DIREITOS DO
CONSUMIDOR – Há vinte e
cinco anos, exatamente em 1990, foi aprovado no Brasil o Código de Defesa do Consumidor (CDC), com o objetivo de regular as
relações de consumo. A sua regulamentação teve por meta equilibrar as relações
entre o mercado ofertante de produtos e serviços, e os seus adquirentes – ou
seja, regrar para buscar o equilíbrio entre quem detém o poder produtivo e
aqueles que necessitam daquilo por ele ofertado. Passou-se, então, a tratar
todo público-alvo como consumidor, muito embora o mandamento constitucional
tenha validado a condição de cidadão. Ôpa, como é mesmo? Passou-se então a se
discutir se essa condição passara a considerar o cidadão-consumidor ou o
consumidor-cidadão. Lei por lei é mais uma entre milhares que entram em vigor,
mas que não saem do papel. Nesse caso, alguns mecanismos foram criados para
garantir sua efetividade, pelo menos. E, como não poderia deixar de ser,
tornou-se um diploma legal bastante elogiado e ferramenta indispensável para
dar ao lado mais fraco da corda, alguma voz e acesso à Justiça. Entretanto,
muito pouco se conhece de lei no Brasil – na verdade, o que tem importado mesmo
é como burlá-la quando em nosso desfavor e fazê-la cumprir quando assim precisarmos,
questão de conveniência. Isso não erradica a injustiça, muito menos se faz
justiça; o que voga mesmo é pender pra onde está o menor prejuízo ou utilizar
da cláusula da reserva do possível. Afinal, a gente precisava mesmo era um
código de defesa do cidadão. Mas isso abriria outras tantas questões e feridas.
Pelo menos, apesar de desaparelhada, morosa e abarrotada de litígios internos e
externos, a Justiça, mesmo se arrastando claudicante, segue adiante. Vamos
aprumar a conversa e tataritaritatá. Veja mais aqui e aqui.
Imagem: Girl with a mandolin, do pintor italiano Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770)
Ouvindo o álbum ao vivo Seu Francisco (Polygram, 1993) do cantor e compositor Oswaldo Montenegro, cantando músicas de Chico Buarque.
CASA GRANDE & SENZALA – O livro Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime
da economia patriarcal (Global, 2003), do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987), aborda temáticas como escravidão,
família, usos e costumes, características gerais da colonização portuguesa do
Brasil, formação da sociedade agrária, escravocrata e híbrida, o colonizador
português, o escravo negro na vida sexual e de família do brasileiro, entre
outros assuntos. Da obra destaco: [...] Para a
formidável tarefa de colonizar uma extensão como o Brasil, teve Portugal de
valer-se no século XVI do resto de homens que lhe deixara a aventura da índia.
E não seria com esse sobejo de gente, quase toda miúda9, em grande parte
plebeia e, além do mais, moçárabe, isto é, com a consciência de raça ainda mais
fraca que nos portugueses fidalgos ou nos do Norte, que se estabeleceria na
América um domínio português exclusivamente branco ou rigorosamente europeu. A
transigência com o elemento nativo se impunha à política colonial portuguesa:
as circunstâncias facilitaram-na. A luxúria dos indivíduos, soltos sem família,
no meio da indiada nua, vinha servir a poderosas razões de Estado no sentido de
rápido povoamento mestiço da nova terra. E o certo é que sobre a mulher gentia
fundou-se e desenvolveu-se através dos séculos XVI e XVII o grosso da sociedade
colonial, em um largo e profundo mestiçamento, que a interferência dos padres
da Companhia salvou de resolver-se todo em libertinagem para em grande parte
regularizar-se em casamento cristão. O ambiente em que começou a vida
brasileira foi de quase intoxicação sexual. O europeu saltava em terra escorregando
em índia nua; os próprios padres da Companhia precisavam descer com cuidado,
senão atolavam o pé em carne. Muitos clérigos, dos outros, deixaram-se
contaminar pela devassidão. As mulheres eram as primeiras a se entregarem aos
brancos, as mais ardentes indo esfregar-se nas pernas desses que supunham
deuses. Davam-se ao europeu por um pente ou um caco de espelho. "Las mujeres andan desnudas y no saben
negar a ninguno mas aun ellas mismas acometeny importunan los hombres
hallandose com ellos en las redes; porque tienen por honra dormir com los
Xianos", escrevia o padre Anchieta;10 e isto de um Brasil já um
tanto policiado; e não o dos primeiros tempos, de solta libertinagem, sem
