terça-feira, junho 30, 2020

GRADA KILOMBA, JAUME PLENSA, FERNANDO SPENCER, GP SILVA RUMIN & VÍCIO DA LIBERDADE DE EVANDRO LINS E SILVA



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: AUTORRETRATO, ALTER EGO & OUTROS – De mim pouco mais que pouca coisa: montagens, remontagens, desconstruções, descontinuidades, impermanências, diluições. Protagonista quixotesco quase me esvaindo: a solidão do mar que beija a terra e o poema na garrafa, ah, joguei fora, nenhum verso a vista, nenhuma canção. Um gesto vão e o Una escorre solto coração apertado, o desespero de quem chegou de longe, tudo inóspito, nada mais que um astronauta na lua. Esse meu mundo é tão pequeno, o abandono de quem ergueu um contíguo pardieiro entre antípodas inebriantes do que nem sei, ouvindo Audre Lorde na escuridão: Sinto, logo sou livre. Seu silêncio não o protegerá. Sem comunidade, não há libertação. Lavrador dos dias que venham depois, abro os olhos, despojado, jamais cajado e grandes palácios, sou apenas o que me resta.

DUAS: SOLILÓQUIO VENCIDO - Um asteroide cruzou a minha noite e deixou claro que o A quer dizer antes de mais nada será quase nove fora do que sequer passei por adição, enquanto eu dou conta do meu abecedário laudatório rimado a 3 por 4. Se não é como eu digo, Peter Paul Rubens avisa que: Sou apenas um homem simples em pé, sozinho com seus antigos pincéis, pedindo a Deus por uma inspiração. Daí, alimento a solidão e tudo é como se fosse pintado de branco nas minhas releituras: reprises, escrutínios e o crime da pena, só o que sou.

TRÊS: MUDANDO DE PAU PARA CACETE, A MAIOR MISE-EN-SCÈNE ESCATOLÓGICA! – Desde que o Coisonário se instalou por estas bandas que as coisas viraram de cabeça para baixo! Ele desenterrou múmias pros ministérios (Um educador que inventou o diploma e não tem nenhum porque o pinoteiro crasso anterior escapuliu com tudo pro USA só deixando a língua de fora; uma doida dos ares que prega suas ideias de cima duma goiabeira anunciando, inclusive, o fim do mundo & outras tresloucadas de palmos entre as mãos!; outros doidões despreparadíssimos que brincam do que não sabem na saúde, meio ambiente, finanças e etc e tal, pei bufe, ploft!). Só que dá tudo errado pras bandas deles (o pior pra gente, ora!). Eles metem as mãos pelas pernas, arengam entre si e a gente morre de rir do flagelo que nos vitima na lama até o pescoço (a gente não saber fazer outra coisa senão rir e dar um jeitinho em tudo na horagá!). Só que não tem graça nenhuma essa reprodução da pior cafonália! Ele conseguiu deixar a terra plana e trouxe as pragas do Egito: tingiu o mar de óleo, fez aparecer uma praga de gafanhotos, uma pandemia dizimando tudo, incêndios e disparates, afora um monte de pinoias cagadas todos os dias desde então. Até a Doidares empiora nossa sina ao vaticinar aos berros saltitantes com o coro do mão-de-figa Guedeconômico tchutchuca, Ricardendroclasta impune, o Flagrenrique abilolado, Friculturisadinha e o Decoltildo (ainda está no cargo? Sei não, é um cai cai balão que não tem festa junina que vingue!), a tropa da reserva e milicos milicianos, anunciam que as rãs cobrirão a terra, os piolhos atormentarão todos os animais, inclusive o humano; as moscas escurecerão o ar e atacarão tudo; todos os animais morrerão com uma chuva de granizo que destruirá até a selva amazônica, o pantanal mato-grossense e todo território nacional; pústulas cobrirão todo ser vivo (pensei que só ocupassem cargos públicos!!!! Mas não...); o Sol escurecerá por três dias; e os primogênitos morrerão! Aí o Coiso endoidou: Meus filhos, não!!!!! Bateu a maior doidice de blindagem e tiro pela culatra! Uma coisa eu sei: eles têm a força, afinal são bregas entusiasmados e nada convincentes que querem passar por cima de tudo para alegria da sua embotada corriola. Isso quando não falam o que dá na telha e jogam tudo no ventilador. Para não perder a piada, Mel Brooks sapeca: Uma gafe é apenas uma verdade dita na hora errada. O que os presidentes não fazem com suas esposas, eles fazem com seu país. Espere o melhor. Espere o pior. A vida é uma peça de teatro. Nós não estamos ensaiando. Pelo jeito, os caras são poderosos mesmo! O que será do meu Brasilzilzilzilzil!?!?! Sei lá, tomara nos mantenha vivos até ruírem não sei quando! Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Enquanto o sujeito Negro se transforma em inimigo intrusivo, o branco torna-se a vítima compassiva, ou seja, o opressor torna-se oprimido e o oprimido, o tirano [...] No mundo conceitual branco, o sujeito Negro é identificado como o objeto ‘ruim’, incorporando os aspectos que a sociedade branca tem reprimido e transformando em tabu, isto é, agressividade e sexualidade. Por conseguinte, acabamos por coincidir com a ameaça, o perigo, o violento, o excitante e também o sujo, mas desejável – permitindo à branquitude olhar para si como moralmente ideal, decente, civilizada e majestosamente generosa, em controle total e livre da inquietude que sua história causa [...]. Trechos de The mask, extraído de Plantation memories: episodes of everyday racism (Unrast Verlag, 2010), da escritora, psicóloga e artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba, tratando sobre o exame da memória, trauma, gênero, racismo e pós-colonialismo, ao realizar atividades multidisciplinares que utilizam escrita, leitura encenada dos seus textos, instalações de vídeo e performance, nomeado por ela de Performing Knowledge. Ela também é autora de obras como Secrets to Tell (EDP, 2017) e The Most Beautiful Language (EGEAC, 2018).

