segunda-feira, julho 27, 2020

ANDREA ROSE FRASER, JANET CARDIFF, MARTHA ROSLER, GIANA VISCARD & MARTHA BATALHA



DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: LUGAR, LUGARES - Vou, tempespaço & simulacros, piso em falso & ilusões de ótica: um lugar é qualquer, lugares se misturam na diluição das paisagens, um caleidoscópio. Onde estou e para vou dá no mesmo, com se fosse e voltasse o mesmo movimento, nos versos de Antonio Machado: Caminhante, não há caminho; faz-se caminho ao andar. Todo ignorante confunde valor e preço. Passos no encalço da liberdade, a culatrear: o meu país se esfacela, nação destruída como uma dor do peito.

DUAS: UM ANO & 7 MESES - Quase 2 anos de estultices, bate-cabeça e bumba-fuá, ódio e desmonte, incompetência e malvadeza. Não bastando o despreparo, a pandemia vira genocídio entre subnotificações, má vontade política no combate e aparelhamento para a blindagem das manipulações, a derrocada da democracia, degeneração das instituições. Lembra o vaticínio de Jean Baudrillard: O pior num ser humano é mesmo saber demais e ser inferior ao que sabe. Se a coesão da nossa sociedade era mantida outrora pelo imaginário de progresso, ela o é hoje pelo imaginário da catástrofe. Sobre milhares de cadáveres, Coisonário moteja: Não sou coveiro, mas vou enricar com funerária! Esse o porvir crepuscular de um país, o epílogo do Fecamepa!

TRÊS: VOLUNTÁRIA QUARENTENA - Ao longe, o que antes mata ínvia, agora canavial queimando matagal morro acima, terra abaixo. Meus olhos na fumaça do futuro, lacrimeja agora. Carl Jung alertava há tempos: É ilusório imaginar que o homem possa dominar e controlar a natureza, se ele não foi ainda capaz de controlar e enxergar a sua própria natureza. Sua visão se tornará clara somente quando você pode olhar para o seu próprio coração. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta. Conto nos dedos os instantes circundantes, tudo é muito trágico apesar do radiante Sol da manhã aquecendo a Terra tumular e as dormentes cabeças suicidas. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: Eu não sou uma pessoa hoje. Eu sou um objeto em uma obra de arte. Eu poderia ter dado um pouco mais de tempo. É divertido vender grandes obras de arte - e é lucrativo. No final, um bom artista é um artista rico. A maior parte do trabalho que colecionamos é sobre sexo ou excremento. Gostamos de pensar em nós mesmos como conhecedores da subcultura da arte. É preciso muita coragem para fazer o que ela faz. Ela vai muito além de onde a maioria dos artistas tem inteligência ou audácia para operar. Expressão da artista performática e escritora estadunidense Andrea Rose Fraser, durante a exposição performática Official Welcome, uma peça de 30 minutos. Ela desenvolveu ao longo dos anos as performances Museum Highlights (1989), Kunst muss hängen ("Art Must Hang") (Galerie Christian Nagel/Cologne, 2001), Official Welcome (2001), Untitled (2003), Little Frank and His Carp (2001) e Projection (2008). Ela atualmente é chefe de departamento e professor de estúdio interdisciplinar da Escola de Artes e Arquitetura da UCLA na Universidade da Califórnia, Los Angeles.

