terça-feira, julho 28, 2020

ADRIAN SMITH PIPER, HITO STEYERL, WALTÉRCIO CALDAS & THINA CUNHA



DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: IMORALIDADE DE SECTÁRIO - De nada adianta a tentativa de dialogar racionalmente com intolerante ou seus êmulos, contendores com suas convicções inarredáveis, indiferentes terraplanistas & negacionistas etc&tal, a exemplo de coisonários & simpatizantes que não estão nem aí para os que estão sendo dizimados por sua própria pandemia nefasta. Quando não são suas causas estúrdias, se valem do criacionismo absoluto para uma lei de proveito próprio, uma goiabeira ali, outra boiada passando acolá, fé de cifrões & decrépitas doutrinações bizarras, avalie. Já sabia de Feuerbach: Sempre que a moralidade baseia-se na teologia, sempre que o correto torna-se dependente da autoridade divina, as coisas mais imorais, injustas e infames podem ser justificadas e impostas. Prefiro ser um demônio aliado à verdade, do que ser um anjo aliado à mentira. Pois é, cada estúpido com sua fanática hediondez. Ah, desse jeito vão deixar o Brasil bem quadradão!

DUAS: A MALFEITURA DOS ALIENADOS – O que há de necedade umbigocentrista, Deus me salve! Gente! A coisa está não só feia como totalmente desfigurada: era uma vez uma Nação. O dislate pinota no Planalto Central, um festival de asneirada só configurada no Fecamepa! Agora que me liguei naquela do Cassirer: Há coisas que, em virtude de sua sutileza e sua infinita variedade, desafiam toda tentativa de análise lógica. E, se existe no mundo qualquer coisa que devamos tratar da segunda maneira, é a mente do homem. O que caracteriza o homem é a riqueza e a sutileza, a variedade e a versatilidade de sua natureza. Ou a sua loucura, também, né? Bem, pelo menos da pinoia só se tira a piada ou de humor negro ou do mais baixíssimo mau gosto.

TRÊS: QUARENTENA VOLUNTÁRIA – Voo como Ashberry: Apenas andando por aí. Mesmo sem ser diga-se lá quase e nem tão bom no métier, valho-me da arte, o que para mim é o buraco do coelho de Alice, na trilha de Duchamp: A arte é a única forma de atividade por meio da qual o homem se manifesta como verdadeiro indivíduo. A arte tem o belo costume de fazer tábula rasa de todas as teorias artísticas. Como renasço a cada dia, ah, sou Fênix: cinzas do crepúsculo, labaredas da manhã. Até. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: No passado, tentei alertar os brancos antes da minha identidade racial. Infelizmente, isso invariavelmente os levou a reagir contra mim como se eu fosse agressiva, manipuladora ou socialmente inadequada. Portanto, minha posição é assumir que os brancos não fazem essas observações, mesmo quando acreditam que não há negros presentes, e distribuir esse cartão quando o fazem. Lamento todo o desconforto que minha presença possa lhe causar, da mesma maneira que tenho certeza de que você se arrepende do desconforto causado por seu racismo. Expressão da filósofa, professora e premiada artista conceitual afro-estadunidense Adrian Margaret Smith Piper, cujo trabalho trata de ostracismo, alteridade, transferência racial e racismo. Ela frequentou a School of Visual Arts, na Universidade de Nova York, e a Universidade de Harvard, onde se tornou doutorou em 1981, e se tornou a primeira a receber um tenure acadêmico do governo de seu país.

AS IMAGENS DE HITO STEYERL
Longe de serem opostos em um abismo intransponível, imagem e mundo são, em muitos casos, apenas versões um do outro. A invisibilidade é uma tela que às vezes funciona de ambos os lados – mas nem sempre. Ela funciona em favor de quem quer que esteja controlando a tela. A tirania da lente fotográfica, amaldiçoada pela promessa de sua relação indicial com a realidade, deu lugar a representações hiper-reais – não do espaço como ele é, mas do espaço como podemos fazê-lo – para melhor ou pior. Não há necessidade de renderings caros; uma simples colagem em chroma-key produz perspectivas cubistas impossíveis e concatenações implausíveis de tempos e espaços. Imagens não são representações, mas formas de armas biológicas que devem ser desenvolvidas e implantadas com base em um conhecimento da ecologia global da informação. Mas se as imagens começam a vazar através das telas e a invadir a matéria de sujeitos e objetos, a principal consequência, bastante negligenciada, é que a realidade agora é amplamente composta de imagens; ou melhor, de coisas, constelações e processos antes evidentes como imagens.
HITO STEYERL - A arte da cineasta alemã Hito Steyerl, que é uma artista de imagens em movimento, escritora e inovadora do documentário. Seus principais tópicos de interesse são mídia, tecnologia e circulação global de imagens. Ela é PhD em Filosofia pela Academia de Belas Artes de Viena e desenvolveu as exposições How Not to be Seen. A Fucking Didactic Educational (Mov File, 2013) e In Free Fall: A Thought Experiment on Vertical Perspective (2011), entre outras. Veja mais aqui.