DESTAQUE: [...] Nada disso tira o fato de que enxergo o extraordinário dentro de você, algo acobertado por sua beleza exterior e que poucas pessoas, hoje em dia, têm o dom de desvendar. Isso talvez seja coisa de escritor, desses metidos a poeta, como eu, que enxergam tudo dentro de rimas. [...] Trecho de Realidade clandestina, da escritora, advogada e professora G. P. Silva Rumin, autora dos livros Kátharsis, com poesias de celebração ao amor próprio e empoderamento humano, e a narrativa ficcional June (2015). Ela também edita o blog GPensadora. Veja mais aqui.

O VÍCIO DA LIBERDADE
Liberdade Liberdade Habeas Corpus sobre nós. Apesar dos anos passados, sinto ainda o mesmo amor, que nada arrefece, pelo ministério da advocacia, embora outros haja exercido. Eu tenho o vício da defesa da liberdade. Não escolho causas para defender alguém. Minha maior glória seria morrer no Tribunal do Júri. Não é preciso defender ‘bonito’, é preciso defender ‘útil’.
O VÍCIO DA LIBERDADE - O documentário O Vício da Liberdade (2002), dirigido e roteirizado por Flavia Lins e Silva, Vinicius Reis e Eduardo Vaisman, conta a trajetória do jurista, jornalista, professor e escritor Evandro Lins e Silva (1912-2002), que foi procurador-geral da República, ministro-chefe da Casa Civil e das relações exteriores, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e teve seu mandato cassado pelos militares com a instituição do AI-5. Anos mais tarde, ele foi o advogado de acusação no processo de impeachment de Fernando Collor e, em 2000, defendeu José Rainha Júnior, líder do MST. Era membro da Academia Brasileira de Letras e sobre sua vida foi escritor o livro Liberdade Liberdade Habeas Corpus Sobre Nós (Impresso no Brasil, 1994), de Nélio Roberto Seidl Machado. Veja mais aqui.

A ESCULTURA DE JAUME PLENSA
Eu cresci em uma família obcecado por livros. Meu pai, ele estava sempre comprando livros e lendo e lendo. Minha educação visual era mais texto, do que arte ou imagens. Eu usei um tipo muito denso de madeira. Não flutua. E é ótimo porque é tão denso que não há flambagem. É realmente como uma pedra e eu adoro isso, porque na escultura você tem esse tipo de veia, e essa cor estranha no rosto e nas mãos também é uma posição que diz: 'Silêncio'. Eu realmente não sei pedir silêncio hoje, porque estamos em um momento muito barulhento, em termos de ideias.
A arte do escultor e artista espanhol Jaume Plensa. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte do cineasta e jornalista Fernando Spencer (1927-2014), autor dos premiados Caboclinhos do Recife (Super-8, 10m); Valente é o galo (1974, Super-8, 10 m); Bajado – um artista de Olinda (Super-8, 1975), O teu cabelo não nega (Super-8, 1975); Domingo de fé (Super-8, 1976), Quem matou Marilyn (melhor montagem do IV Festival de Cinema Nacional de Sergipe, 1976); Toré a Nossa Senhora das Montanhas (Super-8, 1976), Farinhada (Super-8, 1977), A eleição do Diabo e a posse de Lampião no Inferno (Super-8, 1977), Frei Damião: um santo no Nordeste? (Super-8, 1977), Adão foi feito de barro (1978) RH positivo, As corocas se divertem (1978), Noza - santeiro do Carirí (1979) Cinema Glória (1979), Eróticos Corbinianos (1981); Santa do Maracatu (1981); Memorando Ciclo do Recife (1982); Estrelas de celuloide (1987); O último bolero no Recife (1987); Trajetória do frevo (1987); Evocações Nelson Ferreira (1988); A arte de ser profano (1999); e Almery, a estrela (2007).
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Fome, criança e vida, do cientista e médico nutrólogo Nelson Chaves (1906-1982) aqui.
Desmanchando o nordeste em poesia, do poeta popular Manoel Bentevi aqui.
A música da cantora, compositora, percussionista, poeta e atriz Karina Buhr aqui.
Alvará de soltura, meu amor, do advogado e produtor teatral Bóris Trindade aqui.
Antes que ele chegue, com roteiro e direção de Clara Angélica Barbosa Rodrigues Santos aqui.
A arte da fotógrafa, artista plástica e professora Yêda Bezerra de Mello aqui.
A tapa e o infarto aqui.
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Xexéu aqui & aqui.