A ARTE DO SOM DE JANET CARDIFF
Meu principal interesse no som é como ele nos rodeia e nos influencia. É invisível, entra em nosso corpo, mas nos atinge de uma maneira muito tridimensional. Se você olhar para a partitura, é fascinante. Existem oito coros diferentes, e dentro de cada coro há um baixo, barítono, alto, tenor e soprano. Você pode ver a partitura movendo-se da esquerda para a direita na página de um coro para outro, para outro, e então eles se agrupam. Quando vi isso, pensei que seria realmente incrível mostrar como o compositor estava pensando sobre isso. Quando você entra no espaço, está cercado por esse movimento da música de um coro para outro, e então ele pula pela sala para outro coro. Em alguns pontos, vem em ondas e ondula, quase como as ondulações de um rio. Era como se o compositor fosse um escultor, e eu queria mostrar como a peça musical era escultural.
JANET CARDIFF – A arte da artista belga-canadense Janet Cardiff que trabalha principalmente com instalações sonoras na perspectiva de que o som pode trazer uma infinidade de lugares e tempos juntos e tem um enorme potencial para tocar, envolver as pessoas. Em suas obras ela explora a emoção, a memória, e através de efeitos ela cria espaços virtuais ancorados na realidade, o que leva seus visitantes para o cruzamento entre ficção e realidade, espaços ilusórios em que a percepção acústica, bem como a estrutural, desempenha um papel importante onde se reúnem em intensidade hipnótica e emocional. Entre seus trabalhos estão The Murder of Crows (2008), Dark Pool (1995), The Paradise Institute (2001) e The Killing Machine (2007), entre outros. Ela desenvolve uma parceria com o alemão George Bures Miller, com quem realizou O Poço Negro (1995), Paraíso Institute (2001), entre outros.
&
A MÚSICA DE GIANA VISCARD
Muito tempo se passou, mas o caminho aventureiro de criar arte, música com o frescor do risco, do inusitado, ainda está comigo.
GIANA VISCARD - A arte musical da cantora e compositora Giana Viscard, que estudou no Centro Livre de Aprendizagem Musical (CLAM/SP) e na Berklee College of Music, em Boston, participou do Coral da USP e frequentou o Groove, Curso Livre de Música, em São Paulo. Ela já lançou os álbuns Tinge (2003), 4321 (2005) e Orum (2013) e fez turnês internacionais. Veja mais aqui.

A ARTE DE MARTHA ROSLER
Honestamente, comecei como pintora, e essas outras coisas eram uma maneira de expressar algo que não era abstrato, porque fui treinado como pintor expressionista abstrato. Gosto de trazer questões que são relativamente abstratas até o nível pessoal. Eu sempre me interessei em abordar pessoas, principalmente mulheres, mas não apenas mulheres, com a ideia de que você me reconhece por outros seres humanos. Mesmo no nível das roupas, pensando no meu trabalho anti-guerra, eu estava muito interessada em que as pessoas com quem lutávamos não se parecessem conosco e era muito fácil demonizá-las. Portanto, usando roupas como substituto da humanidade, em nosso mundo, fiz uma instalação em que coloquei o nome, data de nascimento e número de prisioneiras de algumas mulheres políticas presas pelo governo do Vietnã do Sul com roupas estadunidenses.
MARTHA ROSLER - A arte da artista conceitual estadunidense Martha Rosler, que trabalha com fotografia e texto fotográfico, vídeo, instalação, escultura e performance, além de escrever sobre arte e cultura, centrada na vida cotidiana e na esfera pública, muitas vezes de olho na experiência das mulheres. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
O humor é uma resposta aos absurdos da existência. Sempre quis ser escritora, mas precisava pagar as contas. Por isso escolhi profissões que me mantiveram próxima do mundo da escrita enquanto não tomava a decisão. Durante os anos de repórter, aprendi a escrever com foco, rápido e sob pressão; rodei o Rio de Janeiro e o Brasil, conheci pessoas, dramas, lugares. Depois, com a editora, aprendi sobre todas as etapas do processo de edição. Quando eu me mudei para Nova York, fiz um mestrado e tinha um bom emprego numa editora em Manhattan, mas faltava algo, ou, sendo sincera, faltava tudo. Se eu sempre quis ser escritora, então, o que é que estava fazendo ali, aos trinta e tantos anos, ajudando a editar os livros das outras pessoas? Então comecei a escrever, sem me preocupar muito com o resultado. Era mais um acerto de contas comigo mesma, uma decisão que me deixaria em paz com as escolhas de vida.
A arte da jornalista e escritora Martha Batalha, autora das obras A vida invisível de Eurídice Gusmão (2016) e Nunca houve um castelo (2018).
&
A poesia Ascenso Ferreira (1895-1965) aqui, aqui & aqui.
A literatura do escritor, radialista e compositor Antonio Maria (1921-1964) aqui.
Feito d’versos, do poeta popular José Maria Sales Pica-Pau aqui.
Eita, Zé Bestão aqui.
A música de Alceu Valença aqui.
&
O município de Tamandaré aqui & aqui.