A ARTE DE WALTÉRCIO CALDAS
Procuro o fluxo produzido por uma quantidade finita de significados. Considero a arte um fluxo, um rio que cada artista faz movimentar um pouco. Qualquer artista nascido no século XX sabe que a arte é uma possibilidade, apesar dos "ismos", que se atualizam. Creio que os artistas se desvencilham dos novos "ismos" com bom humor. Costumo dizer que o último "ismo" do século foi o "curadorismo". Apenas evoluímos para uma maior velocidade dos problemas. Não mais rupturas, mas mudanças mais velozes.
WALTÉRCIO CALDAS - A arte do premiado escultor, desenhista, artista gráfico e cenógrafo Waltércio Caldas que lecionou no Instituto Villa-Lobos, no Rio de Janeiro e é co-editor da revista Malasartes que integra a comissão de Planejamento Cultural do MAM/RJ, além de participar da publicação A Parte do Fogo. É autor da obra O Livro Velázquez, da mostra individual Anotações 1969/1996, entre outras obras e exposições no país e no exterior. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte da escultora e artista plástica contemporânea, Thina Cunha.
&
A obra do jornalista e escritor Maurício Melo Júnior aqui & aqui.
A poesia de Eliseu Pereira de Melo aqui.
O testamento do doutor Zé Gulu aqui.
A música do compositor e cantor Zé Ripe aqui & aqui.
Domingo com Poesia aqui.
&
O papafigo de Água Preta e o Município aqui & aqui.


segunda-feira, julho 27, 2020

ANDREA ROSE FRASER, JANET CARDIFF, MARTHA ROSLER, GIANA VISCARD & MARTHA BATALHA



DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: LUGAR, LUGARES - Vou, tempespaço & simulacros, piso em falso & ilusões de ótica: um lugar é qualquer, lugares se misturam na diluição das paisagens, um caleidoscópio. Onde estou e para vou dá no mesmo, com se fosse e voltasse o mesmo movimento, nos versos de Antonio Machado: Caminhante, não há caminho; faz-se caminho ao andar. Todo ignorante confunde valor e preço. Passos no encalço da liberdade, a culatrear: o meu país se esfacela, nação destruída como uma dor do peito.

DUAS: UM ANO & 7 MESES - Quase 2 anos de estultices, bate-cabeça e bumba-fuá, ódio e desmonte, incompetência e malvadeza. Não bastando o despreparo, a pandemia vira genocídio entre subnotificações, má vontade política no combate e aparelhamento para a blindagem das manipulações, a derrocada da democracia, degeneração das instituições. Lembra o vaticínio de Jean Baudrillard: O pior num ser humano é mesmo saber demais e ser inferior ao que sabe. Se a coesão da nossa sociedade era mantida outrora pelo imaginário de progresso, ela o é hoje pelo imaginário da catástrofe. Sobre milhares de cadáveres, Coisonário moteja: Não sou coveiro, mas vou enricar com funerária! Esse o porvir crepuscular de um país, o epílogo do Fecamepa!