segunda-feira, junho 29, 2020

JOAN LA BARBARA, ANGIE THOMAS, SAMELLA LEWIS, ABDON LYRA, LEILA KRÜGER & MARI SANTTOS



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: AUTORRETRATO, ALTER EGO - Abri a porta do poema: eu feliz na desolação quando ninguém era. A cabeça no tormento da ausência, nuvem dos fragmentos: tons, sons e versos nas garrafas e a solidão que teimava me silenciar. Não, eu era o Una noitedia inaugurando a agonia e o abandono de quem morre a cada instante. Exupéry é vento sussurrando em ré menor: Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção. O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem. Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos. De mim o beijo que é paratodos, se sobrar alguma coisa. Eu sei: igual a mim, diferente do que sou: o amor.

DUAS: MONÓLOGO DA NOITE ALTA – Alô? Sou pescador na correnteza. Alô! A chave não tem fechadura. Alô? Minha pele expõe a dor mestiça de não ser ninguém na alta hora da noite, nem no calor dos dias. Ninguém responde, corro perigo e cultuo o meu vazio que não existe. Helen Keller é o que ouço entre as margens: Evitar o perigo não é, a longo prazo, tão seguro quanto expor-se ao perigo. A vida é uma aventura ousada ou, então, não é nada. Sou voo solitário.

TRÊS: A DANÇA DAS ESTRELAS - O céu de Nietzche e eu sorrio na minha loucura: É preciso ter o caos dentro de si... Cadê meu par? Emma Goldman: Se não posso dançar, não é minha revolução. Rimos e nos embalamos, rodopiamos, três poemas fiz pro nosso pas de deux: a dança revelou o amor. Fomos surpreendidos com a intromissão de Lafcádio Hearn: O criador de sombras molda para sempre. O tempo da ilusão, então, é o belo momento da paixão; representa a zona artística em que o poeta ou escritor de romances deve ser livre para fazer o melhor que puder. Deu-me as costas e não havia mais ninguém na minha solidão. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Quando eu tinha 12 anos, meus pais tiveram duas conversas comigo. Uma foi a de onde vêm os bebês e tal [] A outra foi sobre o que fazer se um policial me parasse. [...] Já vi acontecer um monte de vezes: uma pessoa negra é morta só por ser negra e o mundo vira um inferno. Já usei hashtags de luto no Twitter, repostei fotos no Tumblr e assinei todos os abaixo-assinados que vi por aí. Eu sempre disse que, se visse acontecer com alguém minha voz seria a mais alta e garantiria que o mundo soubesse o que aconteceu. Agora, sou essa pessoa, e estou morrendo de medo de falar. [...] Pessoas como nós em situações assim viram hashtags, mas raramente conseguem ter justiça. Mas acho que todos esperamos que essa vez chegue, a vez em que tudo vai acabar da forma certa. [...]. Esse é o problema. Nós deixamos as pessoas dizerem coisas, e elas dizem tanto que se torna uma coisa natural para elas e normal para nós. Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio nos momentos que não deveria? [...]. Trechos extraídos da obra O ódio que você semeia (Record, 2017), da escritora estadunidense Angie Thomas, que levado para o cinema em 2018, com direção de George Tillman Jr. Ela também é autora do livro Na hora da virada (Record, 2019).

DESTAQUE: Vai passar. Mas, antes, vai te derrubar. A escritora Leila Krüger é autora dos livros Reencontro (2011), A Queda da Bastilha (2012/2019), Coração em chamas (2014), Eu quero mais é ser feliz (2018) e A night the taverna (2018) e participou de antologias no Brasil e em Portugal. Ela atua como ghost writer e jornalista, colaborando com jornais como HoraH. Ela é graduada em Desenho Industrial - habilitação em Programação Visual pela UFSM-RS, especialista em Expressão Gráfica pela PUCRS e Mestre em Comunicação Social pela Famecos. Atualmente, trabalha como jornalista nas áreas de finanças, sociedade, marketing e cultura. Colaborou em jornais como Gazeta do Povo, Correio do Estado e Zero Hora, entre outros.