batinas de jesuítas para abafarem-lhe a espontaneidade. Veja mais aqui
ENSINAR APRENDENDO – O livro Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação (Integrare, 2006),
do médico e escritor Içami Tiba, é
composto por onze capítulos nos quais são abordadas questões como um novo
caminho para a educação, insatisfações presentes, indisciplina, ensinar
aprendendo, professor e orientador, teoria da integração relacional, o
beija-flor e o incêndio na floresta, aprender é como comer, etapas do aprender,
canjas e feijoadas, engolir a aula, digestão, integração, transformação da aula
em sabedoria, os passos da ingenuidade, descoberta, aprendizado, sabedoria, as
dificuldades da jornada, anorexia do saber, a curiosidade aliada, professores e
mestres: ensinar é um gesto de amor, buscando ser mestre, sábio, anônima
transcendência, um banho de hormônios, desenvolvimento humano, transformação do
cérebro na puberdade, alunos conforme suas etapas de desenvolvimento,
estrogênio e testosterona em ação, conflito de interesses afetivos, força
relacional quase instintiva, o segundo parto, cérebro em transformação no
adolescente, mania de Deus, mimetismo e embriaguez relacional, estupro mental,
decoreba e a indigestão do aprendizado, provas escritas, inteligências
múltiplas de Gardner, memorização, escola e família, intolerância, punição,
educação a seis mãos, vinte um tipos de alunos, dez tipos de professores, entre
outros interessantíssimos assuntos. No livro o autor começa com esse
questionamento: Professor, você está
satisfeito com a situação da Educação hoje? Caso a resposta seja sim, por
favor, divulgue o seu método de trabalho. Do contrário, pode admitir, sem
escrúpulos, as suas insatisfações. A maioria quase esmagadora dos professores
está desgastada, lutando contra muitas dificuldades para se manter em suas
funções. A existência da Educação entrou em crise. Durante muitos séculos, o
ensino baseou-se num paradigma: o professor ensinando alunos em sala de aula.
Segundo esse critério, o professor é detentor dos conhecimentos e os transmite
a um grupo de estudantes, que os recebe como informações, para depois devolverem
o que aprenderam por intermédio de provas. Mas o fato de devolverem nas provas,
como os professores querem, significa que os alunos aprenderam? Outra vez a
maioria esmagadora dos alunos repassa o que recebeu exatamente como recebeu,
mais para “agradar” e/ou satisfazer o professor do que para mostrar que
aprendeu. Aliás, após as provas, os alunos pouco se lembram do que tanto
estudaram. O maior agravante desse tipo de avaliação é que as questões só
servem para aprovação, e pouco servem para a prática dos adolescentes. O que
cai na prova escolar não é o que a vida do aluno lhe pede, mas, sim, o que o
professor exige. Não são consideradas as diferenças existentes entre crianças,
adolescentes e adultos em salas de aula. São todos estudantes, e como tais são
tratados, sendo-lhes negadas distinções conforme as suas características e
etapas de desenvolvimento. E todos os estudantes devem apresentar o mesmo
desempenho, sentados nas mesmas carteiras... Veja mais aqui.
PAPISA JOANA – Imagem: Lady Godina's Rout;—or—Peeping-Tom spying out Pope-Joan (1796), do caricaturista britânico James Gillray (1757-1815). - Por volta do sex. XI, a Papisa Joana assumiu o Vaticano, em
conformidade com documentos do início do séc. XIII, escritos pelo historiador
alemão Mariano Escoto (1028-1086), pela Chronica Pontificoram et Imperatorum do
padre dominicano Martinus Polonus e do monge beneditino Sigeberto de Gembloux
(1030-1113), do religioso Oto Frisinga (1114-1158), do cronista Godofredo de
Viterbo (1120-1196), entre outros, bem como a registrada pelo escritor,
historiador e frade dominicano Estêvão de Bourbon, ressurgindo no séc. XIX no
romance A papisa Joana, do escritor
grego Emmanuel Rhoides (1836-1904). Sua história foi transformada no filme
épico A Papisa Joana (Die Päpstin, 2009), realizado pelo
diretor de cinema alemão Sönke Wortmann, dirigido pelo cineasta, produtor e
roteirista alemão Bernd Eichinger (1949-2011), baseado no romance homônimo da
escritora estadunidense Donna Woolfolk Cross. Destaque para o papel desempenhado
pela atriz alemã Johanna Wokalek como Papisa Joana. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Alguma coisa assim..., a música de Ken
Burns, a pintura de Jules Joseph Lefebvre, O cinema de Esmir Filho &
poemiudinho aqui.