TRÊS: VOLUNTÁRIA QUARENTENA - Ao longe, o que antes mata ínvia, agora canavial queimando matagal morro acima, terra abaixo. Meus olhos na fumaça do futuro, lacrimeja agora. Carl Jung alertava há tempos: É ilusório imaginar que o homem possa dominar e controlar a natureza, se ele não foi ainda capaz de controlar e enxergar a sua própria natureza. Sua visão se tornará clara somente quando você pode olhar para o seu próprio coração. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta. Conto nos dedos os instantes circundantes, tudo é muito trágico apesar do radiante Sol da manhã aquecendo a Terra tumular e as dormentes cabeças suicidas. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: Eu não sou uma pessoa hoje. Eu sou um objeto em uma obra de arte. Eu poderia ter dado um pouco mais de tempo. É divertido vender grandes obras de arte - e é lucrativo. No final, um bom artista é um artista rico. A maior parte do trabalho que colecionamos é sobre sexo ou excremento. Gostamos de pensar em nós mesmos como conhecedores da subcultura da arte. É preciso muita coragem para fazer o que ela faz. Ela vai muito além de onde a maioria dos artistas tem inteligência ou audácia para operar. Expressão da artista performática e escritora estadunidense Andrea Rose Fraser, durante a exposição performática Official Welcome, uma peça de 30 minutos. Ela desenvolveu ao longo dos anos as performances Museum Highlights (1989), Kunst muss hängen ("Art Must Hang") (Galerie Christian Nagel/Cologne, 2001), Official Welcome (2001), Untitled (2003), Little Frank and His Carp (2001) e Projection (2008). Ela atualmente é chefe de departamento e professor de estúdio interdisciplinar da Escola de Artes e Arquitetura da UCLA na Universidade da Califórnia, Los Angeles.

A ARTE DO SOM DE JANET CARDIFF
Meu principal interesse no som é como ele nos rodeia e nos influencia. É invisível, entra em nosso corpo, mas nos atinge de uma maneira muito tridimensional. Se você olhar para a partitura, é fascinante. Existem oito coros diferentes, e dentro de cada coro há um baixo, barítono, alto, tenor e soprano. Você pode ver a partitura movendo-se da esquerda para a direita na página de um coro para outro, para outro, e então eles se agrupam. Quando vi isso, pensei que seria realmente incrível mostrar como o compositor estava pensando sobre isso. Quando você entra no espaço, está cercado por esse movimento da música de um coro para outro, e então ele pula pela sala para outro coro. Em alguns pontos, vem em ondas e ondula, quase como as ondulações de um rio. Era como se o compositor fosse um escultor, e eu queria mostrar como a peça musical era escultural.
JANET CARDIFF – A arte da artista belga-canadense Janet Cardiff que trabalha principalmente com instalações sonoras na perspectiva de que o som pode trazer uma infinidade de lugares e tempos juntos e tem um enorme potencial para tocar, envolver as pessoas. Em suas obras ela explora a emoção, a memória, e através de efeitos ela cria espaços virtuais ancorados na realidade, o que leva seus visitantes para o cruzamento entre ficção e realidade, espaços ilusórios em que a percepção acústica, bem como a estrutural, desempenha um papel importante onde se reúnem em intensidade hipnótica e emocional. Entre seus trabalhos estão The Murder of Crows (2008), Dark Pool (1995), The Paradise Institute (2001) e The Killing Machine (2007), entre outros. Ela desenvolve uma parceria com o alemão George Bures Miller, com quem realizou O Poço Negro (1995), Paraíso Institute (2001), entre outros.
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A MÚSICA DE GIANA VISCARD
Muito tempo se passou, mas o caminho aventureiro de criar arte, música com o frescor do risco, do inusitado, ainda está comigo.
GIANA VISCARD - A arte musical da cantora e compositora Giana Viscard, que estudou no Centro Livre de Aprendizagem Musical (CLAM/SP) e na Berklee College of Music, em Boston, participou do Coral da USP e frequentou o Groove, Curso Livre de Música, em São Paulo. Ela já lançou os álbuns Tinge (2003), 4321 (2005) e Orum (2013) e fez turnês internacionais. Veja mais aqui.