A MÚSICA DE JOAN LA BARBARA
Ao pensar na maneira como construo a música, também me concentro mais na maneira como outros compositores constroem a música - no que eles estão pensando, nas formas das coisas - e se alimenta entre essas duas funções.
Quando você começa a analisar exatamente como uma peça é montada - se você também é compositor, isso pode ser retroalimentado nessa outra função, e você começa a analisar a maneira como está fazendo algo em oposição à maneira como outra pessoa pode lidar com a mesma situação.
JOAN LA BARBARA – Curtindo a arte da cantora, vocalista e compositora estadunidense Joan La Barbara. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE SAMELLA LEWIS
Uma maneira de ajudar a obter arte afro-americana, mesmo que impressa, nas casas de pessoas que normalmente não a teriam. Eu não consigo parar. Tudo isso é uma obra de arte.
SAMELLA LEWIS - A arte da historiadora, educadora e artista afro-americana Samella Lewis, com suas belas gravuras.
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MARI SANTTOS
A arte da quadrinista, ilustradora e desenhista Mari Santtos, autora do livro A Máscara de Togi, das tirinhas biográficas Toda Mari e desenvolve pequenos contos e tirinhas publicados em diversas páginas. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A música do compositor, maestro e trombonista Abdon Lyra (1887-1962).
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História do espetáculo, do escritor, dramaturgo, tradutor e advogado Hermilo Borba Filho. (1917-1976) aqui.
Somas dos sumos, do escritor, jornalista e sociólogo Alberto da Cunha Melo (1942-2007) aqui.
A lenda dos cem, do premiadíssimo escritor Gilvan Lemos (1928-2015) aqui.
Alimentação e nutrição no Brasil. Percepção do passado para transformação do presente, do médico e professor universitário Bertoldo Kruse Grande de Arruda aqui.
Chalé do Inglês & a Casa Grande do Engenho Paul, do pintor Luiz Barreto aqui.
Arte, folclore e subdesenvolvimento, de Souza Barros aqui.
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Jurema aqui & aqui.


sexta-feira, junho 26, 2020

MAGGIE O’SULLIVAN, ASSUMPTA MUGIRANEZA, MARTA MINUJÍN, EMILIA ELFE & CAMILA SALES LUNA



DIÁRIO DE QUARENTENA – PROCURA DA POESIA: SEMPRE É MÚSICA E PALAVRA - Dou-me aos passos, sou o impossível porque me é real. Voo pelas calçadas e o formigueiro de gente me assusta com suas faces estranhas e exaltadas. Aqui nada é meu, foi um dia, não mais. Só a amável Pearl Buck me reconhece no que posso ser entendido: Até prova em contrário, todas as coisas são possíveis - e mesmo o impossível talvez o seja apenas nesse momento. No mais, sou paisagem invisível que insiste em viver além das possibilidades.

OUTRA: MEU NAVIO A SORTE INVENTA - Bordejo dias e noites, à deriva. Sou-me como posso: aos ventos e correntes. No que me dou, piso em falso, singro o mar e seus desertos. Do que fiz, nada feito. Quase um verso esquecido do Ozymandias de Shelley: Em torno à derrocada / Da ruína colossal, areia ilimitada / Se estende ao longe, rasa, nua, abandonada. Palavras saltam aos olhos diante do nada, o lado inexiste, sou repleto de amor.

MAIS OUTRA: RECOMEÇO, PELO PRAZER – Sou a canção que reverbera inconclusa, o verso que se perde ante a surpresa do esquecimento. Páginas que se dissolvem em narrativas esgarçadas, para que eu se o vazio e nada mais para dizer. Ouço vozes e cantos no mote de YannMartel: Se nós, cidadãos, não apoiamos nossos artistas, sacrificamos nossa imaginação no altar da crua realidade e acabamos não acreditando em nada e sonhando inutilmente. Não pudesse ouvir as vozes de cantos tantas belas exposições, nem poderia existir direito, valh0-me dessas tantas expressões para ser-me, o que sou para mim mesmo. Até segunda. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Globalização... uma palavra que você ouve da boca de todo mundo, mas cujo significado e fatos raramente são compreendidos de maneira abrangente. Nossa era está lutando para pensar sobre o progresso do mundo atual; e já estamos há muito tempo atrasados na criação de ferramentas apropriadas para entender os novos desafios da globalização e medir o impacto das novas tecnologias da informação na nossa existência. [...] Nosso mundo se abriu, e não é provável que pare; ele melhorou com a abertura, e não apenas nos aspectos comerciais. Nossa era conquistou a queda do Muro, a desintegração dos antigos blocos (Leste – Oeste), o fluxo mais livre da informação e o acesso quase incontrolável a ela. Se um vírus pode explorar os caminhos da nossa liberdade, é antes de tudo porque esses caminhos existem, e são múltiplos. [...] Pensamento multilateral de ação, na busca de apoio mútuo e solidariedade, tornará possível salvaguardar as áreas de liberdade que foram conquistadas, e superarão este vírus e outros. Há esperança no pensamento livre. Trechos extraídos de Reflexões sobre uma era (Goethe Institut/Redaktion, 2020), da socióloga ruadesa Assumpta Mugiraneza, fundadora e diretora do Zentrums für multimediales Erbe (IRIBA), um centro de arquivos audiovisuais para fala e diálogo sobre o processo de reapropriação do passado, que oferece e apoia programas psicossociais, pedagógicos e artísticos para a reconstrução de laços intergeracionais e para dar voz aos jovens.

