quinta-feira, junho 25, 2020

CRYSTAL EASTMAN, SHAO HUA, NEWTON MORENO & JU BRAINER



DIÁRIO DE QUARENTENA – PROCURA DA POESIA: CADA DIA UMA DOR - O corpo sangra entre palavras e tons de nenhuma comemoração, versos de tristeza, carpido melodioso de nênias órfãs. Como sorrir se o Sol é dos mortos aos montes insepultos na terra das covas urgentes. Aos vivos minha canção solidária. Aos que se foram meu solfejo respeitoso para sigam em paz.

DUAS SACADAS, DA CATINGA AO MELADEIRO – Mudando de tom e assunto! Vamos lá: um borborigmo fede. Dois, catingam. Três, não tem quem aguente, meu! Dos silenciosos aos estrondosos, todos podem deixar um rasto dos fundilhos aos gabinetes suntuosos, quanta culpa no cartório, remorsos futuros. O que vale de mesmo é que seja quem for e onde estiver, que topo hierárquico ou ao rés do chão, todos se rendem ao trono da privada depois duma enchida de pança boa ou trovoada de peido. Até quem nem precise soltar pelo bocal, bastando pensar ou agir. Não há quem escape – exceto aqueles ruins dos bofes que se espremem numa prisão de ventre por dias. No final das contas, todos vão lá e abrem da vela. Todos somos Fabos, ora, todos defecam mais ou menos todos os dias – não como queria o Coiso: dia sim, dia não. Todavia, se todos fabricam coprólitos às flatulências catingosas, nem todos fazem tanta merda fora do caco ou pelo procto – há quem abusa e esborra o aparelho sanitário, ah se tem! E pior: causa o maior meladeiro em si mesmo e o aperreio de toda população! Nem Abinagildo que virou a Tocha Humana, gente! Pois no Brasil coisonário todo dia uma cagada e a gente morrendo de vergonha!

TRÊS REVOLTAS DOS MORTOS: SOS AMAZÔNIA - Justamente pelo desplante desses Fabos parece que no Brasil abriu a sucursal da boceta de Pandora que, por sua vez, escancarou o portal dos infernos todos, com três lapadas desgraçadas: a covid, o Coiso e, agora, os gafanhotos! Como todas as autoridades pegam e passam, empurram com a barriga, dá o toque pro outro, ninguém segura, tudo escapole, vai ver: delegada não cumpre ordem judicial; procurador defende ao invés de acusar; e juiz toma partido por bem ou por mal. Não dá outra: como os vivos não estão nem aí para quem pintou a zebra de toda cor porque estão fazendo fila para as compras, os defuntos dos canaviais, da Amazônia, dos presídios, do garimpo, do pantanal, das divisas dos presuntos, dos rios e praias, dos subúrbios e periferias todos se revoltaram de parecer que o enterro está voltando no Brasil! Tomara! Eles que reclamam! Que coisa! Até amanhã que depois eu invento outra. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: Indiferença é mais difícil de combater do que hostilidade, e não há nada que mate uma agitação como fazer com que todos admitam que isso é fundamentalmente certo. Uma grande parte da tirania é chamada de proteção. É certo que o leão e o cordeiro se deitem juntos, se ambos estiverem dormindo, mas se um deles começar a ficar ativo, é perigoso. O homem comum tem uma ignorância cuidadosamente cultivada sobre assuntos domésticos - desde o que fazer com as migalhas até o número de telefone da mercearia - uma espécie de alegre ineficiência que o protege. Não é tanto o fato de as mulheres terem um ponto de vista diferente na política quanto de dar uma ênfase diferente. E isso é muito importante, pois a política é tão amplamente uma questão de ênfase. Eu não gostaria que uma mulher fosse ao Congresso apenas porque ela é uma mulher. Até que as mulheres aprendam a querer independência econômica e até descobrirem uma maneira de obtê-la sem negar a si mesmas as alegrias do amor e da maternidade, parece-me que o feminismo não tem raízes. Se o programa feminista se desfaz na chegada do primeiro bebê, é falso e inútil. Não estou interessada em mulheres apenas porque são mulheres. No entanto, estou interessada em ver que elas não são mais classificadas com crianças e menores. Pensamento da advogada e jornalista estadunidense Crystal Eastman (1881–1928), que foi ativista antimilitarista, feminista e socialista, assumindo a liderança do movimento pelo sufrágio das mulheres na Women’s Internacional League for Peace and Freedom e da União Americana pelas Liberdades Civis. Em 1919 ela organizou o Primeiro Congresso Feminista: A vida era uma grande batalha para a feminista completa. A partir de então escreveu uma legislação pioneira e criou organizações políticas de longa duração, autora de diversos livros, entre eles Employers' Liability,' a Criticism Based on Facts (1909), Work-accidents and the Law (1910), Mexican-American Peace Committee (Mexican-American league) (1916), Work accidents and the Law (1969), entre outros.

