quinta-feira, setembro 28, 2023

REBECA BOLAÑOS, NICOLA GRIFFITH, SUSAN GREENFIELD & VIOLA DO NORDESTE

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som do show Ao Vivo (Instrumental Sesc Brasil, 2023), da baixista e backing vocal Ana Karina Sebastião, que é graduada com Licenciatura Musical e estudou na antiga Universidade Livre de Música (ULM), atual EMESP Tom Jobim, integrou os grupos Banda D’Brothers, Claras e Crocodilos e O Neurótico e As Histéricas de Arrigo Barnabé, entre outros.

 

CONVERSA DE RODAPÉ - A vida ensolarada & a Lua premia o caminho: entre as estrelas a minha morada. À primeira esquina semblantes estranhos, nem me reconhecem: todos me olham como se prosopagnóstico no meio da eterna corrida da frioleira meritocracia dos ratos. A sensação que tenho é de que estou vivendo na Próxima Centauri B, com meus limeriques manuscritos na ponta da língua e para ninguém ouvir ou ver. A bem da surpresa exulto com a presença de Alice Ann Munro como se tivesse chegado visceralmente da caverna de Movile e segurando um azevinho pernambucano: A gente pensa umas coisas que preferia não pensar. Acontece na vida... Sim, acontece, contradições na venta de parracho, vidraças estilhaçadas, feridas expostas, peito, faces, pernas & braços. Em meu socorro desavisado Rita Rudner me chega do asteroide Bennu com o gatilho da Tsar Bomb: Nunca entro em pânico quando me perco. Eu apenas mudo para onde quero ir... Assim também o faço, não por fuga, mas por precaução. Ela sorri aos salamaleques: Fala, solitário! E se aproxima com jeito de coisa familiar, o que foi marcante e sempre o é pelo perfume feminil. Tornou-se companhia de viagem, eu de carona, na vera pegando bigu e apresendendo o que seria viajar-si, viajando-se, ela viajarte. Nem bem entendia, muito menos dava pra pensar porque ouvi de Anna Deavere Smith: Então todo mundo vai embora, e você fica, todas as noites, sozinho, com uma multidão de pessoas interessantes - a maioria das quais você não conhece - sentadas no escuro... Cada pessoa tem uma literatura dentro de si... Disso eu me esqueci entre nomes estranhos. Ela, então, olhou-me surpresa: Ai de ti, errante! Eu sei, tudo acaba tão depressa. Seria mais fácil se saísse tão furtiva quanto chegou, de fininho, até perder-se na noite. Sinto-me deslocado, como quem entre o alto da montanha e o rés-do-chão, boiando por não saber levitar. Os grilos nem cantam mais, afinal, não há mais ninguém, apenas eu. Até mais ver.

 

DOIS POEMAS

Imagem: Acervo ArtLAM.

A ÚLTIMA CARTA: Você mal viu o pico do meu iceberg, \ desculpe pelo lugar-comum, \ não consigo encontrar outro jeito de chamar desse jeito \ que a vida teve de me obrigar a ter que te procurar novamente \ para nos encontrarmos cara a cara \ em um espaço infinito onde você foi e eu \ Eu ainda não sei. \ Ele secou ao sol a bandeira branca \ que pretendia mostrar até a morte, três \ Parece que era um número suficiente, \ até que o espaço voltasse a ser pequeno. \ momento e mais negro, todo negro o futuro. \ E quando o prego da circunstância obriga você a se perguntar \ se existe aquele tempo pendente ou se existe apenas um caminho \ uma linha que sempre quebra. \ Que futuro? Eu que nunca neguei as cicatrizes, \ sinto-me cansado de ser um, \ cada pedaço de coração que mal cicatriza, \ se abre novamente e o choro, que de tanto se mostrar para poucos, \ não consegue mais sair, fica preso, \ fica no peito e vira bater. \ Esta carta não chegará mais até você, \ nem todas as coisas que íamos contar um ao outro serão realidade. \ Somos uma história que nem descobriu como começar e ficou vez, \ ele derrapou em alguma rua escura e molhada \ para bater e me faça gritar que você nunca mais ouvirá. \ E ainda assim, escrevo a carta para você, \ porque quero poder lê-la para você todas as vezes. \ Eu li para o mundo e talvez isso chegue até você como um sussurro do outro lado da dor.

BUKOWSKI PEDE MENINAS CALMAS E LIMPAS COM BELOS VESTIDOS: De repente, um homem no fim de sua vida, \ depois de distribuir seus bens e suas forças entre mulheres que reivindicaram seu amor, \ requer uma mulher “boa”. \ Ele precisa tanto que pode imaginar tudo que eu faria por ela. \ Sem nunca construir a calçada, pegue travesseiros para sua cabeça ou provocar sua risada. \ Ele precisa disso, ele diz, A Ele pede a seus amigos que não lhe tragam mais prostitutas. \ Você sabe que isso existe, mas ele não encontra. \ Eu nasci de novo, Hank, e deixar o álcool,\ o ciúme e os socos no papel, \ não nas mulheres que você transformou em prostitutas.