A POESIA DE MAGGIE O’SULLIVAN
Para defender este / poema de seu próprio ataque, / direi que tanto a / margem esquerda como a direita irregular aparecem constantemente / como eventos significativos, interrompendo frequentemente o que / eu pensava que estava prestes a / escrever e me fazendo escrever algo / completamente diferente. Mesmo / voltando a reescrever, o problema ainda / reaparece a cada seis palavras. Portanto, este / e todo poema é uma / obra marginal, em um sentido bastante literal. / Os poemas em prosa são outra questão: mas, / como se identificam como poemas / através do estilo e do contexto de publicação, / tornam-se um subconjunto marginal de poesia, / em outras palavras, duplamente marginal.
II - A hera dos líquenes de lagarto levou a alavanca do ouriço a um ataque. / Traor terrestre rabiscado, as ações das patas tainy blee / scoa, scog azul.
III - Lave / Os seguintes animais principais: truta, cachorro, / tigre, coruja, mariposa, lobo, gato, drake, morcego, peixe, / porco, golfinho, búfalo, abelha, escorpião, cobra, / águia, caranguejo, cabra, salmão, tartaruga. É IMPORTANTE / LAVAR ESTES ANIMAIS COM CANÇÕES, / um canto, um canto, um movimento / áspero / e incontrolável.
IV - O dançarino - Jink - / articulou / uprised & Nascimento -/ Alongamento, Amarrado / Tarambola, baixa baixa em um campo distante / AY - PR - PRO - LONGA, LESQUING - DESLIGADA - DESLIGADA - / (caiu, caiu, suave) / Um remo quebrado - / Eixo / expulso - (Recuar, Abordar, Recuar) / (manchado, tração, trashing).
V - Lá, ele mede e examina os / gravetos. As longas, longas varas. E começa a construir / o Salto de Maçarico / Real de sua boca - Pálida Massitude de Cachimbo - / Cardo / Corneliano / Pulsing & Grave he / Bois pano de obras -/ No oeste / isso ocorre, / considere.
MAGGIE O’SULLIVAN - A arte da poeta e artista visual britânica Maggie O'Sullivan, autora de obras tais como An Incomplete Natural History (1984), In the House of the Shaman (1993), Red Shifts (2000) and Palace of Reptiles (2003), entre outras. Veja mais aqui.

A ARTE DE MARTA MINUJÍN
A arte é universal. Não é que não seja sexuado, boa arte, grande arte não faz sexo. Grande arte, uma sinfonia de Beethoven poderia ser escrita por uma mulher ou um homem. E uma grande obra, e as obras de arquitetura também, não se sabe se são mulheres ou homens. A menos que você queira e sinta isso.
MARTA MINUJÍN - A arte da artista conceitual e performática argentina Marta Minujín.
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A ARTE DE EMILIA ELFE
A arte da artista visual russa Emilia Elfe, que cria gráficos decadentes de mídia mista e inspiração vintage. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte da atriz e modelo Camila Sales Luna.
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A música de Quinteto Violado aqui.
O espetáculo O diário das frutas, da Cais Companhia de Dança sobre obra de Bruno Albertim e Tereza Costa Rêgo aqui.
Ave sólida, de Vital Corrêa de Araújo aqui.
A arte de Sílvio Hansen aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
O documentário Bora ocupar aqui.
Os escritos de Anelise Lorena aqui.
Alma caeté aqui.
&
Panelas aqui & aqui.


quinta-feira, junho 25, 2020

CRYSTAL EASTMAN, SHAO HUA, NEWTON MORENO & JU BRAINER



DIÁRIO DE QUARENTENA – PROCURA DA POESIA: CADA DIA UMA DOR - O corpo sangra entre palavras e tons de nenhuma comemoração, versos de tristeza, carpido melodioso de nênias órfãs. Como sorrir se o Sol é dos mortos aos montes insepultos na terra das covas urgentes. Aos vivos minha canção solidária. Aos que se foram meu solfejo respeitoso para sigam em paz.

DUAS SACADAS, DA CATINGA AO MELADEIRO – Mudando de tom e assunto! Vamos lá: um borborigmo fede. Dois, catingam. Três, não tem quem aguente, meu! Dos silenciosos aos estrondosos, todos podem deixar um rasto dos fundilhos aos gabinetes suntuosos, quanta culpa no cartório, remorsos futuros. O que vale de mesmo é que seja quem for e onde estiver, que topo hierárquico ou ao rés do chão, todos se rendem ao trono da privada depois duma enchida de pança boa ou trovoada de peido. Até quem nem precise soltar pelo bocal, bastando pensar ou agir. Não há quem escape – exceto aqueles ruins dos bofes que se espremem numa prisão de ventre por dias. No final das contas, todos vão lá e abrem da vela. Todos somos Fabos, ora, todos defecam mais ou menos todos os dias – não como queria o Coiso: dia sim, dia não. Todavia, se todos fabricam coprólitos às flatulências catingosas, nem todos fazem tanta merda fora do caco ou pelo procto – há quem abusa e esborra o aparelho sanitário, ah se tem! E pior: causa o maior meladeiro em si mesmo e o aperreio de toda população! Nem Abinagildo que virou a Tocha Humana, gente! Pois no Brasil coisonário todo dia uma cagada e a gente morrendo de vergonha!