AGRESTE, DE NEWTON MORENO
[...] VIÚVA Que trouxa? VE2 Deve de tá escondido. Às vez tem que ajudar pro bichinho florescer. VE1 Mulé, ou eu perdi a vista de vez ou a piroca dele é do tamanho de um cabelo de sapo. VE2 Deixe eu lhe ajudar ... VE1 Menina, cadê a bilola? VE2 ...a bilunga? VE1 ...a bimba? VE2 ....o ganso? VE1 ....a macaca? VE2 ....a peia? VE1 ...o maranhão? VE1 ...a manjuba? VE2 ....a macaxeira? VE1 ....a pomba? VE2 ....o pororó? VE1 o quiri? Olhe ali. VE2 Não, não tá. VE1 Creio em Deus Pai todo Poderoso.. VE2 Olhe a teta. VE1 Menino, isso parece uma quirica! VE2 Creio em Deus Pai, mulher. É um tabaco. VE1 É mulher. É mulher. CONTADOR(A) Disse e saíram correndo casa afora. AS VELHAS O marido dela é fêmea!! VIÚVA Posso me virar? [...].
AGRESTE, DE NEWTON MORENO - O premiado drama de amor e pobreza Agreste (Malva-Rosa), de Newton Moreno é baseada em reportagem verídica, que conta um ocorrido no interior nordestino e narrado por dois contadores de história, tornando-se num vigoroso manifesto poético traduzido numa fábula que trata ao mesmo tempo sobre a intolerância, o preconceito e o amor incondicional, em três grandes blocos: o primeiro é o tempo mítico; o segundo é o tempo focado; e o terceiro é a condição psicofísica dos personagens. O autor defende que: O narrador pode assumir todas as outras personagens, viúva, o padre, o delegado, ou as vozes dos moradores. Um(a) narrador(a). Velho(a) contador(a) de estórias. Daqueles que reúnem um grupo ao redor da fogueira ou embaixo de uma árvore com uma viola/sanfona, pontua suas histórias com as músicas e acordes que saem de seu instrumento. Ele(a) recebe o público, dá o clima de cada passagem do texto, pausas, enfim, é o grande condutor da cena. Veja mais aqui.

A FOTOGRAFIA DE SHAO HUA
A arte da fotógrafa chinesa Shao Hua (1938-2008). Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte da fotógrafa, historiadora e pesquisadora Ju Brainer, que é autora da obra Videodanza en Brasil: Un abordaje teorico-educativo (EAE, 2012). Veja mais aqui.
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O documentário O rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas (2000), de Paulo Caldas e Marcelo Luna aqui.
A obra do escritor e professor universitário Alberto Lins Caldas aqui.
Coral da Orquestra Criança Cidadã dos Meninos de Ipojuca aqui.
O olho do rinoceronte, de Frederico Spencer aqui.
A arte da escritora e professora Rute Costa aqui.
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Acorda Mata Sul aqui & aqui.