Poemas da escritora costariquenha Rebeca Bolaños Cubillo. (1973), que é graduada en RRPP y Comunicación y en Bellas Artes, estudiante de Antropología.

 

AMMONITE - [...] Eu não pertenço a ninguém! Não sou uma coisa que possa ser mantida, ordenada ou levada a tal desespero que abra minhas próprias veias. Olhe para mim, Aoife. Olhe para mim! Eu sou uma mulher [...] Eles estavam conectados: o mundo, o corpo dela, o rosto dela. Talvez ela não devesse perguntar quem ela era, mas sim, do que ela fazia parte. [...] Ela observou seu amante em silêncio; as palavras teriam sido grandes demais, sólidas demais para o que haviam feito juntos. [...] Somos mais da metade da humanidade. Não somos imitações, nem camaleões assumindo uma coloração masculina protetora, ansiando pelo dia em que os homens irão embora e poderemos voltar a ser quem somos, como os verdadeiros insetos. Estamos aqui, agora. Nós somos como você. [...]. Trechos extraidos da obra Ammonite (Del Rey Books, 2002), da escritora, ensaísta e professora inglesa, Nicola Griffith. Veja mais aqui.

 

AS TECNOLOGIAS & OS CÉREBROS – [...] Quanto mais conexões você puder fazer em uma gama cada vez mais ampla e díspar de conhecimento, mais profundamente você compreenderá algo. Os motores de busca e os videojogos não oferecem essa facilidade; nada faz, além do seu próprio cérebro [...] que a leitura eletrônica resultou em pior compreensão, em decorrência das limitações físicas do texto que obrigavam os leitores a rolar para cima e para baixo, atrapalhando a leitura com instabilidade espacial [...] Os nativos digitais nascidos naquela época sabiam ler e escrever, o e-mail (que começou por volta de 1993) teria se tornado uma parte inevitável da vida. A distinção importante é que os Nativos Digitais não conhecem outro modo de vida além da cultura da Internet, do laptop e do celular. Podem libertar-se das restrições dos costumes locais e da autoridade hierárquica e, como cidadãos autónomos do mundo, personalizarão actividades e serviços baseados em ecrãs, ao mesmo tempo que colaboram e contribuem para redes sociais e fontes de informação globais. [...] Como espécie, parecemos ter um desejo tão grande de auto-revelação que isso poderia ser considerado uma parte muito básica da psique humana. Cientistas de Harvard demonstraram que a partilha de informações pessoais sobre si mesmo, como acontece em sites de redes sociais, ativa os sistemas de recompensa no cérebro da mesma forma que a comida e o sexo. [...] redução do risco de constrangimento e sentimentos de desconforto na interação social. Ninguém pode ver você corar, ouvir sua voz estridente ou sentir as palmas das mãos úmidas. Mas, novamente, você também não consegue captar essas dicas tão importantes para descobrir como a outra pessoa pode estar reagindo. Em 2012, o órgão fiscalizador das comunicações britânico, Ofcom, produziu o seu nono Relatório Anual do Mercado de Comunicações. O diretor de pesquisa da Ofcom, James Thickett, estava perfeitamente consciente da importância do declínio que o relatório daquele ano encontrou no número de chamadas móveis, que caiu 1 por cento, e no número de chamadas fixas, que diminuiu 10 por cento. Ele concluiu: Em apenas alguns anos, as novas tecnologias mudaram fundamentalmente a forma como nos comunicamos. Falar cara a cara ou ao telefone não é mais a forma mais comum de interagirmos uns com os outros. Em seu lugar, estão a surgir novas formas de comunicação que não exigem que falemos uns com os outros, especialmente entre os grupos etários mais jovens. Esta tendência deverá continuar à medida que a tecnologia avança e avançamos na era digital. [...] Uma consideração adicional na leitura em uma tela é o maior potencial de fadiga ocular. As diferenças entre a página impressa e a tela têm consequências significativas para a ergonomia visual. [...] Aprender uma segunda língua aumenta a densidade da massa cinzenta, sendo as alterações observadas correlacionadas com o nível de habilidade. [...] Cerca de quatrocentos anos antes do nascimento de Cristo, Sócrates estava preocupado com a possibilidade de a escrita destruir a capacidade mental, com argumentos assustadoramente semelhantes aos que exploramos aqui em relação à Internet. [...]. Trechos extraídos da obra Mind Change: How Digital Technologies Are Leaving Their Mark on Our Brains (Random, 2015), da neurocientista britânica Susan Adele Greenfield.