TRÊS REVOLTAS DOS MORTOS: SOS AMAZÔNIA - Justamente pelo desplante desses Fabos parece que no Brasil abriu a sucursal da boceta de Pandora que, por sua vez, escancarou o portal dos infernos todos, com três lapadas desgraçadas: a covid, o Coiso e, agora, os gafanhotos! Como todas as autoridades pegam e passam, empurram com a barriga, dá o toque pro outro, ninguém segura, tudo escapole, vai ver: delegada não cumpre ordem judicial; procurador defende ao invés de acusar; e juiz toma partido por bem ou por mal. Não dá outra: como os vivos não estão nem aí para quem pintou a zebra de toda cor porque estão fazendo fila para as compras, os defuntos dos canaviais, da Amazônia, dos presídios, do garimpo, do pantanal, das divisas dos presuntos, dos rios e praias, dos subúrbios e periferias todos se revoltaram de parecer que o enterro está voltando no Brasil! Tomara! Eles que reclamam! Que coisa! Até amanhã que depois eu invento outra. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: Indiferença é mais difícil de combater do que hostilidade, e não há nada que mate uma agitação como fazer com que todos admitam que isso é fundamentalmente certo. Uma grande parte da tirania é chamada de proteção. É certo que o leão e o cordeiro se deitem juntos, se ambos estiverem dormindo, mas se um deles começar a ficar ativo, é perigoso. O homem comum tem uma ignorância cuidadosamente cultivada sobre assuntos domésticos - desde o que fazer com as migalhas até o número de telefone da mercearia - uma espécie de alegre ineficiência que o protege. Não é tanto o fato de as mulheres terem um ponto de vista diferente na política quanto de dar uma ênfase diferente. E isso é muito importante, pois a política é tão amplamente uma questão de ênfase. Eu não gostaria que uma mulher fosse ao Congresso apenas porque ela é uma mulher. Até que as mulheres aprendam a querer independência econômica e até descobrirem uma maneira de obtê-la sem negar a si mesmas as alegrias do amor e da maternidade, parece-me que o feminismo não tem raízes. Se o programa feminista se desfaz na chegada do primeiro bebê, é falso e inútil. Não estou interessada em mulheres apenas porque são mulheres. No entanto, estou interessada em ver que elas não são mais classificadas com crianças e menores. Pensamento da advogada e jornalista estadunidense Crystal Eastman (1881–1928), que foi ativista antimilitarista, feminista e socialista, assumindo a liderança do movimento pelo sufrágio das mulheres na Women’s Internacional League for Peace and Freedom e da União Americana pelas Liberdades Civis. Em 1919 ela organizou o Primeiro Congresso Feminista: A vida era uma grande batalha para a feminista completa. A partir de então escreveu uma legislação pioneira e criou organizações políticas de longa duração, autora de diversos livros, entre eles Employers' Liability,' a Criticism Based on Facts (1909), Work-accidents and the Law (1910), Mexican-American Peace Committee (Mexican-American league) (1916), Work accidents and the Law (1969), entre outros.

AGRESTE, DE NEWTON MORENO
[...] VIÚVA Que trouxa? VE2 Deve de tá escondido. Às vez tem que ajudar pro bichinho florescer. VE1 Mulé, ou eu perdi a vista de vez ou a piroca dele é do tamanho de um cabelo de sapo. VE2 Deixe eu lhe ajudar ... VE1 Menina, cadê a bilola? VE2 ...a bilunga? VE1 ...a bimba? VE2 ....o ganso? VE1 ....a macaca? VE2 ....a peia? VE1 ...o maranhão? VE1 ...a manjuba? VE2 ....a macaxeira? VE1 ....a pomba? VE2 ....o pororó? VE1 o quiri? Olhe ali. VE2 Não, não tá. VE1 Creio em Deus Pai todo Poderoso.. VE2 Olhe a teta. VE1 Menino, isso parece uma quirica! VE2 Creio em Deus Pai, mulher. É um tabaco. VE1 É mulher. É mulher. CONTADOR(A) Disse e saíram correndo casa afora. AS VELHAS O marido dela é fêmea!! VIÚVA Posso me virar? [...].
AGRESTE, DE NEWTON MORENO - O premiado drama de amor e pobreza Agreste (Malva-Rosa), de Newton Moreno é baseada em reportagem verídica, que conta um ocorrido no interior nordestino e narrado por dois contadores de história, tornando-se num vigoroso manifesto poético traduzido numa fábula que trata ao mesmo tempo sobre a intolerância, o preconceito e o amor incondicional, em três grandes blocos: o primeiro é o tempo mítico; o segundo é o tempo focado; e o terceiro é a condição psicofísica dos personagens. O autor defende que: O narrador pode assumir todas as outras personagens, viúva, o padre, o delegado, ou as vozes dos moradores. Um(a) narrador(a). Velho(a) contador(a) de estórias. Daqueles que reúnem um grupo ao redor da fogueira ou embaixo de uma árvore com uma viola/sanfona, pontua suas histórias com as músicas e acordes que saem de seu instrumento. Ele(a) recebe o público, dá o clima de cada passagem do texto, pausas, enfim, é o grande condutor da cena. Veja mais aqui.