E mais:
A divina encrenca de Juó Bananére, a
Personologia de Murray, O sexo na história de Reay Tannahill, o teatrod e Borná
de Xepa, a música de Zeca Baleiro, a pintura de Adélaide Labille-Guiard, Brenda
Starr de Dale Messick, Brooke Shields & a poesia de Marcia Lailin aqui.
Gestão Tributária aqui.
Ensino Público no Brasil, Dificuldades de
aprendizagem, Teoria e técnica em Arte-Terapia, O capital intelectual, a
fotografia de Joe Wehner & a poesia de Chagas Lourenço aqui.
Falange, falanginha, falangeta, a literatura de Lou Andres-Salomé, O voto
da mulher na Nova Zelândia & Kate Wilson Sheppard, a música de Arthur
Honegger, Dafne & Chloe & a pintura de Louis Hersent, Olivia Wilde, as
crônicas de Luiz Eduardo Caminha & o Programa Tataritaritatá aqui.
Fecamepa, a literatura de Georges
Bataille, a poesia de Torquato Tasso & Viviane Mosé, a música de Ástor
Piazzolla, o cinema de Bernardo Bertolucci, & Dominique Sanda, a arte de
Wanda Gág & Mary Louise Brooks aqui.
Crença, a canção, a poesia de Gabrielle D´Annunzio, a
literatura de Jack Kerouac, a música de Al Jarreau, A princesa que amava
insetos, o desenho de Benício, Kristen Stewart, a pintura de José Antônio da
Silva & Edgar Rice Burroughs aqui.
Big Shit Bôbras, a psicanálise de Carl
Gustav Jung, a poesia de Giórgos Seféris & Cacaso, a música de Fito Páez,
Anne Rice & Dana Delany, a pintura de Alexej von Jawlensky, Antônio
Conselheiro & Canudos aqui.
Aventureiros do Una, Maurice
Merleau-Ponty, Castro Alves & Eugênia Câmara, a literatura de Carlos Heitor
Cony,a música de Sergei Rachmaninoff & Yara Bernette, a pintura de Jules
Joseph Lefebvre & a arte deDiane Kruger aqui.
O brinde do amor, Paulo Freire, A música de Vanessa da
Mata, Luciah Lopez & Havia mais que desejo na paixão feita do amor aqui.
Sexta postura, a poesia de Manuel Bandeira, a música de Al Di Meola, a
escultura de Ambrogio Borghi, a arte de Juli Cady Ryan & Quando amor premia
o sábado aqui.
Desencontros de ontem, reencontros amanhã, a música de Gonzaguinha, a poesia de
William Blake & Gleidstone Antunes, a pintura de Duarte Vitória & Alô,
Congresso Nacional, ouça quem o elegeu aqui.
O que é ser brasileiro, Hannah Arendt, a
pintura de Alex Grey, a música de Carol Saboya & Quem faz e não sabe
o que fez é o mesmo que melar na entrada e na saída e nem se lembrou de limpar,
que meladeiro aqui.
Pra quem nunca foi à luta, está na hora
de ir, a música do
Duo Graffiti, a escultura de Phillip Piperides, a
pintura de Tracey Moffatt & a arte de Tanise Carrali aqui.
A lição de cada amanhecer, a música de Anne Schneider, a lenda da
origem do Solimões, a pintura de Alice Soares, a escultura de Lorenzo Quinn, O
Lobisomem Zonzo & Edla Fonseca aqui.
O cordão dos a favor & os do contra, a música de Jorge Ben Jor, a arte de
Hélio Oiticica, Vampirella & Forrest J. Ackerman, a poesia de Eliane
Queiroz Auer & Lia Kosta aqui.
O certo & o errado no reino das
ideologias, a
poesia de Hélio Pellegrino, a música de Nobuo Uematsu, a pintura de Raoul Dufy,
a arte de Mat Collishaw & Danicleci Matias Souza aqui.
Versos à flor da pele na prosa de um
poema, o cinema
de Jean-Luc Godard, a escultura de Bertel Thorvaldsen, a música de Sharon Corr,
a poesia de Elke Lubitz & a arte de Luciah Lopez aqui.
Vivo & a vida com tudo e todos, Helena Antipoff, a música de
Dominguinhos, a pintura de Angel Otero, a escultura
de Gutzon Borglum, a fotografia de Roman Pyatkovka & Nayana
Andrade aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.