 

VIOLA DO NORDESTE

Sobre a criação do método é como se eu há cerca de trinta anos atrás tivesse engravidado, e tive que lutar durante dezenas de anos para ter a alegria de parir esta criança. Viva a viola do Nordeste!...

Trecho extraído da obra Viola do Nordeste: da cantoria à viola progressiva (Nova Presença, 2022), do compositor, instrumentista, arranjador e violeiro Adelmo Arcoverde, autor dos álbuns musicais solo O convertido (2013) e Mensageiro (2014), integrante da Orquestra de Cordas e Dedilhas de Pernambuco. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 



quarta-feira, setembro 20, 2023

MARÍA MELECK VIVANCO, MAJ SJÖWALL, ANNA KINGSFORD & POETA PICA PAU

 

Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som do concert The Piano Quintet in f minor op. 34, do compositor alemão Johannes Brahms (1833-1897), na interpretação da pianista romena Alina Elena Bercu. Veja mais aqui e aqui.

 

MAIOR VENTANIA, RAIZ DAS ROSAS - Faz não sei quanto tempo e ela me dizia: o mato era paraíso, terral & outros teréns. Quando o que era da cana outra não seria, questão de tempo: na margem do lado de cá, o sal ardia do suor nos olhos; doutro lado de lá, os enxotados, talqualmente eu. Noutras margens do infinito, sabe-se lá. Só o que fui, sou e serei das pernas bambas, coração aos trancos por pedras falsas, pilares e escombros, tudo em dobro, o coração era dela. E ainda é. Um céu nublado e invento apesar dos furores no horizonte: não há como ter sossego com a gritaria da cristandade fanática, paroxismos e estertores, dalém conspurcando exorbitava: o cotidiano é feito de vacilos e insanidades, a ferida descascada por muros longiquos azuis. Ouço dela distante Rosamunde Pilcher: As coisas acontecem do jeito que deveriam. Tudo tem um padrão e uma forma… Nada acontece sem motivo… Nada é impossível… E eu transbordava pelos farois da noite, esmorecendo perplexidades porque não duraria mais que efêmera insatisfação, era nela meu abrigo. O que vale é ter estado na pele de outra, inquietações beiravam o desespero. Afinal era Lilith, força e beleza que se comprazia e adivinhava meus pensamentos, amálgama abissal. Dizia-me bell hooks: O amor é uma combinação de cuidado, compromisso, conhecimento, responsabilidade, respeito e confiança... E sua voz soava como mantra, caminho que não desviava proutro debacle, jamais. Ela mais que felina, nada lhe escapava, à espreita, quase insone recorrente, nem que eu me livrasse da noite, para ela ali, era o que valia. Ríamos da pomba enamorada de Lygia, e nem esperava para recitar uns versos de Felicia Hemans: Venha, eu venho, eu venho \ Você me chamou de comprimento, \ eu venho a montanha com luz e música: \ você pode rastrear meu passo a terra, \ pelos ventos que contam sobre o nascimento da violeta, \ pelas primuras-estrelas na grama sombria, \ Pelas folhas verdes, abrindo como eu passo... Era demais. Um entusiasmo irreconhecivel e ela esgalga pelos degraus da escada a debruçar-se à janela, minha mão em seu quadril estival - rutilante estrela no cinturão de Órion. Quantos momentos indefinidos, solapadas de gozo e amor. De tanto vigiar as estrelas para lá voou e repassava um aceno como se cadente minguante fosse. De tanto esperar recolhi seus vestígios para revivê-la no meio da noite de mais um dia que mal começara. Até mais ver.

 

CORAÇÃO DE PÁSSAROS ALTOS

Imagem: Acervo ArtLAM.

Chega o mais amado e resistido \ Poema sangrento \ Bela Morte \ A magia enfeitada na primavera \ com seu sonho áspero e teimoso, \ com seu mastro fechado de cravos \ Chega o mais querido e peregrino, \ mil pétalas buscam sua guarda entre vidros \ que devastam as cidades \ entre cactos melosos e chuva suave. \ O fundo do mar se repete \ Os pés do vento rompem sua crisálida \ O murmúrio entrecortado da água secreta \ pelos recantos verdes de uma casa \ Corra ao longo da beira de um estuário em chamas \ como se as palavras estivessem reclamando \ Inutilmente a senhora se esbanja \ num choro impiedoso e solitário. \ Acho que a febre entre as enchentes \ (suas facas de sol, suas rosas tristes) \ Poema sangrento \ Bela morte \ Coração de pássaros altos e feridos...

Poema da poeta argentina María Meleck Vivanco.