A FOTOGRAFIA DE SHAO HUA
A arte da fotógrafa chinesa Shao Hua (1938-2008). Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte da fotógrafa, historiadora e pesquisadora Ju Brainer, que é autora da obra Videodanza en Brasil: Un abordaje teorico-educativo (EAE, 2012). Veja mais aqui.
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O documentário O rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas (2000), de Paulo Caldas e Marcelo Luna aqui.
A obra do escritor e professor universitário Alberto Lins Caldas aqui.
Coral da Orquestra Criança Cidadã dos Meninos de Ipojuca aqui.
O olho do rinoceronte, de Frederico Spencer aqui.
A arte da escritora e professora Rute Costa aqui.
&
Acorda Mata Sul aqui & aqui.


quarta-feira, junho 24, 2020

TARKOVSKI, SÁBATO, SUELI CARNEIRO, CECÍLIA BRENNAND, GENTIL PORTO, MILTON SANTOS, PHIOCLES DE ABDALLES & SAMWAAD RUA DO ENCONTRO



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA PROCURA DA POESIA - Houve um tempo em que o sorriso era a mata densa lá longe, com todas as abusões escurecidas para fantasias e presepadas. Hoje, telhados e arranha-céus escondem o azul do amanhã e os descampados de agora, antes ontens fantásticos. Poetar passos no asfalto entre corações duros e olhares minguantes no concreto respirando pelas frestas insalubres. Um verso de Arseny Tarkovski: Eu ergui todos os dias que fizeram o passado / Com uma cadeia de agrimensor, eu medi o tempo / E viajei através dele como se viajasse pelos Urais. Ainda tenho muitos sonhos de olhos abertos, sonhar ainda é possível noutro verso dele: Eu prontamente trocaria a vida / Por um lugar seguro e quente / Se a agulha veloz da vida / Não me puxasse pelo mundo como uma linha. Ademais, tudo é afinal para viver.

DUAS OU MAIS SOLIDÕES - Estou só com a festa dos pássaros nos amanheceres. Entre entardeceres, sou entre roncos de motores, gente apressada e rumores inauditos pelas esquinas. Comigo anoiteceres longínquos de espera. Ouço Ernesto Sábato: Estamos próximos, mas estamos a uma distância incomensurável, estamos próximos, mas estamos sós. Viver consiste em construir memórias futuras. Horas a fio, entre o cansaço e a insônia, me refaço e estou sempre pronto para viver.

TRÊS HUMILHAÇÕES POR DIA - Desapontamentos recheiam o dia nestes tempos de duplo flagelo. Para a pandemia, o isolamento e dor solidária; mas, para a babel coisonária é tudo muito vergonhoso. Nunca pensei que entre a minha gente houvesse tantos alheios desalmados. É tudo muito escatológico, talvez um OVNI apareça rasgando os céus em nosso socorro, quando na verdade é nossa a responsabilidade de levar a bom termo os destinos da humanidade. Bem disse Milton Santos para minha maior consternação: A má índole associada a falta de educação leva ao racismo, ao preconceito e até a marginalidade. A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une. Quem dera braços abertos e solidários numa só canção, mas não. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] a unidade na luta das mulheres em nossas sociedades não depende apenas da nossa capacidade de superar as desigualdades geradas pela histórica hegemonia masculina, mas exige, também, a superação de ideologias complementares desse sistema de opressão, como é o caso do racismo. O racismo estabelece a inferioridade social dos segmentos negros da população em geral e das mulheres negras em particular, operando ademais como fator de divisão na luta das mulheres pelos privilégios que se instituem para as mulheres brancas. Nessa perspectiva, a luta das mulheres negras contra a opressão de gênero e de raça vem desenhando novos contornos para a ação política feminista e anti-racista, enriquecendo tanto a discussão da questão racial, como a questão de gênero na sociedade brasileira. Esse novo olhar feminista e antirracista, ao integrar em si tanto as tradições de luta do movimento negro como a tradição de luta do movimento de mulheres, afirma essa nova identidade política decorrente da condição específica do ser mulher negra. [...]. Trecho do artigo Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero (Portal Geledés, 2011), da filósofa, escritora e ativista antirracista Sueli Carneiro, fundadora e coordenadora-executiva do Geledés – Instituto da Mulher Negra - São Paulo SP, e considerada uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.