A ARTE DE MARTHA ROSLER
Honestamente, comecei como pintora, e essas outras coisas eram uma maneira de expressar algo que não era abstrato, porque fui treinado como pintor expressionista abstrato. Gosto de trazer questões que são relativamente abstratas até o nível pessoal. Eu sempre me interessei em abordar pessoas, principalmente mulheres, mas não apenas mulheres, com a ideia de que você me reconhece por outros seres humanos. Mesmo no nível das roupas, pensando no meu trabalho anti-guerra, eu estava muito interessada em que as pessoas com quem lutávamos não se parecessem conosco e era muito fácil demonizá-las. Portanto, usando roupas como substituto da humanidade, em nosso mundo, fiz uma instalação em que coloquei o nome, data de nascimento e número de prisioneiras de algumas mulheres políticas presas pelo governo do Vietnã do Sul com roupas estadunidenses.
MARTHA ROSLER - A arte da artista conceitual estadunidense Martha Rosler, que trabalha com fotografia e texto fotográfico, vídeo, instalação, escultura e performance, além de escrever sobre arte e cultura, centrada na vida cotidiana e na esfera pública, muitas vezes de olho na experiência das mulheres. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
O humor é uma resposta aos absurdos da existência. Sempre quis ser escritora, mas precisava pagar as contas. Por isso escolhi profissões que me mantiveram próxima do mundo da escrita enquanto não tomava a decisão. Durante os anos de repórter, aprendi a escrever com foco, rápido e sob pressão; rodei o Rio de Janeiro e o Brasil, conheci pessoas, dramas, lugares. Depois, com a editora, aprendi sobre todas as etapas do processo de edição. Quando eu me mudei para Nova York, fiz um mestrado e tinha um bom emprego numa editora em Manhattan, mas faltava algo, ou, sendo sincera, faltava tudo. Se eu sempre quis ser escritora, então, o que é que estava fazendo ali, aos trinta e tantos anos, ajudando a editar os livros das outras pessoas? Então comecei a escrever, sem me preocupar muito com o resultado. Era mais um acerto de contas comigo mesma, uma decisão que me deixaria em paz com as escolhas de vida.
A arte da jornalista e escritora Martha Batalha, autora das obras A vida invisível de Eurídice Gusmão (2016) e Nunca houve um castelo (2018).
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A poesia Ascenso Ferreira (1895-1965) aqui, aqui & aqui.
A literatura do escritor, radialista e compositor Antonio Maria (1921-1964) aqui.
Feito d’versos, do poeta popular José Maria Sales Pica-Pau aqui.
Eita, Zé Bestão aqui.
A música de Alceu Valença aqui.
&
O município de Tamandaré aqui & aqui.


sexta-feira, julho 24, 2020

BELLA AKHMADULINA, SOLANO TRINDADE, AMELIA EARHART & MONIQUE SCHENKELS



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: O QUE SOU AGORA - O amor me fez e eu me reconstruo a cada dia. Onde a vida eclodiu, lá estava e fui pleno. O tempo passou e Junichiro Tanizaki ensina: Quanto mais velhos ficamos, mais pensamos que tudo estava melhor no passado. Se não fosse pelas sombras, não haveria beleza. O meu coração é apenas um, não pode ser conhecido por ninguém além de mim. Fui feito pelo que passou, hoje sou apenas isso. Olho para frente e o futuro se desfaz no instante, a vida é só agora.

DUAS: O TEMPO & O TEMPO – Tudo o que fiz, agora eu sei, foi uma luta contra o relógio e o calendário. Vencê-lo era o meu propósito. Até que Antônio Cândido me avisar com sabedoria: Isso é uma monstruosidade. Tempo não é dinheiro. Tempo é o tecido da nossa vida, é esse minuto que está passando. Ao sair, ele ainda acrescentou: Portanto, eu tenho direito a esse tempo. Esse tempo pertence a meus afetos. Antes era tudo. Agora, sou apenas feito de lembranças, remorsos e sofreguidão. Não quero mais a pressa, para onde vou nada mais restará.