 

O POLICIAL RISONHO – [...] Isso é uma coisa nojenta que não deveria existir. Não deveriam existir armas de fogo. O fato de ainda serem fabricados e de todo o tipo de pessoas os terem guardados nas gavetas ou os carregarem pela rua só mostra que todo o sistema é pervertido e louco. Algum bastardo obtém um grande lucro fabricando e vendendo armas, assim como outras pessoas obtêm um grande lucro em fábricas que produzem narcóticos e pílulas mortais. Você entendeu? [...]. Trecho extraído da obra The Laughing Policeman (Vintage, 1992), da escritora sueca Maj Sjöwall (1935-2020). Veja mais aqui.

 

FIQUEI EM SILÊNCIO NO MEIO DE UM SILÊNCIO MORTAL – [...] As coisas não estão indo bem para mim. Meu chef do Charité desaprova veementemente as estudantes e usou esse meio para demonstrar isso. Cerca de cem homens (nenhuma mulher, exceto eu) percorreram as enfermarias hoje, e quando estávamos todos reunidos diante dele para que nossos nomes fossem anotados, ele ligou e nomeou todos os alunos, exceto eu, e então fechou o livro. Afirmei isso e disse calmamente: "Et moi aussi, monsieur." [E eu, senhor.] Ele se virou para mim bruscamente e gritou: "Vous, vous n'êtes ni homme ni femme; je ne veux pas inscrire vôtre nom - Você não é homem nem mulher; Eu não quero escrever seu nome... [...]. Trecho extraído da obra I stood silent in the midst of a dead silence (University of California Press, 2000), da médica, escritora e mística britânica Anna Kingsford (1846-1888). Veja mais aqui e aqui.

 

PROSEANDO COM A CULTURA

Nem todo poeta faz \ versos do jeito q’eu faço!...

Mote glosado em poema extraído da obra Proseando com a cultura (CriaArt, 2022), do poeta Pica Pau – José Maria Sales, com apresentação da escritora e professora Eliete Carvalho. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 


quarta-feira, setembro 13, 2023

SVETLANA ALEXIEVITCH, NIDIA MARINA VÁSQUEZ, HAROLD BLOOM & BALDRAMES DE BAUDELAIRE

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Hommage à Nadia Boulanger (2005) e Depuis 1904 J'enseigne La Musique (Hughs Desailes, 1973), destacando as pelas Trois pièces pour piano: Pièce No 1 in D-Minor (1914), Désespérance (1902), Poème d'amour (1907) e Fantaisie pour piano et orchestre (1912), da compositora e educadora francesa Nadia Boulanger (1887-1979). Veja mais aqui.

 

OUTRESTÓRIA DE NOIT&DIAS... - No meio do caminho havia outra pessoa e como tenho a mania de falar sozinho por arrebetados noit&dias com suas mortalhas indesejáveis, queixas longínquas e chagas incuráveis, sem data nem mapa, não me dei conta logo. Ali eu me via na poça pelos descampados da solidão assombrosa e a viver do jeito que podia e desse – era diante do espelho que eu controlava o inimigo aos ditirambos avulsos para exaurir o porvir convulso pelos introitos de rebotalhos – o poeta não para de sonhar jamais, porque os mortos não mais amam, embora tenham sido e serão sempre. Foi então que ela apareceu-me Sigrid Undset: Todos os meus dias desejei igualmente percorrer o caminho certo e seguir meu próprio caminho errante... Ninguém e nada pode nos prejudicar, criança, exceto aquilo que tememos e amamos... Ante minha solidão e dela o dentro e o fora e o que ardia nada impropriamente espreitava porque a lua se escondeu em mercúrio e se aproximava de marte, igualmente eu perdido numa encruzilhada. Ela me falou dos analectos de Confúcio: a arte da arquearia sem disputa nem ou eu ou ela. Curvou-se porque era eu o seu oponente e mutuamente emergiu o convite para bebericarmos a festa dos ninguéns – havia de retificar o coração com o arco e a flecha deloutra na prática de construir a humanidade. Nem tão lacônico disse-lhe que não seria jamais servo da ambição alheia nem da minha, e não pedi ajuda para minha pobre alma, corvo Poe; nem perguntei se alguém me entendia, James Joyce; nem fiquei num quarto de hotel, O’Neil; nem amei tantas coisas e pessoas, Tolstoi. E digo mais: não pedi que afastassem as pastilhas de Lewis Carol, nem dormi o sono de Byron, nem senti o frio de Truman Capote. E mesmo que quisesse não me serviriam uma taça de champanhe, Tchekhov. Ela, então, caminhou Emily Dickinson pelo nevoeiro que aumentava e quantas vezes não me vi sozinho no topo do Chomolugma: nenhuma autocompaixão no meu périplo, porque mesmo que olhos não vissem os sentidos desconheceriam. Poderia ser diferente, quantas escolhas no caminho para o autoconhecimento profundo entre sambaquis que apareceram no Orbe Dourado do Alaska, o inacessível à palma da mão. Era ela agora Grazia Deledda: Todos mudamos, de um dia para o outro, através de evoluções lentas e inconscientes, vencidos por aquela inelutável lei do tempo que agora deixa de apagar o que escreveu ontem nas misteriosas mesas do coração humano... Talvez eu seja mesmo um caso incurável e precise sempre retornar ao local de nenhuma saudade, só porque lá não há mais amizade nem preciso procurar por mim nem ninguém, porque fora de prumo e esquadro entre nomes infames sem que nada possa desacreditar, porque nunca aprendi a arte da fuga, deveria ter ido há mais tempo sem ter nem pra onde. Ela agora Selma Lagerlöf: Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer neles a coragem para a suportar... A alegria é a dor que se dissimula - à face da Terra só existe a dor... Bem dito. Tudo fiz do que não foi feito nem será – se eu tivesse o mar seria outro. Até agora nada, sou apenas um bêbado solitário sem nome e faço o que posso: sincero consigo e mutuamente com todos - a boca mandarim ao ouvido. E a noit&dia seguinte olhava a lua sem distância. Num dar de olhos ela me deu o favor de seu amparo, um talismã ao anoitecer para que no sonho dela eu sonhasse. E suas asas multicores roçaram minha face e seus beijos eram santo remédio fulgurante para que eu pudesse entrar no frescor de seu corpo em festa toda vida com a fúria de sua fome de mulher. Dali não perdi nenhum de seus passos, mas a vida é a vida, não outra coisa. E como se eu tivesse sido aniquilado por um raio numa causa perdida, mais que apenas grato eu pude viver mais que o merecido e ela me deu. Até mais ver.