DESTAQUE: À LUZ DE VELAS – [...] Fui chamado às pressas para atender um paciente em estado gravíssimo que estava se ultimando numa das enfermarias do hospital. Enquanto eu tentava manobras reanimatórias que se revelaram infrutíferas, o nosso herói correu à cozinha trazendo de lá uma vela acesa. Procurava a todo custo que fosse segurada pelo moribundo que não tinha mais forças para tal. Não conseguindo êxito, gritava: “segura na vela João, para não morrer feito jumento”. Concluído o desenlace, ele ostentava uma cara de tristeza, fracasso ou decepção por saber que apesar dos seus esforços o João partiu para outra sem o conforto da luz de vela a iluminar o seu caminho. Trecho da crônica extraída da obra E o tempo passou (Bagaço, 2010), do escritor e médico Gentil Porto (1940-2019), membro da Academia Recifense de Letras e Academia Pernambucana de Medicina.

PHIOCLES DE ABDALLES
[...] Diz a lenda que esse povo descende de Abdalles, filho do deus Sol, e Phiocles, a primeira mulher. Phiocles tem a reputação de ter sido concebida quando um raio de sol atingiu uma serpente e de ter sido criada por uma raposa depois que a serpente morreu. Phiocles também manteve relações com os irmãos de Abdalles [...]. Os costumes matrimoniais dos Abdalles dão grande importância ao Ab-Soc-Cor, o padrinho do noivo. No dia anterior ao casamento, ele visita a noiva; ao anoitecer, fecha-se com ela numa sala escura, onde lhe ensina os deveres físicos e sexuais de uma esposa e se assegura de que ela ainda é virgem. Ao amanhecer, ele vai até o noive, saudando-o com estas palavras: “A criança está dormindo”. O noivo responde: “Vamos acordá-la”. Somente então partem para o templo onde se realiza a cerimonia de casamento propriamente dita. [...].
PHIOCLES DE ABDALLES - Trecho da lenda extraída da obra Lamekis, ou les voyages extraordinaires d’um egyptien dans la terre intérieure avec la découverte de l’isle de Silphides, enrichi notes curieuses (Haia, 1735), de Charles Fieux de Mouhy, recolhida do Dicionário de lugares imaginários (Companhia das Letras, 2003), de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi. Veja mais aqui.

SAMWAAD RUA DO ENCONTRO
Introduzimos gestos e danças de outras culturas no método “cidadão dançante”, pois essas diferentes qualidades de movimento conduzem o aprendiz a outras lógicas e formas de raciocínio. O ser humano possui os mesmos padrões de movimento, seja a qual parte do globo pertença. Entretanto, desenvolveu modos muitos diferentes de dançar, mais uma prova de que, ao consolidar os padrões motores da espécie, o homem consegue também criar a diferenciação cultural.
SAMWAAD RUA DO ENCONTRO - Espetáculo de dança Samwaad - Rua do Encontro (Sesc-SP, 2004), concebido e dirigido pelo coreógrafo e educador do corpo, Ivaldo Bertazzo, com elenco constituído por 55 jovens de 7 ONGs de São Paulo, a maioria jovens com menos de vinte anos de idade que, durante os 8 meses de ensaios, os aspirantes passaram por consultas médicas e odontológicas e tiveram aulas de linguística, percussão e origami. Dele recolhemos Ivaldo Bertazzo: Arte também é educação (Comunicação & Educação, 2006) e Ivaldo Bertazzo: Além do movimento (UEP-Júlio de Mesquita Filho, 2014), de Mariama Silva Gouvêa Barreto. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
Minha história com a dança começou desde muito menina. Seguindo essa vocação, me formei bailarina, mais tarde produtora, e nunca quis fazer outra coisa. Fundei o Aria Espaço de Dança e Arte em 1991, que funcionou comercialmente por 13 anos, em Jaboatão dos Guararapes, como escola de dança e importante galeria. No entanto, sempre sonhei com um espaço que integrasse as artes, a dança, a música, pinturas etc., ( durante 10 anos com Galeria de Arte). Assim, comecei desenvolvendo ações pontuais e voluntárias na área de dança e canto coral. Em 2004, fundamos a Oscip, nascendo assim o Aria Social, que já atendia, voluntariamente, quase 100 crianças e jovens. Foi necessária uma grande reforma em nosso espaço físico, pois, no ano seguinte, já dobramos este atendimento, que veio num crescente até atingirmos os 450 educandos que mantemos hoje, a partir dos cinco anos atuando na dança, iniciação musical, canto coral, aulas de português e matemática.
A arte da bailarina, produtora, curadora e empresária Cecília Brennand, fundadora da produtora Sopro do Zéfiro e do Ária Espaço de Dança e Arte, além de criar o projeto social, Casa de Maria, que reúne mães de crianças que participam do Ária Social.
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Casa-grande e senzala (Livros do Brasil, 1957), do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987) aqui.
Orquestra Armorial & Quinteto Armorial aqui.
Guriatã: um cordel para menino, do poeta Marcus Accioly (1943-2017) aqui e aqui.
A obra da pintora, escultora e desenhista Maria Carmen (Maria Carmen de Queirós Bastos – 1935-2014) aqui.
Eles Voltam, de Marcelo Lordello aqui.
Aminta, da escritora Célia Labanca aqui.
Eu-poesias em vias, de Adriano Sales aqui.
Toada de peito aqui.
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Quipapá aqui & aqui.