TRÊS: PARA QUEM VAI & QUAL O LUGAR – Trilhei o que pude de emoção, não foi tudo, algo mais; nem nunca tive sangue frio, calor nas mãos. Cada trajeto, uma aventura; cada retorno, um aprendizado. Ouvi Alexandre Dumas: Por vezes é penoso cumprir o dever, mas nunca é tão penoso como não cumpri-lo. O mais feliz dos felizes é aquele que faz os outros felizes. Fiz a minha parte, ou pelo menos tentei por mais desmazelado, quando o hostil rondava ao fazer o meu próprio caminho. Nisso ele reiterou: Só os que padecem um extremo infortúnio estão aptos a usufruir uma extrema felicidade. Talvez esta a esperança que me reste, seguir em frente, nada mais importa. Até segunda. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: Coragem é o preço que a vida exige em troca de paz. A alma que não aceita, não se desapega das coisas pequenas. Uma aventura só por si já tem valor. Nunca interrompa alguém que está fazendo algo que você disse que não poderia ser feito. Quanto mais a pessoa faz, enxerga e sente, mais será capaz de fazer e mais autêntico, poderá ser o seu modo de apreciar as coisas fundamentais como o lar, o amor e uma companhia compreensiva. O jeito mais eficiente de fazer algo é fazendo. Todos têm oceanos para sobrevoar, desde que você tenha coragem para fazer isso. É inconsequência? Talvez... Mas o que os sonhos sabem sobre limites? As mulheres devem tentar fazer as coisas que os homens tentaram. Quando falhamos, o erro deve ser um desafio para outras. Todas as coisas que eu nunca disse, por tanto tempo, estão aqui, em meus olhos. A coisa mais difícil é a decisão de agir, o resto é apenas tenacidade. Pensamento da aviadora estadunidense Amelia Earhart (1897-1937), pioneira na aviação do seu país, autora e defensora dos direitos das mulheres. Foi a primeira mulher a voar sozinha sobre o Oceano Atlântico, estabelecendo recordes e escrevendo livros sobre suas experiências. Durante a pandemia da Gripe Espanhola, ela estava ocupada com a tarefa de enfermeira em um hospital de Toronto, quando teve complicações e foi hospitalizada por mais de um ano. Ao iniciar seus voos tornou-se uma celebridade internacional e lembrada como um ícone por sua forma de viver e agir. Ela desapareceu no Oceano Pacífico, enquanto tentava realizar um voo ao redor do globo terrestre, declarada morta em 5 de janeiro de 1939. Sobre ela muitas obras: o filme Flight for Freedom (1943), de Rosalind Russel; a música Amélia (1976) de Joni Mitchel; o documentário televisivo Amelia Earth (1976); o livro Sahara (1992), de Clive Cussler; o filme Amelia Earhart: The Final Flight (1994); a biografia I Was Amelia Earhart (1996); a canção Someday We'll Know (1999), dos New Radicals; a canção Thinking Amelia (2000), de Deb Talan; a canção Aviator (2004), de Nemo; a canção I Miss My Sky (2005), de Heather Nova; a canção Amelia Earhart (2005), de Curtis Eller's American Circus; a The Ballad of Amelia Earhart (2007), de Tom McRae; a canção Amelia's Missing (2007), de Jon Mclaughlin; o filme Amelia (2009), de Mira Nair; entre outras homenagens e registros. Veja mais aqui e aqui.

A POESIA DE BELLA AKHMADULINA
PENSEI QUE ERAS MEU INIMIGO - Pensei que eras meu inimigo, / a minha grande infelicidade. / Mas inimigo não és - só um mentiroso / e são vãs as tuas manobras. / Diante do carrossel / eu joguei cara ou coroa. / Queria, com essa moeda, / saber se te amo ou não. / Meu lenço ficou caído / no chão, no jardim Aleksándrov. / Aqueci as mãos; mas todos souberam / o que eu pensava - e que também mentia. / As mentiras devem estar voando / à minha volta como corvos. / Mas da próxima vez que te despedires / não verás, em meus olhos, nem azul nem negro. / Ah, continua vivendo, não fique triste. / Por mim está tudo bem. / Mas como tudo isso é inútil, / como é tudo absurdo! / Você indo para um lado, / eu indo para outro.
BELLA AKHMADULINA - Poemas da poeta Bella Akhmadulina (1937-2010), extraídos do livro Poesia Soviética (Algol.2007), com seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho. Veja mais aquiaqui.

A ARTE DE MONIQUE SCHENKELS
A arte da premiada artista visual, designer gráfica e industrial Monique Schenkels. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
Salve os que amam a vida / sem ter medo da morte / Salve os que amam a liberdade / sem ter medo de prisões e fuzilamentos / Porque a história continua / “devagar e sempre” / como diz um negro velho / meu vizinho...
Salve, poema extraído da obra O poeta do povo (Ediouro/Segmento Farma, 2008), do poeta, teatrólogo, pintor, cineasta, ator e folclorista Solano Trindade (1908-1974), que militante do Movimento Negro. Veja mais aqui.
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A obra do poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto (1920-1999) aqui, aqui, aqui & aqui.
A história de amor de Fernando e Isaura, do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna (1927-2014) aqui.
A música do arranjador, maestro, compositor e multi-instrumentista Moacir Santos (1926-2006) aqui.
Contribuição à história do Ginásio Municipal dos Palmares, do Professor Brivaldo Leão de Almeida aqui.
Poetas de Pernambuco aqui.
Labatut, Zé Cravo & Maria Rosa aqui.
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O município de Escada aqui & aqui.