 

DOIS POEMAS

Imagem: Acervo ArtLAM.

ISTO NÃO É UM PAPEL: Há várias coisas aqui que são impossíveis de ver: \ um corpo etérico matéria escura, hologramas a serem deduzidos. \ Uma visão sem olhos, espéculo da minha mão esquerda. \ Tiro o pó das páginas em branco, \ Eu não tenho ideia de onde eles vão parar depois do tiro perolado isso sai dos meus dedos. \ Isto não é um papel, e se for, será exposto ao esquecimento, \ à poeira contínua que assenta nos meus olhos e muda de rumo.

REGISTRO: Aqui está meu corpo, movido pelo sopro do tempo. \ Aqui a tentativa das palavras, e a memória do centro cerziu tudo: \ para o estrangeiro, esquecido para a memória ao sublime e ao profano, \ para o bando ao qual eu pertencia antes de andar sobre dois membros. \ Se eu não fosse mestiço se não tivessem me negado as línguas originais das minhas avós \ Eu saberia o que fazer com um kipu nas mãos ou com uma roda medicinal em locais sagrados. \ Eu saberia pronunciar meu nome em Nahuatl ou Quechua. \ Uma irmã me lê tarô e reconheço a reflexão fragmentada de vários continentes \ no meu sangue o eco de canções e histórias tão diferentes, \ em uma mancha de pigmento tecido na pele. \ As cicatrizes são tão antigas que caem umas sobre as outras. \ Multidões em meus poros eles cabem em um pôr do sol, batida após batida, códice após códice.

Poemas da poeta e artista visual costariquenha Nidia Marina González Vásquez.

 

VOZES DE CHERNOBYL - [...] A morte é a coisa mais justa do mundo. Ninguém nunca saiu dessa. A terra leva a todos - os gentis, os cruéis, os pecadores. Fora isso, não há justiça na terra. [...] Existe algo mais assustador do que as pessoas? [...] Não tenho medo de Deus. Tenho medo do homem. [...] Venha pegar suas maçãs! Maçãs de Chernobyl!’ Alguém lhe disse para não anunciar isso, ninguém as compraria. ‘Não se preocupe!’ ela diz. ‘Eles compram de qualquer maneira. Alguns precisam deles para a sogra, outros para o chefe. [...] Eu tenho medo. Tenho medo de uma coisa, que na nossa vida o medo tome o lugar do amor. [...] A realidade sempre me atraiu como um ímã, me torturou e hipnotizou, e eu queria capturá-la no papel. Então me apropriei imediatamente desse gênero de vozes e confissões humanas reais, evidências de testemunhas e documentos. É assim que ouço e vejo o mundo – como um coro de vozes individuais e uma colagem de detalhes do quotidiano. Desta forma, todo o meu potencial mental e emocional é plenamente realizado. Desta forma posso ser simultaneamente escritor, repórter, sociólogo, psicólogo e pregador [...] Chernobyl é como a guerra de todas as guerras. Não há onde se esconder. Nem no subsolo, nem debaixo d'água, nem no ar. [...] Mostre-me um romance de fantasia sobre Chernobyl – não existe nenhum! Porque a realidade é mais fantástica. [...] Muitas vezes ficamos em silêncio. Não gritamos e não reclamamos. Somos pacientes, como sempre. Porque ainda não temos as palavras. Temos medo de falar sobre isso. Não sabemos como. Não é uma experiência comum e as questões que levanta não são comuns. O mundo foi dividido em dois: há nós, os Chernobylites, e depois há vocês, os outros. Você percebeu? Ninguém aqui aponta que são russos, bielorrussos ou ucranianos. Todos nós nos chamamos de Chernobylitas. "Somos de Chernobyl." "Eu sou um Chernobylita." Como se este fosse um povo separado. Uma nova nação. [...] O homem convive com a morte, mas não entende o que ela é. [...]. Trechos extraídos da obra Voices from Chernobyl: The Oral History of a Nuclear Disaster (Picador, 2006), da escritora e jornalista bielorrussa Svetlana Alexievitch, Prêmio Nobel de Literatura de 2015 e autora de frases lapidares, tais como: Não há heróis na guerra. Assim que uma pessoa pega uma arma, ela não pode mais ser boa. Ela não vai conseguir. A morte é a coisa mais imparcial do mundo.

 

ANGÚSTIA DA INFLUÊNCIA - [...] A Influência Poética quando envolve dois poetas autênticos, fortes procede sempre por uma desleitura do poeta anterior, um ato de correção criativa que é, na verdade, e necessariamente, uma interpretação distorcida. A história das influências poéticas produtivas, que é a história da tradição central da poesia do Ocidente a partir da Renascença, é uma história da angústia e da caricatura autoprotetora, da distorção, do revisionismo voluntarioso e perverso, sem o que a poesia moderna, como tal, não poderia existir [...] Nenhum poeta moderno é um poeta da unidade, seja qual for sua crença professada. Poetas modernos são necessariamente e miseravelmente dualistas, porque essa miséria, essa pobreza é o ponto de partida de sua arte [...] Pode causar estranheza que opiniões de peso sejam encontradas em obras de poetas, e não de filósofos. A razão é que os poetas escrevem por meio do entusiasmo e da imaginação; existem em nós sementes do conhecimento, assim como há fogo na pedra; essas sementes são extraídas pelos filósofos por um esforço racional, mas os poetas as arrancam a golpes de imaginação, o que lhes confere um brilho redobrado [...] Já está na hora de abandonarmos o projeto fracassado de compreender qualquer poema como uma entidade isolada. Chegou a hora de nos lançarmos à tentativa de aprender a ler todo poema como a interpretação deliberadamente equivocada que um poeta, como poeta, constrói em relação a algum poema precursor, ou à poesia em geral [...] O desvio, ou clinamen entre o poeta forte e seu Progenitor Poético é executado pelo próprio ente do poeta posterior, e a verdadeira história da poesia moderna seria, assim, o registro acurado desses desvios revisionários [...] Só é propriedade do poeta aquilo que for capaz de nomear pela primeira vez [...] Uma vez que a poesia (como o trabalho do sonho) é mesmo regressiva e arcaica, e uma vez que o precursor não será nunca integrado ao superego (o Outro que nos rege), mas sim a uma parcela do id, a desleitura é natural para o efebo. Mesmo o trabalho do sonho é uma mensagem. ou uma tradução, e portanto uma forma de comunicação, mas um poema é uma comunicação deliberadamente distorcida, estropiada. É uma destradução dos precursores. A despeito de todos os seus esforços, um poema será sempre uma díade, e não uma mônada, mas uma díade que se rebela permanentemente contra o terror de uma comunicação unilateral [...] Todo poeta está preso numa relação dialética (transferência, repetição, erro, comunicação) com outro poeta ou outros poetas [...] A crítica aristotélica, ou retórica, ou fenomenológica, ou estruturalista é sempre redutora: o poema é reduzido a idéias, imagens, objetos ou fonemas [...] Todo poema é o desvirtuamento de um poema-pai. Um poema não é a superação de uma angústia, mas a própria angústia [...] Interpretação não existe: só existe a desinterpretação, e toda crítica é uma poesia em prosa [...] Poesia é angústia da influência, é desapropriação, é uma perversão disciplinada. Poesia é desentendimento, mal-compreensão, mésalliance [...] Cada poema é uma evasão não só de outro poema, mas também de si mesmo; o que equivale a dizer que todo poema é uma interpretação desvirtuada do que poderia ter sido [...] Minha tese, aqui, que aliás me desagrada, é a de que em sua askesis purificadora o poeta forte só tem consciência de si mesmo e daquele Outro que deve, afinal, destruir: seu precursor, que a esta altura bem pode ser uma figura imaginária ou composta, mas que continua a ser formado por poemas, poemas reais do passado, que não se deixam esquecer. Porque clinamen e tessera se esforçam para corrigir ou complementar os mortos, kenosis e demonização laboram para reprimir a memória dos mortos, mas a askesis é o embate propriamente dito, uma luta-até-a-morte com os mortos [...]. O artista é um Édipo cego, que não sabia que a esfinge era sua musa. [...] Trechos extraídos da obra A Angústia da Influência - Uma Teoria da Poesia (Imago, 1991), do professor e crítico literário estadunidense Harold Bloom (1930-2019), que em outra obra Como e porque ler (Objetiva, 1998), assinala que: [...] Recorro, novamente, a Emerson para definir o quarto princípio da leitura: Para ler bem é preciso ser inventor. O que, para Emerson, seria “leitura criativa” foi por mim chamado de “leitura equivocada”, expressão que levou meus adversários a crer que eu sofresse de dislexia. O fracasso, ou o branco, que tais indivíduos veem quando se deparam com um poema está em seus próprios olhos. Autoconfiança não é dom, mas o Renascimento da mente, o que só ocorre após anos de muita leitura. [...] Já na obra Poesia e repressão: o revisionismo de Blake a Stevens (Imago, 1994), ele expressa que: [...] O que o gnóstico sabe, o que ele conhece, é sua própria subjetividade e nessa autoconsciência procura a liberdade, que chama de “salvação”, o que pragmaticamente parece ser a liberação da angústia de ser influenciado pelo Deus judaico, a Lei bíblica ou a natureza. Os gnósticos estão próximos, por temperamento, tanto dos primitivos mágicos de Vico quanto dos poetas pós-iluministas; sua luta com as palavras que os separavam de sua própria palavra foi essencialmente a mesma de qualquer criador tardio contra seu precursor. [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

BALDRAMES DE BAUDELAIRE

Entrou o poema em contato \ com fagulhas (amanhecendo) \ e amianto criminoso. E morreu. \ O poema vai às estrelas \ se o poeta parar de sonhar. \ Com medidas de som \ e aritméticas do verbo. \ As ondas cósmicas desaguam \ no pensamento humano...

Trecho do poema Insubstancial, extraído da obra Baldrames de Baudelaire – poética não recomendada para leitores avulsos ou, mesmo, até convulsos (CriaArt, 2023), do poeta Vital Corrêa de Araújo, organização e seleção do professor e poeta Admmauro Gommes. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 



quarta-feira, setembro 06, 2023

JILL BOLTE TAYLOR, JANE ADDAMS, ÁNGELA GARCÍA & CORBINIANO

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som do álbum Levantine Rhapsody (Analekta, 2020) e do concerto Continuum – Création pour kanum et quintette (27eth Bienalle Cinars, 2022), da compositora turca Didem Başar.

 

A SURPRESA DAS ESQUINAS... – Onde moro sou andejo e nem sempre é dia claro: depois das esquinas há sempre caminhos esturricados de lá e depois, cheio de antes, pouco ou muito às vezes e tão longe, poças e lembranças. As surpresas no apurado, tudo passa. O que me disse alguem antes de ontem quase esqueci, nem olvidei de todo. Posso dizer: quando menos se espera a vida acaba e cadê mais pra onde. Coisas de Jennifer Egan: Todos que perdemos, encontraremos. Ou eles vão nos encontrar... Ah, sim: festas de chegadas ou partidas, ali e acolá. Mais fui e digo: pé atrás pisada firme o chão e a ideia antes fosse. Nenhum temor às horas minguantes, parece, por enquanto. É melhor Grace Metalious: Pessoas mortas não podem te machucar. É com aqueles que estão vivos que você tem que tomar cuidado... Assuntar vale, nada vem de graça. Golpes não são bem vindos, pesa traição e covardia no peito aberto – a rua está cheia disso. Os olhos nem sempre dizem o que expressam, quantas vezes não foi Hilda Doolittle: O amor é uma roupa rasgada pela luz que sobe do Parnaso mostrando que a noite acabou... Renasço no amanhecer todo dia, vou em frente. Ainda bem curvas pra lá e pra cá, aclives pras coisas escondidas, declives pro frio na barriga. Melhor ainda ter ido, não só apenas pra garantir a vida ao vento, sequer daria conta das cataratas de sangue do Taylor, dos meteoros aurigídeas ou mesmo do que vem depois, nem pesar o que foi feito ou deixou de fazer: os dias passam e eu voo. Até mais ver.

 

DOIS POEMAS

Imagem: Acervo ArtLAM.

I - Aprendo da nudez para envolver-te, \ aprendo da nudez para descobrir-te, \ para nos movermos no tempo minúsculo \ e reconhecer o vértice do durável, \ com passos que não se apagarão \ na areia que vem. \ Não sou eu quem te ama, \ é minha filha primogênita \ a que gerei depois das despedidas. \ necessárias. \ Mas dela e minha é o mel \ depositado em teu umbigo, \ no vão do teu peito \ e o da tua axila. \ O que nos iguala em idade é o sorriso \ que não conhece calendários \ nem contabilidade, \ mas conhece o resplendor. \ Se cabem céu e cordilheira neste abraço, \ declaro-me guardiã \ de seus doces recantos sob as pedras, \ de suas duras encostas em cujos cumes \ a luz nos fala, nos inundando. \ É a missão que imponho ao corpo: \ Abraçar o que É!

II - Chego a ti para não me ter, \ para permitir que me tenhas. \ Assomando em mim, \ ajudas-me a ver \ o que voltará a mim \ quando eu me voltar a ter. \ Quando me tens, vejo-me \ a partir de ti, a outra. \ Uma parte do teu corpo.

Poemas da premiada poeta, tradutora e gestora cultural colombiana Ángela García.

 

VINTE ANOS - [...] No incessante fluxo e refluxo da justiça e da opressão, todos devemos cavar canais da melhor maneira possível, para que, no momento propício, parte da maré crescente possa ser conduzida para os lugares áridos da vida. [...] Talvez nada seja tão significativo como a mão humana, esta ferramenta mais antiga com a qual o homem escavou o seu caminho para sair da selvageria e com a qual está constantemente a avançar às apalpadelas. [...] Cada homem deve lutar à sua maneira, para que a lei moral não se torne uma abstração distante e totalmente separada de sua vida ativa [...] É fácil ser enganado por um propósito adiado, pela promessa que o futuro nunca poderá cumprir, e eu caí no pior tipo de autoengano ao me fazer acreditar que tudo isso era uma preparação para grandes coisas que estavam por vir. [...]. Trechos extraídos da obra Twenty Years at Hull House (CreateSpace, 2011), da escritora e ativista estadunidense Jane Addams (1860-1935). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

A JORNADA DO INSIGHT CEREBRAL - [...] Minha definição favorita de medo é “falsas expectativas que parecem reais”, e quando me permito lembrar que todos os meus pensamentos são apenas fisiologia passageira, sinto-me menos comovido quando meu contador de histórias fica descontrolado e meu circuito é acionado. Ao mesmo tempo, quando me lembro que estou em harmonia com o universo, o conceito de medo perde o seu poder. Para ajudar a me proteger de uma resposta de raiva ou medo desencadeada, assumo a responsabilidade pelos circuitos que exercito e estimulo propositalmente. Na tentativa de diminuir o poder da minha resposta ao medo/raiva, escolho intencionalmente não assistir a filmes de terror ou sair com pessoas cujos circuitos de raiva sejam facilmente acionados. Eu conscientemente faço escolhas que impactam diretamente meus circuitos. Como gosto de ser alegre, saio com pessoas que valorizam minha alegria [...] Através dos centros de linguagem do hemisfério esquerdo, a nossa mente fala connosco constantemente, um fenómeno a que me refiro como “tagarelice cerebral”. É aquela voz que lembra você de pegar bananas no caminho para casa e aquela inteligência calculista que sabe quando você precisa lavar a roupa. Existe uma grande variação individual na velocidade com que nossas mentes funcionam. Para alguns, nosso diálogo de conversa cerebral é tão rápido que mal conseguimos acompanhar o que estamos pensando. Outros de nós pensam na linguagem tão lentamente que leva muito tempo para compreendermos. Outros ainda têm problemas em manter o foco e a concentração por tempo suficiente para agir de acordo com nossos pensamentos. Essas variações no processamento normal remontam às nossas células cerebrais e à forma como cada cérebro está intrinsecamente conectado. [...] Acredito que quanto mais tempo passarmos a escolher gerir o circuito de paz interior profunda dos nossos hemisférios direitos, mais paz projetaremos no mundo e mais pacífico será o nosso planeta. [...] Felizmente, como escolhemos ser hoje não é predeterminado por como éramos ontem... Você e somente você escolhe momento a momento quem e como você quer ser no mundo. Eu encorajo você a prestar atenção ao que está acontecendo em seu cérebro. Assuma seu poder e apareça em sua vida. [...] Posso não estar no controle total do que acontece na minha vida, mas certamente estou no comando de como escolho perceber minha experiência. [...]. Trechos extraídos da obra My Stroke of Insight: A Brain Scientist's Personal Journey (Penguin, 2009), da neurocientista estadunidense Jill Bolte Taylor. Veja mais aqui e aqui.

 

CORBINIANO

Todas as mulheres estão ali, são várias mulheres em cada uma, não há um modelo...

Trecho extraído da obra Corbiniano Lins: um olhar sobre arte (Funcultura, 2006), de Weydson Barros, reunindo a arte do escultor José Corbiniano Lins (1924-2018). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.